sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cordelistas do Interior estão na X Bienal Internacional


 
Lucas Evangelista, Gonçalo Ferreira, Dalinha Catunda, Elias de França e Dideus Sales

Representantes da literatura popular cearense mostram as coisas do sertão na programação da mostra
Crateús. Cordelistas do interior marcarão presença no maior evento literário do Ceará. Pela segunda vez, o cordelista Lucas Evangelista, deste município, participará da Bienal Internacional do Livro, que acontece desde a última quinta-feira até o próximo dia 18 em Fortaleza. Ele participará com as suas produções montadas no espaço destinado à exposição dos folhetos. Levará também livros e CDs. Além disso, o Mestre da Cultura ministrará oficinas e, junto com os cordelistas do interior e Capital, atuará na divulgação durante o evento.

Lucas Evangelista (primeiro à esquerda), um dos poetas que está na Bienal, integra movimento de escritores cearenses FOTO: SILVANIA CLAUDINO

"Gostei da participação no ano passado, que foi a minha primeira vez em iniciativas como essa. Vi muitos escritores e me senti reconhecido pelos novos cordelistas, que em muitos momentos se referiam a mim como um nome expressivo na arte do cordel", ressalta o crateuense Evangelista, que iniciou nas lides do cordel ainda na adolescência e de lá não mais parou de produzir ou viajar mundo afora com os seus folhetins.

O Mestre conta que a sua participação na Bienal também consta de homenagem que será feita pelo cordelista Rouxinol do Rinaré, que lançará livro destacando Lucas Evangelista como um dos grandes nomes do cordel no Estado do Ceará.
Adolescente
Lucas escreveu o primeiro cordel aos 16 anos, intitulado "Os Valentões dos Sertões de Maria Pereira" e conta que teve forte influência da mãe, que era apreciadora da arte e das cantorias de viola, naquela época comum nos sertões do município. Antes disso, porém, lembra que ainda criança agregava em torno de si nas noites enluaradas do interior a criançada da vizinhança e os adultos, que apreciavam o seu jeito de contar os causos e estórias. "E muitos me paravam nas estradas pedindo para contar aquelas histórias", lembra. Após trabalhar na lavoura e com o pouco gado que a família tinha foi parar na cidade. Então, iniciou os estudos que logo foram interrompidos pela necessidade de trabalhar. Atuou no comércio antes de enveredar pela arte do cordel, com a produção do primeiro folheto. "Daí não fiz mais outra coisa. Comecei a viver do cordel e ganhei as praças. O cordelista é um homem das praças, do mundo... e assim vivo até hoje", destaca Evangelista. Atualmente, Lucas trabalha o cordel e CD em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. Com o título "A Visita de Luiz Gonzaga ao Padre Ciço Romão", o cordelista tem viajado a região de Crateús, divulgando e espalhando a sua arte.

Transformar ideias em cordéis sempre foi um dos sonhos de Valmir Pereira dos Santos. Autor de várias obras de literatura popular, o poeta agora tem a oportunidade de expor parte de sua produção na X Bienal Internacional do Livro do Ceará.

"Foi mais um passo importante que aconteceu na minha vida", disse. "Uma oportunidade de conhecer outros autores, trocar ideias e fazer intercâmbio com os leitores". O cordelista reside em Cedro, no Centro-Sul do Ceará, e contou que escreve desde pequeno. Como profissional foi a partir de 2004.

Valmir dos Santos lançou seus primeiros cordéis em 2006 e de lá para cá já se foram várias edições. Dentre os seus títulos publicados estão: ´Pessoas do bem, promovendo a paz´; ´O preço da mentira´; ´Lula antes, Lula depois´; ´O diálogo das raças´; ´A saga do país do faz-de-contas´; ´O mensalão´; ´O símbolo da vida´; ´A indústria da fé´; ´Os marqueteiros da fofoca´; ´Vida e Obra do Rei do Baião´; e ´A garra das patrulhas´.

Ele fez questão de ressaltar que, em seus textos, procura abordar assuntos que tratem da realidade, dos problemas do dia a dia. "Escrevi sobre mensalão, preconceito, adoção. Temas sobre a vida real". Valmir trabalha na Secretaria de Educação do município, onde desenvolve projetos nas áreas de esporte e literatura. É autor do livro ´Canção de Amor´, escrito em 2006.

