sábado, 16 de julho de 2011

O DISCO DA SEMANA


Faixas:

01 Minha história (Raimundo Evangelista e João do Vale) com Chico Buarque
02 Pisa na fulô (João do Vale, Ernesto Pires e Silveira Jr.) com Alcione
03 De Terezina a São Luiz (João do Vale e Helena Gonzaga) com Alceu Valença
04 Carcará (João do Vale e José Cândido) com Edu Lobo
05 Pipira (João do Vale e José Batista) com Miucha
06 O canto da ema (D.Ayres Vianna,Alventino Cavalcanti e João do Vale)com Zé Ramalho
07 Forró do beliscão (Ary Monteiro e João do Vale) com Ivon Cury
08 A voz do povo (João do Vale e Luiz Vieira) com Paulinho da Viola
09 Estrela miúda (Luiz Vieira e João do Vale) com Maria Bethânia
10 Na asa do vento (João do Vale e Luiz Vieira) com Fagner
11 As morenas do grotão (João do Vale e José Cândido) com João Bosco
12 Peba na pimenta (João do Vale, José Batista e Adelino Rivera) com Marinês
13 Uricuri [Segredo de sertanejo] (João do Vale e José Cândido) com Quinteto Violado
14 Matuto transviado[Coroné Antonio Bento](L. Wanderley e João do Vale) com Geraldo Azevedo
15 Maria Filó [O danado do trem] (João do Vale e Luiz Vieira) com Luiz Vieira
16 O bom filho à casa torna (João do Vale e Eraldo Monteiro) com Ednardo.



BIOGRAFIA

João Batista do Vale nasceu em Pedreiras MA em 11 de Outubro de 1934. Desde pequeno gostava muito de música, mas logo teve de trabalhar, para ajudar a família. Aos 13 anos foi para São Luís MA, onde participou de um grupo de bumba-meu-boi, o Linda Noite, como "amo" (pessoa que faz os versos). Dois anos depois, começou sua viagem para o Sul, sempre em boléias de caminhões: em Fortaleza CE, foi ajudante de caminhão; em Teófilo Otoni MG, trabalhou no garimpo; e no Rio de Janeiro RJ, onde chegou em dezembro de 1950, empregou- se como ajudante de pedreiro numa obra no bairro de Ipanema. Passou a freqüentar programas de rádio, para conhecer os artistas e apresentar suas composições, em maioria baiões. Depois de dois meses de tentativas, teve uma música de sua autoria gravada por Zé Gonzaga, Cesário Pinto, que fez sucesso no Nordeste. Em 1953, Marlene lançou em disco Estrela miúda, que também teve êxito; outros cantores, como Luís Vieira e Dolores Duran, gravaram então músicas de sua autoria. Em 1964 estreou como cantor no restaurante Zicartola, onde nasceu a idéia do show Opinião, dirigido por Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, que foi apresentado no teatro do mesmo nome, no Rio de Janeiro. Dele participou, ao lado de Zé Kéti e Nara Leão, tornando-se conhecido principalmente pelo sucesso de sua música Carcará (com José Cândido), a mais marcante do espetáculo, que lançou Maria Bethânia como cantora. Como compositor, em 1969 fez a trilha sonora de Meu nome é Lampião (Mozael Silveira). Depois de se afastar do meio musical por quase dez anos, lançou em 1973 Se eu tivesse o meu mundo (com Paulinho Guimarães) e em 1975 participou da remontagem do show Opinião, no Rio de Janeiro. Tem dezenas de músicas gravadas e algumas delas deram popularidade a muitos cantores: Peba na pimenta (com João Batista e Adelino Rivera), gravada por Ari Toledo, e Pisa na fulo (com Ernesto Pires e Silveira Júnior), baião de 1957, gravado por ele mesmo. Em 1982 gravou seu segundo disco, ao lado de Chico Buarque, que, no ano anterior, havia produzido o LP João do Vale convida, com participações de Nara Leão, Tom Jobim, Gonzaguinha e Zé Ramalho, entre outros. Em 1994, Chico Buarque voltou a reverenciar o amigo, reunindo artistas para gravar o disco João Batista do Vale, prêmio Sharp de melhor disco regional. Faleceu em São Luís MA no dia 06 de Dezembro de 1996, sendo sepultado em sua cidade natal, Pedreiras.


Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha

sexta-feira, 15 de julho de 2011

PLENÁRIA DA ABLC

ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL RECEBE AUTORAS DA NOVELA CORDEL ENCANTADO



Plenária de 16 de julho de 2011
Academia Brasileira de Literatura de Cordel/ABLC
Rua Leopoldo Fróes, 37 – Santa Teresa
Data: 16 de julho de 2011 as 16:00.

 


Na plenária da ABLC, do próximo sábado, dia 16 de julho de 2011, a ABLC receberá em sua sede em Santa Tereza as autoras da novela Cordel Encantado: Duca Rachid e Thelma Guedes que serão condecoradas com a medalha Rogaciano Leite, medalha esta que é conferida as pessoas que de alguma forma contribuíram para a difusão e grandeza do cordel.

Teremos a palavra dos acadêmicos presentes, manifestando-se sobre as convidadas e prestando sua homenagem a ilustre dupla global.  Também estará presente o Sr. João Gustavo Mello, diretor cultural da escola de samba ACADÊMICOS DO SALGUEIRO cujo enredo do próximo carnaval será a LITERATURA DE CORDEL.

O cordel tem vivido momentos especiais com o advento da internet, sua propagação se alastrou e hoje ele um nobre migrante que saiu da mala do nordestino para ganhar o mundo no embalo das redes.

A Academia Brasileira de Literatura de Cordel atenta aos movimentos em torno desta literatura, ver com bons olhos os novos passos do cordel que abrem portas para um trabalho remunerado onde o cordelista é convidado para oficinas, palestras e consultoria.

A ABLC Convida os amigos e convoca os confrades para este evento especial.


Imagem do: blogtelevisual.com


quinta-feira, 14 de julho de 2011

CORDELTECA HOMENAGEIA ROUXINOL DO RINARÉ


CORDELTECA ROUXINOL DO RINARÉ

LEIA NO DIÁRIO DO NORDESTE - CADERNO REGIONAL: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1009500


Iniciativa pioneira, o equipamento cultural no Eusébio homenageia o cordelista Rouxinol de Rinaré
Eusébio. A Prefeitura de Eusébio inaugurou a primeira "Cordelteca" em uma escola pública no Estado, na Escola Mário Sales, no Bairro Jabuti. O equipamento homenageia o poeta cordelista Rouxinol de Rinaré, cearense reconhecido internacionalmente por sua arte nos versos populares.

Os alunos utilizam o espaço, decorado com equipamentos e materiais do sertão nordestino, para elaborar os seus textos que são transformados em literatura de cordel, que por sua vez são utilizados como material didático nas escolas.

História local

O idealizador do "Cordelteca" é o educador social, Gilvan Cunha. O espaço funciona como uma espécie de museu, onde os alunos, por meio de uma gincana, pinçaram nas comunidades peças antigas que contam um pouco da história da região, como, por exemplo, uma canga de boi, que tem mais de 100 anos. No local estão expostos também potes e outros utensílios de barro, ferros de engomar à brasa, chocalhos, fundas, panelas, brinquedos artesanais, materiais feitos de palha, lamparinas, bancos, mesas, entre outros objetos.

"Além desse trabalho de resgate de peças históricas, estamos adotando nas escolas o uso do vocabulário cearense, o chamado ´cearês´, para a elaboração dos textos, para a forma de falar do cearense não fique esquecida ou ignorada pelas novas gerações", disse Gilvan.

