sábado, 14 de janeiro de 2012

HOMENAGEM

 
 
 
O bisneto YURI GABRIEL visita o casarão onde morou MANOEL LIMA.
 
 
 
 
 
 
 
 
                                                                                                                                                                       O meu amigo e parceiro PEDRO PAULO PAULINO, através de seu blog VILA CAMPOS ONLINE (www.vilacamposonline.blogspot.com) prestou uma comovente homenagem ao centenário de meu avô MANOEL LIMA. OBRIGADO, POETA!
 
 
 
 
Na data de hoje, no ano de 1912, nasceu o Sr. MANOEL BARBOSA LIMA. Completaria, portanto, um século. Foi um dos homens mais destacados de todo este sertão, como cidadão de bem, comerciante e dono da Fazenda Ouro Preto, no município de Quixeramobim, atualmente Madalena. Seu Mané Lima, como era conhecido, é o avô paterno do poeta Arievaldo Viana Lima. O blog presta uma homenagem ao seu centenário, através das décimas a seguir:

 

MANÉ LIMA CENTENÁRIO



Pedro Paulo Paulino



Manoel Barbosa Lima,

Mané Lima, simplesmente,

Faria hoje cem anos,

Se estivesse entre a gente.

Porém, em noventa e seis,

Depois dos oitenta e três

Partiu para o andar de cima.

Mas inda hoje o sertão

Relembra com gratidão

Manoel Barbosa Lima.



Mil novecentos e doze,

Mané Lima ao mundo veio,

Para na terra dos homens

Dar um tranquilo passeio.

Viver, não lhe foi problema,

Pois nasceu trazendo o lema

Da mais pura retidão.

Como um feliz ser humano,

Abriu as portas do ano

Que deu à luz Gonzagão.



Na fazenda Campo Grande,

Por este sertão sem fim,

Foi que nasceu Mané Lima,

Lá no Quixeramobim.

Homem forte sertanejo,

Alimentou seu desejo

De sempre ser do sertão,

Onde nasceu e morreu

E tantos anos viveu

Sem nunca deixar seu chão.



Cidadão de roça e gado,

Também foi comerciante,

Esteio de muita gente,

Tornou-se um nome importante.

Sua fazenda Ouro Preto

Foi o seu amado gueto,

Um ponto de referência

De quem nela trabalhou.

Ali, ele atravessou

Sua feliz existência.



Zelar virtude e respeito,

Foi coisa da sua lavra,

Bem como cumprir deveres

Sem nunca quebrar palavra.

Na bodega do sertão,

No cultivo do algodão,

Quando este estava de cima,

Na ordenha no curral,

Em toda lida rural,

Estava lá Mané Lima.



No casarão da fazenda

De vistosa arquitetura,

O fruto do seu trabalho

Era visto na fartura;

Na varanda aconchegante

Recebia a cada instante

A vizinhança, e em cujo

Alpendre tão generoso

Se ouvia o fole manhoso

Do Edmundo Araújo.



Nos momentos de descanso

Da luta do dia a dia,

Era o seu prazer ouvir

“Romances” e cantoria.

Mesmo com pouca leitura,

Tinha anseio por cultura

E paixão tinha por rima;

Contar e ouvir história

Que guardava na memória,

Cativava Mané Lima.



Com D. Alzira de Sousa

Multiplicou sua vida.

Como pai e como avô

Sua missão foi cumprida.

Foi ele assim como um astro

Influente e em cujo rastro

Orbita um sistema inteiro;

Aquele sol que governa;

Ela, companheira eterna,

Ele, eterno companheiro.



Grande exemplo de moral,

Homem nobre, respeitado,

Daquele tipo que é hoje

Tão raramente encontrado.

Viveu seu tempo a seu jeito,

Zelando nome e conceito,

Sem inverter os papéis.

Foi no seu longo caminho

O tipo que um sozinho

Vale muito mais que dez.



Se não está entre nós

Esse homem já lendário,

O seu nome o representa

Hoje no seu centenário.

Viver bem foi seu escudo.

E foi tão feliz em tudo,

Que o nome rima com rima.

Nesta data memoranda,

O sertão em peso manda

Parabéns pra Mané Lima!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

LUA CENTENÁRIO

Ilustração de ARIEVALDO VIANA - Todos os direitos reservados.
(Não reproduza sem autorização)
1912 - 2012

As melhores postagens sobre o centenário do REI DO BAIÃO você encontra aqui, no BLOG ACORDA CORDEL!


