sábado, 11 de junho de 2011

PALESTRA EM CAPUAN

ESCOLA JOSÉ ALEXANDRE - CAPUAN - CAUCAIA-CE


Zé Maria e o diretor da escola, Prof. Bartolomeu


Alunos atentos prestigiaram a nossa apresentação


Ontem, em companhia do poeta ZÉ MARIA DE FORTALEZA realizei a palestra  Literatura de Cordel na Escola no colégio José Alexandre, na localidade de Capuan, distrito de Caucaia-CE. Uma turma animada e interessadíssima no assunto prestigiou a nossa apresentação. O convite partiu da professora Eneida Caminha. Agradecemos também ao diretor da escola, Sr. Bartolomeu, que serviu até de "pedestal" para o microfone do poeta Zé Maria, que está igual ao vinho... quanto mais velho (com o perdão da palavra, que ele não gosta), melhor. Inspiradissimo.

ATENÇÃO! Interessados em contratar a palestra "CORDEL NA SALA DE AULA", dos poetas Zé Maria de Fortaleza e Arievaldo Viana, devem entrar em contato conosco pelo e-mail: acordacordel@ig.com.br

O DISCO DA SEMANA

Luíz Gonzaga – Pisa no Pilão – 1963




Luíz Gonzaga – Pisa no Pilão (A Festa do Milho) – RCA / 1963

Músicas

01 – A Festa do Milho
02 – A Morte do Vaqueiro
03 – Amigo Velho
04 – Caboclo Nordestino
05 – Casamento Improvisado
06 – Desse Jeito Sim
07 – Eu Vou Pro Crato
08 – Faz Força Zé
09 – Liforme Instravagante
10 – Pedido a São João
11 – Pisa no Pilão
12 – Pra Onde Tu Vai Baião

(Acervo Pessoal: Marquinhos do Forró)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

TAÍ UMA QUE EU NÃO SABIA...

As festas juninas tiveram
origem no Egito Antigo

Segundo o hotsite São João de Pernambuco, as festas juninas são muito antigas, anteriores inclusive ao cristianismo e - conseqüentemente - à Igreja Católica. Suas origens estão no Egito Antigo, onde nesta época era celebrado o início da colheita, cultuando os deuses do sol e da fertilidade.
Com o domínio do Império Romano sobre os egípcios, essa tradição foi espalhada pelo continente europeu, principalmente na Espanha e em Portugal. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Ocidente, a festa mudou para homenagear o nascimento de São João Batista, que foi quem batizou Jesus.
Por ser colônia portuguesa, o Brasil herdou o costume, principalmente no Nordeste, em que os festejos coincidem com a colheita de milho. A data passou a parte do calendário católico, seguindo o exemplo de outras comemorações de dias santos, como o nascimento de Cristo (Natal) e sua morte (Páscoa).
As chamadas festas juninas reúnem as homenagens aos principais santos reverenciados no mês de junho: Santo Antônio, São João e São Pedro. A época é marcada por brincadeiras, comidas típicas, dança e muita superstição, presentes nas simpatias juninas. É a hora de se vestir de caipira e aproveitar esta festa que é um misto de profana e religiosa.
Conheça mais sobre os anfitriões das festas:


Santo Antônio (13 de junho)
Além de casamenteiro, Santo Antônio é invocado para achar coisas perdidas. É uma prática comum, no dia em sua homenagem, os jovens fazerem simpatias e "adivinhações" para conquistar alguém ou descobrir quando irá se casar.
O padroeiro dos namorados era português, de uma família tradicional de Lisboa e foi ordenado sacerdote aos 23 anos. Seu nome verdadeiro era Fernando de Bulhões e se tornou Antônio quando ingressou na Ordem de São Francisco de Assis. Começou a fazer os primeiros milagres na África, onde foi pregar o evangelho. Morreu em Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231.
Essa é a razão da escolha do dia em sua homenagem. O local de sua morte tornou-se seu sobrenome, ficando então conhecido como Santo Antônio de Pádua.


São João (24 de junho)
Vários costumes juninos representam atos em homenagem a São João. A fogueira, por exemplo, lembra o anúncio do nascimento de João Batista, filho de Isabel e primo de Jesus, à Virgem Maria. Como era noite e Isabel morava em uma colina, esta foi a forma encontrada para o aviso.

Por este motivo, nas noites de junho são montadas fogueiras como forma de celebração. Para a Igreja Católica, o acontecimento significa algo mais, o de preparar a vinda de Jesus. No sertão, o batismo de João também é lembrado com banhos à meia-noite no rio mais próximo.

