sábado, 30 de março de 2013

NOVOS LIVROS DE GERALDO AMANCIO

 
 
O poeta Geraldo Amancio acaba de me presentear com exemplares autogrados de seus novos livros, um de trovas outro narrando a saga de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Este último é prefaciado pelo poeta Rouxinol do Rinaré que deixa bem claro a habilidade de Geraldo Amancio com a verdadeira Literatura de Cordel, proeza que raros cantadores conseguem, afinal de contas fazer cordel não é apenas rimar e metrificar. Há certas peculiaridades que só o verdadeiro poeta consegue enxergar, sobretudo no que diz respeito a narrativa.
 
O LIVROS ESTÃO A VENDA PELO CORREIO
"Pelos Caminhos das Trovas" e "Assim viveu e morreu Lampião Rei do Cangaço", do Poeta Geraldo Amâncio.
Obs.: os dois livros são vendidos juntos.
Preço: R$ 25,00, frete grátis.
Depósito no Banco do Brasil, Agência: 3253-0, Conta Corrente: 16604-9
 
INFORMAÇÕES

 Pedidos por e-mail: geraldoamanciopereira@yahoo.com.br ou telefone: (85) 99487978-TIM, (85)87733378-OI.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O PAVÃO MYSTERIOZO


Releitura do clássico-mor da Literatura de Cordel, em parceria com Jô Oliveira.


O PAVÃO MISTERIOSO


Versão Infanto-Juvenil


Autor: Arievaldo Viana

Roteiro/Ilustrações: Jô Oliveira

A partir do original de João Melchíades Ferreira

e José Camelo de Melo.

 

 

Essa é a nova versão

De um conto maravilhoso,

Tratando de Evangelista

Um rapaz muito engenhoso

Que raptou uma princesa

Num Pavão Misterioso.

 

Com seu irmão João Batista

Vivia em pleno Nordeste

Numa abastada fazenda

Encravada no agreste

E os dois manos viviam

Numa amizade inconteste.

 

Um dia João Batista

Viajou para o estrangeiro

Foi na Grécia e na Turquia

Viajou um mês inteiro

E trouxe pra seu irmão

Um presente verdadeiro.

 

Era o belíssimo retrato

De uma linda princesa

Mulher alguma do mundo

Lhe superava a beleza

Mas ela vivia presa

Numa grande fortaleza.

 

Ele fitou o retrato

Fixamente embevecido

E depois disse a seu mano

Resoluto e decidido:

- Eu irei ver a princesa

Quero ser dela o marido!

 

João Batista explicou

Que o seu pai, um sultão

Autoritário e perverso

A mantinha na prisão

No alto de uma torre

Sem ter comunicação.

 

Somente uma vez por ano

Ela vinha na sacada

Mostrar a sua beleza

Pelo pai acompanhada

E por grande multidão

Creuza era admirada.

 

O moço Evangelista

Partiu para a capital

Embarcou em um navio

Na classe especial

Com seu cachorro Corisco

E o cavalo Vendaval.

 

Chegando no estrangeiro

Ele teve de esperar

O dia em que a jovem

Devia se apresentar

Na sacada do palácio

Do sultão Abul Jafar.


(...)

segunda-feira, 25 de março de 2013

POEMA DE GERALDO AMANCIO


 
Nesta deliciosa sátira, o poeta Geraldo Amancio coloca em 'xeque' a teoria da evolução do homem, de Charles Darwin, defendendo a visão criacionista da Bíblia, sem negar, contudo, que aqueles que acham que o homem vem realmente do macaco, têm todo o direito de reverenciar os seus ancestrais, afinal de contas é sempre bom ter respeito e consideração pelos parentes. Nessa mesma linha, em 1910, o poeta Leandro Gomes de Barros publicou no jornal O Rebate, de Juazeiro do Norte, um poema intitulado a Creação do Mundo*, igualmente engraçado, questionando a versão bíblica e também a Teoria da Evolução. Vejam o início do poema do velho Leandro:
 
A CRIAÇÃO DO MUNDO
 
Fui ver se estudava a forma
Como foi a Criação
Quase pude conseguir
Como ela foi então,
Faltou-me achar a parteira
Que pegou o velho Adão.
 
