Ontem, 7 de setembro, fez 142 anos do nascimento do poeta João Melchiades Ferreira da Silva, cognominado O cantor da Borborema, autor do célebre romance “O valente Zé Garcia”, meu patrono na Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Em 2007, após publicar uma postagem sobre João Melchíades, tive a grata surpresa de receber um e-mail de seu bisneto Vladimir Melo, trazendo alguns esclarecimentos importantes sobre a vida e a obra do grande cordelista. Eis o teor da correspondência:
Olá Arievaldo,
Soube pela minha mãe que meu bisavô João Melchíades Ferreira da Silva teve quatro filhos. O mais velho, Fausto, morreu ainda criança, mas não sei exatamente como. A mais velha depois dele era Amélia, que se casou e foi morar no Rio de Janeiro e sempre se correspondia com a minha avó. A seguir vinha Gervásio, que foi morar em Recife e era médico sanitarista. Minha avó contou à minha mãe que ele engravidou uma namorada, casou-se com ela.
Gervásio morreu relativamente jovem. Depois de Gervásio, havia a quarta filha, a caçula Santina (Dona Santa, como ficou conhecida).
Ela se casou com um coronel da polícia militar, Ascendino Clementino de Araújo, e teve doze filhos. Uma filha morreu ainda criança de leucemia. Dos filhos de João Melchíades, Santina foi a que viveu mais. Faleceu há aproximadamente três anos quando tinha 93 anos de idade. Os onze filhos de Santina estão vivos e espalhados por João Pessoa, Recife, São Paulo e Brasília.
Eu me lembro que a minha avó era professora e tinha uma ótima caligrafia. Minha mãe contou que o meu bisavô não tinha letra bonita e pedia à filha Santina que passasse a limpo os seus escritos. Minha avó negou até o fim da vida que tivesse intencionalmente vendido os direitos autorais da obra de João Melchíades. Alegou nunca ter recebido nada e que apenas concordou com a publicação dos cordéis. Os filhos dela entendem que ela foi enganada e não reconhecem aquele ato como uma venda legítima e consciente.
Na realidade, minha mãe não tem mais o nome Melchíades desde que casou, mas pelo que observo no nome dos meus primos (e acredito que a partir da geração da minha mãe), o Melchíades já não tem mais o "ch", passou a ser escrito com "qu" (Melquíades). Acredito (quase certeza) que minha mãe seja a quarta mais velha e forneceu estas informações com bastante boa vontade.
Olá Arievaldo,
Soube pela minha mãe que meu bisavô João Melchíades Ferreira da Silva teve quatro filhos. O mais velho, Fausto, morreu ainda criança, mas não sei exatamente como. A mais velha depois dele era Amélia, que se casou e foi morar no Rio de Janeiro e sempre se correspondia com a minha avó. A seguir vinha Gervásio, que foi morar em Recife e era médico sanitarista. Minha avó contou à minha mãe que ele engravidou uma namorada, casou-se com ela.
Gervásio morreu relativamente jovem. Depois de Gervásio, havia a quarta filha, a caçula Santina (Dona Santa, como ficou conhecida).
Ela se casou com um coronel da polícia militar, Ascendino Clementino de Araújo, e teve doze filhos. Uma filha morreu ainda criança de leucemia. Dos filhos de João Melchíades, Santina foi a que viveu mais. Faleceu há aproximadamente três anos quando tinha 93 anos de idade. Os onze filhos de Santina estão vivos e espalhados por João Pessoa, Recife, São Paulo e Brasília.
Eu me lembro que a minha avó era professora e tinha uma ótima caligrafia. Minha mãe contou que o meu bisavô não tinha letra bonita e pedia à filha Santina que passasse a limpo os seus escritos. Minha avó negou até o fim da vida que tivesse intencionalmente vendido os direitos autorais da obra de João Melchíades. Alegou nunca ter recebido nada e que apenas concordou com a publicação dos cordéis. Os filhos dela entendem que ela foi enganada e não reconhecem aquele ato como uma venda legítima e consciente.
Na realidade, minha mãe não tem mais o nome Melchíades desde que casou, mas pelo que observo no nome dos meus primos (e acredito que a partir da geração da minha mãe), o Melchíades já não tem mais o "ch", passou a ser escrito com "qu" (Melquíades). Acredito (quase certeza) que minha mãe seja a quarta mais velha e forneceu estas informações com bastante boa vontade.
Abraço,
Vladimir Melo
(Bisneto de João Melchiades)
BIOGRAFIA
JOÃO MELCHÍADES FERREIRA DA SILVA, O Cantor da Borborema –
Famoso cantador e repentista. Nasceu no dia 7 de setembro de 1869, no município de Bananeiras, Paraíba. Participou das campanhas de Canudos, em 1897, e do Acre, em 1903. É personagem do livro “A Pedra do Reino”, de Ariano Suassuna, onde aparece como padrinho de Quaderna. Suas histórias mais conhecidas são: Combate de José Colatino com o Carranca do Piauí; Combate de São Pedro com Lutero, Pai dos Protestantes; Romance do Pavão Misterioso (escrito inicialmente por José Camelo de Melo Resende); História de Juvenal e Leopoldina; As Quatro Órfãs de Portugal, ou O Valor da Honestidade; Roldão no Leão de Ouro, entre muitas outras.
Nesta pintura a óleo, de autoria de Flávio Tavares, vemos o Cantor da Borborema e a capa do polêmico folheto "Romance do Pavão Misterioso".