São Pedro (29 de junho)
Este pescador tornou-se apóstolo e acompanhou todos os atos da vida de Jesus. O trabalho exercido antes de seguir o messias fez com que fosse considerado o santo dos pescadores. Ele é "O porteiro do céu".
A tradição popular interpreta uma passagem bíblica, em que Jesus Cristo diz: "Eu te darei a chave do reino dos céus. A quem abrires será aberta. A quem fechares será fechada".
Assim como Santo Antônio, o dia em sua homenagem é o mesmo de sua morte, que aconteceu em Roma, em 64 d.C. Acredita-se que tenha sido viúvo, um dos motivos para a devoção das viúvas ao santo. Também é costume acender fogueiras e realizar procissões em sua homenagem no dia 29 de junho.
Ritmos e danças típicas das festas juninas
Quadrilha
De origem francesa, a quadrilha era uma dança típica que celebrava os casamentos da aristocracia européia. Dançada em pares, já era praticada no Brasil desde 1820 e foi se popularizando desde então. Os tecidos finos da nobreza francesa deram lugar à chita, tecido mais barato e acessível, e o casamento nobre foi adaptado a uma encenação.
O enredo da união caipira é geralmente o mesmo: a noiva, que geralmente está grávida, é obrigada a casar pelos pais e o noivo recusa, sendo preciso a intervenção da polícia para que o caso se resolva. A quadrilha, como era no começo do século XIX, é realizada como comemoração do casório.
A mudança dos passos é anunciada por um locutor ao som do forró. Existem, hoje, as chamadas quadrilhas estilizadas com passos marcados e coreografias ensaiadas (que mais parecem aulas de ginástica aeróbica) e criadas exclusivamente para uma determinada música.

Forró
Existem duas atribuições para a origem do nome forró. Uma delas é que corresponda etimologicamente ao termo forrobodó, que - na linguagem do caipira brasileiro - quer dizer festança ou baile popular onde há grande animação, fartura de comida e bebida e muita descontração. A outra é ao termo inglês for all (para todos), usado para designar festas feitas nas bases americanas no Nordeste, na época da Segunda Guerra Mundial, e que eram abertas ao público, ou seja, “for all” e a pronúncia local transformou a expressão em forró. A música é tocada à base da sanfona, da zabumba e do triângulo, conhecida como arrasta-pé ou pé-de-serra, sendo esta última considerada a versão mais autêntica. O ritmo sofreu algumas variações e atualmente alguns músicos incorporaram o baixo, a guitarra e a bateria às suas melodias.
Baião
Acredita-se que a palavra baião tenha surgido de bailão, fazendo alusão a "baile grande". Esta dança popular do século XIX permite a improvisação, sendo mais rápido do que o xote que a torna mais viva.
A habilidade nos pés é maior, exigindo movimentos mais velozes do corpo. Os passos são acompanhados por palmas, estalos de dedos e "umbigadas". A marcação da dança segue a musicalidade dos cocos e da sanfona.
Fonte: © Hotsite São João Pernambuco.com



quinta-feira, 9 de junho de 2011

VIAGEM A CAIXA PREGO



Na postagem de hoje, quero apresentar trechos do novo cordel, que fiz em parceria com o poeta MOREIRA DE ACOPIARA, o "aniversariante do ano'. Em 2002, escrevi, em parceria com o grande MANOEL MONTEIRO, de Campina Grande, o folheto "Viagem a Baixa-da-Égua". Moreira, fã do poema, propôs-me uma continuação do tema. Sem me fazer de rogado fiz, dentro das possibilidades de um cordel, 08 páginas de conversa - ou seja - 32 estrofes. Ele completou as 16.

Vejam os versos iniciais, que enviei para o MOREIRA e tirem a suas conclusões:


Quando vem a inspiração
Com qualquer musa eu me pego,
Faço romance, peleja,
Até cantiga de cego...
Mas é preciso coragem
Para narrar a viagem
Que eu fiz à CAIXA PREGO.


Eu sou medroso, não nego,
Dá pra ver na minha cara;
Mandaram-me um convite,
E eu disse a quem o mandara
Que à Caixa-Prego eu só ia
Se levasse em companhia
Moreira de Acopiara.


É porque eu me lembrara
De uma viagem sem trégua
Que eu fiz tempos atrás
Ao país Baixa-da-Égua.
Nesse tempo o companheiro
Era o Manoel Monteiro...
Quis voltar com meia légua.



Levando compasso e régua
Tranquilizei meu amigo
E disse: - Vamos em frente!
Não tema qualquer perigo.
Para qualquer arrelia
Nossa arma é a poesia,
E eu levo a minha comigo.

 
Leitor, quase eu não consigo
Convencer aquele velho.
Deu-lhe grande tremedeira
Quase que eu destrambelho,
Mas convenci o danado.
Fiz ele jurar, forçado,
Com a mão no Evangelho.

A ninguém eu aconselho
Seguir aquela viagem...
Passar na Baixa-da-Égua
Exige muita coragem.
E sem falar nas marmotas...

Lá, Judas perdeu as botas,
Saiu sem contar vantagem.

 

Ali reina a malandragem,
É um país tropical
Onde só tem roubalheira,
Futebol e carnaval...
Até mesmo os papangus
Sabem que os guabirus
São do Planalto Central.

(...)

