segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CULTURA DE ALMANAQUE

O que é um almanaque?

Mais fácil vasculhar a galeria de almanaques que selecionamos do que colocar em palavras, pois, cada um de nós cresceu em contato com almanaques diferentes, que pareciam ser uma versão divertida e sem compromisso dos dicionários e enciclopédias. Almanaque seria um modelo do mundo, onde todo o universo está de passagem. A dificuldade começa com a origem da palavra, que não tem origem!

O criador da palavra foi o filósofo e frei franciscano, Roger Bacon. Também conhecido como Doutor Mirabilis, que significa professor maravilhoso. Este Bacon foi homem da ciência e da fé, um luminar das falsas trevas da Idade Média. A palavra Almanac ou Almanach foi usada para designar textos relativos à astrologia e aos eventos ligados à passagem do tempo. Vem daí uma das fontes para o nome: al manak que significaria “a conta”, ou seja, a contagem dos dias, como um calendário. Mas não seria a única possibilidade: será que o nome não teria origem do pedaço de madeiro onde era traçado o curso lunar (al managht), ou a união de duas palavras egípcias (al + men, que seria cálculo + memória)? Mais ainda, em saxão al-monac seria uma variação de al-mooned (que significaria todas as luas). Existem ainda aqueles que admitem a palavra árabe “Manah”, uma variação encontrada na península espanhola, como sendo a fonte, e cujo possível significado seja calendário. E se olharmos em um dicionário, encontraremos a palavra “al-manakh”, que significa clima. Ainda assim, dois dicionários com o título de Dicionário etimológico da Língua portuguesa, mas de autores diferentes, identificam a palavra como tendo origem árabe, mas significando: lugar onde o camelo se ajoelha. Indicando os locais onde os camelos e os viajantes repousariam e trocariam informações. O grande problema é que qualquer que seja o significado, a palavra Almanaque não é encontrada em textos árabes, o que fez alguns linguistas sugerirem que Bacon inventou um neologismo, relacionando-o com árabe por meio do “al” por que no meio filosófico medieval, assuntos relacionados à astrologia e a matemática adquiriam status ao serem relacionados ao árabe, da mesma forma que a retórica é ainda muitas vezes relacionada com o latim.
Em Portugal, o primeiro almanaque foi publicado em 1496, em Leiria, por Abraão Zacuto e foi batizado de Almanach Perpetuum. Os almanaques foram se tornando cada vez mais populares, na medida na qual a ciência tornava-se mais exigente. Mesmo que Benjamin Franklin tenha editado seu próprio almanaque, quando chegamos ao século XX, o conteúdo havia se tornado mais e mais abrangente, apresentando curiosidades, com leitura simples e rápida. Não é tão importante a precisão acadêmica, é mais importante a forma de apresentar a curiosidade, portanto, o lugar onde o camelo se ajoelha é bem mais interessante que folhinha do tempo.

Almanaque é também a nova coluna do site da Aletria. Basta visitar a seção Ler e Pensar para encontrar pequenas curiosidades sobre os temas favoritos da Aletria: literatura, personagens, folclore, mitologias, histórias: enfim, sugira o seu tema, que depois de uma pesquisa, desceremos do camelo para responder.

Fonte: www.aletria.com.br

Almanaque popular publicado em Juazeiro do Norte-CE
por Manoel Caboclo e Silva

ALMANHAQUE DO BARÃO DE ITARARÉ


Frases do Barão de Itararé. Muitas delas tiradas da sabedoria popular, das saudáveis conversas de boteco, outras, de sua própria criatividade. E algumas que foram apenas atribuídas a ele, pois se não disse, pensou.
* De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
* Mais vale um galo no terreiro do que dois natesta.
* Quem empresta, adeus…
* Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
* Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
* Quando pobre come frango, um dos dois está doente.
* Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
* Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.
* Quem só fala dos grandes, pequeno fica.
* Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.
* Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).
* Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.
* Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
* Voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
* Os juros são o perfume do capital.
* Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.
* Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.
* Banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
* Mulher moderna calça as botas e bota as calças.
* A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
* Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
* Pão, quanto mais quente, mais fresco.
* A promissória é uma questão “de…vida”. O pagamento é de morte.
* A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
* A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.
* Cobra é um animal careca com ondulação permanente.
* Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.
* Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.
* Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.
* É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.
* A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.
* Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.
* Advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.
* Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.

BLOGS, OS NOVOS ALMANAQUES
O que são os blogs, senão verdadeiros almanaques de variedades? Vejamos por exemplo o caso deste nosso ACORDA CORDEL. Usando a Literatura de Cordel como fio condutor, tratamos aqui de música, política, artes gráficas, história, curiosidades, enfim, um verdadeiro balaio de informações.
Essa ligação da Literatura de Cordel com os almanaques é muito antiga... Na primeira metade do século passado já circulava em todo o Nordeste o famoso ALMANAQUE DE PERNAMBUCO, do poeta e editor João Ferreira de Lima, que era um verdadeiro livro de cabeceira dos matutos de outrora. No seu rastro surgiram outros almanaques similares, escritos e editados por poetas populares, como é o caso de Costa Leite, Vicente Vitorino de Melo e Manoel Caboclo e Silva.
(Cancão de Fogo)



2 comentários: