Minelvino Francisco Silva
O trovador apóstolo
O trovador apóstolo
Por: Arievaldo Viana
Faz tempo que o poeta, pesquisador e colecionador de xilogravuras Jeová Franklin propôs-me a criação de uma série de álbuns sobre os Mestres da Gravura Popular. Seriam biografias em cordel fartamente ilustradas com obras dos respectivos biografados. Abrindo a série, teríamos um álbum com o saudoso poeta Minelvino Francisco Silva – O trovador apóstolo, um dos mais inspirados poetas da Bahia.
O projeto "Mestres da Gravura Popular", que também contemplará nomes como Stênio Diniz, Dila, J. Borges, dentre outros, continua inédito, à espera de editor interessado.
Contemporâneo de Rodolfo Coelho Cavalcante, Alípio Bispo e Antônio Teodoro dos Santos, Minelvino além de projetar-se como poeta inspirado, foi também editor, tipógrafo, folheteiro e xilogravador. Dono de uma técnica apurada e inconfundível na arte da gravura, poderíamos mesmo afirmar que Minelvino foi o fundador da escola baiana de gravura. Seu corte firme e a preferência pelo contraste em preto e branco, usando raramente os meios-tons, identifica a sua obra com a de outro mestre da xilo, o pernambucano Dila. Vejam, a seguir, a biografia de Minelvino Francisco em prosa e verso:
Minelvino Francisco Silva, nasceu em 1926 (ou 1924), na Fazenda Olhos D'Água, no Povoado de Palmeiral, município de Mundo Novo na Bahia, mas veio para Itabuna ainda jovem onde residiu por muitos anos. Poeta popular, cordelista de grande talento criativo desde adolescente, começou a trabalhar de forma bastante artesanal e chegou a montar sua própria gráfica em sua casa, onde imprimia seus livretos que eram vendidos em feiras populares e praças públicas.
Minelvino também criava suas próprias ilustrações para os livretos com belas xilogravuras de sua autoria. Criou, imprimiu e publicou cerca de 1000 livros ao longo da sua vida, com títulos como "João acaba mundo e a serpente encantada", "O gigante quebra osso", "Maninha e a machadinha", "O Filho de João acaba mundo", "ABC dos Tubarões", "Debate de Lampião com São Miguel", "O Cangaceiro do Nordeste", "História do Touro que engoliu o Fazendeiro", "A Mulher de Sete Metros que apareceu é Itabuna", entre tantos outros.
Seu talento no campo da poesia popular lhe rendeu reconhecimento estadual e até nacional, tendo exposto trabalhos no Museu do Folclore do Rio de Janeiro. Seu nome consta na "Antologia Baiana de Literatura de Cordel" promovida pela Secretaria de Cultura e Turismo do governo do Estado da Bahia.
Faleceu em 1999, deixando uma lacuna na poesia popular do Estado da Bahia e, particularmente, de Itabuna, cidade em que o "Trovador Apóstolo" - como gostava de ser chamado, por ser muito religioso e devoto de Bom Jesus da Lapa - escolheu para viver a maior parte da sua trajetória.
O poeta MINELVINO
Foi um grande trovador
Também exerceu com brilho
A arte de gravador
Para ilustrar um folheto
Recortava em branco e preto
Suas gravuras com amor.
Na fazenda Olhos D’água
De Belém, no município
Baiano de Mundo Novo
Sua vida teve princípio
Me disse um seu conterrâneo
Que ele foi contemporâneo
De Rodolfo e de Alípio*.
No ano de Vinte e Seis
Foi grande o contentamento
Em dezembro, a vinte e nove
Deu-se o seu nascimento
Vejamos como o poeta
Numa sextilha completa
Descreve aquele momento:
“Eu e Jesus em Belém
Nascemos quase num dia,
Ele em Belém da Judéia
Eu em Belém da Bahia.
Ele pregava o Evangelho
E eu prego a Poesia”
Com idade de doze anos
Frequentava uma escola
Em apenas trinta dias
Dando um trato na cachola
Já rabiscava um papel
E soletrava um cordel
Provando ter boa bola.
Logo o primeiro que leu
Causou bastante emoção
Era um verdadeiro clássico
Dos poemas do sertão
O Pavão Misterioso
Um folheto volumoso
De grande repercussão.
