sábado, 24 de março de 2012

J. BORGES RELANÇA O DOM QUIXOTE

Capa da segunda edição, gravura de J. Borges baseada em desenho de Jô Oliveira

Capa da primeira edição (Jô Oliveira)

Meu amigo e parceiro JÔ OLIVEIRA é de uma modéstia e humildade admiráveis. Excessivas, até, eu diria. Em suas entrevistas costuma dizer que a gravura popular de J. Borges e a cerâmica de Vitalino de Caruaru são as suas maiores fontes de inspiração. Por conta disso, além de ser amigo de J. Borges, é também um admirador confesso e às vezes chega mesmo a considerá-lo seu "mestre". Eu, particularmente, também admiro a arte do gravador (do poeta, nem tanto) José Francisco Borges, o famoso J. Borges, tão incensado por Ariano Suassuna e outros intelectuais nordestinos.
Há bem pouco tempo, Jô Oliveira ilustrou um texto de J. Borges, trata-se de uma adaptação do famoso romance de Miguel de Cervantes, o Dom Quixote de La Mancha, que certamente foi enrequecido com seu traço magistral e inconfundível.
Agora, J. Borges relança o mesmo livro com gravuras de sua autoria, porém baseadas nas ilustrações de Jô Oliveira que se sentiu muito honrado com essa gentileza, uma verdadeira homenagem, nas suas palavras. Eu, particularmente, acho que Jô Oliveira tem talento de sobra, é um artista que não deixa nada a dever a Ziraldo, Flávio Colin, Mozart Couto e outros grandes nomes do quadrinho brasileiro. Tem um estilo próprio, inconfundível, realmente baseado na xilogravura, mas não apenas na gravura de Borges, mas de todos os mestres desse ramo artístico, dentre os quais destacam-se também Stênio Diniz, José Lourenço, Abraão Batista, Dila e Minelvino.

Gravura de J. Borges baseada em desenho de Jô
É bom saber que um artista como Jô Oliveira, que já ilustrou mais de 100 livros, que já conquistou prêmios na Europa, que já criou mais de 50 selos para os Correios (alguns deles premiados nos maiores eventos de filatelia do mundo) não perdeu a sua humildade, a sua modéstia e a sua ternura. "Hay que endurecer-se sín perder la ternura, jamás", pregava o guerrilheiro das Américas Ernesto 'Che' Guevara. Viva o Jô Oliveira e viva também o J. Borges, que soube reconhecer o seu grande talento.

Arievaldo Viana



sexta-feira, 23 de março de 2012

A PARTIDA DE UM GRANDE CEARENSE


Acabo de tomar um choque, apesar de ser coisa previsível e inevitável. Refiro-me ao falecimento do humorista Chico Anysio. Soube pela internet e... Comuniquei-me, imediatamente, com o amigo Jáder Soares (o Zebrinha) que mantém em Fortaleza o Teatro Chico Anysio, além de ter boas relações de amizade com a família do artista, para comentar o infausto acontecimento. Pedi-lhe um texto sobre o ilustre falecido mas ele confessou que não estava inspirado para produzir coisa alguma naquele momento. Jáder nutre uma profunda admiração por Chico Anysio desde que deu os seus primeiros passos como humorista.
Em 2005, durante a comemoração dos 73 anos do grande comediante de Maranguape, o poeta Marcus Lucenna foi convidado por seu irmão Elano de Paula para fazer uma apresentação musical. Lucenna, é lógico, ficou muito motivado com o convite. Por coincidência (feliz coincidência), Lucenna estava em minha casa e sabia que eu havia lançado um livro intitulado “São Francisco de Canindé na Literatura de Cordel”. Levou, autografado, um exemplar do dito livro, sabendo que Francisco Anysio de Paula, cearense de Maranguape, era devoto (apesar de dizerem que ele era ateu) de São Francisco das Chagas. A verdade é que, durante todo o aniversário, Chico passeou diante das câmeras (amadoras), ora folheando o meu livro, ora com o dito cujo debaixo do braço. Lucenna escreveu um ótimo folheto com sua biografia, cuja capa é do conceituado xilógrafo Ciro Fernandes (prometo postar o folheto mais adiante).

