O poeta Paiva Neves publicou esta foto no facebook, retratando sua banca de folhetos no Dragão do Mar. Sem o rato, é claro. Tive a idéia de provocá-lo para um debate, do qual participaram também os poetas Rouxinol do Rinaré e Stélio Torquato:
O RATO VEM E CARREGA
(Reflexões
sobre a Literatura de Cordel)
ARIEVALDO:
Quem vive da
poesia
Tem que
fazer uma entregaEntregar seus sentimentos
Sem entregar o colega
Depois que fizer sonetos
Se agarre com seus folhetos
Senão o rato carrega!
PAIVA NEVES:
Manterei o olho
vivo
Na banquinha
do cordel,Meu amigo menestrel
De versejar criativo
Paiva Neves é cativo
De sua obra e não nega,
Enfrenta qualquer refrega
De dez pés até tercetos
Se agarre com os folhetos
Se não o rato carrega
STÉLIO TORQUATO:
Para que, em
absoluto,
Aniquile-se
o perigo,Importa, meu bom amigo,
Vigiar bem seu produto.
Assim, com olhar astuto,
Não se descuide, colega:
Enquanto um olho sossega,
Vela o outro os livretos.
E se agarre com os folhetos
Se não o rato carrega.
ARI
Aqui em casa
já deu
Uma praga de
cupimUm inseto muito ruim
Por aqui apareceu
E na coleção comeu
Folhetos do meu colega
Depois de grandes refregas
Os matei com carburetos
Se agarre com os folhetos
Se não o rato carrega!
STÉLIO:
A tal praga
de cupim
É realmente
cruel:Ingere livro, cordel
E tudo que é afim.
Voracidade assim
A rataria congrega.
Todo poeta “arrenega”...
Logo, o amigo dos versetos
Deve agarrar os folhetos
Ou vem o rato e carrega.
ARI
O rato não
pesa um quilo
Mas é bicho
interesseiroQuando vê um folheteiro
Agarra logo o ‘João Grilo’
‘Malazartes’, seu pupilo
E ‘Cancão’, seu bom colega
Sendo gatuno ele agrega
Os leva como amuletos
Se agarre com seus folhetos
Senão o rato carrega!
STELIO
Cabras de
todas as partes
Junto a
Paiva estão,Como João Grilo, Cancão
E o tal Pedro Malazartes.
Cuidado com suas artes,
Que a desatenção nos cega.
Quem em bons mares navega
Não tem no armário esqueletos.
Se agarre com seus folhetos
Se não o rato carrega!
ARI
Na cidade de
Iguatu
Eu vendia os
meus cordéisQuando chegou, de revés
Um tremendo guabiru
Mesmo sem trazer tutu
Remexeu minha ‘bodega’
Tudo que vê, logo pega,
Saiu a custa de espetos!
Se agarre com seus folhetos
Se não o rato carrega.
STÉLIO
Encerro,
dupla amada,
Minha ação
nesta peleja,Pois é mister que eu esteja
Em breve em plena estrada.
Volta pra sua morada
Este que a estrada pega.
A lição não desapega
Dos olhos míopes e pretos:
Se agarre com seus folhetos
Senão o rato carrega!
PAIVA
Eu cheguei
nesse momento
Da cidade de
Horizonte, Na estrada tinha um monte
De animal, e um jumento
Lá daquele ajuntamento
Relinchou, me deu esbrega
Dizendo: vê se sossega
Rime lenha com gravetos
Se agarre com os folhetos
Se não o rato carrega.
Hoje o
cordel tá na moda
Ta chovendo
“cordelista”Gente que “parou na pista”
Com uma poética “foda”
Vamos fazer uma poda
Dá nesses tais um “esbrega”
Senão todo esse mal pega
Nos vilarejos e guetos
Segurem bem seus folhetos
Senão o rato carrega!
ARI
É igual
couro de pica
O papangu de
quaresmaEsse poeta-abantesma
Que o verso desmetrifica
Se remenda, pior fica
Entretanto não sossega
Vai na praia, vai no brega
Berrando seus poemetos
Segurem bem seus folhetos
Senão o rato carrega!
ROUXINOL:
Esses ratos
do cordel
Estão tendo
muito espaçoPondo os incautos no laço
Com um versejar infiel
Amarga igualmente o fel
E engana essa gente “cega”
Se essa moda ruim pega
Vou usar mil amuletos
Segurem bem seus folhetos
Senão o rato carrega!