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

"MANÉ LIMA" CENTENÁRIO


Manoel Lima

"Tenha orgulho de seus humildes antepassados
São as pessoas humildes que eu procuro,
O sal da terra, por assim dizer,
Aqueles que domaram o solo bruto,
E fizeram nele as sementes florescer.
São estes que eu gosto de encontrar,
Quando mergulhado na estrada da genealogia.
E é apenas por orgulho que me deixo levar,
Refazendo seus passos para assim os imortalizar.
Aqueles que buscam o passado com sonhos de glória,
De encontrar heróis educados em cada história,
Não devem jamais se desapontar,
Ainda que descobrirem que os humildes bisavós ou tataravós ,
Tinham somente as estrelas para contemplar".


(Joseph G. MacCoy).

Zé Ramalho assegura que compôs a canção “Avôhai” em homenagem ao seu avô, responsável por sua criação desde os dois anos de idade, quando perdeu o pai, boêmio e seresteiro, que morrera afogado num açude. O velho José Ramalho foi então, a partir daí, avô e pai para o pequeno órfão, pois a mãe entrara em depressão devido a morte do marido. AVÔHAI quer dizer AVÔ e PAI, segundo o autor. Felizmente eu não precisei perder meu pai biológico para ter uma relação semelhante com meu avô paterno, Manoel Barbosa Lima, nascido aos 14 de janeiro de 1912 na fazenda Campo Grande, no município cearense de Quixeramobim. Se vivo fosse, meu velho estaria completando um centenário.

Mesmo querendo fugir dos clichês é inevitável dizer que foi um modelo de homem simples, trabalhador, extremamente honesto e correto em seus negócios. Quando me entendi por gente ele tinha um próspero comércio – uma bodega sertaneja – com balança de pratos e fiteiro no balcão, onde vendia gêneros alimentícios, bebidas, tecidos, papelaria e miudezas em geral. Naquele tempo distante, início da década de 1970, o vi acordar algumas vezes no meio da noite para vender um pedaço de pano para fazer mortalha para um “anjinho”, pois naquele tempo a mortalidade infantil era aterradora. De cada dez crianças nascidas, duas ou três não chegavam a completar o primeiro mês de vida.

Trabalhador incansável desde a infância, Manoel Lima ficou órfão na adolescência, primeiro de mãe (Maria das Dores Barbosa de Almeida,que morreu de parto de um de seus muitos irmãos) e depois de pai, Manoel José de Lima, que morreu de um ataque cardíaco fulminante aos cinqüenta anos de idade. O irmão mais velho já era casado. Coube a ele, com apenas 14 anos, a guarda e o sustento das irmãs e de seus manos menores (Paulo, Antônio, Raimundo, José, Sebastião e outros que não lembro o nome). Empregou-se na construção de açudes, mas uma febre terrível quase lhe ceifa a vida antes de completar 20 anos. (Dois de seus irmãos faleceram dessa febre, José e Sebastião, em 1931). Uma de suas irmãs fez promessa para que ele sobrevivesse, oferecendo a sua própria vida em troca da dele, que era pés, braços e arrimo de família. Essa moça realmente morreu na flor da idade e na mesma semana em que ela expirou ele levantou-se do seu leito depois de quase um mês alheio do mundo. Todas as vezes que íamos a Canindé ou Quixeramobim, meu avô passava na sacristia da paróquia e encomendava missas para os seus pais e para os irmãos já falecidos, em especial para essa jovem que numa prova extrema de amor fizera a tal promessa para salvar a sua vida.

Admirador da cantoria e das canções de Luiz Gonzaga – que também fará centenário este ano – vovô era meio desentoado. Gostava de cantarolar umas coisas – velhas quadrinhas que aprendera na infância – num tom quase inaudível. Tinha pudor de soltar a voz, pois sabia que o canto não era o seu forte. Já meu pai, Evaldo de Sousa Lima (foto ao lado), cantava bem e gostava de decorar romances de cordel, cantigas de Jackson do Pandeiro e canções de viola para solfejá-las na labuta diária, ora botando água em lombo de jumentos, ora cuidando do gado de leite e também de um roçado, pois até 1980 viveu unicamente da agricultura, até se estabelecer em Canindé e dedicar-se ao comércio.

