sábado, 17 de agosto de 2013

JOSÉ PACHECO, um mestre do Cordel

JOSÉ PACHECO DA ROCHA


Segundo Átila de Almeida e José Alves Sobrinho, em seu Dicionário Bio-Bibliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada Volume 1, publicado em 1978 pela Editora Universitária de João Pessoa-PB, "José Pacheco da Rocha nasceu em 1890, em Porto Calvo (AL) e faleceu no dia 27 de abril de 1954." As informações sobre a vida do grande poeta são escassas e cheias de controvérsia. Há quem afirme que ele era Pernambucano de Correntes. Segundo José Costa Leite, que o conheceu pessoalmente no final da década de 40, na feira de Itabaiana-PB, Pacheco era um camarada alegre, brincalhão e irreverente. Era acaboclado, de estatura mediana, e tinha um braço mais grosso que o outro. Gostava de trajar terno branco e promovia verdadeiros espetáculos recitando seus poemas nas feiras nordestinas. É autor de diversos clássicos da poesia popular como A chegada de Lampião no Inferno, A intriga do cachorro com o gato, A festa dos cachorros e A mãe do Calor-de-figo.


Os grandes poetas do presente e os pesquisadores que realmente entendem de Literatura de Cordel, consideram José Pacheco um dos grandes pilares da trindade máxima do cordel, ao lado de Leandro Gomes de Barros e José Camelo de Melo.
Seu gênero preferido parece ter sido o gracejo, no qual nos deu verdadeiros clássicos. Escreveu também folhetos de outros gêneros, inclusive romances de grande repercussão, como “A princesa Rosamunda e a morte do gigante”. 

Num folheto editado pelo próprio autor na década de 1940, encontra-se um AVISO na contracapa que fala de sua ligação com o editor João Martins de Athayde e dá como seu endereço residencial a Rua Primitivo de Miranda, em Vitória de Santo Antão, Pernambuco. Poetas que o conheceram, como José Alves Sobrinho e João Firmino Cabral informavam que nos últimos anos de sua vida abraçou desregradamente o alcoolismo, sendo encontrado constantemente bêbado pelas feiras.



Na antologia de Literatura de Cordel lançada pelo BNB e organizada pelo saudoso Ribamar Lopes verificam-se as seguiantes informações sobre José Pacheco:

Há controvérsia sobre o lugar de nascimento de José Pacheco. Para alguns, ele nasceu em Porto Calvo, alagoas; há quem afirme ter sido o autor de A Chegada de Lampião no Inferno pernambucano de Correntes. A verdade é que José Pacheco, que teria nascido em 1890, faleceu em Maceió na década de 50, havendo quem informe a data de 27 de abril de 1954, como a do seu falecimento. Seu gênero preferido parece ter sido o gracejo, no qual nos deu verdadeiros clássicos. Escreveu também folhetos de outros gêneros.

(...)

José Pacheco foi poeta fecundo. De sua considerável obra, apresentamos apenas alguns títulos.




GRACEJO:

· A Intriga do Cachorro com o Gato

· As Palhaçadas de um Caboclo na Hora da Confissão

· A Propaganda de um Matuto com um Balaio de Maxixe

· A Chegada de Lampião no Inferno

· O Grande Debate de lampião com São Pedro

· A Festa dos Cachorros 
 

· A mãe do Calor de Figo



OUTROS GÊNEROS:

· A Beata que viu Meu Padrinho Cícero Sexta-feira da Paixão

· Grinaura e Sebastião

· A Mulher no Lugar do Homem

· A Princesa Rosamunda ou a Morte do Gigante

· Os Prantos de Cacilda e a Vingança de Raul

· Peleja de um Embolador de coco com o Diabo

· Os sofrimentos de N. S. Jesus Cristo.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

AGOSTO E OS POETAS



Dizem que o mês de agosto tem uma aura de mistério. Mês do desgosto, segundo os supersticiosos... Não é a toa que os poetas tem um certo receio do dia 24, dia de São Bartolomeu. Vejamos o que diziam Leandro Gomes de Barros e José Pacheco:

“Vinte quatro de agosto
Uma data duvidosa
Dia em que o diabo se solta
E pode dizer uma prosa,
Nesse dia foi o parto
Da Vaca Misteriosa”

(O boi misterioso – Leandro)

A vinte quatro
Do oitavo mês do ano
Todo pessoal ‘romano’
Teme a São Bartolomeu...

