segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

2020 NAS ASAS DO PAVÃO




Renovei a pintura do PAVÃO 
Pra poder me livrar da BESTA-FERA

Foi um tempo de grandes provações
Este ano de DOIS MIL E DESENOVE
Eu espero que o tempo não renove
O cenário das cruéis desilusões
Foram tantas tragédias e senões,
Desse ano miserável e tão avaro
Que ao tempo apocalíptico eu comparo
E não digam que é apenas u’a quimera
Já soltaram a maldita BESTA-FERA.
O seu nome não direi, está bem claro!


Renovei as multicores do PAVÃO
Para alçar novos voos, em outro plano
Eu prefiro esse voo soberano
Que possui os mistérios do sertão
Lhes desejo, de todo coração
Que o ano vindouro seja bom
Com mudanças e cores noutro tom
Pois ninguém aguenta mais desgraça
Pois enquanto essa BESTA-FERA passa
Vou abrindo a cerveja... Liga o som.



LIVROS PARA 2020


Escritores(as) cearenses recomendam obras com lançamento marcado para 2020

Por Diego Barbosa | Verso DN
Entre os livros, constam narrativas políticas, de realismo fantástico, com foco em mulheres e no formato de cordel


Marco Severo, Vanessa Passos, Julie Oliveira e Arievaldo Viana listam pluralidade de títulos

Mais um ano se avizinha e, com ele, múltiplas oportunidades de imersão na literatura. De maneira a fomentar outros mergulhos em 2020, os escritores Marco Severo, Vanessa Passos, Julie Oliveira e Arievaldo Viana recomendam, a convite do Verso, obras que ainda serão lançadas, abarcando títulos que contemplam desde narrativas envolvendo mulheres até realismo fantástico e cordel.
Trata-se de uma forma de estar sintonizado aos novos olhares sobre o setor alimentados em 2019. Numa breve síntese, o ano que se encerra representou dedicação ao ramo, especialmente considerando o contexto cearense, a partir da realização da XIII Bienal Internacional do Livro do Estado.
Repleto de encontros e presenças marcantes, o evento abraçou novas perspectivas de consumo e abordagens literárias a partir de um panorama mais encorpado de ideias e autores(as), com especial destaque para narrativas feitas por negros(as), pessoas da periferia, indígenas, e outros.
Por aqui, a frequência de lançamento de obras também se avolumou, bem como o alcance da atuação das bibliotecas comunitárias. Além disso, projetos como o Chá de Afetos, capitaneado pela Aliás Editora, puderam fomentar reuniões regadas a bastante união, nas quais histórias emergiram como motor para diálogos e bem-vindas trocas.
Por outro lado, a situação amargou para empreendimentos feito a Livraria Lamarca - um dos recantos mais interessantes e de maior resistência do cenário literário de Fortaleza - e as escolas de arte do Estado continuaram a tratar a área de forma bastante aquém do esperado, dificultando que novos e antigos autores(as) pudessem se lançar no mercado.

ABRANGÊNCIA
Num nível macro, as ações do Governo Federal foram pautadas pelo descaso - vide, por exemplo, a extinção do Ministério da Cultura - e pela censura (ainda é fresca na memória o recolhimento de livros com temática LGBTQI+ na Bienal do Rio), fazendo com que as perspectivas para o setor sejam totalmente desanimadoras.
Mas ainda há o que se comemorar. Mesmo num país com baixos índices de leitura, a estimativa de brasileiros que consomem livros passou de 50% para 56%, conforme a última edição da pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", de 2016. Um novo levantamento deve ser feito no próximo ano, oportunidade para analisarmos avanços e deficiências.
Sendo assim, as listas de obras que você verá a seguir representam passos concretos em direção a uma mudança de panorama. Boas leituras!

Marco Severo (Foto: Isanelle Nascimento)


Romance novo de Valter Hugo Mãe (Porto Editora)
Um dos livros que mais aguardo para 2020 é o já anunciado novo romance de Valter Hugo Mãe, que deve sair em janeiro em Portugal e durante o ano aqui no Brasil. Embora o título ainda não tenha sido revelado, o autor já divulgou que este livro se passará no Brasil e terá como fundo temático os nossos índios. Sendo o autor que é, é de se esperar que Valter Hugo Mãe traga ao leitor mais uma obra atemporal e arrebatadora.

“Oração para desaparecer”, de Socorro Acioli (Companhia das Letras)
Socorro Acioli publicará em 2020 seu segundo romance voltado para o público adulto, o que por si só já é motivo de celebração. Ela abraçou o realismo mágico na literatura brasileira em pleno século XXI, fazendo com que o leitor possa experimentar uma nuance literária que foi tão especial para os escritos latino-americanos entre os anos 60 e 80, revitalizada através da narrativa encantatória que Socorro tem. Seguramente é um dos livros para se prestar atenção em 2020.

“Meninos & outros demônios”, de Pedro Salgueiro (Editora Moinhos)
Pedro Salgueiro é um dos nomes mais importantes da literatura feita no Ceará e o seu livro de contos que acaba de ser lançado (e que terá evento de lançamento em 2020) é uma pequena joia a ser lida e apreciada. Este livro perpassa não apenas os caminhos da infância e do que significa crescer no interior, mas os caminhos dos adultos que nos tornamos, dialogando com aquilo que fomos e o que nos tornamos, o que só a boa literatura é capaz de fazer.

