Arievaldo Viana
Cheguei aos
quarenta e seis
Anos de
minha existência
Pleno de
graça e vivência
Felicidade,
talvez...
Por isso
digo à vocês
Que nunca
estive sozinho:
Dos filhos
tenho o carinho
E os beijos
da companheira
E ao longo
da vida inteira
Tenho Deus
no meu caminho.
Passei
vereda de espinho
Galguei
ladeira tirana
Muita casca
de banana
Puseram no
meu caminho
Porém eu sou
como o vinho
Envelhecido
na adega
Saio melhor
da refrega
Venci com fé
em Jesus
Quem busca a
trilha da Luz
Não cai em
qualquer bodega.
Mas minha
alma sossega
Lembrando do
que plantei
Das sementes
que deixei
Nos momentos
de entrega
Quando Deus
fizer a sega
E ceifar os meus
terrenos
Só tem
pecados pequenos
Não sei
quanto vou pagar
Talvez não
queira cobrar
Muito de
quem peca menos.
Peço sempre
ao Nazareno
Pra me dar
paz e saúde
Ter fé é uma
virtude
O resto é
café pequeno
Neste
momento sereno
De ventos
celestiais
Eu busco
cada vez mais
Sair da
trilha de espinho
E agradecer
o carinho
Dos meus
amigos leais.
Escrito entre 18 e 19 de setembro de 2013
TODA
SODADE É ASSIM
Meu
patrão, eu reconheço
E
sei cuma é caro o preço
De
uma arrescordação...
-
O prazê da mocidade,
Pra
se pagar com sodade...
Hai
muita expiloração!
Às
vez, a gente lucrou-se
De
tão pouco, qui acabou-se
Sem
o gosto do bom senti.
Depois
dos tempos passados
Os
gostos vão ser cobrados
Com
juros – sempre a subi.
As
contas sempre são véia,
Só
é nova a churrutéia
Se
as lembranças vem cobrá.
O
freguês paga tudinho...
Mas,
fica sempre um rabinho,
Pra
conta continuá.
Um
namoro atrás do muro,
Um
passeio no escuro...
Uma
bestêra quarqué.
Só
sei qui na tramunhada,
Tem
uma história embruiada
Na
saia de uma muié.
Patrão,
tô véio e cansado,
Arrescordo
o meu passado...
Num
sô um véio chorão.
Mas
fico desmilinguido
Se
dentro do meu sentido
Passeia
a rescordação.
-
A sodade é buliçosa.
É
renitente. É teimosa,
Num
tem acomodação...
Noite
e dia trabaiando,
Bulindo,
cascaviando,
No
baú do coração.
Vê
minha mãe remendando
Minha
rôpa... Fuxicando...
Eu
junto dela, no chão
Brincando
c’uma boiada
De
osso de panelada...
Sodade
é isso, patrão!
Sodade
é rescordação!
É
dô... É satisfação.
É
estrepe de mel de abeia,
É
luz, qui a gente apagando
Fica
pru dentro, queimando
O
pavio da candeia.
RENATO CALDAS
Por: Rostand
Medeiros
O poeta
Renato Caldas nasceu na cidade de Assú no dia 8 de outubro de 1902, sendo
considerado o maior representante da poesia matuta no Rio Grande do Norte.
Ficou
conhecido como o “poeta das melodias selvagens”, por seus versos apresentarem
de maneira simple e espontânea, para alguns até mesmo rude, mas sempre
original, aspectos do amor, da simplicidade da vida do homem do campo, da
natureza sertaneja e da beleza feminina.
Homem
expansivo, o poeta Renato Caldas era um grande boêmio e um apreciador das
cantigas populares. A sua obra mais conhecida é o livro de poesias “Fulô do
Mato”.