Os folhetos e romances
Lhe serviram de cartilha
Depois virou garimpeiro
Seguindo por outra trilha
Trabalhava noite e dia
Mas viu que a poesia
Tem a “pedra” que mais brilha.
É a pedra da palavra
Do saber e da cultura
Do conhecimento que
Valoriza a criatura,
O Minelvino Francisco
Resolve correr o risco
E abraça a Literatura...
Deixou de buscar o ouro
O diamante e o cristal
Passou a fazer folhetos
De maneira artesanal
Com capa em xilogravura
Mostrando a sua cultura
Tão simples e original.
Manoel D’Almeida Filho
Grande vate brasileiro
Descobriu a arte simples
Desse humilde garimpeiro
Vendo a beleza dos temas
Levou então seus poemas
Pra publicar na LUZEIRO.
Luzeiro é uma editora
Que floresceu no Sudeste
Publicando muitas obras
Dos poetas do Nordeste
Com capa bem colorida
Pretendia dar mais vida
Aos folhetos do agreste.
Mais de quinhentos folhetos
Legou à posteridade
Gravuras para ilustrá-los
Produziu em quantidade
Fez também por encomenda
Para aumentar sua renda
Venceu com dificuldade.
Sendo um romeiro confesso
Nosso humilde gravador
Dizia em seus livretos
“Sou apóstolo e trovador
Do meu Senhor do Bomfim”
Até que chegou ao fim
O seu intenso labor.
Agora em noventa e nove
Deste século recém-findo
Faleceu o grande artista
E agora está dormindo
No reino dos trovadores
E recebendo louvores
Por seu trabalho tão lindo.
FIM
Minelvino Francisco Silva, nasceu em 1926 (ou 1924), na Fazenda Olhos D'Água, no Povoado de Palmeiral, município de Mundo Novo na Bahia, mas veio para Itabuna ainda jovem onde residiu por muitos anos. Poeta popular, cordelista de grande talento criativo desde adolescente, começou a trabalhar de forma bastante artesanal e chegou a montar sua própria gráfica em sua casa, onde imprimia seus livretos que eram vendidos em feiras populares e praças públicas.
Minelvino também criava suas próprias ilustrações para os livretos com belas xilogravuras de sua autoria. Criou, imprimiu e publicou cerca de 1000 livros ao longo da sua vida, com títulos como "João acaba mundo e a serpente encantada", "O gigante quebra osso", "Maninha e a machadinha", "O Filho de João acaba mundo", "ABC dos Tubarões", "Debate de Lampião com São Miguel", "O Cangaceiro do Nordeste", "História do Touro que engoliu o Fazendeiro", "A Mulher de Sete Metros que apareceu é Itabuna", entre tantos outros.
Seu talento no campo da poesia popular lhe rendeu reconhecimento estadual e até nacional, tendo exposto trabalhos no Museu do Folclore do Rio de Janeiro. Seu nome consta na "Antologia Baiana de Literatura de Cordel" promovida pela Secretaria de Cultura e Turismo do governo do Estado da Bahia.
Faleceu em 1999, deixando uma lacuna na poesia popular do Estado da Bahia e, particularmente, de Itabuna, cidade em que o "Trovador Apóstolo" - como gostava de ser chamado, por ser muito religioso e devoto de Bom Jesus da Lapa - escolheu para viver a maior parte da sua trajetória.
BIOGRAFIA DE MINELVINO
FRANCISCO EM CORDEL Autor: ARIEVALDO VIANA
O poeta MINELVINO
Foi um grande trovador
Também exerceu com brilho
A arte de gravador
Para ilustrar um folheto
Recortava em branco e preto
Suas gravuras com amor.
Na fazenda Olhos D’água
De Belém, no município
Baiano de Mundo Novo
Sua vida teve princípio
Me disse um seu conterrâneo
Que ele foi contemporâneo
De Rodolfo e de Alípio*.
No ano de Vinte e Seis
Foi grande o contentamento
Em dezembro, a vinte e nove
Deu-se o seu nascimento
Vejamos como o poeta
Numa sextilha completa
Descreve aquele momento:
“Eu e Jesus em Belém
Nascemos quase num dia,
Ele em Belém da Judéia
Eu em Belém da Bahia.