MOREIRA DE ACOPIARA - 50 ANOS

Convite do evento, com versos de Marco Haurélio

Os amigos do poeta cearense Moreira de Acopiara, radicado há vários anos em São Paulo, preparam-se para festejar seus 50 anos de vida em grande estilo. Dia 23 de julho acontecerá grande festa para marcar a data e também o lançamento de uma coletânea de poemas intitulada provisoriamente de "O NORDESTE É MEU LUGAR", título extraído de um de seus poemas. A mim, coube a tarefa de criar o projeto gráfico da obra, que terá cerca de 300 páginas com o melhor de sua produção poética.

O Nordeste é meu lugar

Muitas coisinhas a gente
Aprende só quando apanha.
Almeja-se um bom presente,
Mas, às vezes, não se ganha.
Buscando alguma melhora
Tem-se um desconforto agora,
Mais adiante outro remendo,
Depois de algum tropeção...
Quando se pensa que não,
Já estamos envelhecendo.


Numa dessas eu fiquei
Um tempo grande postado
Cá no meu canto. Chorei,
Me lembrando do passado.
Bebi sozinho essa queixa.
O sol do sertão me deixa
Com certa imobilidade,
Me inspira, me deixa manso,
Me convida pra um descanso,
Enche o peito de saudade.


E traz a recordação
Do tempo longe em que andei
Por São Paulo, região
Onde quase me acabei
De solidão e de frio,
Me lembrando do meu rio,
Do meu sol, do meu luar,
Da sombra da minha ponte,
Do meu pequeno horizonte,
Do povo do meu lugar.

Foi tio Zé (gente boa)
Que me “guentou” uns dois anos
Em São Paulo da garoa,
Onde, após uns desenganos,
Concluí que a juventude
Perde o seu tempo, se ilude
Com sonhos inatingíveis.
E faz do jeito que eu fiz:
No Sudeste do País
Sofre percalços incríveis.

(...)

Casa onde nasceu o poeta - desenho de Arievaldo Viana

* * *

ATENÇÃO! Monte já a sua CORDELTECA. Livros e folhetos de vários autores. Enviamos pelo correio para qualquer parte do Brasil mediante depósito em conta corrente do Banco do Brasil.
Maiores informações:  acordacordel@ig.com.br

CEARENSES EM PORTUGAL


Banda Doutor Raiz

Mostra Sesc Luso-Brasileira

Religação cultural

Em seu último dia, a Mostra Sesc Luso-Brasileira de Culturas assiste aos reencontros entre as tradições nordestinas com suas raízes lusitanas.

Com raríssimas exceções, quando um artista do Brasil fala que fez ou vai fazer uma turnê no exterior, logo se pensa: é show para brasileiro. Mas não foi o que se viu, na última terça-feira, primeiro dia da Mostra Sesc Luso-Brasileira de Culturas, na Associação Acadêmica de Coimbra, durante a apresentação da banda Dr. Raiz. O grupo musical, formado na região do Cariri, subiu ao palco pouco mais de meia-noite.

A reação do público, composto basicamente por estudantes da Universidade de Coimbra, muitos ainda com livros e mochilas, era imprevisível. Afinal, tratava-se apenas de uma banda brasileira da qual, provavelmente, nenhum deles jamais tinha ouvido falar. Mas bastaram os primeiros acordes para que a plateia começasse a se entreolhar. "Este som é muito bom", admirou-se um.

Logo, estavam todos de pé, em frente ao palco, dançando e até arriscando cantar trechos das letras que eram captados na hora. A mistura de reisado, coco, forró pé-de-serra, baião, maracatu, literatura de cordel, rock, blues, teatro, dança e adereços baseados na tradição popular foi certeira. Surpresa até para os próprios integrantes do Dr. Raiz, que, a medida em que o público reagia, devolviam o carinho tocando, cantando e dançando com ainda mais vigor.

O grupo, que encerrou as atividades há dois anos, reuniu-se somente para esta apresentação. "Deu até vontade de voltar (a tocar)", brincou Ramon Saraiva, guitarra, baixo e voz. "Estávamos sem tocar desde 2009 e foi maravilhoso ter podido tocar em outro País e com uma receptividade tão boa".

Mas não foi apenas o Dr. Raiz que mexeu com Coimbra. A cidade também vai deixar marcas nos integrantes. Para Ramon, a região emana história. "Vamos todos voltar impressionados com tudo. Está sendo muito legal fazer esse intercâmbio de informações", disse. "De certa forma, a banda tem uma ligação com essa cultura europeia, que chegou ao Nordeste no tempo da colonização".