João Melchíades faleceu em 10 de dezembro de 1933, segundo nos relata o cantador Antônio Ferreira da Cruz, nestas sextilhas do seu folheto A Morte do Trovador João Melquíades:
No ano 69
João Melquíades nasceu
E em mil e novecentos
e trinta e três faleceu.
Com 65 anos
justamente ele morreu.
No dia 10 de dezembro
assim que anoiteceu
Melquíades deitou-se cedo
Às dez horas lhe apareceu
um calor tomando-lhe o fôlego
A uma hora morreu.
Inspiração religiosa
(Por Roberto Benjamim)
(Por Roberto Benjamim)
É dele o folheto A besta de sete cabeças, em que usa, em epígrafe, textos do Apocalipse como profecia relativa à Primeira Guerra Mundial. Escreveu, também, A guerra de Canudos (identificado por José Calasans).
Utiliza material religioso da Igreja Católica da época em folhetos como As quatro moças do céu – fé, esperança, caridade e formosura e A rosa branca da castidade (versificação de um exemplo típico da literatura catequética), além de vários poemas contra o protestantismo (dentre eles, a Quinta peleja dos protestantes com João Melchíades). A ele é atribuída a autoria de 36 folhetos.
Átila Almeida afirma que a titularidade de autoria de Melchíades no folheto Pavão misterioso foi plágio de um original de José Camelo de Melo Resende. A opinião não é partilhada por outros estudiosos, considerando que os dois poetas tinham o tal romance como parte do repertório comum de suas cantorias. Ruth Terra destaca que Melchíades é dos poucos que não louva como valentes apenas pobres vaqueiros e, sim, homens de riqueza, como é o caso de Cazuza Sátiro, Belmiro Costa e Zé Garcia.
Fonte: (http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/JoaoMelquiades/joaoMelquiades_biografia.html)
TRECHOS DE “O VALENTE ZÉ GARCIA”, trabalho bastante elogiado por Câmara Cascudo:
TRECHOS DE “O VALENTE ZÉ GARCIA”, trabalho bastante elogiado por Câmara Cascudo:
Era no mês de novembro
no Piauí já chovia
então o capitão Feitosa
ordenou no outro dia
começar a vaqueijada
encurralar a vacaria.
no Piauí já chovia
então o capitão Feitosa
ordenou no outro dia
começar a vaqueijada
encurralar a vacaria.
Reuniu-se a vaqueirama
em casa do capitão
Feitosa saiu na frente
arrastou seu esquadrão
foram rebanhar o gado
alegria do sertão
____________________
História do valente sertanejo Zé Garcia.
em casa do capitão
Feitosa saiu na frente
arrastou seu esquadrão
foram rebanhar o gado
alegria do sertão
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História do valente sertanejo Zé Garcia.
João Melquíades Ferreira da Silva
Por: Aderaldo LucianoTambém conhecido como O Cantor da Borborema, João Melquíades protagonizou a pendenga mais famosa do mundo do cordel ao escrever e assinar o Romance do Pavão Misterioso, originalmente pensado por José Camelo de Melo Resende, hoje já devidamente restaurada a autoria. Nasceu em Bananeiras-PB, na região do Brejo paraibano, em 7 de setembro de 1869 e faleceu em 10 de dezembro de 1933, em João Pessoa. Poeta marcante, escreveu o clássico História Sertaneja do Valente Zé Garcia, seu título original que, com as reedições passou a História do Valente Sertanejo Zé Garcia. Procurava uma fotografia do mestre e encontrei, surrada quase invisível e coloco-a aqui sem retoques.
A presença de João Melquíades traz de volta a discussão sobre o cordel ser uma poesia sertaneja. Melquíades, de Bananeiras, José Camelo, de Guarabira, Joaquim Batista de Sena, de Solânea e João de Cristo Rei, de Areia, formam um grupo de poetas expressivos do cinturão do Brejo paraibano, responsáveis por grandes clássicos cordelísticos. Seria a poesia brejeira? Não, a poesia não comporta adjetivos toponímicos.
Fonte: http://aderaldo.tumblr.com/post/6790542893/joao-melquiades-ferreira-da-silva
Olá, Arievaldo
ResponderExcluirFico feliz de saber que você está sempre em busca de mais informações sobre João Melchíades. Foi uma ótima surpresa conhecer a foto de corpo inteiro e pretendo enviá-la em breve aos familiares. Comprei o livro da Ruth Terra em sebo e gostaria sempre de compartilhar quaisquer novas das quais tiver notícia. Agradeço a homenagem ao Cantor da Borborema. Um abraço.
Caro Vladimir,
ResponderExcluirPretendo fazer uma restauração nessa fotografia de corpo inteiro. Quando lançar a biografia de Leandro Gomes de Barros, pretendo inserir como anexo a biografia de outros grandes poetas contemporâneos num apêndice.
Arievaldo Viana
Adorei as informações. Estarei passando link para a neta de João Melquiades, Iraci - filha de Amélia Melquiades de Arruda. Abçs, Isabela Arruda - arruda.isabela@gmail.com.br
ResponderExcluirMuito bom descobrir informações sobre meu bisavô, infelizmente não temos muitas informações sobre seus descendentes, mas aos poucos vou descobrindo sobre seus descendentes.
ResponderExcluirObrigado primo (Vladimir).
Abraços