sexta-feira, 9 de setembro de 2011

LANÇAMENTO

Contos para o cordel

Diário do Nordeste - CADERNO 3 - Publicado em 9 de setembro de 2011
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Personagens de contos de fadas no universo da literatura de cordel. Acima, ilustrações feitas pelo pernambucano Jô Oliveira


Coleção adapta contos de fadas para a literatura de cordel, através do trabalho da dupla Arievaldo Viana e Jô Oliveira

Embalando a infância de milhares de crianças no mundo inteiro, os contos de fadas europeus adaptados pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, no início do século XIX, ganham versão para a literatura de cordel, a partir da harmonia métrica do cearense Arievaldo Viana e das belas ilustrações do pernambucano Jô Oliveira.

A dupla vem trabalhando na coleção "Era uma vez... Em Cordel", publicada pela editora Globo. Ao todo, 12 histórias clássicas do cânone da literatura infantil serão convertidas em versos. Dois deles, "A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau" e "O coelho e o jabuti", já estão prontos. O lançamento acontece amanhã, na XV Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

O cordelista Arievaldo Viana, com presença confirmada no evento, conta que o convite para participar do projeto veio do amigo e parceiro de trabalho Jô Oliveira. "Ele é um grande artista! Um ótimo ilustrador! Jô foi convidado a desenvolver um projeto para a editora. Então, teve a ideia de adaptar contos de fadas dos irmãos Grimm para a literatura de cordel, chamando-me para transformar a história em rima. Os livros estão lindos, uma edição bem caprichada, com ilustrações coloridas e traços parecidos com os da xilogravura. Mais a frente quando a coleção estiver toda completa, vamos trabalhar com o ´Livro das Mil e Uma Noites´, contos populares originários do Médio Oriente".
Livros
Publicado pela primeira vez em 1812, a história da Chapeuzinho Vermelho é uma das mais queridas pelo público infantil. Pelas mãos de Arievaldo Viana, ela se transformou em "A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau". A ideia do conto permanece, mas agora o texto é escrito em estrofes compostas de sete versos. Do mesmo modo, a conhecida fábula "O coelho e o jabuti" ganha uma versão divertida, entoada pela simplicidade e a cadência das rimas de Arievaldo Viana.

"Alfabetizei-me com os folhetos em cordéis. É muito importante para mim poder, de alguma forma, contribuir com a difusão e novas adaptações desse gênero literário. A coleção ´Era uma vez... Em cordel´ também circulará pelas salas de aula do País, fortalecendo mais uma vez o fato de a literatura de cordel ser um instrumento pedagógico potente, capaz de facilitar o processo de ensino-aprendizado de jovens e crianças", destaca.

Além da coleção, Arievaldo Viana vem se dedicando a outros planos. "Estou envolvido em vários projetos, de quais pretendo relançar o livro ´O baú da gaiatice´, um dos meus primeiros escritos. Essa será a terceira edição. Também venho me dedicando à produção de cordéis sobre contos gauchescos (´Causos de Romualdo´), que serão lançados na Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro. O cordel é a minha vida. Todos esses projetos são uma forma de tentar manter viva essa tradição na sociedade contemporânea", conta o poeta.


Fique por dentro

Versos da tradição
A literatura de cordel é um gênero poético que se origina de formas de poesia da tradição popular europeia, trazidas ao Brasil ainda na época colonial. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular, principalmente no Nordeste. Costuma ser composta em sextilhas (estrofes de seis versos), e abrange os mais diferentes assuntos. Um dos mais famosos artistas do cordel foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Em sua obra encontramos versões contos populares, histórias de cangaceiros e fatos do cotidiano.

 Poesia
A peleja de Chapeuzinho Vermelho com Lobo Mau
Arievaldo Viana e Jô Oliveira
Globo
2011
36 páginas
R$ 34


Poesia
O coelho e o jabuti
Arievaldo Viana e Jô Oliveira
Globo
2011
32 páginas
R$ 32

ANA CECÍLIA SOARES
REPÓRTER

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O CORDEL E A NOVELA...


