Patrícia, Tonico, Pedro Uchoa e Arievaldo Vianna
UM BREVE RECADO PARA O MEU AMIGO TONICO MARREIRO
Foi
com um misto de surpresa, apreensão e pesar que recebi a infausta notícia sobre
o estado de saúde do amigo Tonico Marreiro, radialista, poeta, escritor e
folclorista dos Sertões de Canindé. Após submeter-se a uma delicada cirurgia,
Tonico entrou em estado de coma e sobrevive por meio de aparelhos. As
informações mais recentes, colhidas junto a alguns familiares, dizem que,
segundo a avaliação médica, essa situação é praticamente irreversível.
Conhecendo a garra e a vitalidade desse menino de quase 75 anos de idade, eu
não me surpreenderia caso o nosso Tonico desafiasse os diagnósticos da Ciência
e reaparecesse com o bom humor de sempre, contando que durante esse estado de
letargia havia conversado com o Bunaco, o Homerinho, o Pierre Mesquita, e ainda
por cima mangando do seu compadre Toinho Walberto, dizendo que pretende passar
mais uns quinze ou vinte anos aqui na terra, para somente fazer a viagem
derradeira na sua companhia.
Conheço
Tonico há mais de trinta anos, desde quando dei os meus primeiros passos no
meio radiofônico. Para ser mais exato, antes mesmo de ingressar na antiga Rádio
Uirapuru de Canindé. É que o Tonico me levou, ainda meninote imberbe, para uma
apresentação no programa Ceará Caboclo, de Carneiro Portela. E nessa caravana
foi também o Coral do Frei João Pinto, o pessoal da Banda de Música do saudoso
maestro Jota Ratinho, os poetas Gonzaga Vieira e Natan Marreiro, além do
compositor Jota Batista, dentre outros. Era uma pequena amostra da arte e da
cultura do seu amado Canindé que aparecia diante das câmeras da antiga TVE (TV
Educativa) hoje TVC (TV Ceará). Passou-se algum tempo. Depois fomos colegas de
prefixo nas rádios Jornal de Canindé AM, Rádio São Francisco de Canindé AM e
Rádio Cidade AM de Fortaleza-CE.
Ao
longo dos tempos, apesar de pequenas e eventuais divergências, sempre
mantivemos um espírito de amizade, camaradagem e de colaboração mútua,
interessados que somos pela boa música, pela cultura sertaneja e pelas
tradições de Canindé e demais municípios da Região Central do Ceará. O
anedotário local era o principal tópico de nossas conversas e sempre que nos
encontrávamos ele desfiava um excelente repertório de figuras inesquecíveis
como Miguel Carpina, Barros dos Santos, Silazinha, Monte Pintor, Antonio da
Gunda etc. – figuras que nem cheguei a conhecer, e também os “tirados de loro”
de seu saudoso pai Raimundo Marreiro (que vi apenas duas ou três vezes) e do
nosso saudoso Bunaco, figura com a qual andei trocando “figurinhas” em mesas de
boemia do Mercado Velho e Praça Azul.
Minha esposa Juliana e meu filho Yuri, a quem o Tonico chama carinhosamente
de "meu genro", numa manhã de junho em Caridade-CE.
O
MAL SÚBITO E A CRENÇA NO PODER DIVINO
Sabendo
que Tonico é um homem espiritualizado, sintonizado com as energias que emanam
do Plano Superior, peço apenas que se cumpram os desígnios de Deus e que tudo
aconteça de acordo com a vontade do nosso Criador. O que todos nós desejamos –
irmãos, esposa, filhos, sobrinhos, amigos e admiradores é que ele retorne à
lida, tocando a nossa Academia de Letras, apresentando o seu programa de rádio
e contando as suas divertidas lorotas nas esquinas e calçadas de Canindé e Caridade.
Pelo
muito que representa para a Cultura de Canindé, Tonico é digno de todas as
homenagens. Seu último bastião de resistência foi a criação da ACLAME –
Academia Canindeense de Letras, Artes e Memória de Canindé, da qual sou membro,
ocupando a cadeira de número 3, cujo patrono é o historiador Francisco
Magalhães Karam.
Aguardemos,
portanto, que os desígnios de Deus sejam cumpridos e que haja um pronunciamento
oficial da família a respeito desse assunto tão delicado... Afinal, diz a
sabedoria popular: “ENQUANTO HÁ VIDA, HÁ ESPERANÇA”. Por enquanto, torço pela
sua volta e solidarizo-me com toda a família Marreiro e com todos os amigos e
admiradores do poeta, que construiu com caráter e denodo uma bela página na
história da cultura canindeense. Porém, como já foi dito, de acordo com os
ditames celestes.
Tonico e Bunaco
UM
POUCO DA BIOGRAFIA DO POETA
PARA
QUEM NÃO SABE, informamos que seu nome de batismo é Antônio Gonzaga Marreiro,
filho do poeta e folclorista Raimundo Rodrigues Marreiro e de dona Laura
Gonzaga Marreiro. Nasceu em Canindé no dia 17 de junho de 1943. O apelido
Tonico foi dado pelos familiares e o acompanha desde os primeiros dias de
nascido.
A
última vez que nos falamos, por telefone, TONICO pediu-me para lançar nesta
data, 17 de junho, o meu novo livro “NO TEMPO DA LAMPARINA – MEMÓRIAS DE UM
MENINO SERTANEJO” e trabalhava nesse sentido, a fim de conseguir um espaço
adequado que pudesse congregar todos os membros da ACLAME e o público em geral.
Diante das circunstâncias, só nos resta aguardar o que está por vir.
(ARIEVALDO
VIANNA)
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