Já próximo de completar 25 anos de idade, Manoel ainda não procurara uma companheira pois ainda não se libertara da tarefa de criar e educar os irmãos menores. Mas um dia, indo a uma missa em São José da Macaóca, acompanhou um grupo de moças onde destacava-se uma pela alvura de sua pele, pelo azul cristalino dos olhos e pelos cabelos castanhos, quase alourados. Era moça fina, filha de pais arranjados, pertencente a uma classe social mais elevada que a sua. Ora, ele pobre órfão que era, possuía de seu apenas um cavalinho de sela, artefato este já bem surrado, que serviu de chacota para os irmãos de sua pretendida. Além do mais a moça já estudara na cidade e ele, ainda analfabeto, não tivera tempo nem oportunidade de estudar… Quando foi visitá-la pela primeira vez, não quis retirar o coxim de cima da sela justamente para não expor seu estado lastimável. Os futuros cunhados, por maldade, foram lá e pediram o tal coxim para guardar, sem disfarçar o riso de mofa em seus rostos.

Mas Manoel era homem sobrando e não se deixava abater ante as dificuldades que apareciam. Aprendera, desde muito cedo, que a vida é dura para quem é mole. Levou o namoro adiante, mesmo com a desaprovação dos cunhados que exerciam forte influência sobre o pai da moça. Alzira de Sousa Viana, sua eleita, também se encantara pelo rapaz, que apesar de pobre e analfabeto, era bonito, trabalhador e tinha modos cavalheiros (quando queria, era um verdadeiro “gentleman”, mas quando estava afobado, parecia uma abelha assanhada, um "inxuí magro", como diziam).

Resolveu pedir a moça em casamento e diante da sua franqueza o velho Fitico (Francisco de Assis de Sousa), pai de Alzira, ficou acanhado em negar a sua mão. Disse que faria o casamento. Assim que meu avô deu as costas, os irmãos da moça caíram em cima do velho reprovando o seu ato e dizendo que a irmã jamais casaria com aquele rapaz. Pressionado, o velho Fitico fez uma carta para o moço e mandou um portador alcançá-lo antes mesmo de chegar à casa de seu tio e padrinho Bené Barbosa, também um homem de alguma posse e muito brio, diga-se de passagem. O velho Bené leu a carta e ficou indignado com a atitude covarde dos familiares da moça. Disse ao sobrinho e afilhado que a esquecesse e procurasse outra jovem para casar. Manoel ouviu tudo calado e, secretamente, mandou perguntar a moça se ela concordaria em fugir. Dito e feito! Não deu outra… Numa noite de lua clara apareceu no oitão da velha casa da fazenda Castro e raptou sua amada. Antes havia combinado com um primo da mesma, o fazendeiro Raimundo Chagas, de deixá-la em sua guarda enquanto corria a papelada do casamento. Raimundo Chagas, homem rico da Várzea Grande, já casado e pai de família, foi a partir daquela data um dos grandes amigos de meu avô.

E casaram mesmo, na matriz de Canindé, aí pelos idos de 1937. Em 1938 nasceu o José Oswaldo, o filho primogênito e depois dele mais dez. Ao todo, nove se criaram e dois faleceram ainda crianças. Alzira fora deserdada pela família (dona de muito gado e terras) e não possuía sequer uma vaca para dar leite aos filhos. Seu gado fora confiscado, em represália a sua fuga. Meu avô não gostava de relembrar essa história e até reclamava com minha avó quando ela fazia qualquer referência a esse período de suas vidas. Fazia isso para não magoar os familiares dela e também para não manchar a memória de seu pai, de quem se tornou amigo posteriormente (vovô sempre se referia ao "seu Chico de Sousa" com muito respeito). Uma de suas raras vaidades, se é que isso pode ser considerado “vaidade”, era dizer que o pouco que possuía ganhara trabalhando, à custa de muito esforço e suor.
Manoel lutou com muita dificuldade, mas logo após o casamento foi alfabetizado pela esposa que num período de menos de seis meses o ensinou a ler, escrever e contar. O básico, indispensável para ele que tinha aspirações de abraçar o comércio. Vovô gostava muito de ler e seus livros preferidos eram os Evangelhos, mas gostava também de jornais, revistas e, principalmente folhetos de cordel. Como a sua leitura não era muito desembaraçada, preferia deixar o encargo da leitura dos “romances” para a esposa ou mesmo para filhos e netos. Ele dizia que um verso lido gaguejado soava mal aos ouvidos, o que é a mais pura verdade.
Alzira de Sousa (Viana) Lima
(Seu centenário de nascimento também ocorrerá este ano,
no dia 16 de junho de 2012)

