sábado, 25 de maio de 2013

CASA DE JOSÉ AMÉRICO HOMENAGEIA LEANDRO


José Américo - Ilustração de Jo Oliveira

 
Casa de José Américo inicia
processamento do acervo de Cordel
 

O projeto “Acervo Inicial de Literatura de Cordel Leandro Gomes de Barros”, desenvolvido pela Fundação Casa de José Américo, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, encontra-se no final da quarta etapa, que corresponde ao processamento técnico do acervo adquirido. O projeto tem o objetivo de formar um acervo especializado em literatura de cordel e obras literárias afins, para preservar a memória da cultura popular regional e disponibilizá-lo ao público.
Elaborado pela equipe da Biblioteca Dumerval Trigueiro Mendes e do Departamento de Pesquisa, ambos setores da Fundação Casa de José Américo, o projeto foi iniciado em julho do ano passado e está sendo desenvolvido em cinco etapas sucessivas: pesquisa, seleção, aquisição, processamento técnico e elaboração de um catálogo.
A etapa atual, que é o processamento técnico, é a parte da indexação ou identificação do assunto dos folhetos. A coordenadora do projeto e diretora da Biblioteca Dumerval Trigueiro Mendes, Nadígila Camilo, explicou que ela é realizada através da leitura textual para definir o assunto de cada folheto.  Os folhetos adquiridos se encontram em variados formatos, tanto nos tradicionais, como também, em forma de revista em quadrinhos, livros de literatura infantil, para o incentivo do hábito de leitura. 
Nadígila explicou que o formato de livro é usado como instrumento pedagógico no ensino de várias disciplinas: Português, História, Geografia e outras. Acrescentou que como objeto de estudo científico, o cordel vem sendo pesquisado nas diversas áreas do conhecimento. Segundo ela, até agora já foram processados tecnicamente 3.048 folhetos e catalogados 554 autores das diversas regiões do Brasil. Foram adquiridos folhetos antigos considerados clássicos e raros e também de novos autores. 
Paralelamente, a equipe de execução elabora um catálogo para divulgar todo o acervo adquirido através do projeto.  O material vai indicar uma dimensão da produção de cada cordelista. Através da realização deste projeto, a Fundação Casa de José Américo pretende recuperar os folhetos de cordel existentes e captar obras que tratam sobre o assunto, organizando-os para guarda permanente, com o objetivo de preservar, divulgar e disponibilizar para a pesquisa e estudos científicos. 
O projeto recebe assessoria científica da professora e pesquisadora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, Beth Baltar, que desenvolveu um sistema de classificação baseada na semântica discursiva para indexação de folhetos de cordel, objetivando a minimização da subjetividade na recuperação da informação. O sistema está sendo aplicado na indexação dos folhetos que constituem o Acervo de Cordel.
O Acervo de Cordel é organizado na Biblioteca Durmeval Trigueiro Mendes, unidade de informação que integra a Fundação Casa de José Américo. Nadígila informou que os cordelistas podem fazer a doação de exemplares.
Leandro Gomes de Barros
 
A escolha do nome do projeto é uma homenagem ao cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros, pioneiro na Literatura de Cordel, no formato impresso. No contexto da História da Cultura Nordestina, é considerado o patrono da literatura popular em verso.
Paraibano de Pombal, ele nasceu em 19 de novembro de 1865, foi o primeiro a publicar, editar e vender seus folhetos. Uma das características marcantes é que seus impressos tratam de uma grande diversidade de temas universais que abordam assuntos variados, desde a descrição da vida nordestina de sua época, reclamações sobre o governo, crítica à carestia, às guerras e ao desregramento da sociedade, sempre em tom de sátira e ironia. Leandro faleceu no Recife, no dia 4 de março de 1918.
 
