O "folheto-reportagem" continua sendo uma das funções da Literatura de Cordel. Vejamos esse trabalho de um poeta pernambucano sobre a TRAGÉDIA DO RIO DE JANEIRO, que abalou todo o país...
O MASSACRE DE REALENGO
Autor: Ernando Carvalho
(Trechos)
Caro leitor me perdoe
Esta minha ousadia
De lembrar para você
Certas cenas de agonia
Pois estou muito chocado
Com esse fato passado
Lá no Rio, outro dia.
Nunca pensei que um dia
Iria fazer cordel
Lhe digo sinceramente
Pra registrar no papel
Um fato tão horroroso,
Tão triste, tão vergonhoso,
Tão estranho e tão cruel.
Foi na Tasso da Silveira
Escola municipal
Lá no Rio de Janeiro
Oeste da capital
No bairro do Realengo
Que um perverso monstrengo
Praticou tamanho mal.
Um rapaz bem parecido
Ex-aluno da escola
Conduzindo duas armas
Dentro de uma sacola
Sem suspeitas despertar
Adentrou-se no lugar
Pra fazer uma degola.
Conduzindo dois revólveres
E bastante munição
Não teve dificuldades
De passar pelo portão
O sinistro visitante
Dizendo ser palestrante
Para cumprir a missão.
Nunca se viu no Brasil
Coisa tão horripilante
Um maluco desvairado
Sair matando estudante
Sem qualquer motivação
Num centro de educação
Como se fora assaltante.
O nome desse sujeito
Eu vou logo lhe dizendo
Para ficar na memória
E para ficar sabendo
Dessa monstruosidade
Desse poço de maldade
Deste crime tão horrendo.
Foi Wellington Menezes
De Oliveira o autor
Desse crime monstruoso
Que espalhou tanto terror
Naquele lugar sagrado
Normalmente destinado
A propagar o amor.
A mente degenerada
Daquele infeliz rapaz
Provocou sangrenta dor
Naquele lugar de paz
Provocando correria
Muita dor e agonia
Com sua ira voraz.
No meio da confusão
Eis que um policial
Chamado por um menino
Ligeiro chega ao local
Mostrando rara bravura
E pontaria segura
Pra ferir o marginal.
Quando se vê ferido
Sem forças pra prosseguir
Na subida das escadas
Pra onde queria ir
Decide então se matar
E na cabeça atirar
Para a vida extinguir.
O verdugo sanguinário
Resolvendo se matar
Pelo menos de um problema
Ele pôde nos livrar
Porque se vivo ficasse
Quem sabe talvez voltasse
Outro crime praticar.
"Rio de Sangue e de Lágrimas"
Estampou certo jornal
Na manchete do massacre
Da edição matinal
Com as fotos coloridas
De criancinhas feridas
Por armas do marginal.
Criaturas inocentes
Implorando por clemência
Vagando nos corredores
Fugindo da violência
A televisão mostrou
E o Brasil todo chorou
Diante dessa ocorrência.
(...)
Por Ernando Carvalho - Recife - Abril/2011
Contato com o Autor: Ernando Alves de Carvalho
Av. Agamenon Magalhães, 129 - Aptº 1201
Torreão - Recife - PE - CEP: 52030-210
Telefone: (0xx81) 3241.5650
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Fonte: http://www.onordeste.com/ (Jornalista Ivan Maurício)
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