VER MATÉRIA COMPLETA NO CADERNO 3 - DIÁRIO DO NORDESTE
Link: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=993990


TEXTO: FILIPE PALÁCIO (enviado de Coimbra)
FOTO: SÉRGIO AZENHA


 

quarta-feira, 8 de junho de 2011

MESTRES DO CORDEL

LEANDRO GOMES DE BARROS



Por: ARIEVALDO VIANA*


Leandro Gomes de Barros nasceu na fazenda Melancia, em Pombal-PB, no dia 19 de novembro de 1865 e faleceu em Recife-PE, no dia 4 de março de 1918, segundo alguns pesquisadores, vitimado pela Influenza espanhola. Era filho de José Gomes de Barros Lima e de dona Adelaide Xavier de Farias, irmã do padre Vicente Xavier de Farias, que ajudou a criá-lo. Por causa dos maus tratos que o padre lhe infligia, fugiu de casa ainda na adolescência, tendo passado muitas privações. Qualquer semelhança com a história de Cancão de Fogo e Alfredo talvez não seja mera coincidência:

“Fui um menino enjeitado,
Fui triste logo ao nascer,
Nenhuma ave noturna
Tão triste não pode ser
Eu sou igual ao deserto
Onde ninguém quer viver”

Leandro residiu, até os 15 anos de idade, no Teixeira, na Paraíba (berço dos grandes cantadores do passado), tendo se mudado após esse período para Vitória de Santo Antão-PE, onde casou-se com dona Venustiniana Eulália de Barros, com quem teve quatro filhos, segundo apurou a conceituada pesquisadora Ruth Brito Lemos Terra em sua obra , Memórias de Lutas: Literatura de Folhetos do Nordeste  1893  1930. Os filhos de Leandro eram Rachel Aleixo de Barros Lima, Herodias (Didi), Julieta e Esaú; este último seguiu a carreira militar, tendo participado da Revolução de 1924 e da Coluna Prestes. Na década de 1970 Ruth Terra conseguiu entrevistar Julieta Gomes de Barros, uma das filhas de Leandro, tendo colhido excelentes informações sobre a família do poeta. Um dos filhos, Esaú, assinou juntamente com a mãe o documento de venda da obra de seu pai ao poeta João Martins de Athayde.



Ele foi o fundador da poesia popular no Brasil e o mais importante poeta de seu tempo, conforme o testemunho do poeta Francisco das Chagas Batista. É também autor de dois folhetos, dos três que serviram de inspiração para Ariano Suassuna compor O Auto da Compadecida. São eles: O Dinheiro - O testamento do cachorro -, de 1909, e O Cavalo que Defecava Dinheiro. Estima-se que sua vasta produção literária, iniciada em 1889, no estado de Pernambuco, atinge cerca de 600 títulos, dos quais foram tiradas mais de 10 mil edições. Entre 1906 e 1917  foi proprietário de uma pequena gráfica para impressão e distribuição de seus próprios folhetos, em Recife-PE, tendo vendido o seu prelo ao amigo Francisco das Chagas Batista, da Popular Editora.  Após a sua morte, em 1918, seu genro Pedro Batista (irmão de Chagas Batista e esposo de Rachel Aleixo de Barros, filha de Leandro), continuou editando a sua obra em Guarabira-PB, fazendo algumas revisões de linguagem.
Em 1921 ocorreu a venda dos direitos autorais de Leandro Gomes de Barros, pela viúva do poeta, a João Martins de Athayde, que passou a publicar os folhetos omitindo nas capas o nome do autor e alterando o acróstico na estrofe final de muitos folhetos.  Leandro escreveu folhetos de cordel de grande aceitação popular, como História da Donzela Teodora, Juvenal e o Dragão, História de Pedro Cem, A Vida e o Testamento de Cancão de Fogo, Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, A Força do Amor  Alonso e Marina, Antônio Silvino, o Rei dos Cangaceiros e O Boi Misterioso. Pioneiro na produção de literatura de cordel no país, Leandro Gomes de Barros foi considerado por Luís da Câmara Cascudo "o mais lido de todos os escritores populares. Escreveu para sertanejos e matutos, cantadores, cangaceiros, almocreves, comboieiros, feirantes e vaqueiros. É lido nas feiras, nas fazendas, sob as oiticicas, nas horas do 'rancho', no oitão das casas pobres, soletrado com amor e admirado com fanatismo. Seus romances, histórias românticas em versos, são decorados pelos cantadores". No poema abaixo, o poeta faz uma interessante auto-descrição de seu tipo físico:


LEANDRO POR ELE MESMO


A cabeça um tanto grande e bem redonda,
O nariz, afilado, um pouco grosso;
As orelhas não são muito pequenas,
Beiço fino e não tem quase pescoço.



Tem a fala um pouco fina, voz sem som,
De cor branca e altura regular,
Pouca barba, bigode fino e louro.
Cambaleia um tanto quanto ao andar.



Olhos grandes, bem azuis, da cor do mar;
Corpo mole, mas não é tipo esquisito,
Têm pessoas que o acham muito feio,
Mas mamãe, quando o viu, achou bonito!



* In "Acorda Cordel na Sala de Aula", segunda edição, Editora Queima-Bucha, 2010.

