quarta-feira, 13 de junho de 2018

MEMÓRIAS DA LAMPARINA


Arievaldo Vianna

O SERTÃO DA NOSSA INFÂNCIA

Texto de Sérgio Araújo sobre o livro 'No tempo da lamparina'




Através do olhar encantado do então menino Arievaldo Viana, o sertão do tempo da lamparina ressurge com toda a sua magia - cheiros, cores, sons e imagens parecem ressoar no silêncio de nossas almas, com um encanto único. Arievaldo, como hábil escritor, soube captar nuances de um tempo em que nossa cultura era pura como água de chuva, daquelas do fim de tarde, no sertão, em que os grossos pingos batem no telhado com tanta força que parece que vão quebrar as telhas. E o cheiro que se seguia? Apesar dos carões dos mais velhos, fazíamos toda a questão do mundo de sorver aquele aroma com toda nossa alma.
Esse é o No Tempo da Lamparina, uma viagem feita no lombo do jumento, calçado com chinela de couro ou de pneu. Pros que viveram esse tempo, é um gostoso reencontro com “aquele cheiro meu”, como na música do Luiz Gonzaga, em que ele retorna pra casa e, numa madrugada dessas do sertão, reencontra seu pai no abrir da tramela de uma janela.
O dragão chamado progresso, com seus asfaltos, sua televisão e seu aculturamento encarregou-se de levar tudo isso pra longe, mas especialmente para quem teve o prazer de saborear algo desse velho tempo, não há nada mais gostoso do que reviver tudo aquilo, ainda que seja por meio da auto-hipnose a que deliciosamente nos submetemos ao ler essa obra ímpar.
Obrigado, Arievaldo, obrigado, por ter abraçado sua arte com tanto amor. Os frutos desse amor estão cativando muitos corações por aí afora. E o meu certamente é um deles.



Sérgio Luiz Araújo Silva

2 comentários:

  1. Parabéns pelo livro maravilhoso,nos faz voltar no tempo, obrigada.

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  2. Obrigado Germana Araujo. Essa avaliação dos leitores é gratificante e nos encoraja a continuar essa luta quixotesca de fazer livros num país onde poucos têm o hábito de ler. (Arievaldo Vianna)

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