sábado, 28 de março de 2020

ADEUS A DANIEL AZULAY




Nas décadas de 1970 / 80, todo menino que tinha vocação para desenhista ou pelo menos gostava de rabiscar a mão livre se ligava nas dicas do artista carioca Daniel Azulay, que aparecia nos programas de TV desenhando ao vivo sem muitas firulas, com uma incrível facilidade, o que inspirava autoconfiança nos aprendizes, dispostos a seguir os seus passos. Tinha seus próprios personagens, A TURMA DO LAMBE-LAMBE, com figuras engraçadas como o Prof. Pirajá, a cantora Gilda, os meninos Damiana e Piparote, dentre outros. Além de telespectador assíduo de suas aparições na TV, eu comprava os Gibis que ele lançava regularmente com as histórias de sua trupe.
Era um cara muito criativo, sua arte não se limitava ao desenho. Fazia montagens, colagens, criava brinquedos com materiais simples, fáceis de conseguir, tais como cartolina, isopor, papel celofane, palitos de picolé, embalagens de produtos etc. A base de tudo era cola, fita adesiva, tesoura, pincéis e tinta guache, para dar o acabamento. Hoje cedo fui surpreendido por essa triste notícia do G1 Rio:


Daniel Azulay, desenhista e artista plástico, morre vítima de coronavírus, aos 72 anos

Ele estava internado havia duas semanas na Clínica São Vicente. Daniel lutava contra a leucemia e contraiu o vírus, segundo parentes.
Por G1 Rio
O desenhista, pintor e cartunista Daniel Azulay morreu nesta sexta-feira (27) no Rio de Janeiro. O artista plástico de 72 anos lutava contra uma leucemia e contraiu o coronavírus, segundo parentes e sua página oficial.
Azulay estava internado havia duas semanas no CTI da Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul carioca.


Primeiro gibi da TURMA DO LAMBE-LAMBE, pela BLOCH EDITORES. Essa eu comprei assim que saiu nas bancas, em 1980.


A TURMA em fase mais recente.



Biografia

Daniel ganhou notoriedade no Brasil inteiro nos anos 70 e 80 por participar de programas educativos para públicos infantis, como a Turma do Lambe Lambe, em canais como TV Educativa e Bandeirantes. Posteriormente continuou trabalhando em outros programas e projetos na internet.

DANIEL AZULAY: Autodidata e engajado em causa sociais
Nascido no Rio em 30 de maio de 1947, Azulay foi um desenhista autodidata que se formou em Direito pela Universidade Cândido Mendes em 1969. Na mesma época, começou a publicar suas primeiras histórias em quadrinhos e cartuns em revistas e jornais.
O trabalho de Daniel também ensinava a importância de conceitos como sustentabilidade e meio ambiente. Ao longo da carreira, o artista também se envolveu em vários projetos sociais e de conscientização.
Por exemplo, em 2014 Azulay criou "Soprinho e sua Turma", personagens infantis da Operação Lei Seca do RJ. O personagem Soprinho idealizado pelo desenhista é um bafômetro simpático e falante que, através de histórias bem-humoradas ao lado de seus amigos, alerta e conscientiza as crianças sobre os problemas causados pela mistura de álcool e direção.
Até hoje, estes personagens são usados em ações educativas da Lei Seca para o público infantil.


terça-feira, 24 de março de 2020

ANIVERSÁRIO DO MEU PADIM



Relembrando o Padre Cícero

Hoje o grande Cícero Romão Batista completa 176 anos de vida. Sim, pois ele vive na memória do povo Nordestino e pode ser visto na cidade que ele criou na região que ele ajudou a ser uma das que mais crescem no país. Um homem inteligente, à frente do seu tempo. Padre Cícero (Crato, 24 de março de 1844 — Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934) foi mais que um sacerdote católico brasileiro. Ele foi um Taumaturgo, guia espiritual de multidões. Mesmo sendo uma figura controversa, ninguém pode negar a sua importância para história, a cultura e a religião do Nordeste brasileiro.
 Na devoção popular, é conhecido como Padre Cícero ou Padim Ciço. Carismático, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social, política e religiosa do Ceará bem como do Nordeste.
Padre Cícero, foi sem dúvida, um homem à frente do seu tempo quando ninguém se preocupava com o meio ambiente, o Padre, já dava conselhos ao sertanejo para conviver em harmonia com a natureza, preservando a fauna, a flora e o solo. O Padre-conselheiro também orientava o povo no trabalho e na vida. Juazeiro do Norte, a cidade que ele ajudou a construir, é hoje um dos grandes centros de romaria do Brasil, recebendo todos os anos milhares de fiéis que vêm homenagear o Padre, considerado santo pelo povo nordestino.
Em 2006 escrevi uma biografia do PADIM, em cordel, a pedido de uma editora local, porém o texto continua inédito até hoje. Segue uma pequena amostra do que escrevi:



PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA, O PATRIARCA DO NORDESTE
Autor: Arievaldo Viana

TRECHOS:

Eu vou narrar a história
De um grande brasileiro
Um cearense de fibra
Com fama de milagreiro
Patriarca do sertão
Padre Cícero Romão
O santo de Juazeiro.

É o pastor do romeiro
Nesse sertão nordestino
Conduzir as multidões
Foi na terra o seu destino
Sempre mostrou vocação
Já gostava de oração
No seu tempo de menino.

Seu biógrafo de tino
Padre Azarias Sobreira
Trouxe à luz a sua infância
Numa obra alvissareira
Tendo nascido no Crato
Cícero, menino pacato,
Demonstra fé verdadeira.

E toda a gente romeira
Relembra, sem ter engano,
Foi em mil e oitocentos
E quarenta e quatro, o ano,
Em março, a vinte e três,
Um espírito de luz se fez
A mando do Soberano.

Quando nasceu esse arcano
Os passarinhos cantaram
O sol brilhou com mais força
Seus parentes festejaram
O seu pai, Joaquim Romão,
Elevou sua oração
Aos anjos que o mandaram.

Alguns anos se passaram
Tudo corria sem risco
E o pequenino brincava
Inteligente  e arisco
De “mancha”, de “amarelinha”
De “ciranda, cirandinha”
Com outros de seu aprisco

Na vida de São Francisco
De Sales busca a verdade,
Com doze anos somente
Fez votos de castidade
E consagrou-se a Jesus
Abraçou a sua cruz
Com fervor e humildade.

Ser guia da humanidade
Era esse o seu projeto
Apóstolo dos nordestinos
No seu viver inquieto
Pela seca castigados,
Das hostes de desgarrados
Fez seu rebanho completo.

O seu pai, homem correto,
Pequeno comerciante,
Queria consolidar
O sonho de seu infante
Mas a morte o ceifou
Sua mãe, dona Quinou
Leva o projeto adiante.

Foi discípulo praticante
E aprendeu a disciplina
Com outro santo do povo
Padre-mestre Ibiapina
Um guia das multidões
Que deixou pelos sertões
Sua marca cristalina.

Paraíba pequenina
Possuía um Seminário
Cidade de Cajazeiras
Foi o seu itinerário
Ditou-lhe o Padre Rolim
Teologia e Latim
E as rezas do breviário.

O seu curso secundário
Já estava se concluindo
Quando falece seu pai
Então, com desgosto infindo,
Vê a pobreza chegar
Não pôde continuar
Sua carreira seguindo.

Grande tristeza sentindo
Sem contudo lamentar
Cícero volta para o Crato
Com o fim de ajudar
As irmãs e a mãezinha
Até que vai à Prainha
Seus estudos retomar.

Cícero podia contar
Com um gesto de nobreza
De um parente e padrinho
Que vendo a sua tristeza
Muda o seu itinerário
Guiando-o ao Seminário
Da Prainha, em Fortaleza.

Ali surgiu, com certeza,
O seu dom missionário
Porém, como era místico
Sempre foi visionário
Estuda a Teologia
Cabala e Astrologia
Moldando um imaginário.

Desfiando o seu rosário
Segue o projeto traçado
Até que em oitocentos
E setenta é ordenado
Sacerdote do Divino
Para cumprir seu destino
Como havia planejado.

(...)


Biografia em cordel do Padre Cícero, publicada em 2002
pelas Edições Demócrito Rocha. Foi destaque no Catálogo da FNLIJ
na Feira de Livros Infanto-Juvenis da Bologna, Itália.