MEMÓRIA DO CANGAÇO


SAI A SEGUNDA EDIÇÃO DE MARIA BONITA,
A RAINHA DO CANGAÇO

2011, ano do Centenário de Nascimento de Maria Bonita, o escritor pernambucano João de Sousa Lima (natural de São José do Egito) lança a segunda edição de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço, uma das melhores biografias sobre "a  mulata da Terra do Condor". 
O livro é o mais completo relato da vida de Maria Bonita, desde seu nascimento até sua morte na Grota do Angico. Segundo o autor,'"a  segunda edição sai com a ficha catalográfica, o ISBN e de acordo com a Lei do Depósito Legal, o livro foi adotado por colegios e universidades locais e precisava estar de acordo com essa documentação. Tornou um dos livros mais vendidos sobre o cangaço, com uma venda de 9.000 exemplares até os dias atuais."

Para adquirir : 75-8807-4138 ou pelo email: joaoarquivo44@bol.com.br

Maria Bonita - ilustração de Arievaldo Viana
para a capa da revista Nordeste 21


* * *
NOTÍCIA - No próximo dia 12 de junho nosso blog irá completar 2 meses no ar. Já ultrapassamos a marca de 10 mil visitas, muitas da Europa e Estados Unidos. Bélgica, EUA, Alemanha, Holanda e Portugal são os países estrangeiros de onde recebemos maior número de visitas. Nossa primeira postagem foi "O Tronco do Ipê em Cordel", de 12 de abril de 2011.

terça-feira, 7 de junho de 2011

NOVO LIVRO DE JÔ OLIVEIRA



Dia 12 de junho, ao meio dia, será lançando no Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens - 13ª edição, o novo livro de Jô Oliveira - OS DONOS DA BOLA. É um livro totalmente sem texto, com 30 ilustrações, e a ação se passa no antigo Morro do Castelo no centro do Rio de Janeiro.
Esse morro não existe mais... Foi aplainado em nome da urbanização. E a história é sobre a invenção do futebol. E tudo começa com uma bola de látex que cai da cesta de um índio e desce quicando morro a baixo...
CONFIRAM! O Salão FNLIJ acontece no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro.

DO NORDESTE PARA O MUNDO



LUIZ GONZAGA – O EMBAIXADOR DO SERTÃO


Será lançado em breve, pela coleção “Do Nordeste para o Mundo”, a história de Luiz Gonzaga em cordel. Pernambucano de Exu, menino arteiro, tocador de sanfona, cantor e compositor que ganhou o título de Rei do Baião. Gonzagão foi um verdadeiro embaixador do sertão, levando para os quatro cantos do Brasil e do mundo uma música que fala sobre o jeito sertanejo de ser.

O texto é de Arievaldo Viana e as ilustrações de Rafael Limaverde. A Concepção de coleção e Coordenação editorial é da escritora Arlene Holanda, responsável também pela editoração gráfica.


Uma estrela fulgurante
Corta o sertão brasileiro
Dia 13 de dezembro
De doze, li no roteiro,
Nascia Luiz Gonzaga
Nosso maior sanfoneiro.



RACHEL DE QUEIROZ - A DAMA DO ROMANCE
DO NORDESTE PARA O MUNDO Uma coleção contemplada no Selo Editorial - na categoria PRÊMIO MANOEL COELHO RAPOSO - da SECULT, no EDITAL LITERÁRIO PARA AUTORES CEARENSES - "Do Nordeste Para o Mundo" - organizada pela escritora Arlene Holanda - é uma coleção que compreende 5 livros de autores cearenses, a saber: ROUXINOL DO RINARÉ, ARLENE HOLANDA, KLÉVISSON VIANA, ARIEVALDO VIANA e EVARISTO GERALDO.

NA IMAGEM: Capa do livro Rouxinol do Rinaré.
CONFIRA AS ESTROFES DA INTRODUÇÃO DE "Rachel de Queiroz - a dama do romance":

Quando Deus quer neste mundo
Renovar a esperança
Faz brotar a flor no campo,
Símbolo de vida e bonança,
E entre os seres humanos
Nascer mais uma criança.

O século vinte desponta,
A vida se descortina,
Se escuta um som esperado:
O choro de uma menina...
Nasce Rachel de Queiroz
Nessa Terra Alencarina.
(...)

Conheça os outros livros da COLEÇÃO:


“Vitalino – O fazedor de bonecos” - de Arlene Holanda

“Patativa do Assaré – Ave poesia” - de Evaristo Geraldo

“Aldemir Martins – Cores e traços” - de Klévisson Viana


segunda-feira, 6 de junho de 2011

MESTRES DA XILOGRAVURA - III

 WALDERÊDO GONÇALVES
UMA VIDA ESCRITA NA MADEIRA



Por GILMAR DE CARVALHO *


Praça do Cristo Redentor, ponto dos ônibus que fazem a linha Crato –Juazeiro, debaixo dos pés de ficus benjamins, os “velhos” se reúnem para  jogar dominó. Walderêdo, Gonçalves muitas vezes, passa por lá.
Antes, poderia também estar na livraria de seu Ramiro Maia, à rua Senador Pompeu, que fechou, depois de quase setenta anos de atividades.
O mais certo é pegar um mototáxi e subir a ladeira íngreme da Caixa d’ Água, onde ele mora à rua Gérson Zábulon n° 100.
Aos oitenta e quatro anos completos, este grande nome da gravura brasileira, de todos os tempos, que gosta de receber, é sempre atencioso e conversa muito, revolvendo histórias do arco-da-velha, merece, como poucos, ser chamado de mestre.

