DO FUNDO DO BAÚ
Esta matéria foi publicada no dia 21 de maio de 1999, data do lançamento oficial do BAÚ DA GAITICE, no PIRATA BAR, da Praia de Iracema. Marinheiro de primeira viagem, eu fiquei desapontado com as vendas... "Apenas" 136 exemplares e comentei o fato com o meu amigo livreiro Sérgio Braga, da Livro Técnico, que me havia emprestado uns stands para expor os livros. Ele arregalou os olhos e disse:
- Vendeu mais de cem livros? É um best-seller!
Na matéria abaixo eu falo um pouco do processo criativo que envolveu a produção deste livro. Na verdade foi um apanhado de cronicas e causos dispersos, publicados em jornais e revistas, que acabaram resultando nesta obra.
‘‘O baú da gaiatice’’ do cronista
Arievaldo Viana no Pirata
Aproveitando um momento em que o Ceará ganha o título de terra de comediantes, o radialista e cartunista Arievaldo Viana escreveu o livro “Baú da Gaiatice”. Incluindo crônicas, anedotas e literatura de cordel, o livro vai ser lançado hoje à noite, no Pirata Bar. A idéia foi sugerida pelo diretor da revista Varal, que também se encarregou de procurar os patrocínios e editar o livro. Juntando crônicas que escrevia para jornais e revistas sindicais como a Pérola Negra do Sindicato dos Petroleiros, e para a própria Varal, Arievaldo observou que tudo isso poderia dar um livro. Não precisaria ir longe para encontrar ilustrações bem apropriadas ao contexto das histórias. Contou com o apoio de seu irmão e artista plástico Klévisson, de Jefferson Portela e também deu suas próprias pinceladas, já que trabalha há alguns anos nesta área. No primeiro capítulo, selecionou dez crônicas suas e outras duas que fez em parceria com Tarcísio Matos. Aborda temas atuais, como o novo Código de Trânsito, a “boquinha da garrafa” e também alguns regionais, como na crônica “O Sabugo Reciclável”. Na segunda etapa, volta-se para figuras folclóricas de Canindé. Aquelas que adoram contar “causos”, quase todos com boas doses de exagero. É o caso do personagem “Broca da Silveira”, um cara cheio de espertezas que dribla sua condição de nordestino, pobre e semi-analfabeto, para conseguir o que quer. Foi preso e subornou o médico da penitenciária lá de São Paulo para lhe dar um medicamento que ficasse como um morto. Conseguiu, então, embarcar numa urna “funerária” de volta ao seu Nordeste. “A história dele é um misto de 50% de realidade e 50% de fantasia”, afirma. O autor conta que numa temporada em Canindé, costumava para os bares da cidade na companhia de Pedro Paulo Paulino. Munidos de papel e caneta e às vezes de um note-book, os dois observavam aquelas figuras bem características. Quando ouviam alguma história interessante, passavam para o papel ou para o computador. Assim, foi ampliando o material para a publicação do livro. O terceiro capítulo é totalmente dedicado a Literatura de Cordel, o grande forte de Arievaldo, como aponta. O escritor apresenta seus próprios cordéis e outros de parcerias com Jota Batista, Pedro Paulo Paulino e Sílvio Roberto Santos. Também trabalham temas atuais como a clonagem da ovelha Dolly, o encontro de Fernando Henrique Cardoso com Pedro Álvares Cabral nos 500 anos de descobrimento, a história de um poeta que adquiriu uma boneca inflável, entre outros. O livro tem o prefácio do humorista Falcão e a orelha de B.C. Neto, pró-reitor de Extensão da UECE. Arievaldo atuou como radialista de 1985 a 92. Trabalhava em Canindé, fazendo um quadro humorístico com personagens criados por ele, como Salustiano e dona Filismina. Em 1992, veio para a capital e integrou a equipe da Rádio Cidade. Mas desde 1993 que vem se dedicando a charges e caricaturas, e, agora, ingressa na carreira de escritor. O livro está à venda nas bancas de revista da Praça do Ferreira e nas livrarias Livro Técnico.
Matéria publicada no DIÁRIO DO NORDESTE
- Fortaleza, Ceará - Sexta-feira 21 de maio de 1999
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