Ver matéria completa em: www.fotolog.terra.com.br/rinare

EXPOSIÇÃO DE FOLHETOS

CORDÉIS RAROS DE JOÃO MARTINS
DE ATHAYDE SÃO EXPOSTOS
EM RECIFE-PE

O poeta Paulo Moura nos informa sobre a Exposição de Cordéis Raros do poeta João Martins de Athayde, que está sendo mostrada no Arquivo Público do Estado de Pernambuco (ARQUIVO PUBLICO JORDÃO EMERENCIANO - ARPEJE) desde o dia 11/07. Pelo prospecto do folder já dá para entrever que muitos dos folhetos raros atribuídos a Athayde são na verdade da autoria de Leandro Gomes de Barros e outros poetas do qual ele foi editor. Isso já era de se esperar... Athayde foi o maior editor de cordel que o Nordeste já teve em todos os tempos e também foi um bom trovador, mas tinha o costume de publicar a obra de outros poetas com seu nome estampado sobre a capa, sem explicar se era autor ou editor, suprimindo a verdadeira autoria e até mesmo adulterando acrósticos, como ocorreu com boa parte da obra de Leandro Gomes de Barros. Durante muitos anos essa usurpação de autoria aconteceu no cordel editado em Recife, sendo continuada posteriormente pela Tipografia São Francisco, em Juazeiro do Norte. Mas isso não tira o brilho e o mérito dessa mostra, que certamente deve conter muita coisa interessante.

Ontem, 13/07, quarta feira, às 15:00h, estava programada uma MESA REDONDA da qual participariam a pesquisadora Maria Alice Amorim, o poeta Paulo Moura e Felipe Junior. A Mesa Redonda foi adiada para o dia 20/07 (próxima quarta-feira). Os participantes falarão a respeito deste acervo encontrado no Arquivo Público e que estará sendo apresentado nessa exposição, inclusive para consultas. Segundo Paulo ‘Dunga’ Moura, “o acervo é de uma riqueza sem tamanho. Vale a pena conferir!”

A coordenação do evento é do Jornalista Pedro Moura, diretor da ARPEJE.


Retrato do grande editor quando jovem, por Arievaldo Viana



JOÃO MARTINS DE ATHAYDE
BIOGRAFIA

JOÃO MARTINS DE ATHAYDE nasceu no povoado de Cachoeira de Cebolas (hoje denominada Itaituba), município de Ingá do Bacamarte-PB, em 23 de junho de 1880*, filho de Belchior Martins de Lima e de dona Antônia Lima de Athayde. e faleceu no Recife-PE, no dia 7 de agosto de 1959. Órfão de mãe ainda criança, procurou alfabetizar-se por conta própria. Comprou uma “carta de ABC” e a conduzia sob o chapéu, pedindo lições a um e a outro nos momentos de folga, até aprender a soletrar. Depois encantou-se com os folhetos de Leandro Gomes de Barros e outros poetas de sua época, começando a escrever e imprimir seus folhetos nas primeiras décadas do século XX.
 Foi o maior editor de literatura de cordel de todos os tempos, tendo iniciado suas atividades de poeta-editor em 1909, influenciado pelo mestre Leandro Gomes de Barros. Em 1921 comprou os direitos autorais do velho poeta, falecido em 1918 e tornou-se, durante mais de 20 anos, detentor exclusivo dos maiores clássicos da Literatura de Cordel, tendo vendido seu acervo — a obra  de Leandro, a sua e a de diversos poetas —,  ao alagoano José Bernardo da Silva, em 1949, estabelecido em Juazeiro do Norte com uma tipografia desde 1936. Por essa época, Zé Bernardo já era o maior “agente” da folhetaria de Athayde.
Apesar dos problemas envolvendo questão de autoria, já que Athayde identificava-se ora como editor, ora como autor da mesma obra (tendo inclusive usurpado a autoria de várias obras de Leandro, colocando seu nome na capa e adulterando os acrósticos), atribui-se ao poeta de Ingá do Bacamarte cerca de 60 títulos, dos quais destacamos: Amor de Perdição, Os martírios de Jorge e Carolina, O segredo da princesa, A pérola sagrada, O estudante que se vendeu ao diabo, O prisioneiro do Castelo da Rocha Negra, O lobo do oceano, dentre outros.

* Segundo o escritor pernambucano Mário Souto Maior, a data correta do nascimento de Athayde é 23 de junho de 1877.  João Martins de Athayde, em entrevista concedida ao escritor Orígenes Lessa, no dia 9 de outubro de 1954, em Recife, faz confusão quanto a data de seu nascimento. Nessa entrevista, consta que o nome de sua mãe era Antônia Lacerda Athayde. O sobrenome Lima seria proveniente do marido.

FONTE: Acorda Cordel na Sala de Aula, 2ª Edição, 2010.