Da sua lida comercial tirei lições preciosas. Logo que aprendi a ler a escrever ele pedia que eu me dedicasse à tabuada para ajudá-lo nas contas da mercearia. Havia um grande caderno de fiados, pois nesse tempo as pessoas compravam para pagar na safra do algodão. Muitos davam calote e, mesmo assim, ele continuava vendendo. Se alguém questionava ele dizia: – Ora, a mercadoria é minha e eu faço dela o que quiser, aquele pobre tem 10 filhos para criar e se não pagou a conta toda, é porque não podia pagar. Não posso deixá-lo morrer de fome. Minha avó retrucava:

- Quem tem pena do coitado, fica coitadinho.

Não sei se devido a profecia dela ou se devido ao casamento da filha Augediva, que o auxiliava na bodega, vovô foi abandonando aos poucos a vida de comerciante e acabou desistindo, quando viu que não dava mais. Não “quebrou”, como se diz no jargão comercial, mas sofreu abalos financeiros por conta dos muitos calotes que levou. Teve a sorte de se aposentar com a ajuda do Sindicato Patronal Rural (dois salários) e nunca deixou de cuidar do seu rebanho bovino, que sempre foi o suporte da sua economia. Vovó dizia que ele vendia o gado para a segurar a bodega quando a mesma estava deficitária. A verdade é que ele soube levar uma vida equilibrada, fundamentada na honradez e na honestidade. Quando me via pesando algum gênero (arroz, açúcar, farinha) dizia sempre:

- Deixe o prato da balança bater. O prato da mercadoria tem que ficar mais pesado!

Eu argumentava que o correto era deixar o ponteiro da balança equilibrado, que a mercadoria deveria pesar o equivalente ao peso de metal. Ele terminava a questão nesses termos:

- 30 ou 50 gramas a mais não vai me fazer falta.

E não fazia mesmo. Sempre teve a mesa farta, sempre recebeu levas e levas de parentes e nunca teve pena de lhes dar comida, atenção e carinho. Havia também uma balança grande para comprar algodão, milho e feijão. Ele também negociava com peles, mamona, rapadura etc. Os donos de armazém de Canindé, Quixadá e Quixeramobim mandavam deixar carradas de mercadoria com prazo de 30 ou 60 dias pois sabiam que sua palavra valia mais que qualquer promissória. Nunca deu prejuízo a ninguém e nos tempos áureos de seu comércio (Meados de 1950 até meados de 1970) sempre fez compras na praça de Fortaleza, para se inteirar melhor dos preços e das novidades.

Fazenda Ouro Preto, antes Quixeramobim, hoje município de Madalena-CE

De manhã cedo (madrugada ainda) calçava um par de botas e ia para o curral ajudar a tirar o leite das vacas. Logo em seguida, botava uma pequena foice no ombro e ia vistoriar a cacimba do gado, os boqueirões, o açude, as cercas e os roçados. Voltava às 8h00 da manhã, tomava um café reforçado (minha avó sempre guardava o melhor para ele) e seguia para a bodega, onde ficava até a hora do almoço. Eu adorava ficar por lá, ajudando a despachar os fregueses ou mesmo mexendo nas latas de confeito, para inveja e despeito dos primos que não podiam entrar para o lado de dentro do balcão. Depois do almoço, armava a rede de varandas no alpendre, tomava um café forte, quase sem doce e desfiava a sua prosa, contando histórias de Trancoso, fatos ocorridos na região, sempre atento às datas e aos menores detalhes. Sua prosa tinha uma linearidade fora do comum… Se contasse a mesma história três ou quatro vezes, as variações eram mínimas. Detestava a mentira e o exagero.

