sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DO BLOG CORDEL DE SAIA...



O blog CORDEL DE SAIA traz excelente artigo da poetisa DALINHA CATUNDA sobre o cantador ANSELMO VIEIRA, na visão do poeta Gerardo Melo Mourão. Todos os cantadores pesquisados pelo saudoso Leonardo Mota são citados no poema. Confiram:

Gerardo Mello Mourão e Anselmo Vieira

Leonardo Mota e Anselmo Vieira
Gerardo Mello Mourão
GERARDO MELLO MOURÃO E ANSELMO VIEIRA

Gerardo Mello Mourão embora universal não deixou de cantar seu sertão e sua gente em prosa e em versos em sua trajetória literária.

Muito me orgulho de ter privado da amizade deste poeta e escritor que com toda erudição que carregava em seus alforjes, pois falava nove idiomas entre eles o grego, soube falar com singeleza das coisas do sertão o que notadamente ficou registrado no seu livro “Rastro de Apolo” e em tantos outros livros de sua autoria.

Para o deleite do leitor que gosta do bom versejar, pincei do livro de Gerardo Algumas sextilhas onde ele cita os cantadores nordestinos entre eles Anselmo Vieira de Sousa.

“Há cantadores famosos
Nas feiras do Cariri,
Jacó Alves Passarinho
De Mutamba, Aracati,
Há Romano de Mãe d’Água,
Sinfrônio do Jaboti.
*
Azulão em Pernambuco
E Inácio da Catingueira,
Serrador, Cego Aderaldo
E mais Anselmo Vieira
Que foi o melhor de todos
Por ser filho da Ipueira.
*
Na viola e na rabeca
Eu também sou cantador,
Mas somos pobres mortais,
Eu, Anselmo ou Serrador,
Não vamos desafiar
Apolo, Nosso Senhor.”
*
 Anselmo Vieira de Sousa é filho de Ipueiras, e foi, segundo o próprio Gerardo, referência para ele. De Anselmo, são poucos registros na história dos cantadores nordestinos. Em minhas pesquisas, o que li sobre o mesmo foi no livro “Cantadores” de Leonardo Mota e nas entrevistas e livros de Gerardo.

Ser filha de Ipueiras e navegar nas ondas poéticas do popular Anselmo Vieira e do culto Gerardo Mello Mourão é uma honra sem tamanho.
*
Texto: Dalinha Catunda.
Foto de Anselmo retirada do livro Cantadores de Leonardo Mota.
Foto de Gerardo Mello Mourão retirada do: flickr.com
Visite também: www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com

9 comentários:

  1. Ari,
    Gosto de ler seu blog, pois sem dúvidas é referência para quem gosta de cordel.
    Eu já estava para fazer este elo entre Gerardo e Anselmo e fui "cutucada" por você em sua postagem sobre o livro "Cantadores" e por Pedro Fernando Malta no JBF, ao citar Anselmo em sua coluna.Ciente do seu zelo pelo que publca,
    Quero agradê-lo pela postagem, pois a recebo como reconhecimento.
    Abraço,
    Dalinha

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  2. Sem sombra de dúvidas, Dalinha, sempre que reproduzo textos de outros poetas aqui no meu blog é uma forma que encontro de homenageá-los. Com você, especialmente, porque é uma sertaneja forte, cearense, apaixonada pela cultura popular do nosso Estado. Grande abraço.

    ARIEVALDO VIANA

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  3. Bom dia pessoal. Parabéns pelo site. Continuem divulgando o cordel. Ele é lindo.Estou iniciando no cordel e gostaria que dessem uma olhada no meu blog. Agradeço demais.Edimar Monteiro Fortaleza-Ce
    edimarcordel.blogspot.com

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  4. 28/01/2015

    Prêmio ao Traidor – De Espião Nazista ao Cargo Publico no Estado do Ceara

    Ricardo Lavecchia 28 de Agosto de 2011 in Brasil, Fatos, Historia da Segunda Guerra 7 Comments



    Gerardo Melo Mourão, o espião que mandou aos submarinos nazistas as informações que possibilitaram o afundamento de 5 navios nossos, com a perda de 650 vidas brasileiras, foi condenado à morte no Rio de Janeiro, teve a pena comutada, cumpriu alguns anos de prisão e agora recebeu a gratidão da Pátria: nomeado para o posto de presidente da COAP, em For­taleza — Enquanto isto, os pracinhas rondam os institutos e as viúvas dos mortos nos afundamentos são forçadas a apelar para a caridade pública.
    Por DAVID NASSER