Chico Anysio foi (e ainda é) um dos meus ídolos da infância. Bem antes da famosa “Escolinha do Professor Raimundo” eu já curtia o Chico City (programa que ele fez na Globo nas décadas de 70/80) e os discos que gravou ao lado de Arnaud Rodrigues, que faleceu tragicamente num acidente de barco em Tocantins.


Encontro de GÊNIOS - Arnaud Rodrigues e Chico Anysio.

Conforme prometido, eis alguns trechos do CORDEL de Marcus Lucenna:

Capa: Ciro Fernandes (PB)


CHICO ANYSIO – O GÊNIO BRASILEIRO
(MARCUS LUCENNA – RJ, 12/04/2003)



QUANDO NASCE NO MUNDO UM GRANDE ARTISTA
O UNIVERSO CONSPIRA NESSA HORA
O SOL BRILHA NO SEIO DA AURORA
E AO SE POR EMBELEZA NOSSA VISTA
VEM PRA LUZ, PRO SUCESSO E PRA CONQUISTA
TRAZ OS DONS DE UM SER ABENÇOADO
QUEM NASCEU PRA VIVER ILUMINADO
E ATRAVÉS DO PODER DA INSPIRAÇÃO
SER PARCEIRO DE DEUS NA CRIAÇÃO
E DEIXAR O SEU TEMPO AUTOGRAFADO

CHICO ANYSIO NASCEU COMO MAIS UM
NORDESTINO FILHO DO CEARÁ
UM BICHINHO DAQUELES DACOLÁ
NO DIA DOZE DE ABRIL DE TRINTA E UM
MAS NÃO VEIO PRA SER, UM SER COMUM
TROUXE A LUZ DE UM FAROL DA HUMANIDADE
UM VULCÃO DE GÊNIO E CAPACIDADE
QUE LÁ DE MARANGUAPE SE INSURGIU
GANHOU MUNDO, DESTAQUE E EXPLODIU
NO BRASIL PARA ORGULHO DA CIDADE


NUM DOMINGO DE SOL ELE NASCIA
QUE É UM DIA POR DEUS ABENÇOADO
E UM CORO DE PÁSSAROS POUSADO
NUMA ÁRVORE FIZERAM CANTORIA
SUA MÃE DONA AIDÊ ASSIM DIZIA:
“O CHIQUINHO VAI SER MUITO FELIZ
POIS CANÁRIOS, GOLINHAS E CONCRIZ
ENTOARAM PRA ELE OS SEUS CANTOS
ESSE FILHO MEU, NÃO VAI PEGAR QUEBRANTOS
E SERÁ SEMPRE ASSIM PORQUE DEUS QUIS

(...)

DONA MALGA DE PAULA A COMPANHEIRA
DE SEU FRANCISCO ANYSIO NESSA HORA
NÓS SAUDAMOS A FORÇA DA SENHORA
QUE CONVIVE COM O HOMEM E O ARTISTA
A MULHER ESSA GRANDE EQUILIBRISTA
DO DEVER, DO CARINHO E DO LABOR
QUE NO TESTE DA VIDA COM LOUVOR
JÁ PASSOU DESDE A MAIS ANTIGA AURORA
A MULHER QUE É SENSÍVEL,LUTA E CHORA
É QUEM ENCHE O NOSSO MUNDO DE AMOR


FINDO AQUI ESSA HOMENAGEM PEQUENA
COM A MINHA SINGELA POESIA
PRA VOCÊ CHICO ANYSIO QUE UM DIA
PERCEBEU O “GRANDE NA COISA PEQUENA”
EU SOU, O CANTADOR MARCUS LUCENNA
SOU DE TI, PROFUNDO ADMIRADOR
EU TENTEI DECANTAR O TEU VALOR
E ESPERO QUE TENHA CONSEGUIDO
E O CORDEL FOI O MODO ESCOLHIDO
UM ABRAÇO DESSE HUMILDE TROVADOR

CENTENÁRIO DO REI


Gonzagão está a caminho e deverá ser lançado em abril, na Feira do Livro de Brasília.