Antes de nada existir
Cousa alguma não havia,
Nem céu, nem terra, nem mar,
Nem luz nem ar existia
Mas nos diz a Escritura
Deus sobre as águas vivia.
 
Aqui faço reticência…
Nada valeu o estudo
Quem for pensar nesse dogma
É capaz de ficar surdo
Porque se existia água
Assim, não faltava tudo.
 
Porque nos diz a história
Céu e terra não havia
A mesma história confirma
Que Deus nas águas existia
Porém não diz onde eram
As águas onde Deus vivia.
 
Creio que Deus disse um dia
Vou fazer a Criação
Mas o céu já estava feito
Que era a sua habitação
Deus não morava nas águas
Que não era tubarão.
 
(...)
 
 
O MACACO E O HOMEM
Geraldo Amancio
 
Mamãe sempre me ensinou
Desde o tempo de menino,
Que o homem, conforme a Bíblia,
É criação do Divino.
Disse um cientista fraco
Que o homem vem do macaco
Não aceito, nem combino.
 
Macaco é de uma cor só
Que seja grande ou pequeno.
Homem existe: branco, preto,
Gazo, amarelo, moreno,
Dr, tenha paciência,
No mapa dessa ciência
Tem muita falha e empeno.
 
Eu ser neto de macaco?
Isso não me satisfaz.
Gente é gente, bicho é bicho
Não misture os animais.
Por que só antigamente
Macaca paria gente
E agora não pare Mais?.
 
Meu Deus que história fraca
Essa que a ciência inventa,
Quem já viu um pé de manga
Dando goiaba ou pimenta.
Goiabeira dando jaca,
Quem foi que viu uma vaca
Sendo mãe de uma jumenta.
 
Se o macaco é pai do homem,
O filho não pucha aos pais.
Porque nos procedimentos
São bantante desiguais,
Quem viu macaco roubando,
Matando gente, assaltando
Do jeito que o homem faz?.
 
Se o macaco é pai do hemem
O que foi que aconteceu?
Se o pai é que ensina o filho
A falar do jeito seu.
Nisso a ciência se entala,
Se o macaco não fala,
Com quem o homem aprendeu?.
 
Eu não sou contra o macaco,
Nem contra os costumes seus.
Macaco ser pai do hemem,
Isso é coisa dos ateus.
Cada um com seu capricho,
Se é de eu ser filho de bicho,
Quero ser filho de Deus.
 
Mas quem acredita nisso,
Quem nessas coisas tem fé,
Assim que ver um macaco
Já sabe o seu pai quem é.
Estire o braço e a mão
E diga com educação:
A bênção pai chimpanzé...

FIM
(Todos os direitos reservados ao autor)
 
Mestre Azulão, Arievaldo e Geraldo Amâncio
fazendo 'macaquices' na Bienal do Livro de Fortaleza.


* Não posso afirmar que o poeta paraibano Leandro Gomes de Barros conhecesse a teoria de Charles Darwin sobre a evolução das espécies. Mas para um homem bem informado como ele, leitor frequente de livros, jornais e revistas, é quase improvável que não soubesse. Cheguei a tal conclusão depois de ler seu curioso poema intitulado “A creação do mundo”, publicado em 1910 no jornal O Rebate, de Juazeiro do Norte-CE. Ainda hoje me surpreende com a sua acuidade mental e as suas ironias bem elaboradas. Leandro foi sobrinho e aluno de um latinista, o padre-mestre Vicente Xavier de Farias( seu tio materno); foi compadre de Chagas Batista, dono de livraria na capital da Parahyba do Norte, foi sogro de Pedro Batista, um homem de letras, membro do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, e ainda tem quem diga que cordel é coisa de matuto analfabeto. Bom… Cada qual tire as suas conclusões, após a leitura de uma obra como esta. (A.V.)