quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Relembrando MESTRE AZULÃO

Palmeirinha e Azulão, dupla de fibra que fez
história no Rio de Janeiro.

ARIBU

Dentre os “finados” de que hoje me lembrei, um em especial me despertou boas risadas... O inesquecível MESTRE AZULÃO.



Era o mestre Azulão (o poeta paraibano José João dos Santos) quem me contava essa deliciosa anedota, com sua prosa fácil, encantadora e verve aguçada. 

O 'causo' refere-se a um sujeito do brejo paraibano, chamado Ari – e por conta de ser meu xará é que ele me contou isso umas cinco ou seis vezes, morrendo de rir.

Segundo o Azulão, o  cabra era morto de preguiça e totalmente despreocupado com o futuro da prole. Pai de uma récua de filhos, passava as tardes sentado num banco de aroeira, suspenso por duas forquilhas, posto à frente do casebre de taipa, dedilhando uma viola velha e desafinada, com pretensões de cantador. Num extremo da cerca, onde haviam jogado um gato morto, baixou um urubu. Um dos pequeninos, admirados de ver um bicho daqueles assim de perto, exclamou:

— Pía, pai! Olha acolá, um ARIBU.

— Olha acolá o quê, menino?!

— Um ARIBU, pai...


O sujeito meio agastado, segurou o braço da viola bruscamente, parando a toada e, em tom professoral, explicou:

— ARI, não, meu filho! Aribu não! ARI é seu pai. A pessoa que lhe deu a vida, que lhe gerou e  lhe sustenta com tudo que há de bom e de melhor! Aquele peste acolá é um URUBU. Um bicho nojento, asqueroso, fedorento, que vive unicamente de comer carniça, de remexer nos monturos, de beliscar coisa podre, de meter o bico aonde não deve... Ari... Ari é seu pai, meu filho!


 Zé Maria, Azulão, Arievaldo e Geraldo Amâncio.


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