Esta maletinha acima pertenceu ao Sr. João Inácio de Lima e foi disponibilizada por um de seus descendentes no blog www.cordeisherdadosdomeuavo.blogspot.com.br juntamente com fotos de cantadores famosos do Pajeú e outras regiões, além de fragmentos de diversos folhetos raros, inclusive uma peleja entre José Duda e Antonio Marinho datada de 1915.
Minha avó Alzira de Sousa Lima tinha uma maleta parecida com esta, porém bem mais sortida. Parte do acervo fora adquirida de um vendedor ambulante que se chamava Damásio Paulo (imagino que se tratasse do poeta Damásio Paulo da Silva, que trabalhou durante alguns anos como chefe da tipografia de José Bernardo da Silva, em Juazeiro do Norte). Quando me entendi por gente, a maletinha de minha avó estava abandonada em cima de um antigo caixão de farinha, no quarto grande da casa velha, para onde minhas tias deportavam tudo aquilo que consideravam quadrado, cafona e obsoleto. Nas paredes só havia lugar para pôsteres de Jerry Adriani, Roberto Carlos e Wanderley Cardoso. No rádio, os programas que tocavam Luiz Gonzaga ou cantoria também eram desdenhados pela 'nova' geração influenciada pela Jovem Guarda. Eu adorava ouvir os programas que minha avó sintonizava e tinha nas veias o germe da poesia. Fui responsável pelo resgate dessa preciosidade - a tal maletinha de 'romances', embora tenha ouvido alguns protestos do tipo: - Esse menino parece um velho, anda agarrado com esses romances 'véi' empoeirados, que só servem para sujar a casa!
A literatura de cordel foi responsável, informalmente, pela alfabetização de milhares de crianças nordestinas, num tempo em que o IBGE registrava mais de 60% de nossa população como analfabeta. O tempo passou e a poesia popular continua excercendo esse papel de ferramenta auxiliar no ensino dentro das salas de aula. O professor que descobre o seu potencial fica encantado com os resultados obtidos. Não é a toa que o poeta Manoel Monteiro, de Campina Grande, batizou oportunamente o cordel de 'Professor Folheto'.
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