SERTÃO EM DESENCANTO REPERCURTE NA
IBIAPABA, BERÇO DO ESCRITOR JOÃO MIGUEL DA FONSECA LOBO
Durante a pesquisa que empreendi para resgatar as raízes genealógicas
de meus clãs familiares, que resultaram no livro “Sertão em Desencanto –
Gênesis Sertaneja” tomei conhecimento da obra do escritor cearense João Miguel
da Fonseca Lobo, que vem a ser irmão da minha trisavó Luzia Geracina da Fonseca
Lobo, mãe de Francisca Geracina Viana Lobo, minha bisavó, casada com Francisco
de Assis Viana, pais do meu avô Miguel, que era mais conhecido pelo apelido de
Caboclo Viana.
A ponta do iceberg foram anotações recolhidas pelo primo Galileu Viana
Chagas Filho, sobre a origem dos Lobos que se entrelaçaram com os
Martins-Vianna em meados do Século XIX. A partir dessa pista, acabei
encontrando o blog PIANO CLÁSSICO, mantido por Newton Lobo, músico residente
num recanto da belíssima Serra da Iibiapaba, dedicado também à agricultura e ao
automobilismo.
O contato com Newton Lobo criou uma empatia imediata e uma troca de informações
muito valiosas. Tomei conhecimento, por exemplo, da existência dos livros A hipotipose do Mundo; A camponesa e Jesus e Madalena, todos da autoria do
nosso antepassado João Miguel da Fonseca Lobo, filósofo, escritor e pesquisador que é considerado o "Einstein do Ceará".
Lendo o Dicionário Bio-Bibliográfico do Barão de Studart, eu soube, por exemplo, que Fonseca
Lobo, ainda adolescente, veio com um comércio ambulante de fazendas para a
Serra do Machado (atual Itatira) na companhia de um padre (para quem trabalhava
como sacristão) e de uma irmã professora que acabou se fixando na região. Essa
irmã professora era justamente Luzia Geracina da Fonseca Lobo, que casou-se com
um membro do clã Martins-Vianna, oriundo de Sobral e Santa Quitéria.
Ao enviar um exemplar do livro para Newton Lobo, recebi dias depois
essa resposta por e-mail, que soa como uma espécie de recompensa pelo trabalho
hercúleo que desenvolvi ao longo de mais de cinco anos, para resgatar a
história de nossos antepassados numa linguagem meio romanceada. Segundo Newton,
é uma nova forma de se escrever GENEALOGIA sem ser repetitivo e maçante.
Vejamos o seu depoimento integral, da maneira como me foi enviado, via e-mail:
Livros de João Miguel da Fonseca Lobo, organizados por
Moisés Rodrigues Pereira.
Olá caro primo Arievaldo.
Desculpe a demora em contatá-lo.
Li o fabuloso Sertão em Desencanto em dois ou três dias, antigamente o faria em
apenas uma noite mas, até as noites e madrugadas estão hoje comprometidas com
um trabalho contínuo e estafante, enfim...
Caro Ari, a partir dos primeiros parágrafos,
"sorvi" Sertão em Desencanto
com uma avidez e sofreguidão só justificáveis a um sedento, um sequioso de
conhecimento, mas, advirto, não tenha essas palavras como resultado de
lisonjarias ou bajulices, primeiramente porque ninguém melhor que você sabe da
grandeza de seu próprio trabalho, segundo porque bajulação é mercadoria de
nenhum valor para mim, não só agora neste estágio em que me encontro mas como
sempre o foi, nessa jornada de mais de meio século.
Arrisco no palpite em que você concorda comigo
que esse negócio de genealogia é realmente um negócio perigoso, por chato que
é, concorda? Até para os familiares envolvidos é enfadonho aquelas
intermináveis listas de parentes e contra parentes, aqueles intermináveis e
repetitivos nascimentos e falecimentos...
Estou tentando mas não consigo lembrar-me do
nome do antropólogo francês que afirmou "o homem é a mais fascinante
matéria de pesquisa, pelo menos para ele mesmo". É, genealogias são
perigosamente maçantes, até para os próprios membros da família retratada, e
foi talvez por isso mesmo que tive uma tão grande e tão gratificante surpresa,
jamais esperei uma genealogia tão cheia de História, e história da boa,
Nordestinamente universal, tão cheia de emoção, de sentimento tão profundo
pelas coisas do nosso Sertão Equatoriano imortal. Outrossim, atrevo-me e devo
reconhecer que a grandeza das figuras (famílias) estudadas e retratadas deram
uma "ajudazinha" mais que salutar ao autor, que usando de sua grande afinidade
com as letras aliada às peculiaridades dessas grandes famílias, construiu com
maestria, não uma simples genealogia e sim um belo tratado de História.
Através do Sertão em Desencanto pude travar conhecimento, "criar e
consolidar" amizades com figuras tão ímpares como o grande sertanejo
Fitico, detentor de uma sublimidade fantástica, provada cabalmente na
"História do Boi Vermelhinho" toda narrada na "primeira
pessoa", na pessoa do Boi... Inda acabei descobrindo que nos recônditos
mais ocultos de nossas artérias, corre a junção de nosso sangue, unido à partir
de seu bisavô Pai Chico e minha tia bisavó Geracina Lobo... Me vi lá, naquele
exato momento, a viver e compartilhar o "Sertão dos homens de
opinião", meus e seus antepassados tão presentes! Emocionante pertencer a
uma tão bela estirpe!
Caro primo, agradeço imensamente a menção
imerecida ao meu nome, pois na verdade não contribuí em nada para seu belo
trabalho.
Bem, caro primo, tenho ainda muito a comentar e perguntas que
pretendo elaborar brevemente, na verdade fiz uma resumida "leitura
dinâmica", agora sim, vou ler demoradamente e devagar para saborear cada
parágrafo, cada capítulo, como merece uma obra que trata sobre História de uma
maneira tão peculiar, dessa forma como você soube fazer, de forma
"romanceada". Aliás, alguém disse:
"A biografia romanceada é um gênero literário de alto risco",
imagine você uma Genealogia Romanceada. Você foi um Gênio por tê-lo feito tão
bem.
Parabéns.
NEWTON LOBO
Newton Lobo mantém o blog
PIANO CLÁSSICO (http://www.pianoclassico.org/), onde se auto-define do seguinte
modo: “Músico medíocre e Agricultor no alto da mística Chapada da Ibipaba
(berço do Einstein Cearense). Livre pensador; Refinador dos próprios
desregramentos!”
Nosso antepassado João Miguel da Fonseca Lobo