...A NOVELA E O CORDEL
A magia dos versos encantados

Por Arievaldo Viana

Em janeiro de 2008 a escritora Glória Perez, autora da novela "Caminhos das Índias", publicou um curioso texto no seu blog 'De tudo um pouco' sobre o casamento de pessoas com animais na Índia, uma tradição tribal que subsiste até hoje e que tem um significado especial naquele país exótico. Foi o suficiente para que eu convocasse o poeta Klévisson Viana, meu irmão e parceiro frequente, para fazermos uma sátira em cordel do texto apresentado pela rainha da dramaturgia brasileira.

Quando a televisão se consolidou como um grande veículo de entretenimento, ainda na década de 1960, o poeta popular já flertava com os dramas apresentados pela telinha. Aliás, as novelas populares no rádio, como Jerônimo, o Herói do Sertão, de Moysés Weltman, ínspiraram vários poetas a apresentar versões em folheto para seu público. Foi assim que Joaquim Batista de Sena fez "A verdadeira história de Antônio Maria", Caetano Cosme da Silva compôs "Laços de Sangue" (baseada na saga de Jerônimo) e Manoel D'Almeida Filho, na década seguinte, fez o volumoso folheto "Gabriela", publicado pela Editora Luzeiro.

O namoro entre o folhetim da teledramaturgia e o folheto de feira estava consolidado... O casamento ocorreu quando Dias Gomes escreveu Saramandaia e resolveu escolher "Pavão Mysteriozo", releitura do cantor/compositor cearense Ednardo para o clássico de José Camelo de Melo / João Melchíades Ferreira. O sucesso foi tanto que ajudou a Rede Globo a consolidar sua hegemonia nessa área. Aguinaldo Silva, discípulo e parceiro de Dias Gomes, também usou e abusou dos elementos, tipos e tramas do cordel, à exemplo do que fez Ariano Suassuna em suas peças de teatro. Diziam que a TV iria matar o cordel... ou melhor já haviam dito isso quando surgiram os primeiros jornais nas cidades interioranas e quando o rádio se popularizou. As mídias interagiram e as previsões fracassaram miseravelmente, para sorte dos amantes e praticantes da poesia popular.

Voltando ao "Caminho das Índias", acho oportuno apresentar, integralmente, o texto de Glória Pérez, publicado na sua página 'De tudo um pouco',  para que o leitor deste blog tenha uma idéia mais próxima de como ocorrem tais intercâmbios, interatividades e adaptações...

* * *

Casamentos à indiana 

(26 de janeiro de 2008)




 Pouco tempo atrás, todo mundo viu nos telejornais a notícia do casamento do indiano Kumar com a cadelinha Selvi, no templo de Ganesh, em Manamadurai Os noticiários mostravam a cena sublinhando o bizarro, mas não explicavam seu significado dentro da cultura indiana.

Andei pesquisando o assunto e encontrei coisas muito interessantes -aliás, quanto mais a gente mergulha na cultura da Índia mais coisas interessantes encontra. E olha que ainda nem pisei lá.

Aprendi que o casamento de humanos com cachorros é uma herança tribal, e tem uma função: proteger a pessoa, afastar algum mal que esteja presente, ou que possa vir a estar presente em sua vida

No caso de Kumar, quando tinha 18 anos, ele sacrificou dois cachorros com requintes de crueldade. Hoje, depois de um derrame, tornou-se deficiente físico, e atribui tudo o que lhe aconteceu de ruim à maldição que o acompanha em consequência da crueldade praticada contra os dois animais. Um astrólogo foi consultado e recomendou o casamento como expiação necessária para o alívio de seu karma

No caso da menina Karmoni Hasda, de 9 anos de idade, que também se casou com um cachorro, a motivação foi outra. Sandra Bose conta no Indiagestão:

Vocês já sabem que 99% dos casamentos na Índia são arranjados. Antes de se casarem, os pais dos noivos vão a um “astrólogo” que dirá se o casal é compatível ou não.
No caso dessa menina de 9 anos, o “astrólogo” disse que seu primeiro marido iria morrer logo, então casaram-na com um cachorro, assim o cachorro morre e a garota pode então casar-se com um ser humano.
Não se esqueçam que casamento de viuva ainda é um grande tabu aqui, mas se a viuva for de um cachorro, então, sem problemas!


Outro caso é o do menino Samir Mudiya, de 5 anos, também casado com um cão, como se vê na foto. O casamento, segundo o sacerdote que o realizou, terá o poder de salvaguarda-lo de todo o mal.
Voltando ao Indiagestão, também aprendi com a Sandra que, segundo a tradição local, se o primeiro dente de uma criança sai na gengiva superior, ela corre um grave perigo que só pode ser evitado pelo matrimônio com o melhor amigo do homem.
(blog De tudo um pouco - Glória Pérez)



* * *

Hare Baba! Um livreto que veio das Índias.

DESCAMINHO DAS ÍNDIAS OU
O INDIANO QUE CASOU COM UMA CACHORRA

Autores: Antônio Klévisson e Arievaldo Viana

Oh! Deus, pai celestial
A nossa terra socorra,
Esse mundo está pior
Do que Sodoma e Gomorra,
No decorrer deste ano
Um magro e feio indiano
Casou-se com uma cachorra.

Eu quando li tal notícia
Não queria acreditar
Porém o caso é verídico
Eu sei até o lugar
Da minha mente não sai
Foi em Manamadurai
O noivo é Selva Kumar.

Li o caso nos jornais
Guardei até o recorte,
Kumar agiu desse modo
Pra se livrar da má sorte,
Resolveu casar-se ali
Com a cadela Selvi
Eis o nome da consorte.

Ou será falta de sorte
Daquele pobre animal?
Eu vi a foto dos dois
Estampada no jornal
Todos em tom de mangofa
Sorriam, faziam mofa,
Daquele jovem casal.

Para que o leitor entenda
Preciso fazer um prólogo,
Pois Selva Kumar seguiu
O conselho de um astrólogo
Para uma culpa expiar...
Mesmo não vai procriar
Garantiu-me um sexólogo.

Esse rapaz quando jovem
Um grande mal praticou
Dois cachorros inocentes
Numa praça apedrejou
Por causa desse pecado
Kumar ficou aleijado
E depois disso cegou.

Um astrólogo consultou
Dizendo então: - Me socorra!
Fiquei cego e aleijado,
Isso é que ser uma porra!
Disse o Astrólogo: - Kumar
Tu vais ter que se casar
Com uma bela cachorra!

- Para expiar teus pecados
Eu encontrei uma brecha,
Vai urgente para as ruas
Ligeiro como uma flecha
Uma cadela buscar
Para com ela casar
No templo do deus Ganesha.

Assim fez o indiano
Saiu logo em disparada
Encontrou uma cadela
Jovem, bonita e prendada
Que estava se coçando
Catando pulga e matando
No batente da calçada.

(...)"

142 ANOS DE JOÃO MELCHÍADES

 

Ontem, 7 de setembro, fez 142 anos do nascimento do poeta João Melchiades Ferreira da Silva, cognominado O cantor da Borborema, autor do célebre romance “O valente Zé Garcia”, meu patrono na Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Em 2007, após publicar uma postagem sobre João Melchíades, tive a grata surpresa de receber um e-mail de seu bisneto Vladimir Melo, trazendo alguns esclarecimentos importantes sobre a vida e a obra do grande cordelista. Eis o teor da correspondência:

Olá Arievaldo,

Soube pela minha mãe que meu bisavô João Melchíades Ferreira da Silva teve quatro filhos. O mais velho, Fausto, morreu ainda criança, mas não sei exatamente como. A mais velha depois dele era Amélia, que se casou e foi morar no Rio de Janeiro e sempre se correspondia com a minha avó. A seguir vinha Gervásio, que foi morar em Recife e era médico sanitarista. Minha avó contou à minha mãe que ele engravidou uma namorada, casou-se com ela.
Gervásio morreu relativamente jovem. Depois de Gervásio, havia a quarta filha, a caçula Santina (Dona Santa, como ficou conhecida).
Ela se casou com um coronel da polícia militar, Ascendino Clementino de Araújo, e teve doze filhos. Uma filha morreu ainda criança de leucemia. Dos filhos de João Melchíades, Santina foi a que viveu mais. Faleceu há aproximadamente três anos quando tinha 93 anos de idade. Os onze filhos de Santina estão vivos e espalhados por João Pessoa, Recife, São Paulo e Brasília.
Eu me lembro que a minha avó era professora e tinha uma ótima caligrafia. Minha mãe contou que o meu bisavô não tinha letra bonita e pedia à filha Santina que passasse a limpo os seus escritos. Minha avó negou até o fim da vida que tivesse intencionalmente vendido os direitos autorais da obra de João Melchíades. Alegou nunca ter recebido nada e que apenas concordou com a publicação dos cordéis. Os filhos dela entendem que ela foi enganada e não reconhecem aquele ato como uma venda legítima e consciente.
Na realidade, minha mãe não tem mais o nome Melchíades desde que casou, mas pelo que observo no nome dos meus primos (e acredito que a partir da geração da minha mãe), o Melchíades já não tem mais o "ch", passou a ser escrito com "qu" (Melquíades). Acredito (quase certeza) que minha mãe seja a quarta mais velha e forneceu estas informações com bastante boa vontade.
 
Abraço,

Vladimir Melo
(Bisneto de João Melchiades)
BIOGRAFIA


JOÃO MELCHÍADES FERREIRA DA SILVA, O Cantor da Borborema –
Famoso cantador e repentista. Nasceu no dia 7 de setembro de 1869, no município de Bananeiras, Paraíba. Participou das campanhas de Canudos, em 1897, e do Acre, em 1903. É personagem do livro “A Pedra do Reino”, de Ariano Suassuna, onde aparece como padrinho de Quaderna. Suas histórias mais conhecidas são: Combate de José Colatino com o Carranca do Piauí; Combate de São Pedro com Lutero, Pai dos Protestantes; Romance do Pavão Misterioso (escrito inicialmente por José Camelo de Melo Resende); História de Juvenal e Leopoldina; As Quatro Órfãs de Portugal, ou O Valor da Honestidade; Roldão no Leão de Ouro, entre muitas outras.
Nesta pintura a óleo, de autoria de Flávio Tavares, vemos o Cantor da Borborema e a capa do polêmico folheto "Romance do Pavão Misterioso".
João Melchíades faleceu em 10 de dezembro de 1933, segundo nos relata o cantador Antônio Ferreira da Cruz, nestas sextilhas do seu folheto A Morte do Trovador João Melquíades:


No ano 69
João Melquíades nasceu
E em mil e novecentos
e trinta e três faleceu.
Com 65 anos
justamente ele morreu.

No dia 10 de dezembro
assim que anoiteceu
Melquíades deitou-se cedo
Às dez horas lhe apareceu
um calor tomando-lhe o fôlego
A uma hora morreu.

Inspiração religiosa
(Por Roberto Benjamim)


É dele o folheto A besta de sete cabeças, em que usa, em epígrafe, textos do Apocalipse como profecia relativa à Primeira Guerra Mundial. Escreveu, também, A guerra de Canudos (identificado por José Calasans).
Utiliza material religioso da Igreja Católica da época em folhetos como As quatro moças do céu – fé, esperança, caridade e formosura e A rosa branca da castidade (versificação de um exemplo típico da literatura catequética), além de vários poemas contra o protestantismo (dentre eles, a Quinta peleja dos protestantes com João Melchíades). A ele é atribuída a autoria de 36 folhetos.
Átila Almeida afirma que a titularidade de autoria de Melchíades no folheto Pavão misterioso foi plágio de um original de José Camelo de Melo Resende. A opinião não é partilhada por outros estudiosos, considerando que os dois poetas tinham o tal romance como parte do repertório comum de suas cantorias. Ruth Terra destaca que Melchíades é dos poucos que não louva como valentes apenas pobres vaqueiros e, sim, homens de riqueza, como é o caso de Cazuza Sátiro, Belmiro Costa e Zé Garcia.



Fonte: (http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/JoaoMelquiades/joaoMelquiades_biografia.html)

TRECHOS DE “O VALENTE ZÉ GARCIA”, trabalho bastante elogiado por Câmara Cascudo:

Era no mês de novembro
no Piauí já chovia
então o capitão Feitosa
ordenou no outro dia
começar a vaqueijada
encurralar a vacaria.