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  5. Foi um encontro ocasional. Jornalistas e escritores conversavam com políticos e funcionários públicos ao redor de uma mesa. Numa roda, onde estavam Frederico Chateaubriand, Antônio Castro Pinto, Breno Acioli e este vosso amigo, alguém entrou. Era um tipo melífluo, escorregadio, de óculos pesados, expressão indefinida. Estendeu a mão a Fred e a Breno Acioli também. Timidamente, le­vou-a ao terceiro — o repórter destas notas. Disse-lhe então, que podia recolhê-la. Que haveria naquela mão que impedia de ser apertada? Que teria feito aquele homem para que lhe fosse negado um simples cumprimento? Por que não apertei aquela mão?
    As mãos de Gerardo Melo Mourão estão manchadas de sangue — e assim ficarão até o dia em que a terra lhe seja leve — responsável pela morte de cen­tenas de brasileiros nos afundamentos de nossos navios por submarinos alemães.
    Enquanto as noivas, as mães, as filhas brasileiras rezavam, em seus lares, pela feliz viagem de seus entes queridos, as mãos tenebrosas de Gerardo Melo Mourão transmitiam para as bases de espionagem nazistas os dados certos sobre a partida dos barcos, a provável rota e outras indicações que possibilitaram a caçada mortífera em águas nacionais. Os navios eram postos a pique, facilmente, tão perfeito se mostrar Melo Mourão na sua tarefa. Rapaz inteligente pertencera às hostes integralistas, formando na cúpula e trabalhando como secre­tário particular do chefe nacional. Cada vez que um barco mercante do Brasil -j Ia para o fundo — Melo Mourão recebia o pagamento da traição. Não se pode precisar a quantia certa, mas variava, ao que parece, pela tonelagem posta a pique.
    Nos dias angustiantes de Al Alamein, quando Montgomery pedia e esperava reforços decisivos para a batalha final, passou pelo Rio o Queen Mary. Melo Mourão e seus homens estiveram atentos para o aviso fatal que liquidaria o maior navio-transporte dos aliados, o mesmo que conduzia para os campos de batalha da África meia divisão completa. Realmente, o aviso foi dado, mas o Inteligence Service o interceptou e fez o navio regressar naquele mesmo dia à Guanabara, enquanto os aviões militares brasileiros afundavam um submarino alemão a poucas milhas do Pão-de-Açúcar. Documentos encontrados, posteriormente na Alemanha e depoimentos de agentes nazistas graduados, entre os quais, Nils Christiensen, re­velaram que Melo e seus parceiros haviam de fato, comunicado aos submarinos nazistas a partida do Queen Mary sem esperar que o transporte voltasse à base. Se afundado, talvez mudasse o curso da guerra.

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  6. Os nazistas, do outro lado do Atlântico, pediam vidas brasileiras, mais vidas brasileiras para castiga­rem o atrevimento do país sul-americano, da terra que eles imaginavam de macacos e de mulatos traido­res como Melo Mourão e outros. Os Embaixadores da Alemanha e da Itália naquela época haviam encon­trado um brasileiro completamente destituído de amor à sua terra e à sua gente, um sacripanta que, sem re­morso, auxiliara o inimigo nessa tarefa assassina, en­viando pelo Morse a marcha dos navios nacionais, na rotina de suas viagens pela costa do Atlântico — e indo levar à Argentina, para os agentes nazistas que esta­vam no Rio Prata — os pianos de fortificações e de ar­mamentos da costa brasileira para um possível desem­barque de tropas nazistas vindas de Dakar.
    Gerardo Melo Mourão, esse homem cuja mão ne­nhum brasileiro de bem poderá apertar, é o responsável direto pelo afundamento de cinco navios, pelo menos. Os alemães lhe creditaram o sacrifício de 650 vidas brasileiras.


    Até um nazista devia sentir nojo por um cabra assim. Pago feliz com o dinheiro no bolso, Melo Mou­rão fazia planos para novas empresas assassinas, quando foi descoberto, graças a um cerco perfeito. O traidor foi processado e tais eram as provas, tão contundente era o libelo e tão positiva foi a sua con­fissão, que o tribunal brasileiro, naquele período de guerra, não pode deixar de ser implacável, pronun­ciando a sentença máxima:
    Por sua traição ao Brasil, por sua respon­sabilidade no afundamento de navios nossos e conse­quente perda de centenas de vidas brasileiras.

