No dia consagrado à SOGRA, o blog ACORDA CORDEL traz um folheto de Leandro Gomes de Barros que é uma verdadeira raridade. Tomei conhecimento desta obra através do livro "Bibliografia prévia de Leandro Gomes de Barros", de Sebastião Nunes Batista, lançado em 1971, pela Biblioteca Nacional. Consegui o texto do folheto graças ao pesquisador José Fernando. Já tinha ouvido algumas estrofes que meu pai sabe de cór. Publicaremos apenas alguns trechos, pois pretendo reeditá-lo em breve na forma de folheto de cordel. A capa é de minha autoria.
TESTAMENTO DE UMA SOGRA
Leandro Gomes de Barros
Eu fico queimando os pés
Quando ouço uma pessoa
Dizer em minha presença
Que a sogra foi, ou é boa,
Porque me traz a lembrança
Da mãe da minha patroa.
Que era morta há dez anos,
E Deus a tenha por lá
Pregada em cêpo de ferro,
Que ela não volte mais cá,
Ainda virada em ouro
Deus a deixe aonde está.
Pois uma sogra enterrada
É uma coisa excelente
Uma feira sem fiscal,
Um senhor d'engenho doente
Um proprietário cego,
É um descanso da gente!
Com especialidade
Uma sogra como a minha
Que quando o diabo ia,
Já ela voltando vinha,
Trazendo na mão direita
A semente da morrinha.
Tendo-se a mulher em casa
E a sogra na sepultura,
Enterrada em massapê,
Com dez palmos de fundura,
O casal vive no céu
Só vê delícia e doçura.
Porém se enterrar a sogra
Em cova que fique rasa,
Ela se vira em cupim
Ou em formiga de asa,
Se entrar na casa do genro
Não há jeito, ele se atrasa.
É esse o medo que tenho,
A minha foi enterrada,
A cova era muito funda
Porém não foi bem socada,
A velha ainda rosna dentro
Em noite de trovoada.
(...)
AGUARDEM! BREVE ESTES FOLHETOS SERÃO REEDITADOS.
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