quarta-feira, 27 de julho de 2011

CHEVROLET BRASIL

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AS ANEDOTAS DA “MALA DA COBRA”

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ÃO DO DIMUNDO

“ - Luriu, luriu, luriu,
Lá vem o Lauro do Liu,
No seu Chevrolet Brasil
Que vem com mais de mil!”
O caso a seguir é, segundo meu compadre Tarcísio Matos, tão verídico quanto as oblações de um rabo-de-burro circuncidado na Mesopotâmia lacustre. Quando surgiram por aqui os primeiros caminhões, a profissão de chauffeur, termo abrasileirado para chofer, dava um status danado. Pense na ruma de mulher atrás do sujeito!…
As moças  casadoiras  suspiravam nas janelas toda vez que ouviam o ronco de um motor. As viúvas enxeridas e esperançosas cuidavam em aprontar um café e acender uma vela para Santo Antônio. As traíras aproveitavam a ausência do mói-de-chifre para acenar com a mão. Algumas mais atiradas pegavam carona na boléia e ganhavam o oco-do-mundo fazendo inveja às moças prendadas que não podiam cair na gandaia.
Edmundo Cândido, residente na localidade de Bandeira, município de Itatira-CE, era chofer de caminhão na sua juventude e, como os demais colegas de guidão, devia ser namorador feito a peste. Quem me contou este episódio foi o amigo Expedito Neco, de Cacimbinha (município de Madalena-CE). Expedito teve a dita de namorar com uma jovem de Cachoeira que era um verdadeiro pitéu.
Coxas grossas e roliças, boa linha de lombo, cabelo batendo na cintura, mas, como diria o Zé Adauto Bernardino,  tinha um pequenino defeito: já havia namorado com o Edmundo Cândido e ganhara o apelido de Maria  Gasolina. Pior que isso: as mexeriqueiras de plantão juravam que ela não era mais moça, ou seja, já havia pegado umas quedas de corpo com o chofer.
O Expedito, por sua vez, além de não provar da fruta “proibida”, ainda tinha o azar de ouvir os suspiros apaixonados de sua querida, toda vez que um carro zoava na estrada. Um menino irmão da moça fora incumbido da tarefa de “pastorar” o namoro e também era fã do ex-namorado da irmã. A peste do garoto fez um caminhãozinho de madeira igualzinho ao do Edmundo e, para tortura do Expedito, trazia o infame brinquedo para encostado do casal. De vez em quando, puxava-o pelo cordão, estacionava-o bem nos pés do Expedito e dizia:
- Carrão do Dimundo!!!

* * *

Sonho de infância leva comerciante a restaurar caminhão


O comerciante Luciano Cajazeiras guarda no quintal da loja própria uma preciosidade das antigas: o caminhão Chevrolet Brasil 61. O carro chama atenção por onde passa

Depois de comprar o caminhão, o comerciante passou oito meses reformando o ''desbravador'' (DIVULGAÇÃO)
Janaína Brás
janainabras@opovo.com.br

Chevrolet Brasil 61. Quem conhece sabe do que estou falando”. Luciano Cajazeiras, 58, é comerciante, nunca foi caminhoneiro - nem político, mas costuma pegar a caranga nos finais de semana pra “exibir pro povo”. É um caminhão verde e branco do ano de 1961, com cara de sertão das antigas. Nostalgia pura.

“Fui um garoto liso do sertão de Quixeramobim (a 218 quilômetros de Fortaleza). Morava vizinho a um cidadão caminhoneiro conhecido por Antônio da Hora. Nos finais de semana, ele costumava passear com a gente no Chevrolet Brasil 61 do patrão dele. Eu tinha uns 10, 12 anos”, lembra o comerciante. E bastou isso pra imagem do caminhão não sair mais da cabeça do menino.

Tudo bem que o cenário do interior do Ceará daquele tempo também ajudou na paixão pelo modelo retrô. “O caminhão é o meio de transporte que desbravou o sertão nordestino, trabalhou duro, fez história. Algodão, carneiro, queijo, tudo era transportado por eles. E esse modelo chamava atenção, era avançado, muito bonito, moderno mesmo”, ensina Luciano Cajazeiras.

Tinha também o transporte ferroviário, seu Luciano. “É, mas num dava pra comprar um trem, né?”, graceja.

“Eram o melhor da praça, os mais vendidos”, garante o ex-caminhoneiro e amigo de Luciano, Assis Rodrigues, 73. A Chevrolet Brasil foi uma linha de caminhões com lançamentos anuais entre 1958 e 1962. Depois disso, continuou a ser fabricado, mas não vinha mais com o nome de Chevrolet Brasil.

Depois de comprar o 61 de um fazendeiro, foram oito meses reformando o “desbravador” num fundo de quintal. Pintura externa, cabine novinha - mas respeitando as peças antigas, painel impecável, motor colorido e um lameiro que se preza com os dizeres: “Sucata de playboy”.

Padroeiro
Desde que o Chevrolet Brasil 61 de Luciano ficou nos trinques, em junho deste ano, não teve mais sossego. Seu Luciano não comprou e restaurou o veículo para guardar a sete chaves, mas pra “mostrar”.Por isso, já correu 1.500 quilômetros nas estradas do estado. Quando foi pra festa de Santo Antônio de Quixeramobim, “só perdeu (em popularidade) pro Santo Antônio. Porque, afinal, é o padroeiro da cidade”, pavoneia-se o dono.

“Nos finais de semana, vamos ali pra Beira-Mar, pra Cidade 2000... E as pessoas ficam admiradas. Pedem pra parar, pra tirar foto”, relata a esposa de Luciano, Inês Cajazeiras, 52. “Quando ele comprou esse carro, eu não sabia que causaria tanta reação nas pessoas, mas a experiência (de passar no caminhão restaurado pelas cidades do Interior) é única”, garante o filho do casal, Ronald Cajazeiras, 28.

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