CORDEL DA SEMANA

Moreira, Arievaldo e Rouxinol do Rinaré

 MEU DESEJO

Poema de Moreira de Acopiara

Desejo que você ria
Até seu rosto doer,
Que vivencie a alegria
De na vida surpreender.
Que tenha noites tranquilas,
Supermercados sem filas,
Tempo para passear...
Que receba muitas cartas,
Tenha sempre mesas fartas
E segurança no lar.

Desejo que você ande
Por uma estrada bonita,
Que dirija um carro grande,
Nunca encontre gente aflita,
Que escute lindas canções,
Que viva grandes paixões,
Engate boas conversas,
Tome bons banhos de espuma,
Não sinta raiva nenhuma
Nem ouça falsas promessas.

Desejo que você possa
Andar por aí a esmo,
Que nunca fique na fossa,
Que ria de você mesmo,
Que tenha amigos... E que
Só falem bem de você!
Que encare grandes campanhas,
Conheça novas paragens,
Contemple belas paisagens
E fotografe as montanhas.

Que descubra que o amor
É eterno e incondicional.
Desejo que passe por
Uma fase especial,
Com valorosas presenças.
Que as naturais desavenças
Não passem de coisa à toa.
Que supere os desafios
E que tenha calafrios
Ao ver aquela pessoa.

Que dancem na sua frente,
Que brinquem com os seus cabelos,
Que apareçam de repente,
Que cocem seus tornozelos...
Que num clima bom de festa
Alguém beije a sua testa
Como jamais se beijou.
Que seu bem nunca lhe esqueça!
Se esquecer, erga a cabeça
E esqueça o que já passou.

Abrace quem você ama,
Suporte os que em nada ajudam,
Descubra, sem fazer drama,
Que muitas coisas não mudam.
Não desperdice energia
E viva sempre a magia
De andar de cabeça erguida.
Como você é, aceite.
E, finalmente, aproveite
As coisas boas da vida.

Moreira de Acopiara

Natural da cidade de Acopiara, do interior do Ceará, Moreira de Acopiara é o nome artístico de Manoel Moreira Júnior. O rádio e o cordel eram, na infância dele, os únicos meios de informação. Naquela época, os poemas eram feito na capital cearense e depois vendidos no interior. Autodidata, Moreira aprendeu a ler e a escrever por meio desses textos. “Eu me alfabetizei com o cordel e me apaixonei pela poesia.”

Os versos iniciais foram criados aos 15 anos, mas o primeiro cordel foi publicado apenas dez anos depois. Hoje, o autor já acumula mais de 100 folhetins. “Fazer cordel é fácil, difícil é ter um bom tema”, ressalta, lembrando que antigamente eram abordados assuntos populares, como a trajetória de Lampião. Hoje, os versos tratam de atualidades, muitas vezes com um tom crítico.