COMEÇO

Walderêdo nasceu dia 19 de abril de 1920, na rua da Boa Vista, que hoje se chama Nélson Alencar, na cidade do Crato. Dizem que o Milfont, de seu pai José Gonçalves, que a mãe Maria Emília Oliveira herdou, por força de lei, veio de um ancestral Louis Charles, fugitivo da Revolução Francesa, de 1789, que teria se radicado no Brasil.
O pai trabalhava com madeira , “era mais carpinteiro do que marceneiro” e foi com quem o menino se iniciou neste ofício.
Estudou pouco, não tendo passado da segunda série. Foi expulso da escola porque fez “um desenho um pouco pornográfico de uma mulher despida, uma celeuma na sala de aula. De lá pra cá, não ocupei mais professor, meu professor é o mundo...”
Saiu da escola e foi trabalhar. Walderêdo sempre quis levar um dinheiro para casa, pois a família era  pobre e passou a vender apostas do jogo de bicho. O pessoal da livraria Ramiro ficou freguês do jovem cambista mas, nesse tempo, o jogo era clandestino. Ele passou a prestar atenção no material escolar que a livraria vendia e, um dia, na volta às aulas, grande movimento de vendas, se ofereceu para ajudar. “Comecei no balcão da livraria Ramiro aí, nas horas vagas, ia para  a gráfica, que ficava atrás, para imprimir tabuada e carta de ABC”.
Walderêdo aprendeu rápido o ofício, ao contrário do que pensavam seus patrões, e Luis Maia, que foi dono da livraria Renascença, em Fortaleza, o definiu como “o menino que nasceu com o tipo na mão”.
Em 1935, José Bernardo da Silva (1901 / 1972), romeiro alagoano radicado em Juazeiro, “chegou para fazer um livro de orações, do Coração de Jesus. Ele queria ilustração e lá não tinha nenhuma zincogravura”.
Walderêdo relembra: “aí, na hora do almoço, peguei um pedaço de massaranduba, que meu pai tinha oficina em casa,  aí desenhei, cortei e imprimi minha primeira xilo”.
Nessa época, Zé Bernardo vendia folhetos e orações nas feiras e, como não tinha tipografia, recorria às do Crato. O auge veio, a partir de 1949, quando adquiriu o acervo do paraibano João Martins de Athayde (1880 / 1959), estabelecido no Recife, deslocando para Juazeiro o principal pólo de edição de cordel do Brasil.


HISTÓRIA E VIDA
 
A trajetória de Walderêdo é rocambolesca: “gráfica, carpintaria, eletricidade, carimbo de borracha, tudo eu fazia”, ainda que o pai o ameaçasse dizendo: “quem trabalha com muitas profissões não faz nada que preste”.
O casamento, dia 18 de dezembro de 1943, na Sé do Crato, foi celebrado pelo monsenhor Assis Feitosa, e o uniu à prima Maria Ione Gonçalves Moreira, nascida a 12 de março de 1926, com quem teve dez filhos, dos quais seis se criaram: Valdione, Rosália, Valderez, Valdenora, Irinéa e um único filho Geraldo Valdinei. Às vésperas de completar sessenta anos de casados, em meio a rabugices de casal velho, eles contabilizam vinte e três netos, mesmo número de bisnetos e quatro tataranetos.
No ano seguinte, foram morar em Ouricuri (PE), porque Walderêdo tinha sido aprovado num concurso para o Serviço Nacional da Peste (que se transformou na SUCAM, segundo ele), onde ficaram pouco mais de um ano e onde nasceu a primogênita. Transferido para o Piauí, pediu demissão desse que foi seu trabalho “mais seguro”.
A ida para Juazeiro foi porque dona Ione, filha única, queria ficar junto dos pais, o ourives João Moreira Maia e Irinéa Gonçalves Moreira, que moravam lá. Walderêdo gastava o que não tinha comprando remédios e ajudando os pobres do Barro Vermelho, onde morava. E eles ficaram na cidade do Padre Cícero, de 1956 a 1964.
José Bernardo quando soube da chegada do “romeiro” passou a chamá-lo, com freqüência, para cortar as capas da editora de folhetos.
Walderêdo era inquieto demais para se contentar apenas com a xilogravura e o mercado pequeno para suas necessidades. Passou a abrir letreiros de paredes, trabalhou com a fundição de ouro (com o sogro), fez cadeiras, quadros de diplomas e, durante quatro anos, “trabalhei em casa de jogo, mas orientei os meus a não quererem saber de jogatina”.
Enquanto isso, dona Ione “pegava no pesado”, fazendo cocadas, doces e merendas, para ajudar nas despesas da casa.
Walderêdo tinha uma curiosa  aptidão para abrir cofres. “O pessoal tem um negócio de abrir cofre de ouvido. Não é ouvido, é a mão. Uma rodando aqui, outra forçando o trinco. Aí vai rodando, dá aquele pulinho, pá. A gente vai anotando os pulos e vê quais são os positivos e os negativos”. E a porta se abria, num passe de mágica.
E conta a história do primeiro cofre que abriu, que pertencia a três banqueiros do jogo do bicho, que pelejaram e não conseguiam abri-lo. “Aí eles se enfezaram e um deles puxou um revólver. Eu disse: isso aí é de ferro, não abre assim. Dê licença para eu tentar. Aí eu, pá, pá, pá. Pa!. Taí o cofre tá aberto. Aí não faltou mais cofre no Juazeiro pra eu abrir”, para concluir desalentado: “Hoje o pessoal não bota mais dinheiro em cofre”.

