Pedro Malasartes na literatura de cordel
O excelente site Jangada Brasil (http://www.jangadabrasil.com.br/) publicou uma edição especial com as aventuras de PEDRO MALASARTES na Literatura de Cordel, onde se encontram folhetos de Expedito Sebastião da Silva, Paulo Nunes Batista, Francisco Sales Areda, Manoel Caboclo e Silva, Luiz Rodrigues de Lira, dentre outros.
No blog do Mendes, encontramos o seguinte: Segundo o escritor, pesquisador e historiador Câmara Cascudo "Pedro Malasartes é figura tradicional nos contos populares da Península Ibérica, como exemplo de burlão invencível, astucioso, cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e sem remorsos. A menção mais antiga do personagem é na cantiga 1132 do Cancioneiro da Vaticana, datado do século XIII e XIV:
"chegou Payo de Maas Artes
com seu cerame de chartes...
semelha-me busuardo
viindo en ceramen pardo...
log'ouve manto e tabardo".
com seu cerame de chartes...
semelha-me busuardo
viindo en ceramen pardo...
log'ouve manto e tabardo".
Variantes culturais deste personagem surgem noutras regiões da Europa, como Pedro Urdemales na Espanha, Till Eulenspiegel na Alemanha e Pedro de Urdes Lamas na Andaluzia.
Duas óperas brasileiras tem o personagem por protagonista: Malazarte de Oscar Lorenzo Fernández e Graça Aranha, e Pedro Malazarte, de Mozart Camargo Guarnieri e Mário de Andrade.”
(Informação extraída do http://blogdomendesemendes.blogspot.com/)
MALASARTES NO CINEMA
Uma das versões cinematográficas mais interessantes foi realizada pelo comediante brasileiro MAZZAROPI, em 1960.
SINOPSE: Incorporando as aventuras do conhecido personagem Pedro Malazartes (Mazzaropi), ao chegar em sua casa na fazenda, recebe a notícia de que seu pai havia falecido. Caipira humilde e inocente, Pedro é enganado pelos seus irmãos: um toma posse de todo o gado e dinheiro e o outro da fazenda. Sem nada do que reclamar, Pedro deixa a fazenda levando somente um ganso, um tacho velho e umas poucas roupas. Pelo caminho, acaba sendo acompanhado por uma porção de crianças abandonadas. Atrapalhado e de coração mole, começa a aplicar pequenos golpes para conseguir dinheiro. Dizendo que ele cozinha sozinho, vende seu tacho a um homem grande, depois vende o ganso dizendo que ele é mágico, consegue um carro convencendo a dona do veículo a ficar segurando o chapéu no chão onde, supostamente, está preso um pássaro raríssimo. A lista de pessoas enganadas aumenta e ele se vê metido numa série de confusões tentando fugir de seus vários perseguidores.
Uma das versões cinematográficas mais interessantes foi realizada pelo comediante brasileiro MAZZAROPI, em 1960.
SINOPSE: Incorporando as aventuras do conhecido personagem Pedro Malazartes (Mazzaropi), ao chegar em sua casa na fazenda, recebe a notícia de que seu pai havia falecido. Caipira humilde e inocente, Pedro é enganado pelos seus irmãos: um toma posse de todo o gado e dinheiro e o outro da fazenda. Sem nada do que reclamar, Pedro deixa a fazenda levando somente um ganso, um tacho velho e umas poucas roupas. Pelo caminho, acaba sendo acompanhado por uma porção de crianças abandonadas. Atrapalhado e de coração mole, começa a aplicar pequenos golpes para conseguir dinheiro. Dizendo que ele cozinha sozinho, vende seu tacho a um homem grande, depois vende o ganso dizendo que ele é mágico, consegue um carro convencendo a dona do veículo a ficar segurando o chapéu no chão onde, supostamente, está preso um pássaro raríssimo. A lista de pessoas enganadas aumenta e ele se vê metido numa série de confusões tentando fugir de seus vários perseguidores.
MALAZARTE BRASILEIRO
Ariano Suassuna, em sua obra “Romance da Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta” destaca alguns folhetos fesceninos que circulam pelo Nordeste desde o início do século passado, alguns de autoria do pioneiro Leandro Gomes de Barros, que segundo o personagem Quaderna, “apesar de ter relatado de forma casta e pura o amor de Alonso e Marina também era esfarinhado em questões de putaria”.
