segunda-feira, 7 de maio de 2018

EVALDINHO - 77 ANOS



Meus pais, Evaldo e Hathane (foto Karam, 1984)

ANIVERSÁRIO DO VADINHO

Hoje é uma data muito especial, dia do aniversário do meu pai, Evaldo Lima.

Francisco Evaldo de Sousa Lima nasceu no dia 07 de maio de 1941, em Cacimba Nova (Quixeramobim). É o terceiro filho do casal Manoel e Alzira. Vovô só o chamava de Vadinho... Teve pouquíssima instrução. Só freqüentou a escola até o terceiro ano primário, mas é dotado de uma aguda inteligência e grande sensibilidade para a poesia, sobretudo a que chamamos poesia popular, dos cantadores, glosadores e poetas de cordel.
Mesmo com a pobreza e as dificuldades enfrentadas por seus pais ao longo da década de 1940, quando viveu a sua infância, papai guarda boas lembranças desse período. Ele recorda que a sua mãe passava a maior parte do tempo em cima de uma máquina de costura tentando ganhar alguma coisa para ajudar nas despesas do lar. O pai vivia adoentado, mas não perdia a coragem e a vontade de trabalhar.
 Aos poucos as coisas foram melhorando. Quando saíram do Castro para o Ouro Preto, meus avós começaram a prosperar, principalmente depois que vovô começou a investir no ramo comercial, com uma pequena bodega, sem se descuidar contudo da agricultura e da criação de um pequeno rebanho de gado e ovelhas.
Papai sempre foi amigo da leitura e, com seu exemplo, nos serviu de estímulo para que fôssemos amigos dos livros. Como bom autodidata, retém muitos ensinamentos e os transmite através de uma prosa fluente e agradável, entremeada de glosas e citações que aprende no que observa da vida e nas obras que lê.


Casa onde nasceram os cinco filhos do casal (apenas a Vandinha nasceu em Canindé)

Uma pequena amostra de sua prosa foi registrada pelas câmeras da TV Assembléia, através do documentário “Heranças Preciosas”[1], realizado em 2015, com roteiro de Ângela Gurgel, produção de Ana Célia Oliveira e direção de Augusto Bozzo. Durante o período de gravação das imagens, surpreendi-me com sua desenvoltura, pois imaginava o contrário, que ele não renderia diante das câmeras uma conversa segura e espontânea como a que apresentou, ao longo de todo o seu depoimento. O documentário fala de seus antepassados e do gosto pela leitura que nos acompanha desde os tempos do bisavô Fitico.

LINK para o documentário: https://www.youtube.com/watch?v=Untp1SCvLSA

Papai coloca um pouco de poesia e literatura em tudo o que diz. Desde criança, acostumei-me a escutar folhetos, canções, trechos de cantoria que ele retém na memória com incrível facilidade. Faz também seus versos de improviso, de vez em quando. No dia 7 de maio de 2011, completou 70 anos de idade, ocasião em que lhe dediquei esses versos, publicados no blog Acorda Cordel:

PARABÉNS, EVALDO LIMA

 — Hoje o autor dos meus dias
Completa setenta anos,
Vida de sonhos e planos,
Bonanças e tropelias,
Escutando cantorias,
Pois é discípulo da rima...
E para entrar nesse clima,
Juntei uns quatro vinténs
E vou cantar parabéns
Para o bardo EVALDO LIMA.

Nasceu na Cacimba Nova,
Lá no Quixeramobim.
Do começo até o fim,
Faz o bem e tira a prova.
Bandeira que se renova,
Estandarte do cordel,
Vai cumprindo seu papel
E não gosta de mentira.
É filho de dona Alzira
E do vovô Manoel.

Com Hathane é casado,
Sertaneja carinhosa,
Que inspira a sua glosa
E lhe trata com cuidado.
Toda vida foi amado,
Casaram em sessenta e seis.
Por isso digo a vocês:
Dos filhos sou o primeiro
Têm mais cinco no roteiro.
Com a Vandinha, são seis!

Parabéns Evaldo Lima!
Meu verso é de gratidão.
De todo meu coração,
Desse filho que lhe estima,
Que o Pai do Céu, lá de cima,
Prolongue mais sua vida,
Abençoe a sua lida
E, quando um dia o chamar,
Queira por bem lhe abrigar
Ao lado da mãe querida.

07 de maio de 2011

(Texto extraído do livro Sertão em Desencanto - Arievaldo Vianna)




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