Escritor Paulo Nunes, de João Pessoa,
morre neste domingo em Anápolis–GO
Poeta, repentista e cordelista, era bacharel em Direito e jornalista por
profissão.
Por Walter Santos | Portal WSCOM
O escritor Paulo Nunes Batista,
natural de João Pessoa, morreu na manhã deste domingo, 1° de dezembro, aos 95
anos de idade. Poeta, repentista e cordelista, era bacharel em Direito e
jornalista por profissão.
Trabalhou como vendedor ambulante de
folhetos de cordel e livros.Conquistou vários prêmios literários.
É citado na enciclopédia Delta
Larousse. Teve poemas traduzidos para o espanhol, inglês e japonês e mais de
dez livros publicados.
ORIGEM – Natural de João Pessoa,
filho do poeta e editor Chagas Batista (foto), um dos pioneiros da Literatura de
Cordel, Paulo Nunes Batista deixou a Paraíba ainda na adolescência, indo para o
Rio de Janeiro e depois morando em cerca de 20 cidades brasileiras até se
radicar em Anápolis a partir de 1950. Em terras goianas tornou-se funcionário
público estadual e membro da Academia Goiana de Letras.
Foi importante militante do Partido
Comunista do Brasil entre 1946 e 1952. Leia trecho do seu Poesia Popular.
O cordel é brasileiro
fala do que o Povo sente
no verso lido na praça
ou cantado no repente,
pois cordel é voz da raça,
é (em)canto de nossa gente.
ALGUNS FOLHETOS DE PAULO NUNES BATISTA
Escrevi esta singela homenagem ao
poeta
Paulo Nunes Batista em 2011.
No dia 02 de agosto de 2019, esse mestre do cordel
completou 95 anos de idade.
Paulo Nunes Batista em 2011.
No dia 02 de agosto de 2019, esse mestre do cordel
completou 95 anos de idade.
(Arievaldo Vianna)
É uma justa homenagem
Para um renomado artista
Escritor de nomeada
Inspirado cordelista
Lenda viva da poesia
O Paulo Nunes Batista.
Filho de Chagas Batista
Um famoso menestrel,
No universo das letras
Desempenha o seu papel
Levando sempre adiante
A bandeira do cordel.
É autor de vários livros
E centenas de folhetos
E compõe, com maestria
Acrósticos, glosas, sonetos
Transborda filosofia
Até mesmo em poemetos.
Um literato de fibra
Sob meu ponto de vista,
Espírito humanitário
Quem tem saber altruísta
Parabéns à Biblioteca
E ao Paulo Nunes Batista.
Ficou órfão muito cedo
Mas venceu este empecilho
Estava predestinado
A ser poeta de brilho
Quando criança ajudava
Manoel D’Almeida Filho.
Descende de um velho tronco
Da fina-flor repentista
Do qual brotaram Hugolino
E Agostinho Batista;*
Seu mano, o Sebastião
Também foi bom cordelista.
* Hugolino do Sabugi e Agostinho
Nunes da Costa são ancestrais de Paulo Nunes Batista. Do grande poeta Agostinho
Nunes da Costa (1797 – 1858), seu bisavô, ficou registrada essa bela estrofe
onde fica evidente o desejo de liberdade que sempre alimentou essa família de
poetas:
Nasci livre, Deus louvado
E até sem medo fui feito
Porque meu pai, com efeito,
Com minha mãe foi casado;
Também nunca fui pisado
Como terra ou capim
E se alguém pensar assim
É engano verdadeiro:
Olhe para si primeiro
Quem quiser falar de mim.
Voltemos ao Paulo Nunes, nosso
homenageado:
Ainda na Era Vargas
Enfrentou a Ditadura
Ingressou no Partidão
Com alma sincera e pura
A arma que mais usou
Foi sua literatura.
Viveu no Rio de Janeiro
Aonde foi estudante
Porém a mão do destino
O lançou na vida errante
Até que chega em Goiás
Do seu Nordeste distante.
Comunista e agnóstico
E nesta louca ciranda
Paulo Nunes vai um dia
Num terreiro de Umbanda
Sua vida, nesse instante,
Recebe outra demanda.
Uma surra dos “caboclos”
Naquele dia levou
E por ver a coisa séria
Naquela seita ingressou
Mais tarde, o Espiritismo
De Allan Kardec abraçou.
Sobre seu ingresso na Umbanda e suas
convicções políticas, assim se expressou o poeta:
Inimigo de tiranos
Tenho horror à hipocrisia
Para festejar a Vida
Troco a noite pelo dia.
O caboclo “Cachoeira”
É – nas Umbandas – meu guia...
O certo é que Paulo Nunes
Não levou a vida a esmo
Nem esqueceu o Nordeste,
Da rapadura e torresmo,
Vejamos umas estrofes
Do ABC para mim mesmo:
“Operário da caneta,
Já vivi só de escrever.
Poeta de profissão
Em Goiás pude viver
Dos folhetos que escrevia
Para nas praças vender.
Trovador: escrevo trovas,
Sonetos, sambas, canções,
Contos rimados, poemas,
Num mar de improvisações,
Tenho setenta folhetos
Com diversas edições.
Versejador, viajante,
Das estrelas do Repente:
Abro a boca, o verso nasce,
Como nasce água corrente,
Tenho feito alexandrinos
Em três minutos somente...”
O certo é que Paulo Nunes
É bamba na poesia
Em 2000 ele ingressou
Na goiana Academia
De Letras e se orgulha
Desse luminoso dia.
