sábado, 25 de fevereiro de 2012

DUPLO SENTIDO X PORNOGRAFIA


"Eu vou botar o saco pra dentro..." - Saco de Cimento, Zenilton


MEU CASAMENTO
(Zenilton)

Seu moço eu inventei de me casar
E fui morar numa casinha bem singela
Minha mobília era uma cama quebrada
Duas panelas furadas, três pratos e uma tigela
A minha noiva ela também é pobrezinha
Ela só tinha uma cabacinha
Eu fui buscar água nela
Veja seu moço, tinha um toco no caminho
Eu tropecei no danadinho
E quebrei a CABAÇA DELA...

Quebrei, quebrei, quebrei a cabaça dela
Quebrei, quebrei, quebrei a cabaça dela.

A grita é geral. Os amantes da boa música não se conformam com o circo de horrores que se tornou a música popular brasileira nos últimos 30 anos. Há que se entender que não se trata do gosto das novas gerações, mas de uma imposição mercadológica capitaneada por uma verdadeira máfia. 90% das rádios, que são concessões públicas, fazem parte desse esquema nojento de só tocar música descartável mediante o velho jabá. As músicas de Zenilton, Genival Lacerda e João Gonçalves, consideradas super-imorais nas décadas de 1970-80 hoje soam inocentes diante de tanta baixaria. Na verdade há uma enorme diferença entre DUPLO SENTIDO e PORNOGRAFIA. No duplo sentido, o artista faz um arrodeio inteligente para dizer as coisas de forma subliminar. No pornoforró e no funk, a coisa é mais direta que um coice de mula no testículo esquerdo do tangedor.
Para os puristas, aqueles saudosistas que dizem que a música morreu na década de 1960, vejam essa pérola que fez sucesso no carnaval de 1920, intitulada "Na minha casa não se racha lenha"...


ATENÇÃO! Esse texto será postado amanhã, terça-feira (28/02) em sua forma integral na Coluna Mala da Cobra. Aqui está postado somente um resumo. Veja o site da BESTA FUBANA: www.luizberto.blogspot.com

2 comentários:

  1. As capas dos discos de Zenilton são uma beleza em termos de semiótica...essa cabaça no chão é o cúmulo... para quem quiser estudar os anos 70 então, deverá lembrar-se que os tempos eram de acatar o ato do abacateiro, como o pato e o leão. E como soam ingênuos o sentido duplo da época, hoje, a comparar com "infinca" e outros ditos mais explícitos..

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  2. Meu caro SRS, seu comentário vale por uma TESE DE MESTRADO. É isso mesmo, rapaz. Nós que acompanhamos de perto as manifestações populares dos anos 70/80 sabemos muito bem das arte&manhas que nossos artistas tinham que manobrar para driblar a tesoura da censura. ZENILTON, GENIVAL LACERDA, JOÃO GONÇALVES e MESSIAS HOLANDA eram os grandes mestres nessa seara.

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