Meus pais, Evaldo e Hathane (foto Karam, 1984)
ANIVERSÁRIO
DO VADINHO
Hoje é uma data muito especial, dia
do aniversário do meu pai, Evaldo Lima.
Francisco Evaldo de Sousa Lima nasceu no dia 07 de maio de 1941, em
Cacimba Nova (Quixeramobim). É o terceiro filho do casal Manoel e Alzira. Vovô
só o chamava de Vadinho... Teve pouquíssima instrução. Só freqüentou a escola
até o terceiro ano primário, mas é dotado de uma aguda inteligência e grande
sensibilidade para a poesia, sobretudo a que chamamos poesia popular, dos
cantadores, glosadores e poetas de cordel.
Mesmo
com a pobreza e as dificuldades enfrentadas por seus pais ao longo da década de
1940, quando viveu a sua infância, papai guarda boas lembranças desse período.
Ele recorda que a sua mãe passava a maior parte do tempo em cima de uma máquina
de costura tentando ganhar alguma coisa para ajudar nas despesas do lar. O pai
vivia adoentado, mas não perdia a coragem e a vontade de trabalhar.
Aos poucos as coisas foram melhorando. Quando
saíram do Castro para o Ouro Preto, meus avós começaram a prosperar,
principalmente depois que vovô começou a investir no ramo comercial, com uma
pequena bodega, sem se descuidar contudo da agricultura e da criação de um
pequeno rebanho de gado e ovelhas.
Papai
sempre foi amigo da leitura e, com seu exemplo, nos serviu de estímulo para que
fôssemos amigos dos livros. Como bom autodidata, retém muitos ensinamentos e os
transmite através de uma prosa fluente e agradável, entremeada de glosas e
citações que aprende no que observa da vida e nas obras que lê.
Casa onde nasceram os cinco filhos do casal (apenas a Vandinha nasceu em Canindé)
Uma
pequena amostra de sua prosa foi registrada pelas câmeras da TV Assembléia,
através do documentário “Heranças Preciosas”[1], realizado em 2015, com roteiro
de Ângela Gurgel, produção de Ana Célia Oliveira e direção de Augusto Bozzo.
Durante o período de gravação das imagens, surpreendi-me com sua desenvoltura,
pois imaginava o contrário, que ele não renderia diante das câmeras uma
conversa segura e espontânea como a que apresentou, ao longo de todo o seu
depoimento. O documentário fala de seus antepassados e do gosto pela leitura
que nos acompanha desde os tempos do bisavô Fitico.
LINK para o documentário: https://www.youtube.com/watch?v=Untp1SCvLSA
Papai
coloca um pouco de poesia e literatura em tudo o que diz. Desde criança,
acostumei-me a escutar folhetos, canções, trechos de cantoria que ele retém na
memória com incrível facilidade. Faz também seus versos de improviso, de vez em
quando. No dia 7 de maio de 2011, completou 70 anos de idade, ocasião em que
lhe dediquei esses versos, publicados no blog Acorda Cordel:
PARABÉNS,
EVALDO LIMA
— Hoje o autor dos meus dias
Completa
setenta anos,
Vida
de sonhos e planos,
Bonanças
e tropelias,
Escutando
cantorias,
Pois
é discípulo da rima...
E
para entrar nesse clima,
Juntei
uns quatro vinténs
E
vou cantar parabéns
Para
o bardo EVALDO LIMA.
Nasceu
na Cacimba Nova,
Lá
no Quixeramobim.
Do
começo até o fim,
Faz
o bem e tira a prova.
Bandeira
que se renova,
Estandarte
do cordel,
Vai
cumprindo seu papel
E
não gosta de mentira.
É
filho de dona Alzira
E do
vovô Manoel.
Com
Hathane é casado,
Sertaneja
carinhosa,
Que
inspira a sua glosa
E
lhe trata com cuidado.
Toda
vida foi amado,
Casaram
em sessenta e seis.
Por
isso digo a vocês:
Dos
filhos sou o primeiro
Têm
mais cinco no roteiro.
Com
a Vandinha, são seis!
Parabéns
Evaldo Lima!
Meu
verso é de gratidão.
De
todo meu coração,
Desse
filho que lhe estima,
Que
o Pai do Céu, lá de cima,
Prolongue
mais sua vida,
Abençoe
a sua lida
E,
quando um dia o chamar,
Queira
por bem lhe abrigar
Ao
lado da mãe querida.
07
de maio de 2011
(Texto extraído do livro Sertão em Desencanto - Arievaldo Vianna)
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