    GERARDO MELO MOURÃO É CONDENADO À PENA DE MORTE POR FUZILAMENTO
    Depois, falou o coração mole dos brasileiros e a pena máxima foi transformada em 30 anos de prisão e no Governo sem ódio do General Dutra, o calabar foi posto em liberdade. Mal saiu da Penitenciária, Melo Mourão conseguiu um lugar nos arquivos secretos do Ministério das Relações Exteriores. Talvez lhe tenham pedido para estudar um novo sistema de códigos para o Itamarati — o que facilitaria muitíssimo a sua futura atividade de espião em qualquer conflito em que se envolva o Brasil. Melo Mourão, evidentemente, não agiu por amizade à Alemanha ou à Itália, mas por di­nheiro. Pagaram-lhe bem. Se a Rússia amanhã fizer o mesmo, ele trabalhará para ela. É o tipo exato do espião profissional, espécie rara no Brasil.

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  7. Deixou o Itamarati, conseguiu insinuar-se na imprensa, credenciando-se como jornalista na Câmara dos Deputados. Ali fez amizade com o Deputado Raul Bar­bosa, hoje Governador do Ceará.
    Se o Governador sabia ou não da vida pregressa do espião — desconhecemos. A nomeação de Melo Mourão. Entretanto conseguida por ele, deixa mal, horrivel­mente mal, o Governador Raul Barbosa. A lama que enegrece a vida, o passado e o presente de Melo Mourão — é lama que jogada num ventilador atinge a todos que estão em volta.
    Para todos os cearenses de pudor — o Ceará está vestido de crepe com a presença, na direção de um dos órgãos mais importantes do Estado, de um traidor condenado à morte por ajudar o inimigo a destruir vidas brasileiras.

    Gerardo Melo Mourão foi nomeado Presidente da COAP no Ceará. É o traidor o encarregado de estabelecer preços, de formular aumentos, de dirigir a economia doméstica de milhares de família cearenses.
    O General Caiado de Castro, aqui no Catete, tudo fez para impedir a su­prema infâmia prendendo durante 40 dias a nomeação do “monstro do Atlântico” (tal o apelido que recebeu na Penitenciária) para o alto posto administrativo. O Governador, entretanto, empenhou-se demais, transformando a questão de ro­tina numa exigência — e o crime foi perpetrado Melo Mourão desembarcou um dia em Fortaleza e a terra de Iracema corou de vergonha. As viúvas e os órfãos dos mortos nos afundamentos desses mesmos navios brasileiros que Melo Mourão torpedearam no Atlântico ainda não receberam, totalmente, as indenizações que por direito lhes cabem.
    As viúvas dos pracinhas mortos na Itália lutam com dificuldades, porque as suas pensões são baixa e insuficientes.
    Os inválidos da guerra, aqueles que os parceiros de Melo Mourão atingiram em cheio, rondam as ruas da cidade, batendo de porta em porta, e em alguns casos, recorrendo à caridade pública, por falta de leis especiais e de uma organização modelar de amparo, Nair Café, uma brasileira que viajava num dos navios que as informações de Melo Mourão puseram ao fundo, perdeu uma das pernas e ela, que era ar­tista —. Vive sabe Deus como.
    Exemplos assim podem ser apontados às centenas — homens e mulheres que se sacrificaram por um ideal, quando sua pátria estava em perigo.
    Agora, que o mundo está no limiar de novo conflito, agora que a ameaça parda de Hitler, destruída apesar dos Melo Mourão que tínhamos aqui dentro, transformou-se na ameaça viva e rubra de Malenkov (e ternos milhares, centenas de milhares de Melo Mou­rão, fanáticos, em todos os postos-chave) o estímulo que se dá ao patriotismo, ao espírito cívico dos bra­sileiros é este: conferir aos ex-sentenciados à morte por espionagem contra o Brasil, lugares rendosos e altíssimos da administração federal.
    Fonte: O Cruzeiro / Edição de 1953

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  8. 7 comments

    Jimmy
    7 de Setembro de 2011 at 21:25
    Este texto é muito perigoso. Sabe-se que David Nasser era um patético jornalista que nunca negou manipular fatos em suas reportagens. Manchar a honra e a imagem do maior poeta do Brasil não é assim tão fácil. A vida deste homem, Mello Mourão, é um monumental exemplo de militância ideológica. Não é um jornalista meia-boca, com acusações vagas e estultas – hoje, aliás, há muito desmentidas – que encobrirá a luz que emana desse cearense. Aliás, o termo “monstro do atlântico sul”, cunhado pelo idiota autor do texto, cabe perfeitamente à dimensão colossal de Gerardo. Há de se ter cuidado com certas publicações.