Reuniu-se a vaqueirama
em casa do capitão
Feitosa saiu na frente
arrastou seu esquadrão
foram rebanhar o gado
alegria do sertão
____________________
História do valente sertanejo Zé Garcia.


Também conhecido como O Cantor da Borborema, João Melquíades protagonizou a pendenga mais famosa do mundo do cordel ao escrever e assinar o Romance do Pavão Misterioso, originalmente pensado por José Camelo de Melo Resende, hoje já devidamente restaurada a autoria. Nasceu em Bananeiras-PB, na região do Brejo paraibano, em 7 de setembro de 1869 e faleceu em 10 de dezembro de 1933, em João Pessoa. Poeta marcante, escreveu o clássico História Sertaneja do Valente Zé Garcia, seu título original que, com as reedições passou a História do Valente Sertanejo Zé Garcia. Procurava uma fotografia do mestre e encontrei, surrada quase invisível e coloco-a aqui sem retoques.

           

A presença de João Melquíades traz de volta a discussão sobre o cordel ser uma poesia sertaneja. Melquíades, de Bananeiras, José Camelo, de Guarabira, Joaquim Batista de Sena, de Solânea e João de Cristo Rei, de Areia, formam um grupo de poetas expressivos do cinturão do Brejo paraibano, responsáveis por grandes clássicos cordelísticos.  Seria a poesia brejeira? Não, a poesia não comporta adjetivos toponímicos.  
 
Fonte: http://aderaldo.tumblr.com/post/6790542893/joao-melquiades-ferreira-da-silva

EXPOSIÇÃO DE JÔ OLIVEIRA


E o PAVÃO MISTERIOSO continua voando e trazendo bons frutos para o ilustrador pernambucano Jô Oliveira, meu parceiro em diversos trabalhos. Vejam o cartaz de sua exposição no Recife-PE.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O DISCO DA SEMANA

Velho Faceta – Os grandes sucessos do pastoril




Colaboração do Jorge Paulo, o Bandeirante do Norte


Coletânea que reúne os maiores sucessos do Velho Faceta, o ícone do Pastoril.


Fazia tempos que eu procurava essa pérola para postar aqui no BLOG. Todas essas cantigas lembram muito a minha infância no sertão.
Existem dois tipos de PASTORIL, o sacro e o profano... O Pastoril considerado "sacro" trata de autos natalinos, com a tradicional disputa entre os partidos azul e encarnado. Já o Pastoril Profano é pleno de humor, irreverência e toadas que se assemelham com o coco, a cantoria e a embolada. No final da década de 1970 as emissoras de rádio do Nordeste foram invadidas por uma música totalmente diferente. A Ditadura Militar estava com os dias contados, mas a censura ainda tinha a tesoura bastante afiada para cortar tudo que julgasse atentatório à moral e ao regime vigente. Não sei como o FACETA conseguia tocar todos os dias e o dia todo nas emissoras de rádio... Músicas como "Periquito", "Dona Maçu" e "Casamento da filha do Faceta" apimentaram ainda mais o duplo sentido na música nordestina. Canções de Genival Lacerda e João Gonçalves soam até inocentes diante das cantigas do Faceta.
Todas as composições são de domínio público, destaque para “Nabo seco (A Mulher do Cego)”.


Velho Faceta – Os grandes sucessos do pastoril
1981 – Clack
01. É mais embaixo (Tradicional)
02. A espiga (Tradicional)
03. Dona Maçu (Tradicional)
04. Cuidado cantor (Tradicional)
05. O colchão (Tradicional)
06. Pato, peru, pavão (Tradicional)
07. O casamento da filha do Faceta (Tradicional)
08. Nabo seco (A Mulher do Cego) (Tradicional)
09. O finado (Tradicional)
10. Bacurinha (Tradicional)
11. O periquito (Ainda Sem Compositor)
12. Galinha preta (Tradicional)

Para baixar esse disco, clique aqui.

Fonte: www.forroemvinil.com

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

ABLC EM CARUARU



Academia Brasileira de Literatura
de Cordel em Pernambuco.

Nos próximos dias 14 e 15 de outubro, a ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel, entidade cultural permanente, sediada no Rio de Janeiro, fundada em 1988, que abriga no seu quadro de Acadêmicos e Beneméritos, os mais ilustres e representativos escritores e admiradores desta genuína expressão literária da Língua Portuguesa, a convite da ACLC – Academia Caruaruense de Literatura de Cordel, realizarão na cidade Caruaru – PE os seguintes eventos:

- Dia 14 a partir das 20:00h: A ACLC realizará o 2º Concurso Nacional de Literatura de Cordel
- Dia 15 a partir das 16:00h: A ABLC realizará sua Plenária de outubro.

O 2º Concurso Nacional de Literatura de Cordel. Será realizado e terá premiação de acordo com o seu regulamento publicado e em anexo, que faz parte integrante deste release.

A Plenária da ABLC é um encontro mensal de avaliações e congraçamentos do seu quadro de Acadêmicos e Beneméritos. Na ocasião, serão empossados os dois novos Acadêmicos recém eleitos, os poetas Marcelo Soares e José Honório e homenageados personalidades pernambucanas a seguir relacionadas.  

BIOGRAFIA CONCISA DOS NOVOS ACADÊMICOS:

Marcelo Soares: Pernambucano de Olinda é artista gráfico, poeta cordelista, editor e arte educador. Nasceu em 1953, filho do Poeta Repórter José Soares, expoente e renomado cordelista pernambucano. Iniciou na gravura, em 1974 fazendo capas para folhetos de cordel, incentivado pelo pai. Marcelo Soares é autor de quase uma centena de folhetos de cordel publicados, expandiu suas atividades, incursionando por desenho e pintura, criando capas e ilustrações para livros, discos, cartazes para cinema, shows, teatro e outros eventos. Ilustrou obras para várias editoras, entre elas: Brasiliense, Itatiaia, Bagaço, CEPE, Prelo, Paulinas, Contexto, Global, Bagagem, e para os jornais: O Globo, Jornal do Brasil, O País, O Pasquim, Jornal do Commércio, Diário de Pernambuco. Trabalhou com Ariano Suassuna, (1994-1998), e ministrou oficinas de gravura em todo o Brasil. Como xilógrafo ministrou tambem, centenas de oficinas de iniciação a xilogravura em Portugal, França, EUA. e México. 
José Honório: Pernambucano matuto do Recife, como se auto define, nascido em 1963. Seus pais nasceram e cresceram no meio rural. Cresceu ouvindo histórias de trancoso, lendo folheto de cordel, escutando repentistas pelo rádio e vendo emboladores na Praça da Independência e no Mercado de São José, aqui no Recife. .Em 1984 publicou o seu primeiro cordel: Recife - Carnaval, Frevo e Passo. De lá pra cá foram com mais de cinqüenta folhetos jogados na praça, palestras, oficinas e recitais, neste crescente e prazeroso compromisso de divulgar a poesia nordestina. José Honório foi um dos primeiros cordelistas a utilizar o computador a serviço do cordel. Primeiro para a impressão dos folhetos, depois para divulgá-lo através da Internet. Em 2005 foi a Suíça fazer palestras para brasileiros e admiradores da cultura brasileira. Também foi a Genebra, Lousane, Zurich, Basel e Locarno. É fundador e atual Presidente da União dos Cordelistas de Pernambuco - Unicordel. É bancário e formado em Turismo.   


HOMENAGEADOS:

O principal homenageado deste evento será o Ilustre Brasileiro Acadêmico Ariano Suassuna, com a medalha LEANDRO GOMES DE BARROS, maior comenda da Instituição, pela sua obra e sua importância no universo da cultura popular brasileira, especialmente e destacadamente a Literatura de Cordel.

Serão homenageados também, com a Medalha Rogaciano Leite, estes gigantes personagens da Cultura Popular Nordestina, os ilustres pernambucanos:

Alexandre Santos – Presidente da União Brasileira de Escritores.
Ana Cely Ferraz – Editora Coqueiro.
Xico Bizerra – Compositor e Poeta popular.
Fernando Duarte – Secretário Estadual de Cultura.
Mestre Dila – Xilogravurista.
Ivanildo Vilanova – Poeta, Violeiro e cantador.
Roberto Benjamin – Professor e Pesquisador.
Maciel Melo – Compositor e Poeta popular.
Rogério Menezes – Radialista, Violeiro e Cantador.
José Borges – Xilogravurista e Poeta.

