A figura lendária de Lampião fascinava Luiz Gonzaga desde a infância. Em meados da década de 1920, quando o Rei do Cangaço passou com seu bando pela Serra do Araripe rumo a Juazeiro do Norte, o futuro Rei do Baião desejou ardentemente conhecer o temível bandoleiro e, quem sabe, tocar algumas músicas para a cabroeira dançar. O velho Januário, mais sensato e comedido, resolveu ouvir os apelos de Santana e foi se refugiar no mato com a família, com medo dos cangaceiros. Outras famílias fizeram o mesmo.
Se estabeleceram sob uns pés de oiticica, fizeram um foguinho de trempe para cozinhar o feijão e esquentar o café, enquanto as coisas se acalmassem. O que aconteceu a seguir, eu descrevo em cordel, trechos de um livro que acabo de lançar pela coleção “Do Nordeste para o mundo”, coordenada por Arlene Holanda, intitulado “Luiz Gonzaga, o embaixador do sertão”. A obra, vencedora de um prêmio literário promovido pela Secult, acaba de ser lançada pela Editora Íris.
O EMBAIXADOR DO SERTÃO (trechos)
Certa feita Lampião
Passou lá no povoado
O povo da região
Ficou muito apavorado,
Seguia pra Juazeiro
O cangaceiro afamado.
Passou lá no povoado
O povo da região
Ficou muito apavorado,
Seguia pra Juazeiro
O cangaceiro afamado.
As famílias se esconderam
Com medo de Lampião
Januário e sua gente
Arrumaram o matulão
E foram se esconder
Sob um pé de “sombrião”.
Com medo de Lampião
Januário e sua gente
Arrumaram o matulão
E foram se esconder
Sob um pé de “sombrião”.
Passados então dois dias
O Gonzaga disse assim
Eu vou lá no povoado
Ver se a coisa está ruim
Eu vou e volto escondido
Podem confiar em mim.
O Gonzaga disse assim
Eu vou lá no povoado
Ver se a coisa está ruim
Eu vou e volto escondido
Podem confiar em mim.
Nisto o velho Januário
Que admirava a coragem
Lhe disse: – Vá com cuidado
Pela margem da rodagem
Observe o movimento
E faça breve viagem.
Que admirava a coragem
Lhe disse: – Vá com cuidado
Pela margem da rodagem
Observe o movimento
E faça breve viagem.
Luiz foi, observou,
Lampião tinha saído,
Ele que era travesso
Um molequinho enxerido
Voltou em grande carreira
Fazendo um grande alarido:
Lampião tinha saído,
Ele que era travesso
Um molequinho enxerido
Voltou em grande carreira
Fazendo um grande alarido:
- Corre gente! Corre tudo
Que Lampião vem chegando!!!
Com mais de cinqüenta cabras
Já vem se aproximando!
Foi enorme a correria
E a meninada chorando.
Que Lampião vem chegando!!!
Com mais de cinqüenta cabras
Já vem se aproximando!
Foi enorme a correria
E a meninada chorando.
A rir dessa confusão
Gonzaga então começou;
Mas o velho Januário
Daquilo desconfiou
E devido a brincadeira
Um castigo ele levou.
Gonzaga então começou;
Mas o velho Januário
Daquilo desconfiou
E devido a brincadeira
Um castigo ele levou.
Foi uma surra e tanto, conforme o próprio Gonzaga declarou mais tarde ao escritor Sinval Sá, autor de “O sanfoneiro do Riacho da Brígida”, a primeira biografia do ‘Lua’, publicada em Fortaleza em 1966.
O CANGAÇO DITA A MODA – A roupa dos cangaceiros, aqueles chapéus de couro vistosos, cheios de medalhas e penduricalhos era o que mais fascinava o menino Gonzaga. Por isso, depois de consolidar sua música e projetar-se em todo o Brasil, Luiz Gonzaga cismou de se apresentar na Rádio Nacional vestido de cangaceiro, o que lhe valeu uma séria advertência do diretor Floriano Faissal. Advertência não, proibição sumária.
Mas Gonzaga era teimoso e continuou usando o seu chapéu de cangaceiro nas capas dos discos, nas fotos promocionais e em tudo que era show onde se apresentava. Sua persistência prevaleceu e o figurino incorporado por ele passou a ser imitado por quase todos os cantores do gênero que surgiram nas décadas de 1950 a 1970.
* * *
VER POSTAGEM COMPLETA NA COLUNA
MALA DA COBRA, no jornal da BESTA FUBANA:
Levando em consideração que a primeira edição d' O EMBAIXADOR DO SERTÃO teve uma tiragem muito limitada (apenas mil exemplares) sairá em breve a segunda edição revista e muito ampliada por uma grande editora do Sudeste. Na verdade, a quantidade de estrofes praticamente dobrou, além de termos feito alguns acrescimos em prosa. As ilustrações da nova edição são do pernambucano JÔ OLIVEIRA.
ResponderExcluirATENÇÃO: Já está nas melhores livrarias do país o livro O REI DO BAIÃO - DO NORDESTE PARA O MUNDO, biografia em cordel de Luiz Gonzaga, com versos de Arievaldo Viana e ilustrações de Jô Oliveira. Lançamento da editora PLANETA JOVEM.
ResponderExcluirMaiores informações: acordacordel@ig.com.br
muito massa!!!
ResponderExcluirGalera ver se esse ta bom e de serra talhada/pe:
ResponderExcluirSerra talhada que antes foi villa bella
foi enucipada serra talhada agora e ela
banhada pelo rio pajeu
que decse de serra abaixo
lugar de gente simples
mas tabem de cabra macho.
muito gostoso de se ler
ResponderExcluirgalera valeu a pena ler esse poema de lampião e luiz gonzaga
ResponderExcluirBelas obras seus cordéis poeta Arievaldo Viana, tu és gigante pela própria arte!
ResponderExcluirObrigado a todos pela visita e pelas palavras de incentivo. Informo que acabo de lançar a BIOGRAFIA DE LEANDRO GOMES DE BARROS. Posso enviá-la pelo correio para qualquer parte do Brasil. Maiores informações: acordacordel@hotmail.com
ResponderExcluirVou responder_lhes à altura
ResponderExcluirgosto muito de prosa e verso
de cachaça e de muié,sou um
kabra forrozeiro.
Queria ser artista,mas sou um
humilde motorista,deixo aqui
meus parabéns ao fantástico
trabalho de poeta e romancistas.
Dois nordestinos famosos
ResponderExcluirTão fortes como um rochedo
Nascidos em Pernambuco
Suas vidas dão um enredo
Eu falo e ninguém contesta
Gonzagão fazia festa
Lampião fazia medo