quarta-feira, 18 de novembro de 2015

DIA DE LEANDRO



150 anos do nascimento de  

Leandro Gomes de Barros

Biografia escrita pelo cearense Arievaldo Vianna será lançada em Natal-RN, no Sesquicentenário do mestre da Literatura de Cordel

Leandro Gomes de Barros é um dos mais importantes e ao mesmo tempo um dos menos conhecidos poetas do Brasil. A partir de influências do trovadorismo ibérico e da poesia oral brasileira, ele destacou-se por criar um gênero literário que hoje se denomina Cordel. Todos os poetas ditos populares que vieram depois dele beberam na sua fonte e aproveitaram-se de seus ensinamentos.
A obra de Leandro, aparentemente simples (desprovida de lavores artísticos, como disse Drummond) e impressa em folhetos de baixo custo, abordava temas que eram realmente do agrado de todas as camadas sociais. Até mesmo intelectuais de renome, que supostamente torciam o nariz para esse tipo de literatura, acabavam comprando também, certamente levados pela curiosidade. É o caso de Rui Barbosa, que foi flagrado lendo avidamente alguns desses folhetos e ficou meio sem graça, dizendo que “naquilo” não havia literatura. Pessoas que não frequentavam escolas, que não tinham nenhuma intimidade com as letras, acabaram se alfabetizando através dos folhetos de Leandro ou se tornaram leitores ouvintes, porque esses textos eram sempre lidos em voz alta, em rodas de 5, 10, até 20 pessoas. Eu mesmo alcancei esse hábito na infância, pois nasci no Sertão Central do Ceará, numa localidade onde não havia energia elétrica e as pessoas formavam rodas de leitura à luz de lampiões.

Alguns folhetos de Leandro se tornaram clássicos e tiveram centenas de edições em tiragens de até 100 mil exemplares. Um exemplo disso é “O cachorro dos mortos”, mas podemos destacar também “Juvenal e o Dragão”, “A índia Necy”, “A vida de Cancão de Fogo e o seu Testamento” dentre outros. Folhetos como “O dinheiro” (O testamento do cachorro) e “O cavalo que defecava dinheiro” foram, praticamente, a base da obra mais famosa de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida. Nenhum outro poeta de sua época foi tão popular quanto ele. Era lido e admirado em todo o Nordeste e tinha revendedores (e imitadores) de seus folhetos até nos distantes rincões da Amazônia, tanto que o chamavam ‘o primeiro sem segundo’. Leandro criou uma escola poética cem por cento brasileira, identificada com as nossas raízes, mas que não se descuidava de temas atualíssimos da época, como a política, a Primeira Guerra Mundial, o cangaço, o fanatismo religioso e até mesmo os avanços da ciência; caso por exemplo do folheto “O homem que foi de aeroplano até a lua”, escrito mais de 50 anos antes do pouso da Apolo 11 no solo lunar. Portanto, acreditamos não ser exagero a afirmativa de Drummond de que Leandro realmente mereceu o título de Príncipe dos Poetas Brasileiros.

LANÇAMENTO EM NATAL-RN
ATENÇÃO! O escritor cearense Arievaldo Vianna lançará biografia do poeta paraibano Leandro Gomes de Barros na abertura na data do seu Sesquicentenário de nascimento (19/11) na capital do Rio Grande do Norte, na Árvore de Mirasol, no espaço onde acontecem as comemorações de Natal. O convite partiu do também escritor Nando Poeta, que coordena um evento literário no local. O autor já lançou a obra em Fortaleza, Mossoró-RN, Caxias do Sul-RS e diversas cidades da Paraíba, inclusive em Pombal-PB, berço do grande cordelista. Para o escritor paraibano Bráulio Tavares, em artigo publicado num jornal daquele estado por ocasião dos 90 anos de morte de Leandro Gomes de Barros, realizar uma biografia do poeta com as poucas informações que subsistiram à ação do tempo é a mesma coisa que catar confetes na rua um mês depois do carnaval.

Arievaldo Vianna encarou o desafio e apresenta um trabalho amparado em fotos, documentos e informações inéditas sobre a vida e obra de Leandro. Na opinião do poeta e pesquisador baiano Marco Haurélio, que assina o texto de apresentação, “trata-se da biografia do nosso mais importante poeta popular, Leandro Gomes de Barros, patriarca da literatura de cordel e autor de, pelo menos, vinte clássicos incontestáveis do gênero. Ari salda o débito que contraiu com o mestre paraibano desde que foi apresentado, na infância, pela avó Alzira de Souza Lima (1912-1994) ao grande pícaro Cancão de Fogo, espécie de Lazarillo de Tormes sertanejo, e maior criação de Leandro.”

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