ACADÊMICOS CONVIDADOS:

Esta Plenária contará com as presenças do Presidente e do Diretor Cultural da Instituição, Poetas Gonçalo Ferreira da Silva e Chico Salles respectivamente, alem dos demais membros da ABLC, notadamente os Acadêmicos residentes no Nordeste: Crispiniano Neto, Klévisson Viana, Josenir Lacerda, Sávio Pinheiro, Gilmar Santana Ferreira, Arievaldo Viana, Manoel Monteiro, Severino Sertanejo, João Firmino Cabral, Bule Bule, José Maria de Fortaleza, Beto Brito, Antonio Francisco de Melo, João Dantas, José Walter Pires, e Pedro Costa. Estarão presentes, também à comitiva com Acadêmicos do Rio de janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Destacando-se aí os Poetas: Mestre Azulão, Moreira de Acopiara, Cícero Pedro de Assis, Antonio Araújo Campinense, Maria de Lourdes Aragão Catunda, João Batista de Melo, Maria Rosário Pinto, Fernando Silva Assumpção, Sepalo Campelo, William J.G. Pinto, Marcus Lucenna, Fábio Sombra, Ivamberto Albuquerque Oliveira, Sergival Silva, Victor Alvin Garcia, e Olegário Alfredo.

A expectativa da Direção da ABLC, para esta terceira Plenária anual a se realizar fora da sua sede no Rio de Janeiro, é de total sucesso, devido à experiência das Plenárias de 2009 e 2010, realizadas em Fortaleza – CE e João Pessoa – PB respectivamente. Pretende-se também, tornar parte das suas Plenárias anuais, itinerante realizando-as de maneira rotativa em outros estados, notadamente nos estados que tenham parte do seu quadro Acadêmico residente, e nos estados que ofereçam apoio e infra-estrutura indispensáveis para a realização do evento.

O evento será realizado para o Corpo Acadêmico presente e seus convidados. Será também aberto ao público, que receberá senha 30 min antes do início da Plenária. ENTRADA FRANCA.




Presidente da ABLC
GONÇALO FERREIRA DA SILVA


Direção Cultural – ABLC
Chico Salles.


“NESTE ANO A LITERATURA DE CORDEL TERÁ O SEU REGISTRO EFETIVADO PELO IPHAN, COMO PATRIMÔNIO E BEM IMATERIAL DO POVO BRASILEIRO”.

Regulamento do 2º Concurso
Nacional de Literatura de Cordel

Tema: Cordel Contemporâneo

Promovido em parceria com Academia Caruaruense de Literatura de Cordel, FUNDARPE através do Programa SISTEMA DE INCENTIVO A CULTURA SIC/PE e Governo do Estado de Pernambuco, com a colaboração da ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

01. Academia Caruaruense de Literatura de Cordel - ACLC, situada na Rua Limoeiro Nº 295 Bairro Boa Vista I – CEP: 55038-010-Caruaru-PE em parceria com a FUNDARPE, através do Programa SISTEMA DE INCENTIVO A CULTURA SIC/PE do Governo do Estado de Pernambuco com a colaboração e a participação da ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel abrem inscrições para o 2º Concurso Nacional de Literatura de Cordel com o tema “Cordel Contemporâneo”.

02. O prêmio, para a edição de 2011, contemplará a categoria ADULTA, amador ou profissional de Literatura de Cordel e poderão participar Poetas residentes em qualquer lugar do Brasil, que apresentem cordéis com o mínimo de 08 e o máximo de 12 estrofes de seis versos (sextilha) e que obedeçam ao formato indispensável de métrica, rima e oração.  

03. Os trabalhos serão avaliados por uma Comissão formada por Poetas integrantes da ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel, sediada na Rua Leopoldo Fróis, 37 Santa Teresa - Rio de janeiro, Cep 20241-330, para onde serão enviados os cordéis concorrentes, em envelope fechado com duas cópias do texto.

