terça-feira, 26 de junho de 2018

RESENHA




No Tempo da Lamparina

(Arievaldo Viana em busca do tempo vivido)

Recebi com o atraso costumeiro dos correios algumas semanas atrás o livro No Tempo da Lamparina, do grande amigo Arievaldo Viana, o segundo de uma trilogia sobre suas memórias de infância, que se iniciou com o Sertão em Desencanto. E melhor forma não poderia ter escolhido o poeta para marcar a passagem do seu cinqüentenário que a produção dessa trilogia, que a julgar pelos dois primeiros volumes, já nos põe a esperar ansiosos pelo terceiro tomo.
Escacaviando os caminhos das lembranças em busca do tempo vivido, tendo a luz da Lamparina como guia, nas brenhas mais remotas da memória, o novo livro de Arievaldo Viana nos apresenta o reino encantado do sertão de sua infância. Sertão saudoso, quase em extinção das ‘mulher séria e dos homem trabalhador’ do cantar inconfundível de Luiz Gonzaga; além disso o memorialista relata seu processo de formação como leitor de cordéis, os causos de sua família, a sua difícil e dolorida migração para Fortaleza quando ainda adolescente viria a encontrar o vasto mundo. E por fim, elenca os perfis de poetas populares que construíram seu imaginário como: Lucas Evangelista, Gonzaga Vieira, Alberto Porfírio e outros. Fazendo com isso do livro No Tempo da Lamparina um retrato profundo do gosto de vida no sertão do Nordeste brasileiro nas décadas de 70, 80 e 90 no final do século XX.
Na prosa do escritor assim como nos seus cordéis aprecio a clareza da linguagem e a fluidez dos textos, e é claro, aprecio o senso de humor, à moda dos cearenses, sempre associado à inteligência e refinado. Com esse trabalho Arievaldo Viana firma-se de modo definitivo como um grande memorialista do panteão sagrado de nossas letras alencarinas, ao lado de Gustavo Barroso, de quem, diga-se de passagem, é leitor contumaz.

Bruno Paulino - Escritor

2 comentários:

  1. Lembro a velha lamparina
    Com pavio de algodão
    Consumindo querosene
    Nas noites do meu sertão
    Sua luz iluminava
    Enquanto a lua chegava
    Pra clarear meu torrão.

    Petronilo Filho
    João Pessoa-PB

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  2. Valeu, amigo Petronilo. Excelente setilha!

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