Lançamento do meu livro “As noventa e nove moedas de ouro”,
dentro da coleção Reino do Cordel.
Viajando, Vivendo e aprendendo
De volta ao meu rincão catingueiro, já com um cenário menos lúgubre, de terra agradecida pela chuva que caiu nesses últimos dias. Ah, se chovesse com frequência por aqui! Não haveria nada melhor para se consumar o verdadeiro sertão produtivo. Retorno do Ceará (Fortaleza), onde todos já sabem a razão da minha ida, pela segunda vez este ano, na trilha do cordel e para o meu enriquecimento cultural. Na primeira vez, para a comemoração do centenário de Joaquim Batista, o meu patrono na Academia Brasileira de Literatura de Cordel, e, na segunda, para a X Bienal Internacional do Livro do Ceará, onde lancei o meu livro “As noventa e nove moedas de ouro”, dentro da coleção Reino do Cordel, juntamente com os poetas Arievaldo Viana (O crime das três maçãs), Evaristo Geraldo da Silva (O conde mendigo e a princesa orgulhosa), Rouxinol do Rinaré (O papagaio real ou o príncipe de Acelóis), Marco Haurélio (O rapaz pobre que teve a sorte de casar com a princesa) e o nosso, já citado acima, cinco maravilhosas produções, com ilustrações de elevado bom gosto e criatividade nas tintas de Suzana Paz, Rudson Duarte e Arlene Holanda, esta, artista, escritora, poeta, que ao lado de Telma Regina e outros, integram o elenco da Casa Editora e Espaço Multicultural – Armazém da Cultura, pessoas que acreditaram no sucesso dessas obras multifacetadas da literatura infanto-juvenil cujo objetivo é proporcionar aos jovens leitores o encantamento das tradições culturais, sonhos e fantasias de todos os tempos, possibilitando-lhes a reinterpretação do mundo atual pela reflexão e busca incessante do conhecimento.
Foram quase três dias de franca e sadia convivência entre poetas de todos os naipes, em especial poetas cordelistas e cantadores, na exposição dos seus temas irreverentes, humorísticos, fantasiosos, encantados, realísticos, estes, revelando as preocupações com a sociedade, a política, o meio ambiente, a solidariedade humana, todos em recitação empolgantes, nascidas das prodigiosas memorizações dos seus textos, que me matam de inveja.
Não quero correr o risco de citar nomes desses consagrados menestréis, defensores intimoratos da literatura de cordel na sua legítima construção, nessa caminhada atemporal, para tê-la hoje, nos umbrais das Universidades, ganhando espaços além das bucólicas feiras públicas, praças das cidadezinhas, aos tons de vozes enrouquecidas ou de, no máximo, megafones cansados, já estão fora de moda, para as praças das bienais, expostos em espaços populares, conquistados pela fibra, diferentes da literatura canônica, porém, atrativos, misteriosos, lúdicos, curiosos, diante dos olhares de um público que, aos poucos, vai compreendendo a importância dos seus criadores para o cenário literário do Brasil. Foram muitos e as fotos publicadas são testemunhas desses momentos.
Tive recepção calorosa e amiga. Inicialmente do meu anfitrião, Arievaldo Viana, baita poeta, escritor, cordelista de ponta, contador de causos, que me proporcionou hospedagem em sua casa, no seu jeito nativo de ser, fiel aos seus costumes, simples e autêntico, diante do amontoado de livros, CDs, dvs, cordéis de todos os naipes, tudo isso irrigado de bom papo, música autêntica e, claro, cerveja. Dormir na rede, foi a maior novidade. Ele me ensinou a manha. Não de comprido, atravessado. Me adaptei. Não fossem os velhos joelhos que não ajudavam muito na hora de levantar. Arievaldo não me largou durante todo o tempo. Klévisson, portador das mesmas virtudes poéticas do irmão, produtor de eventos, mais uma vez demonstrou a sua cordialidade comigo. Marco Haurélio, festejado pesquisador do cordel, escritor e exímio cordelista, mostrou-se no seu jeito do catingueiro sereno, observador, culto, nascido em Riacho de Santana, aqui em nossa Região, tornou-se uma grata amizade, dessas que como as outras, precisam ser cultivadas com zelo especial. Aí, seguiram-se os demais: Rouxinol de Rinaré, quanta versatilidade no tracejar dos seus versos; Evaristo Geraldo de Souza, o novo colega na coleção Reinos do Cordel, chegando para acontecer; Paulo de Tarso e a sua gentil esposa, grande menestrel, cordial e comunicativo como sempre, Stélio Torquato, também feliz contato e amizade construída, enfim, outros que desfilaram nos meus dois dias da X bienal Internacional do Livro do Ceará. Só me resta agradecer a todos, sem me esquecer de Telma e Arlene , Lucinda do IMEPH, com quem não me encontrei, mas fiquei sabendo que tinha me procurado.
Aprendi muito mais com eles. Estou entre essas feras. Agora é só botar o pé na estrada e curtir mais vezes esses momentos culturais.
Fonte: www.fatorsh.com.br
Brumado, 20.11.2012
José Walter Pires
Acorda Cordel,
ResponderExcluirÉ muito bom presenciar o poeta José Walter Pires participando das atividades cordelistas do Brasil. Um amplexo de Dário Teixeira Cotrim, membro da Academia Montesclarense de Letras e amante do Cordel.