04. Os autores candidatos apresentarão um envelope principal de entrega dos textos contendo em seu exterior apenas o nome do Concurso, (CORDEL CONTEMPORÂNEO), e o pseudônimo do autor. Não poderá ter remetente, apenas destinatário. Em seu interior haverá, além dos trabalhos objeto do concurso, outro envelope, lacrado, subscrito somente com o título do Concurso e o pseudônimo do autor. No interior deste, deverão conter o nome do autor, mais seus dados completos: nome, endereço, telefone, e-mail, cópia do RG, cópia do CPF, comprovante de residência, título do trabalho inscrito e pequena biografia (até 10 linhas).

05. A ABLC escolherá os dez melhores textos enviados, para serem apresentados na noite do dia 14 de outubro na cidade de Caruaru – PE, ocasião que será autorgada a premiação. Os dez autores selecionados serão transportados para a cidade Caruaru por conta da produção do evento, com passagens e hospedagens garantidas e gratuitas.

06. Os dez cordéis escolhidos serão recitados por seus autores e julgado por uma Comissão formada de Poetas Acadêmicos da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel. A comissão observará a temática e os elementos que compõem a literatura de cordel na sua essência: Métrica Rima e Oração

07. O prazo de inscrição: Até o dia 15 de setembro de 2011.
08. Fica vedada a inscrição de qualquer pessoa ligada diretamente (com laços familiares ou vínculos de trabalho) aos componentes das comissões de escolha (ABLC) e julgadora (ACLC).

08. Os Cordéis inscritos devem ser obrigatoriamente, inéditos e escritos em Língua Portuguesa. Entende-se por inéditos os que não tenham sido editados ou publicados (parcialmente ou em sua totalidade) em antologias, coletâneas, suplementos literários, jornais, revistas, Internet, exposições ou outras publicações. É da responsabilidade exclusiva da comissão julgadora analisar se os trabalhos enviados são ou não inéditos.

09. Ao efetivar a inscrição, o autor assume a autoria e a originalidade dos trabalhos inscritos, podendo responder, em caso contrário, por plágio, cópia indevida e demais crimes previstos na Lei de Direitos Autorais, bem como sua exclusão deste concurso.

10. A premiação será a seguinte: 1º lugar R$ 3.000,00 (Três Mil Reais); 2º Lugar R$ 2.000,00 (Dois Mil Reais) e o 3º lugar R$ 1.000,00 (Hum Mil Reais).

11. A organização do evento envolvendo os patrocinadores do festival, ACLC, ABLC, e FUNDARPE, terá acesso a 5% das publicações vencedoras, sem fins lucrativos, apenas para divulgação desses trabalhos.

12. Cada autor encaminhará aos endereços ou locais definidos os originais inscritos, podendo ser até dois (dois) trabalhos. As cópias impressas serão em papel branco (A4), digitadas.

13. Para a abertura, o intervalo e o encerramento do Concurso na noite do dia 14, se apresentarão como convidados e homenageados do evento os Poetas Repentistas: Ivanildo Vilanova, José Amâncio, Antonio Lisboa, Waldir Teles e os Nonatos.

14. Os originais não serão devolvidos.

15. A inscrição implicará, por parte do concorrente, na aceitação dos termos deste regulamento, bem como na cessão, sem ônus, dos direitos autorais dos trabalhos inscritos, para eventual publicação de uma primeira edição, bem como para divulgação dos trabalhos literários da Academia.

16. O concurso em pauta seguirá o seguinte calendário básico:
a) No dia 14 de outubro de 2011, serão apresentados e anunciados os ganhadores do Concurso no local do evento:
b) Os prêmios serão pagos em dinheiro e os cordéis serão publicados.

17. Não é necessário o participante enviar seus cordéis com capas de xilogravuras ou qualquer outro desenho. As inscrições são gratuitas, encerrando-se em 15 de setembro de 2011.

18. O evento será realizado para os Poetas, repentistas e cordelistas presentes e seus convidados. Será também aberto ao público, que receberá senha 30 min antes da sua abertura. ENTRADA FRANCA.


Hérlon de Figueiredo Cavalcanti
Presidente da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel


Gonçalo Ferreira da Silva
Presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel
Informações e esclarecimentos:
www.ablc.com.br
(21) 9985-6208 – Chico Salles.