quinta-feira, 7 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher

 
 
 
Hoje, 8 de março - Dia Internacional da Mulher, resolvi remexer no baú das lembranças e retirar uma bela canção... Uma das mais belas modalidades (ou seria uma toada) da cantoria nordestina é o mote "Mulher nova, bonita e carinhosa / faz o homem gemer sem sentir dor", magistralmente desenvolvido por Otacílio Guedes Patriota (Otacílio Batista), arranjado por Zé Ramalho e gravado por Amelinha. De maneira injusta, Zé Ramalho foi acusado de plágio por assinar esta canção juntamente com Otacílio. Dizem que a melodia é coisa antiga, o que não questiono. Questiono, isto sim, o fato de um artista famoso, no auge da carreira, ser apedrejado porque divulgou uma peça da cantoria nordestina. Mas isto não vem ao caso... estou postando essa letra porque assisti, numa pequena TV preto e branco, a famosa mini-série "Lampião e Maria Bonita", produzida pela TV Globo e dirigida por Daniel Filho. Na época em nem imaginava que meu caminho iria cruzar com D. Expedita (a filha do casal), com Vera Ferreira e com Tânia Alves, a brilhante atriz que interpretou a rainha do cangaço.

 
 
MULHER NOVA, BONITA E CARINHOSA
FAZ O HOMEM GEMER SEM SENTIR DOR
 
Numa luta de gregos e troianos
Por Helena, a mulher de Menelau
Conta a história de um cavalo de pau
Terminava uma guerra de dez anos
Menelau, o maior dos espartanos
Venceu Páris, o grande sedutor
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor.

Alexandre figura desumana
Fundador da famosa Alexandria
Conquistava na Grécia e destruía
Quase toda a população Tebana
A beleza atrativa de Roxana
Dominava o maior conquistador
E depois de vencê-la, o vencedor
Entregou-se à pagã mais que formosa
Mulher nova bonita e carinhosa
Faz um homem gemer sem sentir dor.

A mulher tem na face dois brilhantes
Condutores fiéis do seu destino
Quem não ama o sorriso feminino
Desconhece a poesia de Cervantes
A bravura dos grandes navegantes
Enfrentando a procela em seu furor
Se não fosse a mulher mimosa flor
A história seria mentirosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor.

Virgulino Ferreira, o Lampião
Bandoleiro das selvas nordestinas
Sem temer a perigo nem ruínas
Foi o rei do cangaço no sertão
Mas um dia sentiu no coração
O feitiço atrativo do amor
A mulata da terra do condor
Dominava uma fera perigosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor.
 
 

LANÇAMENTO

Irmãos Grimm com sotaque nordestino

 Em João Bocó e o ganso de ouro, novo livro da série "Era uma vez... em cordel", o poeta cearense Arievaldo Viana e Jô de Oliveira apresentam sua versão sertaneja para a famosa fábula alemã

Com um jeito genuinamente brasileiro de apresentar grandes contos e fábulas infantis, a coleção "Era uma vez... em cordel", que foi inaugurada comA peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau e O coelho e o jabuti, ganha um novo título. Agora, o poeta Arievaldo Viana e o ilustrador Jô Oliveira se reúnem e transportam mais uma história clássica para o universo estético do cordel. Bebendo na fonte dos Irmãos Grimm, a dupla traz para os pequenos leitores João Bocó e o ganso de ouro, história que reconta em ritmo de sextilhas (estrofes de seis versos) a fábula do rapaz simplório e de bom coração que tem sua vida transformada quando ganha uma ave mágica com penas de ouro.
Nesta versão sertaneja do conto alemão, o cordelista faz as figuras tradicionais do rei e da princesa dividirem a cena com personagens que remetem ao Nordeste rural – o padre, o sacristão, os camponeses –, enquanto o traço e o colorido das ilustrações de Jô Oliveira sublinham o estilo do Sertão nordestino: chapéu de couro e alpercatas são o uniforme de João Bocó, o herói cordial deste livro que é uma aula de cultura popular brasileira para as crianças.

O autor

Arievaldo Viana nasceu em Quixeramobim em 1967. É poeta, radialista, ilustrador e publicitário. Já publicou mais de 100 histórias em cordel, e junto com Jô Oliveira lançou O coelho e o jabuti (Globinho, 2011) e A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau (Globinho, 2011).
 

O ilustrador

Jô Oliveira nasceu na Ilha de Itamaracá em 1944. É quadrinista e ilustrador, com livros publicados no Brasil, na Argentina, na Grécia e na Itália. Em 2004 foi premiado com o Troféu HQ Mix na categoria “Grande Mestre”.

Outros títulos da série “Era uma vez...em cordel” publicados pela Globinho

O coelho e o jabuti

A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau
 

Ficha técnica

Título: João Bocó e o ganso de ouro
Autor: Arievaldo Viana
Ilustrador: Jô Oliveira
Gênero: infantil
Páginas: 40
Formato: 17,5 x 23 cm
Indicação: a partir de 7 anos
Preço: R$ 34,00
ISBN: 978-85-250-5268-1
Editora: Globinho


Assessoria de imprensa Tatiana Bandeira | Drielle Sá
Tel.: (11) 3767-7819 | 3767-7450

 

segunda-feira, 4 de março de 2013

LEANDRO - 95 ANOS DE ENCANTAMENTO

 
 
Há exatos 95 anos (04 de março de 1918), falecia no Recife-PE o maior expoente da Literatura de Cordel, o paraibano Leandro Gomes de Barros, nascido em 1865. Foi Leandro quem forneceu 'régua e compasso' para toda uma geração de grandes poetas que veio depois dele: José Camelo de Melo, João Martins de Athayde, José Pacheco, Severino Milanês da Silva, Delarme Monteiro... todos beberam na fonte de Leandro.
 
 
LEANDRO, O GRANDE PIONEIRO
Marco Haurélio

LEANDRO, O GRANDE PIONEIRO - O paraibano Leandro Gomes de Barros (1865 – 1918) é o maior clássico da poesia popular e uma das maiores glórias da cultura brasileira. Foi poeta prolífico e, embora muitos pesquisadores exagerem na estimativa de sua obra, sabe-se que ele legou à posteridade perto de um milhar de folhetos. A pouca familiaridade com a gramática não lhe foi empecilho para escrever obras-primas, como Os Sofrimentos de Alzira, onde lemos esta estrofe adornada por belas antíteses, que revelam o trágico destino da protagonista: Eu ficarei sobre um túmulo, O senhor num paraíso; Meus olhos gotejam lagrimas Seus lábios brotarão riso. No mais, aceite um adeus. Até o dia do juízo! Em O Cachorro dos Mortos, há a descrição de um crime passional do qual um cachorro é a única testemunha. No início do romance, Leandro deixa patente o seu respeito pela tradição (“antepassados”) e recorre a um expediente que se tornaria lugar-comum entre os poetas populares: o de ilustrar o prólogo da história com um adágio que remete ao motivo central. Vejamos: Os nossos antepassados Eram muito prevenidos Diziam: - Mato tem olhos E paredes têm ouvidos, Os crimes são descobertos, Por mais que sejam escondidos.