Após ler os primeiros capítulos do meu novo livro "No tempo da lamparina", o amigo e conterrâneo (de Madalena-CE), Dr. Antônio Mesquita do Bomfim, advogado e diretor do Sindicato dos Fazendários - SINTAF, enviou-me este belo soneto do poeta alagoano Jorge de Lima:
Lamparina
Jorge de Lima
Põe azeite na tua
lamparina
Para que a treva
eterna se retarde.
A tarde há de
ensombrar a tua sina
E a Morte é
indefectível como a tarde.
Observa: a sua luz não
tem o alarde,
Que as combustões de
súbito confina.
O fogaréu indômito
ilumina,
Mas, quase sempre, em
dois instantes arde.
A lamparina, entanto,
muito calma,
— Luz pequenina, que
parece uma alma,
Que à Grande Luz
celestial se eleva –,
Espera nesse cândido
transporte,
Que, extinto sendo o
azeite, chegue a Morte,
Que a luz pequena para
a Grande leva.
Publicado
originalmente no Jornal do Comércio, Maceió, 26 set. 1917
Em: Poesias Completas,
Jorge de Lima, vol. I, Rio de Janeiro, Cia. José Aguilar Editora: 1974.p. 52