O poeta nasceu na Bahia, mas morou por 22 anos em Manaus. No Amazonas, foi motorista, funcionário público, agente de saúde, coordenador de feiras e mercados e assessor político. Depois de morar e passear em outras cidades, o coração o prendeu em Cedro. "O meu maior sonho é um mundo melhor para todos, sem preconceito e com direito à vida com dignidade", disse. Além de escrever literatura de cordel, ele também faz palestras em escolas alertando para o perigo das drogas.

Nas estrofes de Valmir, a cultura brasileira não é esquecida. Uma prova disso é o cordel "Vida e obra do Rei do Baião", o saudoso Luiz Gonzaga, que no próximo dia 13 de dezembro completaria 100 anos de vida. "O Estado de Pernambuco/ Recebe seu filho Gonzaga/ Com sete anos de idade/ Luiz pegava na enxada/ Mas, sua prioridade/ Era uma sanfona "xonada...", diz a obra escrita em 2007.

Mais Informações: X Bienal Internacional do Livro do Ceará - Até dia 18 de novembro - Centro de Eventos - Fortaleza - Ceará

Fonte: Diario do Nordeste
SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER

terça-feira, 13 de novembro de 2012

IMAGENS DA BIENAL

Algumas imagens dessa terça-feira, 13 de novembro, na X Bienal Internacional do Livro do Ceará.

Com Zé Maria de Fortaleza, Mestre Azulão e Geraldo Amâncio

Com Marco Haurélio, Arlene Holanda e Marcos Mairton

ABC DO CEARÁ - LANÇAMENTO

O poeta Rouxinol do Rinaré e o artista Kazane lançam "ABC do Ceará",viagem poética e visual pelo Estado
O cearense é famoso por seu engenho e, como todo brasileiro, por sua falta de memória. O poeta Rouxinol do Rinaré quis valorizar o primeiro atributo combatendo o segundo. É dele o "ABC do Ceará", que será lançado amanhã, às 11 horas, no Auditório Moacir Jurema, na X Bienal Internacional do Livro do Ceará - evento que acontece até dia 18, no Centro de Eventos do Ceará. O artista plástico e músico Kazane completa a obra, providenciando ilustrações para acompanhar as histórias em verso de "cearenses ilustres de renome nacional" (como anuncia o subtítulo).

"Quem nos uniu nesse projeto foi a editora, a Imeph. Fiquei muito feliz com a proposta, porque gosto muito de falar da nossa terra, sobretudo da nossa literatura, dos nossos artistas, cientistas", conta Rouxinol do Rinaré. Nascido em Quixadá, o poeta é movido pela curiosidade. É um dos mais prolíficos e elogiados cordelistas cearenses contemporâneos. E é assim, na métrica da poesia de folhetos, que ele faz desfilar figuras de relevo da história, remota e recente, do Ceará.

A lista de personalidades incluídas no ABC inclui figuras do passado colonial ao presente. Há espaço para escritores (José de Alencar, Rachel de Queiroz, a Padaria Espiritual), da música (o maestro Eleazar de Carvalho, o compositor Humberto Teixeira, o forrozeiro Messias Holanda, Fagner e Ednardo), religiosos (os padres Cícero e Ibiapina), militantes (o Dragão do Mar, Bárbara de Alencar, Dom Helder Câmara), cientistas (Rodolfo Teófilo, Expedito Parente) e empreendedores (o industrial Edson Queiroz e a presidente do Grupo que leva o nome dele, Yolanda Queiroz).
Tradição repaginada
"O ABC é uma forma poética antiga, tradicional na literatura de cordel. O mais comum era que tivesse só 23 estrofes (correspondente às 23 letras do antigo alfabeto adotado no Brasil) e fosse publicado como folheto. O meu trabalho com o Kazane é um ABC diferente: são muitas estrofes para cada letra, para poder incluir mais personagens", explica Rouxinol do Rinaré.

O resultado é uma coleção de versos e imagens sobre o Ceará que ocupam quase 50 páginas - complementados por mais 70 páginas, com perfis das figuras históricas citadas. "É um trabalho pensado para ser usado em sala de aula. E pode ser utilizado por alunos e professores em diversas disciplinas, já que não escrevi somente a respeito dos escritores e dos artistas. Ali, os versos citam todos os 184 municípios cearenses, fala de políticos, empresários, cientistas, intelectuais. Me preocupei, por exemplo, em inclui tanto figuras ainda não conhecidas, que são famosas, e outros que quase ninguém lembra. Por exemplo, quando você fala em Moura Brasil (1846 - 1929), as pessoas pensam logo do colírio, mas esquecem que ele foi um cientista cearense, conhecido como ´o príncipe da cirurgia oculista na América Latina´", detalha o poeta.

