Stand da editora IMEPH, Bienal do Livro de São Paulo 2018
Lançamento do livro "A História dos Novos Baianos em Cordel", com Rouxinol
do Rinaré, Lucinda Azevedo, Antonio Francisco e Crispiniano Neto.
Morre aos 72 anos cantor baiano
Moraes Moreira
Moraes era membro da
Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC. Ele estava na casa no Rio
de Janeiro e faleceu durante o sono
O cantor baiano Moraes Moreira
morreu nesta segunda-feira (13) no Rio de Janeiro. Segundo o Blog do Marrom, o
também cantor e compositor Paulinho Boca de Cantor confirmou a informação.
Muito emocionado, Paulinho mal conseguia falar e contou que ele faleceu durante
o sono.
A causa da morte de Moraes ainda
não foi informada. Também não há informação sobre quando e onde será o
sepultamento.
(Foto: Divulgação)
Nascido Antônio Carlos Moreira
Pires na cidade de Ituaçu, Moraes começou a carreira tocando safona em festas
de São João. Na adolescência, aprendeu a tocar violão enquanto estudava em
Caculé. Depois, se mudou para Salvador e conheceu Tom Zé. Formou com Baby Consuelo,
Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão os Novos Baianos, ficando
com o grupo de 1969 até 1975.
Com Luiz Galvão, compôs a maioria
das canções do grupo, que é responsável por um dos discos mais icônicos da
música brasileira, Acabou Chorare, de 1972. O disco foi eleito o melhor da
música nacional pela edição brasileira da Rolling Stone em 2007.
"Obra-prima dos Novos Baianos, Acabou Chorare nasceu do choque entre o
grupo e João Gilberto (engana-se quem imagina que a influência musical foi
unilateral. Vale ouvir João Gilberto, o 47º colocado desta mesma lista, e
perceber imediatamente que se trata do outro lado de uma mesma moeda.) Depois
de um primeiro disco semitropicalista, um tanto psicodélico e essencialmente
roqueiro gravado em São Paulo (É Ferro na Boneca, de 1970), a trupe se mudou de
mala e cuia para o Rio de Janeiro e por lá se instalou", diz trecho da
matéria.
Em 2012 Moraes gravou o disco A
Revolta dos Ritmos, que trazia 12 composições inéditas dele. Paralelo ao novo
CD, Moraes viajou pelo Brasil, ao lado do seu filho Davi Moraes, com uma turnê
comemorando os 40 anos de Acabou Chorare.
Em 2016, foi a vez de fazer uma
turnê comemorativa com os Novos Baianos. Depois de 17 anos, Moraes, Baby do
Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão se reencontram para
a nova turnê, batizada com nome do disco mais famoso do grupo.
Moraes foi o primeiro artista a
cantar num trio elétrico no Carnaval, junto com
o Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar. A partir daí, seus frevos
‘trieletrizados’, como ele denominava, passaram a ser marca registrada do nosso
Carnaval: Pombo Correio, Chame Gente, Eu Sou o Carnaval, entre outros.
O cantor foi homenageado pelo
Carnaval de Salvador em 2017, ao completar sete décadas de vida. Naquele ano, o
trio dele teve um problema na embreagem que atrasou bastante a saída. Mas o
público se manteve fiel, esperando Moraes, que estava acompanhado do filho
Davi.
Último trabalho do artista foi fortemente influenciado pela Literatura de Cordel
“Tentaram melar meu baba, mas não conseguiram.
O povo baiano viu que eu estava lá com minha história, meu repertório, com Davi
Moraes, a banda e uma equipe dedicada”, comentou o cantor ao CORREIO.
“Nossas canções resistiram a tudo e a todos,
dando mostras de que vieram para ficar. Passada a euforia dos sucessos
imediatos, elas ressurgem gloriosas, no gogó dos foliões, inteiras e renovadas pela
juventude. Reforçam assim um conceito que tenho: um bom Carnaval se faz com
passado, presente e futuro”, analisou.
Moraes Moreira em visita à ABLC - Academia Brasileira de Literatura de Cordel
Na última entrevista concedida,
ao jornal O Globo, publicada há menos de duas semanas, Moraes criticou Baby do
Brasil. O motivo da desavença foi o espetáculo musical que conta a história dos
Novos Baianos, com direção de Otávio Muller e direção musical de Pedro Baby,
filho dela, e Davi, filho do cantor. Moraes afirmou que Baby queria um
espetáculo que "fosse evangélico" e ignorasse o uso de drogas por
parte dos Novos Baianos. Hoje evangélica, a cantora afirmou que a peça é
"ficção".
Moraes se irritou. "Dizer
que o musical não retrata os Novos Baianos é uma mentira deslavada. Baby queria
que o espetáculo fosse evangélico. Que não dissesse que fumou maconha, que
tomou ácido, que fez tudo. Assim, os Novos Baianos não seriam revolucionários.
João Gilberto deve estar se mexendo na sepultura. Porque o nosso grupo fumou,
sim, tomou ácido, sim, fez músicas maravilhosas em estado de fumar maconha,
sim. A gente fazia música de inclusive pra ela. As canções dela que fizeram
sucesso, como "A menina dança", "Tinindo, trincando",
"Os pingos da chuva" e tantas outras, foram feitas na onda, porque naquele
tempo a onda era essa", afirmou.
Ele disse ter adorado o
espetáculo e aproveitou para fazer uma crítica política ao momento do Brasil.
"Vamos parar de mentir em nome de Deus! Éramos fãs de Jimi Hendrix, Janis
Joplin. Estávamos afinados com a geração daquele tempo. Será que os Beatles
fariam músicas tão lindas se não tivessem tomado ácido? Não morremos de
overdose porque a gente era esperto, malandro, seguramos a barra. Isso é preconceito
de evangélico. Vai votar em Bolsonaro!".
Durante a quarentena, no mês
passado, Moraes escreveu um cordel. Falava da covid-19, mas também do medo da
violência e no final faz uma referência a Marielle Franco, vereadora do Rio de
Janeiro assassinada em 2018.
Fonte: Jornal CORREIO da Bahia
A história dos Novos Baianos em Cordel,
lançamento Editora IMEPH
MORAES MOREIRA FEZ CORDEL SOBRE O CORONAVÍRUS
Quarentena (Moraes
Moreira)
Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo,nem idade
***
E assim perdemos mais um ídolo ‼😥😥
ResponderExcluirMoraes Moreira,Presente!
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