Vanessa Passos

“O silêncio daqueles que vencem as guerras”, de Marco Severo (Editora Moinhos)
Marco Severo está entre os destaques da literatura cearense com publicação em editora independente. Com muita maestria, passeia entre as narrativas curtas, conto e crônica. É contundente, denso e merece ser lido, tanto o novo livro, quanto os publicados anteriormente.

“Eu mesma, Também Eu Danço”, de Hannah Arendt (tradução de Daniel Arelli) (Relicário)
As reflexões de Hannah Arendt acerca da condição humana e da banalidade do mal trouxeram grandes contribuições para o pensamento moderno, tanto No âmbito social, quanto político. Aguardo com grande expectativa a publicação do livro Eu mesma, Também Eu Danço, de natureza literária, com os seus 71 poemas.

“Todas as Cartas – Clarice Lispector” (Rocco)
Sempre fui fã de Clarice Lispector, coleciono sua obra inteira. Ter acesso a um livro com a compilação de todas as suas cartas será um privilégio para os pesquisadores da obra e para todos aqueles que, assim como eu, também apreciam sua literatura. É uma oportunidade de se debruçar com mais afinco nas inter-relações de Clarice, nos temas e questões de sua importância.


Julie Oliveira (Foto: Patrick Lima)

“Obra Completa – João Cabral de Melo Neto” (Alfaguara)
Antes do famoso “Morte e Vida Severina” que figurou exaustivamente nos livros didáticos de minha época escolar, eu já havia sido fisgada pela “Pedra do Sono” e seu surrealismo, seu pulsar onírico. Ler a obra completa de João Cabral de Melo Neto é reconectar-se com nossas raízes sem limitar-nos o olhar, é entregar-se as possibilidades antitéticas da vida.

“Antologia Contos Inspirados em Orixás do Candomblé”, de Conceição Evaristo, Marcelino Freire, Fabiana Cozza, entre outros (organização: Marcelo Moutinho) (Editora Malê)
Em 2019 me tornei uma obcecada por antologias, talvez pelo fato de finalmente ter compreendido com profundidade a importância e a força da coletividade literária. Na Bienal do Ceará fui arrebatada pela presença física de Conceição Evaristo, e desde então, tudo que já havia lido dela e sobre ela saltaram do meu peito, como um pássaro a voar. Penso que, esta antologia é certamente uma dessas obras que nos suscita o olhar, não apenas pelo conhecimento valioso, mas pelo lugar de destaque, pela honraria a que são dignos os povos africanos.

“Livro sobre Feminismo e Literatura”, de Juliana de Albuquerque (Editora Âyiné)
Em minha determinação de ler mais mulheres, deparei-me com a jovem e genial Juliana de Albuquerque, que dentre outras coisas é colunista do jornal Folha de S. Paulo e doutoranda na University College Cork, na Irlanda. Desde então, além das leituras de suas colunas, estou atenta e interessadíssima em tudo que ela tem escrito, especialmente por sua escrita precisa que disseca temas que muito me interessam, estabelecendo links entre feminismo e filosofia, por exemplo. Suas reflexões sobre a atuação da mulher contemporânea, bem como, seu vasto olhar sob as contribuições de mulheres históricas, tornam os textos de Juliana sem dúvidas, leitura indispensável a todas as mulheres pesquisadoras e escritoras.


Arievaldo Viana

“Infância/ Ganhando meu pão/Minhas Universidades”, de Maksim Górki (tradução de Rubens Figueiredo (Companhia das Letras)
A Cosac Naify, que encerrou suas atividades editoriais em dezembro de 2015, depois de 20 anos no mercado editorial brasileiro, passou parte de seu catálogo para a Companhia das Letras, mas somente agora, em 2020, algumas dessas obras retornarão ao mercado. É o caso da trilogia de memórias do escritor russo Maksim Górki, que virou raridade no Mercado Livre e Estante Virtual, chegando a custar mais de R$ 800,00! Com a reedição da Companhia das Letras, certamente a teremos com preço mais acessível.

“Era uma vez… em cordel”, de Arievaldo Viana (Editora Globo)
Com um jeito genuinamente brasileiro de apresentar grandes contos e fábulas infantis, a coleção "Era uma vez... em cordel", da Editora Globo, ganha um novo título em 2020, que será o quarto da série. Bebendo na fonte dos Irmãos Grimm, associei-me mais uma vez ao ilustrador Jô Oliveira e pegamos um conto pouco divulgado, porém de grande poder narrativo: A Serpente Branca.
Os títulos anteriores são “A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau”, “O coelho e o jabuti” e “João Bocó e o Ganso de Ouro”, este último selecionado pelo MEC através do PNLD.

Biografia Euclides da Cunha, de Luís Cláudio Villafañe G. Santos (Todavia)
O escritor Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões”, ganhará uma nova biografia em 2020. O diplomata Luís Cláudio Villafañe G. Santos, autor de um livro sobre a vida do barão do Rio Branco, pela Companhia das Letras, fechou um contrato com a Todavia para uma biografia do escritor. Segundo o autor, as novidades virão do arquivo do Ministério das Relações Exteriores. Em seu livro, Santos aborda a relação de Euclides com o Itamaraty e com o Barão, além de revisar a documentação já conhecida.