ARI:
Tem poeta
sem respaldo
Metido a
pesquisadorTem cordelista impostor
Que o verso não dá um caldo
Essa semente eu escaldo
E não guardo em minha adega
Porque joio em minha sega
Tem o valor dos gravetos
Segurem bem seus folhetos
Senão o diabo carrega!
* * *
O DIABO VEM E CARREGA
Esta
aconteceu ali pras bandas dos sertões de Madalena, e é coisa bem recente. A
precaução e o bom senso nos mandam omitir o nome dos personagens, mas o caso em
si não pode passar em branco. Tem que ser relatado.
Certo
matuto, filho de um abastado fazendeiro da região, velava o corpo do pai
recém-falecido e se mostrava inconformado com os desígnios divinos, embora o
mesmo já fosse de idade avançada. No auge de suas queixas, saiu-se com esta
pérola:
- Isso é que
é... Tanta gente ruim nesse mundo e não morre. Já o papai, uma pessoa tão boa,
podendo ainda estar vivo, aqui mais nós... O diabo vem e carrega!
Oxente Dílma! Oxente Lula!
ResponderExcluirPor Edcarlos Medeiros/Facebook
Opções para esta história
Abro mão de sediar Copa do Mundo
Pra receber as águas da Transposição!
Sou nascido e criado no Nordeste
Deste solo o meu pé nunca arredei
Tantos sonhos que aqui já realizei
Q’este chão é meu pão e minha veste
Agradeço a Deus porque me deste
O prazer de nascer no meu Sertão
Pois se seca aqui faz rachar o chão
Com a chuva ele fica mais fecundo
Abro mão de sediar Copa do Mundo
Pra receber as águas da Transposição!
Dona Dilma meu povo em ti votou
E em Lula também nós confiamos
A transposição aguçou os nossos planos
Do Nordeste colher o que plantou
Mas a água aqui nunca chegou
E a seca hoje dói no coração
E por isso eu lhe peço, estenda a mão
Que o Sertão tá ficando moribundo
Abro mão de sediar Copa do Mundo
Pra receber as águas da Transposição!
Não estou acusando o seu partido
Nem do lado dos seus adversários
Mas vos peço que sejam solidários
E se unam em prol do prometido
Concretizem, não deixem esquecido
O que disseram no tempo de eleição
Que o Nordeste quer uma solução
Pra não ser do sofrer mais oriundo
Abro mão de sediar Copa do Mundo
Pra receber as águas da Transposição!
Muitas coisas aqui tem melhorado
Neste solo por séculos esquecido
Do progresso o Sertão tá revestido
E apagou muitas mágoas do passado
Mas a seca ainda tem nos torturado
Destruindo a nossa vegetação
O sofrido camponês que é nosso irmão
Vem caindo num desgosto profundo
Abro mão de sediar Copa do Mundo
Pra receber as águas da Transposição!
Sei que a Copa tem sua importância
Que o turismo no Brasil vai aumentar
Mas não deixem a transposição parar
Que esse ato é de extrema relevância
Não entendam ser uma arrogância
Mas se pra Copa tem grana em vastidão
Gaste um pouco aqui no meu torrão
Pois com água o Sertão é mais jucundo
Abro mão de sediar Copa do Mundo
Pra receber as águas da Transposição!
Vinte e oito bilhões já foram gastos
Com a Copa que querem sediar
Muitas obras já estão pra terminar
E a grana a correr em campos vastos
Já estamos cansados dos nefastos
Ideais que atrasam a nação
Vamos todos nos unir em procissão
Pra tiramos do poder o povo imundo
Abro mão de sediar copa do mundo
Pra receber as águas da transposição!
Com a Copa o Brasil já gastou mais
Que a África, Japão e a Alemanha
Os políticos cometeram a façanha
De triplicar os previstos gastos tais
Meu Brasil isso aí já é demais
Num podemos cruzar os braços não
Chegou a hora de fazer revolução
Não podemos descansar um só segundo
Abro mão de sediar copa do mundo
Pra receber as águas da transposição!
ANCHIETA FRANÇA - SÃO JOÃO DO SABUGI/RN
Parabéns Anchieta França. Boa postagem, companheiro.
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