Fonte: www.paraiba.pb.gov.br


Crédito da imagem: Pintura de FABIANO CHAVES.
Acervo particular de Arievaldo Viana. Todos os direitos reservados.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

MINELVINO FRANCISCO

Folhetos da coleção particular de Arievaldo Viana
 
Na imagem acima, uma foto de alguns folhetos do trovador baiano Minelvino Francisco, um artesão da palavra e da gravura. Alguns me foram enviados pelo poeta Antônio Américo de Medeiros, de Patos-PB. Outros pertenceram ao pesquisador Ribamar Lopes. Hoje em dia é raridade, encontrar um folheto de Minelvino com essas caracteristicas. O poeta fazia suas capas, imprimia em prelo caseiro e revendia nas feiras. Ou seja, acompanhava todo o processo diretamente. Abaixo, resumo biográfico de Minelvino por Maria do Rosário Pinto, elaborado para o site da Casa de Rui Barbosa:
 
BIOGRAFIA
Por Maria do Rosário Pinto
Minelvino Francisco Silva nasceu no povoado de Palmeiral, Município de Mundo Novo (BA), em 1926. Criado em Jacobina (BA), trabalhou como garimpeiro, radicando-se posteriormente em Itabuna (BA). Seu primeiro contato com a literatura de cordel foi com o clássico Romance do pavão misterioso, de João Melquíades Ferreira da Silva (N.E.: até hoje permanece a dúvida, na verdade, sobre quem foi o real autor dessa obra, se Melquíades ou José Camelo de Melo Resende).
Começou a versejar aos vinte e dois anos de idade e sua primeira sextilha, segundo a professora Edilene Matos, foi improvisada durante o I Congresso Nacional de Trovadores e Violeiros (1955) e dedicada a João Martins de Ataíde: “Até eu cheguei na hora / Como humilde trovador / Abracei ele, dizendo: / Parabéns meu Professor / Por todas as suas obras / de grandioso valor.”
Tradição oral
Poeta popular e xilógrafo dos mais talentosos na poesia e no talhe, compôs, basicamente, em sextilhas e setilhas. Viveu intensamente o universo do cordel, passando por todas as modalidades e deixando a marca da qualidade e do rigor em tudo o que escreveu.
Percorreu uma variedade de temas, como contos de encantamento (trazendo para o folheto popular a tradição oral dos contos de fadas), de amor, de animais e fatos políticos e do cotidiano, dentre outros. Publicou o primeiro folheto em 1949 – A enchente de Miguel Calmon e o desastre do trem de Água Baixa -, editado pelo amigo e companheiro de lutas em prol da causa dos poetas populares, Rodolfo Coelho Cavalcante.
Em 1980, venceu o concurso Prêmio Literatura de Cordel, promovido pelo Núcleo de Pesquisa e Cultura da Literatura de Cordel como parte das comemorações do centenário de João Martins de Ataíde, com o folheto Vida, profissão e morte, de João Martins de Ataíde.
Arte da impressão
Fascinado pela arte da composição e da impressão tipográfica, adquiriu uma impressora manual, onde confeccionava seus folhetos, inclusive as capas, conforme mostra nos versos: “Eu mesmo escrevo a estória / eu mesmo faço o clichê / eu mesmo faço a impressão / Eu mesmo vou vender / e canto na praça pública / para todo mundo ver”.
Seu interesse o fez mudar para uma impressora elétrica, mas em 1979 sofreu um acidente, perdendo três dedos. Este fato não o impediu de continuar no ofício, pelo contrário, sua técnica foi aperfeiçoada, referindo-se ao episódio nos versos: “No dia dez de outubro / Compus uma oração / Botei na máquina impressora / Para fazer a impressão / Em vez de imprimir o papel / Errei e imprimi a mão”.
Editou em várias tipografias e editoras como a Tipografia São Francisco, em Juazeiro do Norte (CE), a Luzeiro e a Prelúdio, em São Paulo (SP). Faleceu no dia do seu aniversário, a 29 de novembro de 1999, na mesma rua em que viveu, em Itabuana (BA).
Referências bibliográficas

▪ BANCO DO NORDESTE DO BRASIL: Literatura de cordel: antologia. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 1982. XIX, 704 p.: il. (Monografias; v. 14).

▪ BATISTA, Sebastião Nunes. Antologia da literatura de cordel. Natal: Fundação José Augusto, 1977. XXVI, 394 p.: il.

▪ SÁ, Aurenice e outros. Arte popular em terras do cacau. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional do Folclore, 1987. 39 p.: il. (Sala do Artista Popular; 35).

▪ LUYTEN, Joseph Maria. A xilogravura popular brasileira e suas evoluções In:__________. Antologia de folclore brasileiro. São Paulo: EDART, 1982. p. 255-271. Il.

▪ SILVA, Minelvino Francisco. ________ Minelvino Francisco Silva. São Paulo: Hedra, 2000. 234 p.: il. (Biblioteca de cordel).