Ele pregava o Evangelho
E eu prego a Poesia”
Com idade de doze anos
Frequentava uma escola
Em apenas trinta dias
Dando um trato na cachola
Já rabiscava um papel
E soletrava um cordel
Provando ter boa bola.
Logo o primeiro que leu
Causou bastante emoção
Era um verdadeiro clássico
Dos poemas do sertão
O Pavão Misterioso
Um folheto volumoso
De grande repercussão.
Os folhetos e romances
Lhe serviram de cartilha
Depois virou garimpeiro
Seguindo por outra trilha
Trabalhava noite e dia
Mas viu que a poesia
Tem a “pedra” que mais brilha.
É a pedra da palavra
Do saber e da cultura
Do conhecimento que
Valoriza a criatura,
O Minelvino Francisco
Resolve correr o risco
E abraça a Literatura...
Deixou de buscar o ouro
O diamante e o cristal
Passou a fazer folhetos
De maneira artesanal
Com capa em xilogravura
Mostrando a sua cultura
Tão simples e original.
Manoel D’Almeida Filho
Grande vate brasileiro
Descobriu a arte simples
Desse humilde garimpeiro
Vendo a beleza dos temas
Levou então seus poemas
Pra publicar na LUZEIRO.
Luzeiro é uma editora
Que floresceu no Sudeste
Publicando muitas obras
Dos poetas do Nordeste
Com capa bem colorida
Pretendia dar mais vida
Aos folhetos do agreste.
Mais de quinhentos folhetos
Legou à posteridade
Gravuras para ilustrá-los
Produziu em quantidade
Fez também por encomenda
Para aumentar sua renda
Venceu com dificuldade.
Sendo um romeiro confesso
Nosso humilde gravador
Dizia em seus livretos
“Sou apóstolo e trovador
Do meu Senhor do Bomfim”
Até que chegou ao fim
O seu intenso labor.
Agora em noventa e nove
Deste século recém-findo
Faleceu o grande artista
E agora está dormindo
No reino dos trovadores
E recebendo louvores
Por seu trabalho tão lindo.
FIM
(TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO AUTOR)
* Rodolfo Coelho Cavalcante (poeta alagoano) e Alípio Bispo dos Santos foram
trovadores que atuaram na Bahia e encomendaram muitas capas de folhetos ao
xilógrafo Minelvino Francisco da Silva.
Minelvino Francisco da Silva é autor de vários sucessos da literatura de cordel, com destaque para o clássico JOÃO ACABA-MUNDO E A SERPENTE NEGRA e O CASAMENTO DA RAPOSA COM O VEADO.
* Rodolfo Coelho Cavalcante (poeta alagoano) e Alípio Bispo dos Santos foram
trovadores que atuaram na Bahia e encomendaram muitas capas de folhetos ao
xilógrafo Minelvino Francisco da Silva.
Minelvino Francisco da Silva é autor de vários sucessos da literatura de cordel, com destaque para o clássico JOÃO ACABA-MUNDO E A SERPENTE NEGRA e O CASAMENTO DA RAPOSA COM O VEADO.
O CASAMENTO DA RAPOSA COM O VEADO
NO TEMPO QUE O JEGUE ERA CHOFER
(Edição do autor, impressa em 1986)
Quando o jegue era chofer
E governava a rodagem,
O papagaio locutor
Num estúdio de folhagem
O macaco e o sagui
Viviam na malandragem.
Veado por ser bonito
Bem satisfeito vivia,
Cabelo bem penteado
Enfrentava a boemia
Aonde tivesse festa
O veado não perdia.
Tinha uma raposa moça
Filha de um raposão
Que era ela a mais linda
Dali daquele grotão,
Quando ela ia a uma festa
Chamava bicho atenção.
A raposa moça disse:
- Ele é um moço de bem!
A velha raposa disse:
- Nenhum veado convém,
A família dos veados
Não tem valor dum vintém!
(...)
João Acaba-Mundo e a serpente negra - xilo de MINELVINO
o cordel é de excelente cultura , tenho 45 anos e quando criança minha avo contava cordel pra gente dormir , acho incrivel , parabens .
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