ENCANTOU-SE O POETA LOURO BRANCO
O MAIOR HUMORISTA DA CANTORIA
Acabam de informar, pelas redes sociais, o
falecimento do grande poeta LOURO BRANCO, repentista genial e cancioneiro dos
mais inspirados.
Francisco Maia de Queiroz, o popular Louro Branco,
Poeta, repentista e compositor, nasceu dia 02 de Setembro de 1943, na Vila
Feiticeiro no município de Jaguaribe - CE. Foi pescador, agricultor e vendedor
ambulante. Começou a cantar aos 12 anos de idade.
Cantou em vinte estados do Brasil, com todos os
maiores cantadores do Nordeste, participou em mais de 400 festivais, tem ao
todo mais de 700 composições. Esteve também em Portugal, fazendo dupla com o poeta cearense Geraldo Amâncio, um de seus maiores admiradores.
Louro Branco publicou dois livros: A Natureza Falando, e Da Casca Até o Miolo.
Casado com Maria Gomes de Souza Queiroz, o casal
teve uma prole de seis filhos.
HUMORISTA NATO. O poeta Paulo de Tarso, admirador da cantoria e fã de Louro Branco costuma memorizar e declamar estrofes engraçadas do poeta. Segundo ele, Louro Branco disse essa estrofe numa cantoria, quando Valdir Teles o criticou por ter mudado de religião:
Abaixo um poema de LOURO BRANCO que era o predileto do meu saudoso amigo Ribamar Lopes:
HUMORISTA NATO. O poeta Paulo de Tarso, admirador da cantoria e fã de Louro Branco costuma memorizar e declamar estrofes engraçadas do poeta. Segundo ele, Louro Branco disse essa estrofe numa cantoria, quando Valdir Teles o criticou por ter mudado de religião:
Valdir vive criticando
Porque agora eu sou crente
E tá dizendo às mulheres
Que eu fiquei impotente...
Quem diabo disse a Valdir
Que Bíblia capava gente?
VEJAM A SEGUIR, mensagem do poeta GERALDO AMÂNCIO,
um de seus parceiros mais freqüentes, publicada hoje no facebook:
“A CANTORIA ESTÁ DE LUTO
Há poucos minutos recebi a triste notícia do
falecimento do repentista Louro Branco. Com ele a cantoria perde a graça, o
humor, o raciocínio a jato e a inteligência maior do improviso.
Louro Branco incontestavelmente foi o maior
repentista dos últimos anos. Aliás ele era o único grande repentista vivo.
Nos últimos cinquenta anos não surgiu nenhum grande
repentista. Temos grandes cantadores, porém a safra de grandes repentistas se
extingue com a morte de Louro Branco.
Foi sempre muito injustiçado nos julgamentos dos
festivais de improviso. Eu acompanhei e testemunhei essas injustiças.
De forma que participei de um grande festival
fazendo dupla com ele, no marco zero em Recife e tiramos primeiro lugar,
ganhando dos famosos medalhões da viola. Quando deram o resultado eu chorei de
emoção, não por mim mas, por ele, que dificilmente era colocado no lugar que
merecia.
Quando o cineasta Rosemberg Cariri foi fazer o filme
sobre o cego Aderaldo, me convidou para fazer o papel principal e eu pedi que
ele convidasse o poeta Louro Brando e botasse em meu lugar. Ele perguntou por
que e eu disse que Louro Branco era extraordinário e não tinha o espaço
merecido, e à mim Deus já me Deu muitas graças. Tomo o próprio Rosemberg por
testemunha. Se eu não falar isso ninguém fala.
LOURO PELAS RIMAS CERTAS
IRÁ ENCONTRAR COM ZELO
UM CÉU DE PORTAS ABERTAS
E CRISTO PRA RECEBÊ-LO."
IRÁ ENCONTRAR COM ZELO
UM CÉU DE PORTAS ABERTAS
E CRISTO PRA RECEBÊ-LO."
Abaixo um poema de LOURO BRANCO que era o predileto do meu saudoso amigo Ribamar Lopes:
O CASAMENTO
DOS VELHOS
Tem certas
coisas no mundo
Que eu morro
e num acredito
Mas essa eu
conto de certo
Dum
casamento bonito
De um viúvo
e uma viúva
Bodoquinha
Papaúva
E Tributino
Sibito
O véio de
oitenta ano
Virado num
estopô
A véia
setenta e nove
Maluca por
um amor
Os dois
atrás de esquentar
Começaram a
namorar
Porque um
doido ajeitou
Um dia o
véio comprou
Um corpete
pra bodoquinha
Quando a
véia foi vestir
Nem deu
certo, coitadinha
De raiva
quase se lasca
Que o
corpete tinha as casca
Mas os miolo
num tinha
No dia três
de abril
Vêi o
tocador Zé Bento
Mataram
trinta preá
Selaram
oitenta jumento
Tributino e
Bodoquinha
Sairam de
manhazinha
Pra cuidar
do casamento
O veião saiu
vexado
Foi se
arranchar na cidade
Mandaram
chamar depressa
Naquela
oportunidade
O veião
chegou de choto
Inda deu
catorze arroto
Que quase
embebeda o padre
O padre ai
perguntô:
Seu
Tributino, o que pensa,
Quer receber
Bodoquinha
Sua esposa,
pela crença?
O veião dixe:
eu aceito
Tô tão
vexado dum jeito
Chega tô sem
paciência
E preguntô a
Bodoquinha:
Se aceitar
esclareça
A véia lhe
arrespondeu
Dando um
jeitim na cabeça
Aceito de
coração
Tô cum tanta
precisão
Tô doida que
já anoiteça
Casaram,
foram pra casa
Comeram de
fazer medo
Conversaram
duas horas
Uns assuntos
duns segredo
E Bodoquinha
dixe: agora,
Meu pessoá,
vão embora
Que eu quero
drumi mais cedo
O véi vestiu
um pijama
Ficou vê uma
raposa
A véia de
camisola
Dixe: óia
aqui sua esposa
Cuma é, vai
ou num vai?
O veião
dixe: ai, ai, ai
Já tá me
dando umas coisa
A véia dixe
me arroche
Cuma se novo
nóis fosse
O véio dixe:
ê minha véia
Acabou-se o
que era doce
A véia dixe:
é assim?
Então se vai
dar certim
Que aqui
também apagou-se
Inda tomaram
uns remédio
Mas num deu
jeito ao enguiço
De noite a
véia dizia:
Mas meu véi,
que diabo é isso?
Vamo vendê
essa cama
Nóis sempre
demo na lama
Ninguém
precisa mais disso
A véia dixe:
isso é triste
Mas esse
assunto eu esbarro
Eu já bati o
motor
Meu véi
estrompou o carro
Ê, meu veião
Tributino
Nóis dois só
tem um menino
Se a gente fizer de barro.
Se a gente fizer de barro.
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