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    Ricardo Lavecchia
    8 de Setembro de 2011 at 21:07
    Caro leitor Jimmy muito obrigado por ler nosso site e mais comentar nosso texto, esse texto é de 1953, nos encontramos esse texto e achamos legal ser postado, de maneira alguma esta manchando a carreira de ninguém, se o mesmo fora bem sucedido como escritor, muito bem, isso não vem ao caso, essa é uma reportagem histórica que estava perdida no passado.
    Lembrando que todos os temas ligados a Segunda Guerra Mundial é valido como história.
    Também sobre o escritor dessa matéria, também desconheço sua origem, não sou da época e também não vem ao caso falar dele, o texto esta ai para que todos conheçam nossa história, seja ela manipulada, falsa ou verdadeira. Se o jornal na época editou, hoje estamos aqui trazendo de volta a noticia

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    luis
    18 de Janeiro de 2012 at 15:00
    Não concordo. Sabemos que hoje em dia é moda criticar os nazistas e seus simpatizantes. O autor da obra era simpatizante daqueles ques e achavam prejudicados pelos nacional socialismo. O afundamento de navios brasileiros deu-se mais pela falta de estrutura e competência da marinha de guerra do Brasil em protegê-los, do que pela técnica dos submergíveis alemães. Sabemos, como ocorre nos dias de hoje, que as informações são deturpadas, para manipular o povo, segundo a vontade daqueles que ganharam a 2 guerra. Além do que, se hoje podemos ir à Lua e temos grandes avanços tecnológicos; é graças a cultura e empenho dos cientistas nazistas. Toda tecnologia atualmente disponível, nada mais é que cópias das conquistas tecnológicas nazistas. É só pesquisar! Também é lógico que as coisas não se resolvem com extermínio, mas com cada um cumprindo sua função para o maior engrandecimento da humanidade. Esses órgãos que gostam de polemizar deveriam mudar a postura, deixando o passado e voltando seu olhar para o futuro.

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    Paulo Pereira
    18 de Outubro de 2011 at 18:42
    Bem, é preciso resgatar essa história. Investigar. Afinal, o homem era integralista e simpatizante dos nazistas, evidentemente. Se era inocente de tais acusações, é algo que poderia ser verificado sem muita dificuldade, até mesmo para reabilitá-lo se for caso.

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    Alex Mendes
    25 de Novembro de 2011 at 15:08
    Parabéns pelo blog, pelo conteúdo, pela organização e beleza do lay out e principalmente pela iniciativa.

    è muito bom saber que existem pessoa que se dedicam a debater sobre esse evento que mudou o comportamento mudial e que ainda tem muto a influenciar na historia da humanidade.

    Tenho tembém um projeto que visa criar e publicar um site sobre a participação dos americanos em Fortaleza / Ce e dos afundamentos de submarinos em nossa costa. esse projeto prevê colaboração com os ministerios de cultura, da defesa e do centro de comunicação da aeronautica a qual já fiz parte e em breve, terei prazer em figurar em seus link parceiros.

    Abraços

    Alex Mendes – designer
    Fortaleza/Ce

    R

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  9. Cesar Campiani Maximiano
    24 de Janeiro de 2013 at 20:07
    Excelente postagem, Ricardo.

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    Eduardo
    14 de Outubro de 2013 at 12:13
    Como disseram o fato ocorreu exatamente há 60 anos, acho que nos cabe apenas analisar as circunstânias desse fato. O resto, os que se sentissem prejudicados (naquela época) é que deveríam tomar as providênias…

    Na campanha na Itália, também tivemos um caso em que dois pracinhas cometeram crimes contra civis italianos. Especificamente estupraram uma menina de 16 anos e mataram seu avô que tentou reagir com uma rajada de metralhadora.

    Também foram condenados a morte, mas ao chegarem no Brasil depois de alguns meses de cadeia, suas penas também foram comutadas e ambos passaram a trabalhar na segurança do Getúlio Vargas…

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