ARTE E TÉCNICA

Da tipografia dos Maia, passou pela gráfica do Bispado do Crato, que publicava o jornal “A Ação”, sob a direção de José Barbosa.
Também cortou tacos para a Tipografia Lima, depois Casa dos Horóscopos, de Manoel Caboclo, em Juazeiro, cujo baú de tacos guardava relíquias de Walderêdo, bem como a tipografia do Bispado, que teve suas máquinas vendidas e as matrizes, provavelmente, foram junto (ou jogadas fora).
Walderêdo aconteceu, no início dos anos 60, quando a Faculdade de Filosofia do Crato fez uma tiragem de pranchas de sua autoria.
Em 1962, Sérvulo Esmeraldo e Lívio Xavier, emissários do Museu de Arte da Universidade do Ceará ( MAUC), fundado no ano anterior, foram ao Cariri comprar tacos para o acervo da instituição e aproveitaram para encomendar álbuns, como a “Via Sacra”, de Mestre Noza; “A Vida do Padre Cícero”, de Lino da Silva; “As Aventuras do Caboclo Vira- Mundo”, de José Caboclo e o “Apocalipse”, do Walderêdo.
Walderêdo afirma ter recebido “sugestão”, e nega as referências impressas.. Categórico, afirma que sua Bíblia não trazia ilustrações deste livro profético. “Por isso tem umas caras imitando o sol, outra quadrada, como se fosse um brilhante, de acordo com a história do Apocalipse”, diz comprovando que leu de verdade.
Ele trabalhou a madeira com um virtuosismo ainda hoje perseguido por muitos gravadores. O que ele chama de “foco de luz, e que o pessoal chama de luz celestial” e brinca: “vou lhe ensinar, eu já tou perto de morrer”. Desconjuro! E continua: “a gente deixa essa parte aqui bem elevada. Aí essa elevada fica bem escura, aí vai puxando. Digamos, deixei aqui elevado, aí vou raspando um pouquinho, só raspar, aí fica mais claro, pega menos tinta quando o rolo passa. e quando imprime ela imprime mais branco”. É assim que ele consegue meios tons.
 A xilogravura de Walderêdo está longe de ser a tábua escavada, de modo tosco. Ele é preciso no corte, refinado nos detalhes e sua criação é inconfundível. Luís Karimai, pintor e desenhista de méritos, e Nilo, um dos talentos da nova geração são seus “herdeiros”.
O que ele conseguiu com um canivete ( tem estojo de goivas, mas usa pouco), um pedaço de umburana bem lixado e muito talento, não é fácil de ser obtido.
Participou das coletivas do acervo do MAUC em cidades importantes do circuito das artes, como Lisboa, Barcelona, Colônia, Madrid, Viena, Basiléia  e Paris.
Logo, alugou sua competência a gráficas da região, como a Universitária, do Crato, que migrou para Juazeiro, e passou a fazer rótulos, diplomas, embalagens, em trabalhos que exigiam um “senhor” impressor para o registro das cores. Trata-se de um mestre, na mais completa acepção do termo.
E não ficou só na madeira. Cortou linóleos (placas de paviflex), fórmica, borracha e derreteu o chumbo para fazer o molde, obtendo o “carimbo” em alto relevo. Fez placas de bronze, painéis de pedra (para o Parque de Exposições do Crato, destruído por um prefeito vândalo) e esculturas.
Nesta época, Walderêdo estava menos nômade e querendo um pouso que foi a casa no bairro Caixa d ‘Água, adquirida em 1979, onde vive até hoje.

MEMÓRIA E MERCADO

Ele relembra a Tipografia São Francisco. Diz que o editor nunca escreveu nada, “a maior parte daqueles folhetos de Zé Bernardo são do Expedito (Sebastião da Silva), que trabalhava lá”. Um dia, ele teria se queixado “de que não sabia porque o  Expedito não queria assinar o nome dele como autor da poesia” e Walderêdo não perdeu tempo: “Isto é problema dele, seu Zé Bernardo”.
Sobre dona Ana Vicência, avalia que era muito “financista” e queria pagar pouco pelas matrizes.
Diz que os emissários do MAUC ao Cariri compravam os tacos e obrigavam os editores a encomendar outros, o que foi muito bom para os artistas e também para preservar uma produção que, de outro modo, teria se perdido no tempo.
Conheceu  Noza, de quem foi amigo, “ele trabalhava pouco em xilogravura, trabalhava mais em escultura. Quando alguém ia encomendar algum trabalho ele mandava: vá lá no Walderêdo...”
Não conheceu Damásio Paula e não teve aproximação com João Pereira, Manoel Lopes ou outros gravadores desta primeira fase.
Chegou a desenhar o que cortava, “fazia no papel e emborcava o papel aqui, riscava por cima, aparecia a sombra e eu avivava”. Passou a desenhar na própria madeira, com o lápis de cor azul e o auxílio da borracha.
Interessante como ele conseguiu, autodidata que era, e sem interlocução com outros gravadores, realizar um trabalho de tanta personalidade e competência.
Em relação à fé, Walderêdo confessa: “hoje eu não acredito em nada. Sou discrente de tudo. Eu me baseio naquela filosofia de Lavoisier: nada se constrói, nada se destrói, tudo se transforma. Então pra que religião? Viveu, morreu, acabou-se”.
Justifica o fato de grande parte de sua temática ter sido religiosa por ser objeto de encomenda: “me procuravam e eu fazia e faço tudo o que me pedirem para fazer”.
A família crescia e com ela a responsabilidade. Nenhum dos seus descendentes se interessou pelo ofício de gravador, o que não lhe deixa ressentimentos, tanto que nunca fez questão de ensinar aos filhos e, quando trabalhava, não queria ninguém por perto, “para não “atrapalhar”.
As queixas são muitas. Um “marchand” de Fortaleza (Henrique Blum), teria enganado Walderêdo, adquirido e trazido para a capital, uns tacos que seriam do MAUC, e a série teve de ser refeita.
Outros teriam feito encomendas e não chegado a um acordo quanto ao preço, como o “brazilianista” Ralph della Cava. Parte de suas obras foi parar em museus estrangeiros, como um de Toronto, no Canadá. O galerista Ranulpho, do Recife, encomendou um álbum “Os Doze Apóstolos de Cristo no labor que exerciam antes do...” Explica: “Teve um que eu nunca consegui descobrir e optei pelo caçador. Não dizem que caçador só atira no que vê? São Tomé. Botei que ele era caçador”.
O MAUC, além das matrizes do “Apocalipse”, tem uma série de cenas populares do Cariri (engenho de pau, aviamento, maneiro - pau, o vaqueiro, penitentes) e gravuras soltas. Capas de folhetos, cortadas por ele, se tornaram referências, como “A morte dos doze pares de França”, “Juvenal e o Dragão” e “Antonio Silvino no júri - debate de seu advogado”.
O Dr. José Macário de Brito, do Crato, encomendou uma “Via Sacra”, mas esconde as matrizes  não deixa tirar cópias, “ele diz que só vai abrir o cofre quando eu morrer”.
A idade deixou marcas, como a visão ainda turva pela catarata, que ele só operou um olho, há quatro anos, e pelo princípio de um AVC ( acidente vascular cerebral), ano atrasado.
O reconhecimento ainda não veio. A dissertação de mestrado que se tornou livro (“A xilogravura de Walderêdo Gonçalves no contexto da cultura popular do Cariri”, de Jurandy Temóteo), não faz jus à importância do artista. Inexplicavelmente, nenhum  trabalho seu consta do acervo do Museu Vicente Leite, de sua cidade natal.

PROVA DO ARTISTA

Ainda recebe encomendas e faz xilogravuras, como um Santo Antonio, para capa de um folheto da Academia dos Cordelistas do Crato.
Mostra, com indisfarçável orgulho, um Cristo que monta numa garrafa, esculpido em trinta e três pedaços. A idéia que fica é de alguém que poderia ter ido muito além, se tivéssemos tido, desde a criação da Secretaria da Cultura, em 1966, políticas que valorizassem a tradição como ponto de partida para o contemporâneo.
Temos as pranchas do “Apocalipse”, versão matuta de Jean Duvet ou de Gustave Doré, iluminuras sertanejas, clássicas, sem que ele tenha se deixado contaminar pela pressa das encomendas, vencendo os desafios com paciência, determinação e a marca do gênio.
É isso tudo que faz de Walderêdo Gonçalves o grande nome da xilogravura. Os outros, diante dele, são aprendizes. 

Grande debate de Lampião com São Pedro
Xilogravura de Walderêdo Gonçalves


 * In "Artes da Tradição" - (Fortaleza, Expressão Gráfica, 2005).

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