O novo livro da dupla Arievaldo Viana – Jô Oliveira, “O Rei do Baião – do Nordeste para o mundo - uma biografia de Luiz Gonzaga no formato cordel ilustrado, deverá ser lançado em abril na Feira do Livro de Brasilia pela editora Planeta Jovem, antecipando as comemorações de seu centenário, que ocorrerá no dia 13 de dezembro de 2012. A equipe da editora está trabalhando arduamente para que o lançamento aconteça dentro do prazo previsto e as primeiras provas gráficas já chegaram às nossas mãos. Na imagem acima, uma das propostas para a capa (ainda não é definitiva).Eis o texto da contracapa:

 Ele nasceu em 1912. E se estivesse vivo em 2012, Luiz Gonzaga completaria 100 anos!
Existem dois nordestes brasileiros: um antes e outro depois do Rei do Baião: em vez de região nordeste, tudo se confundia e o nordeste se fundia com a região norte: “sou do norte”, “esta é comida lá do norte”.
Além de divulgar suas músicas com temas sobre o sertão, o velho Lua apresentou a cultura brasileira para os quatro cantos do país. E ritmos como xote, baião, forró e xaxado, tornaram-se conhecidos e influenciaram outros ritmos, criando novas gerações de cantores e compositores.
Em O Rei do Baião – Do Nordeste para o Mundo, o poeta cearense Arievaldo Viana “cordeliza” a vida de Luiz Gonzaga através de versos que ganham cor e sensibilidade através das gravuras do pernambucano Jô Oliveira.”

terça-feira, 20 de março de 2012

PASSAMOS DE 100 MIL VISITAS


 
Em março de 2012 o blog ACORDA CORDEL completou 10 meses de atividades e ultrapassou a marca de 100 mil visitas, de mais de 30 países, com destaque para o Brasil (é claro), Estados Unidos, Portugal, Bélgica, Espanha, França e Alemanha. Agradecemos o carinho dos nossos visitantes, sobretudo aqueles que nos brindam postando comentários sobre o nosso trabalho. Eis a marca em números:

Visualizações de página de ontem  -
626
Visualizações de página do mês passado -
12.913
Histórico de todas as visualizações de página -
100.079

ANTOLOGIA DO CORDEL BRASILEIRO

LANÇAMENTO EM SÃO PAULO!
Pedro Monteiro, Flávio Martins, Ana Karenina e marco haurélio

Sábado, na Livraria da Villa, o cordel deu mais um passo a caminho da consolidação junto ao grande mercado editorial. O lançamento do livro Antologia do Cordel Brasileiro, além de muito concorrido, primou pelo público eclético, que incluiu jornalistas, professores, produtores culturais, escritores, poetas, além de leitores e incentivadores.
17 de março de 2012 foi, segundo Pedro Monteiro, autor de João Grilo, um presepeiro no palácio, um dos títulos antológicos, um dos dias mais importantes de sua vida. A culminância de um projeto cultural que envolve várias gerações da poesia popular brasileira e que, longe de querer abarcar a imensa produção neste gênero, aponta possíveis diretrizes para os produtores de cordel na atualidade: contemporaneidade que não nega a tradição.
Uma presença, dentre tantas, merece destaque: a do escritor e agente literário Andrey do Amaral, que veio de Brasília, acompanhado de sua esposa, Fernanda Carvalho, unicamente para prestigiar o evento.

Às 18:30, Eufra Modesto e Sebastião Marinho abrilhantaram o sarau e, apesar do tempo reduzido, apresentaram poemas de Chico Pedrosa e Zé Laurentino.
As imagens do lançamento podem ser vistas no blog CORDEL ATEMPORAL, de Marco Haurélio.


Pedro Monteiro, João Gomes de Sá, Adriana Ortiz e Marco Haurélio

Com o lendário jornalista Audálio Dantas, idealizador do evento Cem Anos de Cordel,
realizado em 2001, no SESC Pompeia

segunda-feira, 19 de março de 2012

Bendito de São José, padroeiro do Ceará

Bendito sejas São José
Bendito sejas São José, que fostes
testemunha da Glória de Deus na terra.
Bendito seja o Pai eterno que vos escolheu.
Bendito seja o Filho que vos amou
e o Espírito Santo que vos santificou.
Bendita seja Maria que muito vos amou!

Rita Lee - José


Veja um belo clip da música JOSÉ, de Rita Lee, do LP Build Up, de 1970, no youtube:

LINK PARA O VÍDEO:

http://www.youtube.com/watch?v=I3-7QZwZN5A&feature=related

LINK PARA O ORIGINAL, EM FRANCÊS, COM GEORGES MOUSTAKI

http://www.youtube.com/watch?v=l9zTRvZtbOc