Soneto de Natal
Machado de Assis
Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
Texto extraído do livro "Poesias Completas - Ocidentais", 1901, pág. s/nº.
Conheça o autor e sua obra visitando "Biografias".
Resposta de Dedé ao poema de Machado de Assis:
ResponderExcluirNão, o Natal nunca mudou, jamais!
Por que razão tão desinteligente
Mudar-se-ia esta explosão de paz
Que muda o mundo repentinamente?
Talvez eu esteja assim, indiferente,
Porque a vida me açoitou demais,
E eu veja escrito a cada passo à frente
Que o trem do tempo nunca andou pra trás...
Mas quem sou eu para ter o direito
De me sentir magoado e contrafeito,
Se o próprio Cristo que morreu por mim
Volta sorrindo em todos os Natais?
Não, o Natal nunca mudou, jamais!
Se houve mudança, foi somente em mim.
Dedé Monteiro - Tabira/PE
Caro HÉLIO LEITE, obrigado pela colaboração. Eu não conhecia esse poema de DEDÉ MONTEIRO em resposta ao famoso soneto de Machado de Assis. Foi muito oportuna a sua postagem.
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