* * *
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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Do jornal da BESTA FUBANA

Continuação do texto publicado semana passada na coluna "Mala da Cobra", no site Jornal da Besta Fubana, uma gazeta da 'bixiga-lixa'

http://www.luizberto.com/

HUMOR NA CANTORIA – PARTE II


(Relaxo e Glosa)
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Luiz Dantas Quezado e o folclorista cearense Leonardo Mota
Abaixo, capa do livro Glosas Sertanejas


O cantador, via de regra, gosta de pabular-se, enaltecer seus próprios feitos, delimitar seus territórios poéticos com Marcos e Fortificações e gabar-se  de qualidades que chegam às raias do exagero. Pelejas como a de Cego Aderaldo com Zé Pretinho, Romano com Inácio da Catingueira, Pinto com Milanês e José Gustavo com Maria Roxinha são verdadeiras batalhas verbais, onde cada contendor arma laços e estratégias para derrotar seu oponente.
Mas como toda regra tem exceções, alguns de nossos menestréis levam a coisa na base da brincadeira e satirizam seus defeitos, suas fraquezas e a sua própria condição de poetas populares. Eis como se apresentava o velho glosador Luiz Dantas Quezado (paraibano de Antenor Navarro, onde nasceu aos 5 de julho de 1850. Viveu a maior parte de sua vida no Ceará, onde faleceu):


“Eu me chamo Luiz Dantas
Meu natural eu não nego,
Nasci na ‘Tábua Lascada’
Me criei na ‘Caixa-Prego’
Apanhei d’um aleijado,
Corri com medo d’um cego!”


Seu livreto Glosas Sertanejas, peça rara de colecionadores, acaba de ganhar uma reedição especial, fac-similar de uma edição lançada em 1925. A feliz iniciativa foi de seu sobrinho Paulo Quezado, advogado e atual presidente da OAB-CE.
Como Luiz Dantas, centenas de poetas populares cultivam o bom humor e a irreverência em suas produções. Dentre os mais irreverentes destacamos Zé Limeira  O poeta do absurdo, cantador imortalizado pelo escritor Orlando Tejo, João Mandioca, Louro Branco, Calixtão de Teresina (Franciné Calixto), José Mota Pinheiro, Zé Amâncio e Pintasilva, poeta canindeense falecido na década de oitenta do século passado.

Zé Limeira, criador da escola do absurdo na cantoria, teve a sua obra pesquisada e registrada por Orlando Tejo, sem censura ou meias tintas. Os demais, permanecem no anonimato, excluídos de quase todas as antologias de cantadores. Alguns autores de livros desse gênero conhecem de cor os versos proibidos desses poetas e os recitam em rodas de amigos, mas não ousam publicá-los. De certo modo, esse cuidado é compreensível. O público tradicional da cantoria é conservador e não gosta de livros que consideram atentatórios a moral e aos bons costumes.
Parte dessa produção maldita foi reunida para ilustrar esse capítulo do livro “Mala da cobra – Almanaque Matuto”. São versos irreverentes e desabusados, glosados a partir de temas sugeridos para satirizar determinada situação ou criados no calor do desafio, com o intuito de ridicularizar o parceiro. Existem ainda aqueles que são fruto da ingenuidade do poeta e acabam virando anedota na boca dos cantadores e apologistas, como esta que aconteceu com o repentista Chico Ivo:

UM JANTAR ESPECIAL: FAVA COM CAPIM

É o poeta Moacir Laurentino (Moacir Cosme de Lima, paraibano da cidade de Paulista)  que dá publicidade ao fato que irei narrar, mas quem repassou-me de fato foi o cantador Zé Maria de Fortaleza, um grande nome da cantoria em nosso Estado. Um poeta de nome Chico Ivo (cearense de Jaguaretama), guloso que só o esmeril da França, sempre que marcava uma cantoria fazia algumas exigências ao dono da casa. Não era propriamente um Roberto Carlos, que exige um camarim azul, com 40 toalhas brancas e 100 litros daquela água mineral francesa tão famosa em todo o mundo. Nada disso. Tudo o que Chico Ivo exige, além de algumas cédulas na bandeja, é um jantar digno de seu apetite.
Foi assim na casa de um velho sertanejo apreciador de cantoria. O anfitrião providenciou um jantar de fava com toucinho, com um tempero à base de nata, além, é claro, da velha e boa farinha de mandioca servindo de base e empachando na retaguarda. De quebra, alguns tacos de rapadura Serra-Grande para rebater o manjar sertanejo. Chico Ivo, que não é homem “luxento”, esbaldou-se. Comeu a valer. Em dado momento, observou que no pé da parede estava um montículo de capim verde e bem fresco, cortado bem miudinho, que serviria de ração para um borrego enjeitado. Não teve dúvidas, virou-se para a dona da casa e disse:
- Dona, aquilo é verdura? Eu adoro verdura…
- É não, seu Chico, é capim… é a comida do borrego, num sabe?
De nada adiantou a explicação da mulher. Chico Ivo foi lá, pegou uma mancheia de “verdura”, jogou por cima do prato de fava, misturou bem e comeu à vontade. Momentos depois, já iniciada a cantoria, Chico Ivo fez esta saudação louvando o manjar que lhe fora oferecido:


“Quero agradecer a janta
Da casa do seu Joaquim,
Eram seis litros de fava
Cinco quilos de toicim
Quatro rapaduras grandes
E um feixe de capim…”


Zé Maria, cantava certa feita com o Chico Ivo, quando o mesmo terminou sua estrofe dizendo o seguinte:


“…Pois além de ser valente
Ainda sou seu professor.”


Zé Maria deu o troco comparando o colega a um animal nocivo…


“Quando ver um cantador
Vê um animal nocivo,
Perna fina, bunda murcha
Bucho grande e olho vivo,
Pode apertar o gatilho
Que acerta no Chico Ivo.”
* * *
PINTASILVA (OU PINTASILGO)Um passarinho irreverente

Antônio Anastácio Leitão, vulgo PINTASILVA, foi um o trovador popular que residiu por muitos anos na Fazenda São Pedro, em Canindé. Era natural de Fazenda Trapiá, no mesmo município. As glosas do velho menestrel, foram recolhidos por Francisco Walter Uchoa Cruz, contra-baixista e vocalista da banda “Outros Toques”, um admirador incondicional da cantoria e da cultura popular. Bá, como é chamado o Chico Walter, recebeu das mãos do velho poeta um caderno contendo as suas glosas, pouco antes do mesmo falecer, e retém na memória grande parte desses escritos.
Informa-nos o referido apologista que o senhor Otávio Silva, amigo de Pintasilva, foi a um casamento na localidade de Porrote, situada depois do Felão, na zona rural de Canindé e passou muita fome. O Porrote é um lugarejo distante e de difícil acesso. Como diria meu primo Flaubert, “não fica propriamente no inferno, mas dá pra escutar o cão conversando bem pertinho”. Otávio passou fome de cachorro amarrado, porque os noivos foram casar na matriz do Canindé e estavam demorando a voltar. Depois das sete da noite, cansado de tanto esperar, o convidado resolveu voltar pra casa do jeito que foi, ou seja, com fome. No caminho, encontrou com o amigo Pintasilva e relatou seu infortúnio. Pinta transformou o drama do amigo em versos, dos quais pinçamos  estas duas estrofes:


“Para um casório de nome
Um dia fui convidado
Para assistir a um noivado
Quase que morro de fome…
Na casa que não se come
Caneco não vai ao pote
Uma surra de chicote
Não paga o mal que eu passei
E nunca mais que eu irei
Casamento no Porrote.



Quando um dia um urubu
Enjeitar carniça quente,
A galinha criar dente,
Criar cabelo em muçu,
Gato enjeitar gabiru,
E cobra enjeitar caçote,
Se acabar pedra em serrote,
Leão deixar de ser rei,
Só nesse dia eu irei
Casamento no Porrote.”