Outro critério do autor foi incluir não apenas os "heróis mortos" de nossa história, mas personagens ainda em atuação. Chico Anysio, por exemplo, foi incluído no time daqueles que ainda travavam seus combates. Morreu, no entanto, quando o livro já havia sido fechado.
Pesquisas
Da encomenda da editora à finalização das ilustrações, o projeto levou mais de um ano para ser concluído. Foram meses de leitura e de escrita. A parte mais difícil para o poeta foi, sem dúvida, fazer a seleção de quem entraria no "ABC". Quem vê o livro, sente falta desta e daquela figura importante. "Claro que não estão todos lá. Se eu fosse escrever sobre todo cearense importante, ia dar um livro mais volumoso que a ´Bíblia´. Talvez pudéssemos fazer um segundo volume", brinca Rouxinol com as possibilidades.

Rouxinol do Rinaré e Kazane já haviam trabalhado juntos em outro projeto. O artista criou a representação visual do romance (o gênero narrativo longo do cordel) "O preço da liberdade", que trata do alcoolismo na juventude.

"Já trabalhei com muitos bons ilustradores, como Rafael Limaverde, Eduardo Azevedo, Jabson Rodrigues e Fred Macêdo. Mas, para mim, o ´ABC do Ceará´ tinha a cara do Kazane. Gosto muito de trabalhar com ele, porque é um artista que sempre procura referências para seu trabalho", conta o poeta.

Kazane trabalhou sobre o poema pronto de Rouxinol. A partir dele fez uma exaustiva pesquisa de referências visuais, das imagens fáceis de achar na internet a retratos que teimavam em não ser encontrados. "Quem me deu mais trabalho foi o abolicionista Solon Pinheiro (1863 - 1943). Ficamos esperando ele aparecer, nas minhas idas a bibliotecas, arquivos. Mas, apesar das dificuldades, foi um trabalho prazeroso. Ser um livro sobre a terra empolga a gente", revela o artista.

Mais informações: X Bienal Internacional do Livro do Ceará. Até 18 de novembro de 2012, no Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza. Horário de visitação: das 9 horas às 22 horas. Entrada gratuita. Programação completa em www.bienaldolivro.ce.gov.br
LIVRO
ABC do Ceará - Cearenses ilustres de renome nacional

Rouxinol do Rinaré (poemas) e Kazane (ilustrações)

Editora Imeph

2012, 124 páginas

R$ 70

domingo, 11 de novembro de 2012

LANÇAMENTO!

 
Clique na IMAGEM para AMPLIAR
 
Dia 17 de novembro vai ser um momento especial na X Bienal Internacional do Livro do Ceará. A editora Armazém da Cultura irá lançar os cinco primeiros títulos da série REINOS DO CORDEL, coordenada por Arlene Holanda.
 
Eis os autores e títulos que serão lançados dia 17/11. José Walter Pires, - As noventa e nove moedas de ouro, Antonio Carlos da Silva (Rouxinol do Rinaré), - O papagaio real, Evaristo Geraldo da Silva, que reedita o já clássico O conde mendigo e a princesa orgulhosa, e Arievaldo Viana, com o conto garimpado nas Mil e uma noites, O crime das três maçãs, 'O pobre que nasceu com a sina de casar com uma princesa', do poeta Marco Haurélio. O projeto gráfico é de Suzana Paz, que ilustrou vários livros da série.
 
PASSEM ADIANTE! AGUARDAMOS
A PRESENÇA DE TODOS NESSE LANÇAMENTO!


 





X BIENAL DO LIVRO DO CEARÁ

Luzia Dias, Lucas Evangelista, Arievaldo, Rouxinol do Rinaré e Evaristo Geraldo
 
O espaço Cariri Braúna (José Carvalho) de Cordel mantém a tradição e continua sendo um dos espaços mais animados e frequentados da Bienal Internacional do Livro do Ceará. Estivemos ontem naquele espaço, prestigiando diversos lançamentos, shows e apresentações de Chico Pedrosa, Lucas Evangelista, La Montaña Gris (grupo musical colobiano) e diversas atrações de forró pé-de-serra no lançamento do livro "Luiz Gonzaga - 100 anos do eterno Rei do Baião", do escritor Marcelo Leal. Confiram alguns momentos marcantes da programação de ontem, 10 de novembro.
 
Marcelo Leal e Arievaldo Viana - Encontro Gonzagueano
 
Show de Luzia Dias e Lucas Evangelista