Às vezes aparecia o Edmundo Araújo com uma sanfona, os olhos muito azuis, tocando algumas mazurcas, xotes e baiões “para alegrar o cumpade Mané Lima”. Vovô ralhava com ele quando se excedia na bajulação, mas era só dos dentes para fora. É que meu avô não gostava de ninguém lhe puxando o saco. Era discreto, simples e não se sentia bem com elogios exagerados. Eu acho que herdei dele essa qualidade. Também me sinto profundamente incomodado com elogios excessivos.

Vivi 10 anos em sua companhia e depois que mudei-me para a cidade, passei todas as minhas férias escolares na sua fazenda Ouro Preto, que ainda hoje me traz as melhores e mais gratas recordações. Sua mesa farta, sua prosa franca e suas lições de vida jamais sairão de minha memória.

Manoel Barbosa Lima faleceu em janeiro de 1996, poucos dias após completar 84 anos de idade. Queria muito ser um escritor inspirado para lhe dedicar um romance de nomeada, uma biografia romanceada de sua saga neste planeta. O planeta sertão, que ele tanto amava. Talvez um dia eu adquira bagagem, tempo e coragem para essa empreitada. Por enquanto, gostaria de lhe dedicar minha sincera homenagem na data que marcará o seu centenário de nascimento: 14 de janeiro de 2012.

ARIEVALDO VIANA LIMA

Aqui funcionava a bodega. O ponto está meio abandonado,
mas quando o dono era vivo era muito bem cuidado.

FILHOS DO CASAL MANOEL LIMA E ALZIRA

1938 - Nasce o primogênito JOSÉ OSWALDO DE SOUSA LIMA
1940 - NOÉLIA MARIA
1941 - FRANCISCO EVALDO DE SOUSA LIMA (meu pai)

Depois nasceram:

HELIODÓRIA
AUGEDIVA
MARIA DO SOCORRO
EVERARDO
ALZIRA MARIA
E CARMELITA

JOSÉ AURÉLIO e MARIA DO SOCORRO (outra) faleceram ainda crianças.

Tentativa de restauração da foto clássica de meu avô.

O casarão, visto por outro ângulo.

* Dois irmãos de MANOEL BARBOSA LIMA ainda são vivos, ambos com mais de 90 anos. Raimundo e Amélia, que moram em Maranguape-CE.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

CENTENÁRIO DO REI

Anastácia – Saudade Centenária – 2012


Postagem extraída do blog "FORRÓ TEM QUE SER COLADINHO", de

Anastácia – Saudade Centenária – 2012

“Anastácia, uma das maiores compositoras que o Brasil já teve. Junto com o Mestre Dominguinhos desenvolveu trabalhos inesquecíveis. Agora, já no início do ano ela lança seu trabalho em homenagem ao centenário da sua maior inspiração, Luiz Gonzaga. Um disco com apenas uma música, que podemos chamar de poesia declamada na voz inconfundível de Anastácia. Eu que não sou besta nem nada, tive o privilégio de conhecê-la pessoalmente e de saber um pouco de sua história através do livro “Eu Sou Anastácia, histórias de uma Rainha” escrito por Lêda Dias. Vale a pena conferir esta grande homenagem ao nosso Rei do Baião, o maior pilar da música brasileira. Com sanfona de César do Acordeon, Guitarra e baixo de Eraldo Trajano (Lau) e percussão de Dido Batera, segue o primeiro trabalho do ano do centenário gonzagueano por Anastácia, Saudade Centenária de Anastácia e Liane.” (Palavras de: Jairo Melo – Vicência – PE)


Música
01 – Saudade Centenária (Anastácia e Liane)

(Contribuição: Jairo Melo – Vicência – PE)


domingo, 8 de janeiro de 2012

CACHIMBINHO alfineta bandas de FORRUIM

Remasterizada, obra do poeta

Cachimbinho é lançada em 3 CD’s





Cachimbinho relembra momentos de sua trajetória cultural 

Os discos originais são de 1975, 1978 e 1979, e agora são relançados no formado de CD e remasterizadas. Trata-se de três importantes obras da carreira do poeta e cantador paraibano Cachimbinho. Fruto de parcerias com Livardo Alves e Geraldo Mousinho, as canções agora serão exibidas em shows no dias 8 e 9 de maio, às 19h30 no Centro Proletário Alberto de Brito, na Torre.