Detalhe: um dos temas prediletos de Pintasilva era satirizar a vida sexual dos animais. Eis alguns exemplos:

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O GALO E A GALINHA:












“O galo mais a galinha
queriam fazer fofoca,
a galinha estava choca
num canto lá da cozinha
isso bem de manhãzinha
começaram o sururu
da crista pro mucumbu
o frango foi à cavalo
e a galinha disse: - Galo,
tenha pena do meu cu“


Pintasilva tem outras estrofes bem mais cabeludas do que esta, mas estas eu deixo os leitores de “A Mala da Cobra” descobrirem quando o livro for lançado, o que pretendo fazer ainda este ano.
* * *
(Trechos do livro “A MALA DA COBRA – Almanaque Matuto”, de Arievaldo Viana)

terça-feira, 12 de julho de 2011

TRES MESES NO AR



Só agora a noite foi que me lembrei que hoje está fazendo exatamente tres meses que o blog ACORDA CORDEL está no ar. A primeira postagem foi sobre a adaptação do romance "O tronco do ipê", de José de Alencar, para a linguagem do cordel. O leitor pode ir lá conferir... é a nossa postagem inaugural. Fui motivado a criar este blog por dois fatores. Há tempos vinha acompanhando com interesse os blogs dos poetas Marco Haurelio, Marcos Mairton. e do Papa Berto I - O jornal da Besta Fubana, uma gazeta da "Bixiga-lixa" todos muito interessantes e fundamentais na divulgação da cultura nordestina, sobretudo do que não está na grande mídia. No final de março foi a vez do poeta Pedro Paulo Paulino criar o seu - o Vila Campos Online,  para o qual tenho enviado algumas colaborações (e vice-versa). Outro fator determinante foi criar um espaço para divulgação das atividades relacionadas ao projeto Acorda Cordel na Sala de Aula e a poesia popular de modo em geral, sem falar na música e na arte Nordestina como um todo.

Pois bem, é com grata satisfação que constatamos nesse exato momento a incrível marca de 63 seguidores e 21.257 visitas, de leitores de mais de dez países diferentes. Uma média de 7 mil visitas/mês, embora o mês de junho tenha apresentado o maior record de visitas diárias... Foi entre os dias 12 e 15, quando chegamos a mais de 700 visitas por dia. As postagens responsáveis por esse súbito interesse do público foram duas em especial: uma sobre as FESTAS JUNINAS e outra sobre uma palestra que realizei, ao lado do poeta Zé Maria de Fortaleza, numa escola de Capuan-Caucaia, para mais de 500 alunos e professores.

Eis a situação atual do blog:

Brasil
 - 18.085
Bélgica
 - 1.788
Estados Unidos
 - 534
Portugal
 - 344
Holanda
 - 125
Alemanha
 - 67
Espanha
 - 36
Reino Unido
 - 32
Argentina
 - 16
Suíça
 - 13


E ainda visitas de outros países que não aparecem no contador de visitas, como Timor-Leste, Hungria, Canadá, Índia, Iraque e Japão. É o que o contador só mostra os dez que estão no top de visitantes.



A todos os seguidores, leitores e colaboradores do blog,
nosso muito obrigado!

BIBLIOTECA DO CORDEL

O LIVRO DA SEMANA

Hoje iremos disponibilizar, em PDF, um livro do pesquisador paraibano Sebastião Nunes Batista, nome respeitado nessa área por ter convivido de perto com os autores do cordel e ter trabalhado pela restituição de autoria, principalmente dos folhetos de Leandro Gomes de Barros, quando passou pela Fundação Casa de Rui Barbosa. Aliás, Sebastião, juntamente com Orígenes Lessa e outros pesquisadores foi responsável pela ampliação do acervo de cordeís daquela entidade.

Eis o livro da semana:

Sebastião Nunes Batista

Poética popular do Nordeste



PARA BAIXAR:
http://www.mediafire.com/?4s3rniy0skv
Fonte: http://www.viladepatos.blogspot.com/

segunda-feira, 11 de julho de 2011

CORDEL NOS PAMPAS



Acabo de receber a 7ª edição da FOLHA DO LIVRO, informativo da 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, onde figura a seguinte matéria, sobre minha participação naquele evento, ao lado do ilustrador JÔ OLIVEIRA:



A literatura de cordel ao alcance de todos. Um projeto promovido pela Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag) em parceria com a Câmara Rio-Grandense do Livro publica livretos com obras adaptadas à linguagem de cordel. A ação, que ocorre pelo segundo ano consecutivo, distribui o material na Feira do Livro de Porto Alegre e em escolas. Neste ano, o texto escolhido para ser adaptado ao cordel é Casos de Romualdo, de Simões Lopes Neto. A adaptação foi realizada pelo escritor cearense Arievaldo Viana e as ilustrações são do pernambucano Jô Oliveira.
No ano passado, Arievaldo Viana e Jô Oliveira também trabalharam com os contos de Lopes Neto. Na ocasião, os textos escolhidos foram “300 Onças” e “Melancia e Coco Verde”, publicados e distribuídos em 14 mil exemplares. Neste ano, serão adaptados os contos “Romualdo entre os Bugios” e “Quinta de São Romualdo’, também da obra do pelotense, considerado o maior escritor regionalista gaúcho.
Arievaldo Viana e Jô Oliveira contam com diversas obras e prêmios em seus currículos. O primeiro é o criador do Projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, que utiliza a poesia popular na alfabetização de jovens e adultos. Viana também é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel e venceu, em 2002, o V Prêmio Domingos Olympio de Literatura. Já o ilustrador Jô Oliveira tem em seu currículo um prêmio no Festival de Curta-Metragem, em 1968, no Rio de Janeiro, com desenho animado e participações nas 9ª e 10ª edições do Salone Internazionale del Animazione dei Comics em Lucca, na Itália, em 1973 e 1974.
Autor e ilustrador estarão presentes na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, que ocorrerá de 28 de outubro a 15 de novembro. No evento participarão de encontros com alunos e professores. Além disto, Arievaldo ministrará uma oficina sobre cordel, dentro do Ciclo Todo Mundo Pode. A oficina acontecerá no QG dos Pitocos, espaço da Feira do Livro destinado a crianças em idade pré-escolar.
Confira abaixo um trecho de Romualdo entre os Bugios, conto de Simões Lopes Neto, adaptado para o cordel Arievaldo Viana e ilsutrador por Jô Oliveira:

Fui ao Rio Grande do Sul
Para tomar chimarrão
E comer um bom churrasco
Feito num fogo de chão
Quando chegou um guri
Com um pacote na mão.

Chegou e disse: - Quem é
O senhor Arievaldo?
O mestre Simões me disse
Que és poeta de respaldo...
E lhe mandou, de presente,
Os CASOS DE ROMUALDO.

Desembrulhei o pacote
Que vinha bem amarrado
Vi o livro de Simões
Lopes Neto autografado
E dentro vinha um bilhete
Com o seguinte recado:

“Tu que és bom trovador,
Um perfeito menestrel
Quero que o nobre amigo
Transponha para o papel
Os CASOS DE ROMUALDO
No formato de cordel.”

A carta de Simões Lopes
Veio mexer com meus brios
Confesso que este foi
O maior dos desafios,
Vou transpor para o cordel
“Romualdo entre os bugios” 

Primeiramente apresento  
O famoso ROMUALDO
Sujeito que muito andou
Por isso ganhou respaldo
Até Barão de Münchausen
Pra ele, não dá um caldo!


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- Romance do Pavão Misterioso
- As proezas de João Grilo
- O Soldado Jogador
- Quirino, o vaqueiro que não mentia
-  Chegada de Lampião no Inferno
- A Gramática em cordel
- O Batizado do Gato
- A didática do Cordel
- Peleja de Zé Ramalho com Zé Limeira, o poeta do Absurdo
- Peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum
- Juvenal e o Dragão
- Pedrinho e Julinha
- Viagem a Baixa da Égua
- Romance da índia Iracema
- A donzela Teodora

- Pavão Misterioso em quadrinhos

- Batalha de Oliveiros com Ferrabras em Quadrinhos

- 2ª Edição do livro ACORDA CORDEL NA SALA DE AULA

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LIVRO DE MARCO HAURELIO NA "CAROS AMIGOS"

 
Renato Pompeu: De Anita Garibaldi ao Cordel,
 
passando por Deus e a Ciência
A edição de junho da revista Caros Amigos, na coluna Ideias de Botequim, assinada pelo jornalista Renato Pompeu, traz uma lista de livros recomendados, entre os quais Meus romances de cordel, lançado este ano pela Global editora. Outros destaques são: A guerrilheira, romance sobre Anita Garibaldi, de João Felício dos Santos, lançado pela José Olympio Editora, e Conversa sobre a fé e a ciência, do Frei Betto com o cientista Marcelo Gleiser, com a colaboração de Waldemar Falcão. 

Clique aqui para ir ao site da Caros Amigos.