(Peleja de um cantador de coco com o diabo – José Pacheco)

Justamente nesse mês, que ainda está na metade, morreram três grandes expoentes da poesia popular.
Por e-mail, o poeta Geraldo Amâncio nos informa sobre o falecimento de dois grandes repentistas: “Nos últimos dois dias, perdemos dois poetas repentistas, coincidentemente ambos tinham o nome de Luiz, Luiz Campos de Mossoró e Luiz Bonifácio de Campina Grande. A notícia da morte do primeiro eu soube através do poeta Zé Lucas de Barros e do segundo através do poeta Moacir Laurentino. Luiz Campos foi de uma verve invejável, de uma criatividade ímpar em termos de improviso. Como seria bom se os novos cantadores   se espelhassem nesse exemplo, perdessem o medo de improvisar, esquecessem a mania de escrever, cujo gesto denigre a história da cantoria improvisada.Há centenas de estrofes de Luiz Campos sendo declamadas, recitadas, lembradas de boca em boca, e não há ninguém declamando estrofes dos cantadores que só cantam o que escrevem. Moacir Laurentino diz com muita precisão, que a cantoria decorada é condenada pela própria natureza. Siginifica dizer que morrendo o decoreba nada fica na memória do povo. Luiz Campos além do improviso, também escrevia poemas matutos de belo feitio.



Luiz Bonifácio era um bom improvisador. A sua obra mais conhecida foi o poema "Ninguém cortou meu destino" muito cantado nos programas de rádio e nas cantorias em épocas passadas.

MORTE CRUEL ASSASSINA,
CARREGOU DE UMA VEZ SÓ
UM LUIZ DE MOSSORÓ,
OUTRO LUIZ DE CAMPINA.
NO MUNDO DO DESAFIO
FICA UM ETERNO VAZIO
DE CAMPOS E BONIFÁCIO.
GORGEIAM DOIS SABIÁS
NOS SALÕES CELESTIAIS, 
LÁ NO DIVINO PALÁCIO. 
(Geraldo Amâncio)”

Do poeta Marco Haurélio recebemos também por e-mail a notícia da morte do poeta baiano Antônio Alves da Silva:



Morreu ontem, 14 de agosto, aos 85 anos, um dos maiores poetas da literatura de cordel brasileira, Antonio Alves da Silva. Extraordinário romancista, dominava todas as formas fixas do verso popular e tinha no humor seu traço mais marcante. Admirador do poeta, autor de clássicos como João Terrível e o Dragão Vermelho e Maria Besta Sabida, incluí um romance seu, João sem Destino no Reino dos Enforcados, na Antologia do Cordel Brasileiro, publicada pela Global Editora. Em 2003, venceu o concurso temático do Metrô e da CPTM, idealizado por Assis Angelo, com o cordel A Maldição das Serpentes no Sítio do Velho Chico.

Durante os dois anos em que trabalhei na Editora Luzeiro, editei vários de seus textos, adquiridos por esta casa publicadora, entre eles Maria Besta SabidaJoão Azarento na corte da rainha MaravilhaAs Palhaçadas de João ErradoÚltimos Dias de Antônio Conselheiro na Guerra de CanudosA Matança de Corisco Para Vingar a Morte de LampiãoHorácio de Matos, Herói da Chapada DiamantinaJoão Corta-Braço e O Encontro de Lampião com Antônio Silvino no Inferno