Jô Oliveira, Arievaldo Viana, a Patrona da Feira Jane Tutikian, presidente da CORAG, Homero Paim e Secretário Estadual da Cultura do RS, Luiz Antonio de Assis Brasil
Diversas autoridades prestigiaram o Coquetel de Lançamento dos Casos de Romualdo
Eis algumas fotos do lançamento e de outros momentos que vivenciamos na Feira de Porto Alegre.
QUINTA DE SÃO ROMUALDO
Dia 03 de novembro, aconteceu o tão esperado lançamento dos CASOS DE ROMUALDO EM CORDEL durante o coquetel da Editora CORAG. Em toda a minha carreira como escritor eu nunca havia me sentido tão prestigiado... Estavam presentes o Governador Tarso Genro e a Primeira-Dama do Estado Sandra Genro; o presidente da CORAG, Homero Paim; Luiz Antonio de Assis Brasil, Secretário Estadual da Cultura (e mais tres secretários de Estado), o conselheiro do Instituto João Simões Lopes Neto, Sr. Fausto, a Patrona da 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, Jane Tutikian e outras autoridades.
Meu parceiro Jô Oliveira, emocionado com a calorosa acolhida, disse que o Nordeste faz fronteira (emocional e cultural) com o Rio Grande do Sul, apesar da distância geográfica e citou, com muita razão, o apego dos gaúchos pelas suas tradições culturais, caso que também se verifica em Pernambuco, seu estado natal e em todo o Nordeste.
Além dos livretos "Quinta de São Romualdo" e "Romualdo entre os bugios" foram lançados também o Estatuto do Idoso e o Estatuto da Criança e do Adolescente em cordel.
Jane Tutikian, patrona da feira, nos brindou com esse texto maravilhoso:
"E, então, o cordel se faz integração nacional! A aventura do poeta em busca de melhor sorte fez com que ganhasse o oco do mundo, e passou pelos estados do Nordeste, pelo Sudeste, e pelo Sul, até chegar ao Rio Grande, que, de repente, virou seu norte.
É que, aqui, através de um guri, o mestre Simões Lopes Neto lhe oferece os Casos de Romualdo, autografado e tudo, e pede, por um bilhete, que os transforme em cordel. E o menestrel Arievaldo - "bom poeta e escritor / um dote que recebi / das mãos do meu Criador" cumpre o desafio com "Romualdo entre os bugios" e "Quinta de São Romualdo".
A história dentro da história salta aos nossos olhos de leitor desacostumado e se faz ponte e puro encantamento. Nos oferece a mão dos irmãos nordestinos e, juntos, caminhamos pelo poema: dessas magias instantaneas que só a literatura nos pode proporcionar."
Eis algumas fotos do lançamento e de outros momentos que vivenciamos na Feira de Porto Alegre.
QUINTA DE SÃO ROMUALDO
(Casos de Romualdo em Cordel)
Arievaldo Viana / Ilustrações: Jô Oliveira
“Compre chácara quem quiser;
Eu, por mim, não quero mais...
Quando eu me lembro de uma
Que comprei, tempos atrás,
Acho que ela chegou-me
Por arte do Satanás!
Eu que andava cansado
De viagens e caçadas
Desejando repousar
Meti-me em trapalhadas
Quando comprei essa quinta
Que só me causou ciladas.
Foi barata, uma pechincha,
E tinha muito arvoredo,
Eu fui logo tomar posse
No outro dia bem cedo
Querendo plantar abóboras
Meti-me num grande enredo.
As sementes das abóboras
Seriam utilizadas
Pra combater solitárias
Que são mui apropriadas;
Com a massa, certamente,
Eu faria “goiabadas”.
Já calculava o meu lucro
Porque nunca fui beócio
Entrei de pé e cabeça
E nem precisei de sócio,
Plantar abóbora e vender
Eis aqui um bom negócio.
Quinze sacos de sementes
No outro dia eu comprei
Revirei as minhas terras
Num instante eu semeei
E pela bela lavoura
Paciente eu esperei.
Um mês depois, que desgraça
Veja só como é que pode;
O vendedor das sementes
Quis me levar a pagode
Porque no roçado inteiro
Só tinha... barba-de-bode!
Com o vendedor eu briguei
E o mesmo se desculpou
Disse que a encomenda
Um empregado trocou
A abóbora foi pra outro
Que o capim encomendou.
O outro gostou da troca
Pois não reclamou de nada
Fez por lá a sua horta
Com a semente trocada,
Uma segunda remessa
Já estava encomendada.
Fiquei mesmo muito bravo
Não gostei da explicação
Pra acabar barba-de-bode
Só tinha uma solução:
Soltar preás no roçado
Pra acabar com a plantação.
Comecei comprar preás
Era a torto e a direito
De toda parte chegavam
E eu estava satisfeito
Porque aonde eu soltava
Os bichos comiam um eito!
Duas semanas depois
A coisa logo mudou
O capim barba-de-bode
Com pouco tempo acabou
E o lote de preás
Outra lavoura atacou.
Comeram a roça de milho
E o plantio de feijão
Treparam até nas fruteiras
Foi uma devastação;
Para acabar com preás
O gato é o campeão!
Gatos de todas as cores
E raças logo eu comprei
Mais de trezentos bichanos
Em pouco tempo eu juntei
E na roça dos preás
No mesmo dia eu soltei.
Tinha bichano mourisco
Gato Angorá e siamês
Pé-duro velho e guloso
Eu contei setenta e três
Levei o bando pra roça
Soltei todos de uma vez.
Tinha filhotes pequenos
Gato grande e gato médio
Deram conta do recado
Foi mesmo um santo remédio;
Quando os preás acabaram
Quase que morrem de tédio.
(...)
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