ILUSTRAÇÃO: Jô Oliveira
Paulo Nunes Batista
(02/08/1924)
Do site:
https://memoriasdapoesiapopular.wordpress.com
Paulo Nunes Batista, nascido dia 02
de agosto de 1924, capital do Estado da Paraiba, ou seja, Parahyba do Norte,
que posterior a revolução de 1930 e após a morte de João Pessoa, passando a
chamar-se João Pessoa. O poeta já nasceu circundado por intelectuais e
cordelista. Conforme Haurélio, seu pai, Francisco das Chagas Batista era
cordelista, apoiado pelo blog da Casa Rui Barbosa que acrescenta a atividade de
folclorista e o nome da genitora do poeta Hugolina Nunes Batista. Alem de
cordelista, escritor, contista é advogado e jornalista.
Pelas suas posições ideias políticas
Santana e Oliveira narra, que: “Na década de 1930, foi preso em diversas
cidades brasileiras, pela sua participação e envolvimento com o Partido
Comunista.” Embora se tenha conhecimento do fato e se dizendo comunista Nunes
jamais se agregou oficialmente a qualquer legenda política.
No entanto, com relação as suas
atividades intelectuais e culturais, faz parte de algumas instituições,
ocupando a cadeira de número 8 na qual
foi empossado em 31 de agosto de 2000
diz Santana e Oliveira. Publicou mais de 130 folhetos de cordel e 28
livros de contos e poemas grande número através da Editora e Gráfica
Franciscana, Petrolina, Ceará, 2007,
desta forma, seus escritos estão presentes na literatura brasileira.
Sua formação intelectual teve inicio
em João Pessoa onde estudou o primário e, em Goiânia concluiu o curso de
Madureza, “do curso de educação de jovens e adultos Após – e também do exame
final de aprovação do curso – que ministrava disciplinas dos antigos ginásio e
colegial, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1961.”
formou-se em Direito, na Faculdade de Direito de Anápolis, em 1977.
Em 1969, por concurso público,
ingressou no Fisco Estadual e trabalhou em diversas cidades goianas. Hoje é
aposentado.
Após morar em vários estados do
Nordeste Alagoas e Bahia, Sudoeste Rio de Janeiro e São Paulo e Minas Gerais.
Em 1947 fixou residência em Anápolis no estado de Goiás. Ali, em 1949, publicou
o seu primeiro folheto de cordel pela Tipografia do jornal A luta. De acordo
com Haurélio, “Seus textos poéticos foram traduzidos até para o japonês”.
Ainda com relação a publicação da sua
obra, Santana e Oliveira firmam que:
“Suas obras foram traduzidas para o
inglês, espanhol, italiano, esperanto e braille.”
“Escreveu e editou dezenas de livros,
sendo, no cordel, o ABC a modalidade que mais abraçou” garante Aurélio. O blog
da casa de Rui Barbosa relata que: “Outra característica do poeta são os
folhetos de utilidade pública voltados para o esclarecimento da população”.
Para Altimar de Alencar Pimentel citado por Antônio Miranda em seu blog, acrescenta: […] é esse lirismo,
expressão maior do seu amor ao próximo, às coisas, à vida, o ponto mais alto da
poesia de Paulo Nunes Batista, onde ele se despoja de compromissos ideológicos,
para permitir que o poema surja pleno, límpido, cristalino”, a exemplo do poema
Velhas Praias, dedicado a Francisco Miguel de Moura:
Ó minhas lavas praias nordestinas,
enfeitadas com velas de jangadas,
que, sobre o mar, vão leves,
enfunadas
ao vento bom das ilusões meninas.
Praias perdidas na longíngua
infância,
mas que retornam na sutil fragancia,
no adeus dos coqueirais, que o ser me
invade…
Praias de brisas mansas soluçando…
Os olhos do Menino marejando…
E o coração chorando de saudades…
Atuou “também como professor
lecionando a língua portuguesa no Colégio Comercial daquela cidade em 1950”.
Leitores eu vou contar
A vida de Bico Doce
Sujeito mais sabido
Que neste mundo encontrou-se
O próprio Cancão de Fogo
Com ele um dia embrulhou-se.
Zé Bico
Doce nasceu
Disse-me quem assistiu
Antes do tempo esperado
Para o mundo ele existiu;
Nasceu andando e falando
Coisa que nunca existiu
FONTES CONSULTADAS
BATISTA, Paulo Nunes. Disponível em:
<http://academiagoianadeletras.org/membro/paulo-nunes-batista/>. Acesso
em: 28 out. 2014.
BATISTA, Paulo Nunes. Sonetos
seletos. Petrolina, PE: Franciscana, 2005. 100 p.
PERFIS biográficos. Paulo Nunes
Batista. Disponível em: <www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/janela_perfis.html>.
Acesso em: 28 out. 2014.
CORDEL Atemporal. BATISTA, Paulo
Nunes. In: DICIONÁRIO básico de autores de Cordel. Disponível em:
<http://marcohaurelio.blogspot.com.br/2011/06/dicionario-basico-de-autores-de-cordel.html>.
Acesso em: 20 out. 2014.
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Madureza”
(verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira: EducaBrasil. São
Paulo: Midiamix Editora, 2002. Disponível em:
<http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/ dicionario.asp?id=293>.
Acesso em: 28 nov. 2014.
MIRANDA, Antonio. Paulo Nunes
Batista. In: POESIAS dos Brasis. Disponível em: <http://www.antoniomiranda.
com.br/poesia_brasis/goias/paulo_nunes_batista.html>. Acesso em: 10 out.
2014.
SANTANA Ana Elisa; OLIVEIRA, Noelle.
Cordelista e escritor, Paulo Nunes Batista fala de seus mais de 28 livros
publicados. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/
cultura/2014/04/cordelista-e-escritor-paulo-nunes-batista-fala-de-seus-mais-de-28-livros-publicados>.
Acesso em: 20 out. 2014.
Fonte: Anápolis 360
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