segunda-feira, 28 de maio de 2018

Soneto de Jorge de Lima




Após ler os primeiros capítulos do meu novo livro "No tempo da lamparina", o amigo e conterrâneo (de Madalena-CE), Dr. Antônio Mesquita do Bomfim, advogado e diretor do Sindicato dos Fazendários - SINTAF, enviou-me este belo soneto do poeta alagoano Jorge de Lima:

Lamparina
Jorge de Lima


Põe azeite na tua lamparina
Para que a treva eterna se retarde.
A tarde há de ensombrar a tua sina
E a Morte é indefectível como a tarde.

Observa: a sua luz não tem o alarde,
Que as combustões de súbito confina.
O fogaréu indômito ilumina,
Mas, quase sempre, em dois instantes arde.

A lamparina, entanto, muito calma,
— Luz pequenina, que parece uma alma,
Que à Grande Luz celestial se eleva –,

Espera nesse cândido transporte,
Que, extinto sendo o azeite, chegue a Morte,
Que a luz pequena para a Grande leva.


Publicado originalmente no Jornal do Comércio, Maceió, 26 set. 1917
Em: Poesias Completas, Jorge de Lima, vol. I, Rio de Janeiro, Cia. José Aguilar Editora: 1974.p. 52




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