Cachimbinho, Mestre das Artes e ganhador da medalha Augusto dos Anjos, vai apresentar o show ‘Com Muito Amor e Pimenta’. Os cantores também paraibanos Rubinho da Paraíba e Clementino Lins vão tocar as músicas de Livardo Alves, fazendo tributo a ele já na abertura do show. Cachimbinho era parceiro de Livardo Alves e um dos CDs relançados inclui peças da obra dele.

“Sinto-me feliz: é um trabalho bem feito e o pessoal gosta muito disso, pois só quem fazia (música popular de raiz) em João pessoa éramos Geraldo Mousinho e eu. Esses discos eu gravei há 20 anos passados, mas no Rio de Janeiro e Recife, ainda na época do vinil. Tem música com Quinteto Violado, Cajú e Castanha, Sandro Becker”, comemora.

Esse resgate de sua obra deixa o poeta e cantador satisfeito. Ele disse que é normal que o gosto das pessoas mude com o passar dos anos e que às vezes estilos musicais que se perderam no tempo reaparecem com força total. Ele acredita que o povo não sabe muito bem os próprios gostos musicais e por isso mudam de idéia com freqüência. O poeta reclama que atualmente a música vem sendo feita sem muito esmero e que as letras não passam mais nenhuma emoção a quem escuta.

“As coisas boas acabaram todas, inventaram uma música agora: ‘beber, cair, levantar’? Não tem nada a ver. Beber demais é muito ruim, cair também, é falta de pensamento de entendimento e de composição”, alfineta. “Música é terapia, é cura, é divina, mas só faz isso quem tem um dom. Dizer besteira todo mundo diz, agora dizer coisas dentro dum assunto é difícil”, conclui.


Aposentadoria e Medalha

A respeito da aposentadoria como Mestre das Artes, ele diz que a Lei Canhoto da Paraíba, que lhe garantiu o benefício vigorou ‘graças a Deus’ e que ficou feliz, principalmente porque em abril completa 73 anos.

A respeito da medalha Augusto do Anjos ele disse que não esperava, mas ficou muito feliz, recompensa pelos seus esforços ao longo dos anos e fez versos sobre isso:.

“Fiz um verso que diz:

O homem deve ser manso
Tratar bem e respeitar
E aceitar Jesus Cristo
Que é para ele salvar
Que é muito bom ser um crente
Que eu nunca vi um valente
Pra ele se aposentar”

História de vida

Tomás Cavalcante da Silva nasceu em 1935, mais precisamente no dia 6 de abril. Natural de Guarabira-PB, começou cantando aos 13 anos nas cidades e nos sítios e só depois veio pra Santa Rita, onde se documentou. “Nasci numa localidade que era de Guarabira, mas hoje pretende a Araçagi, sitio Mamaraú”, relembra.

Entre seus estímulos de começo de carreira, ele cita o poeta Manoel Batista, que “me ensinava, tocava nos sítios e em comícios políticos”.

Cachimbinho lembra momentos que marcaram sua história de vida, quando a ocasião em que quase foi preso por cantar em uma praça, e foi defendido por estudantes e pelo político Sílvio Porto. “Ele mandou me soltar porque a polícia devia prender bandidos, e não alguém só porque tava cantando emboladas”.

Rio de Janeiro e São Paulo foram sonhos realizados pelo poeta, que um dia comprou a passagem escondido e viajou com Mousinho, cantando nas cidades onde não tinham condições de ir e queriam conhecer. No Rio de Janeiro, conheceu Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, de quem se tornou amigo. “Ele tinha um programa de 4h as 5h da madrugada com forró era ouvido em todo canto, era Jackson que comandava o programa”, explicou.

Depois, lamenta em verso que as boas coisas acabaram:

“Acabou-se carvalhada,
coco de roda e guerreiro
E corrida de vaqueiro
dentro da mata fechada
O forró numa latada
Tem gente que dá no fio
a lapinha o pastoril,
o picado o arroz doce
As coisa boa acabou-se
Traz uma saudade Brasil

Bumba meu boi e ciranda
Isso aí dá bom estrondo
Mamulengo, siá redondo
E o fogo de giranda
Hoje só existe banda.
Não tem mais divertimento
Acabou-se casamento,
O povo só vê novela
Acabou quebra-panela
E corrida de jumento.

Essa garota trabalha
Porque nasceu com um dom
Ela só faz coisa boa
Eu to dizendo num som
Ela trabalha na "rádio"
Que é chamada WSCOM”
Mônica Melo
WSCOM Online