Um dos textos que chamou a atenção de mestre Ariano é o excelente folheto “A vida de João Malazarte”, de Luiz Rodrigues de Lira, cujas aventuras acontecem no Nordeste brasileiro. O folheto tem passagens bastante picantes, como a história das pimentas que ele esfregou no fiofó de um portugues. Vejamos alguns trechos:
A vida de João Malazarte
Autor - Luiz Rodrigues de Lira
Quem nunca leu a história
Do tal João Malazarte
Aproxime-se e ouça
O valor de sua arte
O ente mais presepeiro
Conhecido em toda parte
Do tal João Malazarte
Aproxime-se e ouça
O valor de sua arte
O ente mais presepeiro
Conhecido em toda parte
Morreu Pedro Malazarte
Porém deixou o seu neto
De presepada e mentira
O João ficou completo
Nos lugares que andou
Não ficou ninguém quieto
Porém deixou o seu neto
De presepada e mentira
O João ficou completo
Nos lugares que andou
Não ficou ninguém quieto
João nasceu em Lisboa
Porém deixou Portugal
Emigrou para o Brasil
Quando chegou em Natal
Seu pai comprou uma loja
Na rua comercial
Porém deixou Portugal
Emigrou para o Brasil
Quando chegou em Natal
Seu pai comprou uma loja
Na rua comercial
Naquele tempo Natal
Era bastante atrasada
Uma cidade pequena
De matos arrodeada
Porém já havia um porto
E uma gente abastada
Era bastante atrasada
Uma cidade pequena
De matos arrodeada
Porém já havia um porto
E uma gente abastada
Deixo Natal e agora
Prossigo noutro tratado
Sobre João Malazarte
Da forma que foi criado
Era perverso demais
Mentiroso e malcriado
Prossigo noutro tratado
Sobre João Malazarte
Da forma que foi criado
Era perverso demais
Mentiroso e malcriado
(...)
Chegou no Seridó liso
Não tendo do que viver
Arranjou umas pimentas
E foi pra feira vender
Porém no caminho fez
Um português se morder
Não tendo do que viver
Arranjou umas pimentas
E foi pra feira vender
Porém no caminho fez
Um português se morder
Encontrou um português
Com um jumento acuado
Carregado com panelas
Sobre o caminho parado
E português dando nele
Porém o burro emperrado
Com um jumento acuado
Carregado com panelas
Sobre o caminho parado
E português dando nele
Porém o burro emperrado
João disse: Camarada
Eu tenho um remédio aqui
Deu-lhe as pimentas dizendo
— Como este nunca vi
Esfregue no fundo dele
Depois puxe-o por ali
Eu tenho um remédio aqui
Deu-lhe as pimentas dizendo
— Como este nunca vi
Esfregue no fundo dele
Depois puxe-o por ali
Ele passou as pimentas
No lugar que João mandou
O jumento deu dois coices
Que a cangalha virou
As panelas se quebraram
E o burro desembestou
No lugar que João mandou
O jumento deu dois coices
Que a cangalha virou
As panelas se quebraram
E o burro desembestou
João disse ao português
— O jumento já correu
Com o remédio no fundo
Ele desapareceu
E você só pega ele
Se também passar no seu
— O jumento já correu
Com o remédio no fundo
Ele desapareceu
E você só pega ele
Se também passar no seu
O pobre do português
Para pegar o jumento
Passou a pimenta ardosa
No lugar que sai o vento
João disse: oh! cabra besta
Desgraçaste o fedorento
Para pegar o jumento
Passou a pimenta ardosa
No lugar que sai o vento
João disse: oh! cabra besta
Desgraçaste o fedorento
Quando o português sentiu
O ardor no fiofó
Puxou a faca da cinta
João disse: Fique só
Duma carreira que deu
Foi parar em Mossoró
O ardor no fiofó
Puxou a faca da cinta
João disse: Fique só
Duma carreira que deu
Foi parar em Mossoró
(Lira, Luiz Rodrigues de. A vida de João Malasartes [folheto de cordel)
Muito bommm
ResponderExcluir