Chico César se recusa
a patrocinar bandas de forró
estilizado no São João
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
a patrocinar bandas de forró
estilizado no São João
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, reforçou, ontem, a posição do seu secretário de Cultura, o cantor Chico César, de não patrocinar as chamadas "bandas de plástico" nos festejos juninos deste ano. Além de ressaltar que o estado não tem condições financeiras para arcar com as despesas de contratação dessas bandas, o governador salientou que se houver algum recurso disponível será para ajudar na valorização do forró regional, também conhecido como forró pé de serra. A atitude do secretário já tivera o endosso, no "twitter", da primeira dama, Pâmela Bório, que não vê "identidade" nessas bandas.
Chico César entende que além de não refletirem a realidade nordestina, as "bandas de plástico" podem se prestar a irregularidades na prestação de contas por parte de administradores sem maior compromisso com o interesse público. Alertou, igualmente, para a poluição sonora e para o alto custo cobrado pelas referidas bandas.
Ontem, o compositor e secretário advertiu prefeitos que insistirem em buscar financiamento estatal para agremiações musicais de fora que haverá a rescisão de contratos celebrados, supostamente envolvendo a administração estadual.
Por Nonato Guedes, do jornal O Norte
Leia nota oficial divulgada por Chico César:
Tem sido distorcida a minha declaração, como secretário de Cultura, de que o Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição. São muitas as distorções, admitamos. Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Pa raíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava "Zezé, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver".
Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular”.
Secretário de Estado da Cultura – Chico César
DECISÃO DE CHICO CÉSAR REPERCURTE NO CEARÁ
Fonte: JORNAL O POVO (Vida & Arte, 25/04/2011)
No Ceará
No Ceará, onde as festas juninas também geram expectativa no público, o assunto despertou polêmica. “Eu queria saber se ele sabe o que é plástico?”, rebateu o cantor e compositor Dorgival Dantas. Incomodado com as palavras de Chico César, ele preferiu sair em defesa dos artistas. “Inventaram esses apelidos de forró pé-de-serra, forró autêntico. Se não quer convidar uma pessoa para tocar, chama ela de lado e diga que não vai chamar. Pode ter certeza que os músicos que mais sofrem são os que aprenderam a tocar simples. Você conhece alguém que tenha tocado mais simples que Luiz Gonzaga?”, questiona ele, que taxou a atitude do paraibano de “safadeza, falta de atitude, covardia e besteira”.
Já o presidente da Associação Cearense do Forró e proprietário da casa de shows Kukukaya, Walter Medeiros, discorda. “Não é papel do Estado financiar a desconstrução da cultura popular. E o maior financiador destas bandas de plástico é o Governo do Estado do Ceará”. Para ele, o Estado “desconstrói o que tenta construir” quando contrata “bandas que incentivam o machismo, a bebedeira e a prostituição infantil. “Eles inauguram espaços públicos com uma banda que chama as meninas de rapariga. Não entendo porque, até hoje, o movimento de mulheres não se manifestou”.
O sanfoneiro potiguar Dorgival Dantas
sai em defesa das bandas de forró
Parabéns, Chico César. Finalmente, uma autoridade de bom senso toma uma atitude firme e coerente como essa. O exemplo é digno de ser seguido em todo o Nordeste. Temos artistas com talento para animar um São João bem genuíno ou qualquer outro evento, até mesmo nas metrópoles. Essa gente precisa ser contemplada e aplaudida. As "bandas de plástico" já estão passando do limite de sua época - se é que há época adequada a tanto forróruim.
ResponderExcluirMuito lúcida essa declaração do Walter Medeiros, do Kukukaia. O Estado não pode financiar a desconstrução da cultura popular. Nós temos forrozeiros de quilate em plena atividade, tando da velha guarda, quanto da nova geração. Temos aí Flávio José, Amazan, João Gonçalves, Messias Holanda, Dominguinhos. Só coisa boa. O povo já é bombardeado 24 horas por dia pelos paredões de som e pela programação capenga da grande maioria das emissoras de rádio. É um absurdo valorizar essas bandas que incentivam o alcoolismo, a prostituição e o machismo.
ResponderExcluirO poeta KYDELMIR DANTAS, como muitos outros visitantes aqui do blog, queixa-se que não conseguiu postar um comentário por não ter conta nos perfis exigidos. Então vamos lá...
ResponderExcluirAri.
Não consegui postar o comentário... Não tenho nenhuma conta naqueles perfis.
Mas, lái vai:
"Concordamos em gênero, número e grau com o Pedro Paulo e o Walter Medeiros. O que Chico César está fazendo é só a obrigação em defender o dinheiro público, além do respeito aos verdadeiros ícones da nossa Música Popular Nordestina.
Quem quiser fazer festa com bandas de 'forruim', que as faça por conta própria, não por conta do contribuinte.
É só e pronto!
Kydelmir Dantas - Nova Floresta-PB/Mossoró-RN."
Concordo com todos até aqui, mas creio que não basta classificar tais bandas como de "plástico" ou de "forroruim" como se fosse apenas uma questão de preferência musical, variável de acordo com o gosto e a cultura de cada um. É preciso ir além nessa polêmica, dizer que os "sucessos" dessas bandas devem-se a uma mídia comprada e bem paga, tanto de tv como de rádio, cujos veículos deveriam, como concessões públicas, zelar pela qualidade e a cultura popular genuína, e não atuar como balcões de negócios. É preciso também denunciar que a maioria esmagadora das "músicas" massificadas pela mídia são fruto de plágios grosseiros que, de tão ruins, ninguém reclama entre si, pois tudo é quase uma m... só. Em resumo, essa indústria do forró de plástico envolve altos interesses financeiros, principalmente de veículos de comunicação que estão dominados por esse tipo de atração, além de casas de show, produtoras de cd etc., que sobrevivem exclusivamente desse lixo cultural. Eis porque combater essa indústria não é nada fácil, mas revelar como ela funciona e impedir seu financiamento pelo Estado já é um bom começo. Parabéns Chico César, Walter, Waldonis etc.
ResponderExcluirSOUSA JÚNIOR - Fortaleza-CE.
Parabéns ao secretário de Estado da Cultura CHICO CÉSAR. Já estava na hora de alguém da cultura nordestina ter essa postura, não se trata de besteira, nem safadeza e sim de uma belíssima atitude. As festas juninas são para mim as melhores festas do ano e lamento por a cidade de Fortaleza-CE não ter festas juninas como eu vejo pela TV em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e tive o prazer de conhecer pessoalmente as festas juninas de Campina Grande, com trios e grupos de forró pé de serra tocando xote, baião mas festas fechadas com bandas de forró com suas músicas que nada tem haver com a tradição musical nordestina e com o período junino. O autêntico forró e forró pé de serra ao meu ver não foi simplesmente inventado, suas músicas são compostas com inspiração poética e com autenticidade. Estou na torcida para que os artistas que fazem parte do autêntico forró, possam participar cada vez mais das festas populares e todos os eventos que são pagas com o dinheiro público.
ResponderExcluirADRIANA GOIS - Fortaleza-CE
Eu apoio o Chico!!! Essas bandas de forró de plástico não fazem música de verdade e sim zuada! Vamos todos divulgar e apoiar o Chico Cesar na sua bela atitude, assim consiguiremos que o autentico forró seja preservado e valorizado no Nordeste e no Brasil, e tanto no nosso São João como em qualquer data!!!
ResponderExcluirTheresa Rachel - Fortaleza, CE
uma juventude que vaia sivuca,está muito mal informada,parabens ao secretario chico cesar.
ResponderExcluirrespeito a preferencia musical de tds,musical,nao porcaria,valeu chico cesar!!!!
meu nome e itamar de sousa.
Não vejo nobreza nenhuma neste ato!
ResponderExcluirO dito Forro de Plástico faz parte de uma estrutura chamada indústria cultural!
Que desde que o mundo é mundo, vem transformando expressões artísticas populares em produtos! $$$$ A mesma estrutura que o secretário de Estado da Cultura CHICO CÉSAR, se beneficiou quando fez parte de novelas globais! com suas musicas.
Concordo com a decisão do então Secretário de Cultura e com todos acima que se indignam com a descaracterização dos festejos juninos ao se patrocinar a custo público bandas que já têm seu futuro garantido praticamente porque me termos culturais, quem irá lembrar lá na frente que em épocas de grande mídia massificante, de Dominguinhos, Banda de Pífanos (todas), Cristina Amaral e dentre tantos outros mestres e lutadores incansáveis em manter viva e acesa a verdadeira cultura nordestina. Se não nos indignarmos amigos do nordeste de do Brasil afora quem irá indagar o que nesse país principalmente quando temos um mídia a serviço sim de interesses fincaneiros das grandes bandas emquanto que o artista popular vive sobrevivendo de esmola. Fica o recado.
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