ACORDA CORDEL É DESTAQUE EM JORNAL DE GOIÂNIA-GO
Por: Raphaela Ferro
Fonte: jornal Tribuna do Planalto, Goiânia-GO – nº 1294
“Quando ainda não havia
O rádio e a televisão
E os jornais não chegavam
Pra toda população
O folheto de Cordel
Era o jornal do Sertão
O rádio e a televisão
E os jornais não chegavam
Pra toda população
O folheto de Cordel
Era o jornal do Sertão
Lendo folhetos, então
O nosso povo sabia
Lenda de rei e princesa
E fato que acontecia...
Por ser cultura do povo
Inda resiste hoje em dia”
O nosso povo sabia
Lenda de rei e princesa
E fato que acontecia...
Por ser cultura do povo
Inda resiste hoje em dia”
Sim, o Cordel ainda resiste, encantado como toda literatura, e de tão importante virou até nome de novela global. Os versos acima, que destacam a importância desse gênero, são do cordelista cearense Arievaldo Viana, criador do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula.
Seu objetivo? Levar esse rico recorte da cultura brasileira às crianças e jovens por meio de palestras e apresentações em escolas. O trabalho inclui também uma caixa de folhetos, que são lidos e trabalhados nas escolas.
Seu objetivo? Levar esse rico recorte da cultura brasileira às crianças e jovens por meio de palestras e apresentações em escolas. O trabalho inclui também uma caixa de folhetos, que são lidos e trabalhados nas escolas.
E até uma apostila com metodologia de trabalho para o uso do Cordel na Educação foi criada. Nela, Viana explica as origens do gênero, seu desenvolvimento no Brasil, suas regras básicas e como se constrói um folheto.
De tão atrativo, o material se transformou em livro. Com o apoio de algumas prefeituras do Ceará e da Petrobras, virou também um kit, composto por livro, caixa com 12 folhetos e um CD com dez poemas musicados.
O trabalho não ficou restrito ao Nordeste. Viana já levou o projeto às Minas Gerais, Tocantins, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. “O Cordel não é exclusividade das escolas nordestinas, até porque a arte do trovadorismo está presente no mundo inteiro”, avalia o cordelista.
Não acredita? Viana dá exemplos: o Cordel está também no Cururu de São Paulo, no Calango Mineiro, no Partido Alto, do Rio, nos Gaiteiros gaúchos e também nos peões de rodeio do Cerrado.
“O folheto de Cordel é uma coisa extremamente dinâmica, agradável, de uma leitura muito bonita”. Viana lembra que, quando criança, se esforçou para aprender as letras e juntar as sílabas justamente por conta do desejo de decifrar a mensagem dos folhetos que a avó lia para ele.
Não acredita? Viana dá exemplos: o Cordel está também no Cururu de São Paulo, no Calango Mineiro, no Partido Alto, do Rio, nos Gaiteiros gaúchos e também nos peões de rodeio do Cerrado.
“O folheto de Cordel é uma coisa extremamente dinâmica, agradável, de uma leitura muito bonita”. Viana lembra que, quando criança, se esforçou para aprender as letras e juntar as sílabas justamente por conta do desejo de decifrar a mensagem dos folhetos que a avó lia para ele.
Assim também várias crianças nordestinas aprenderam a ler. É esse entusiasmo com o Cordel que hoje ele tenta passar em suas visitas às escolas. O cordelista acredita que ter o assunto em sala de aula é importante principalmente no que diz respeito à valorização da legítima cultura brasileira. Mas não pode ser algo obrigatório, alerta ele. “É bom quando há uma empatia tanto por parte do educador quanto dos próprios alunos. E essa empatia só acontece quando o professor sabe realmente o valor daquele texto e sabe explorar as suas possibilidades”.
Só assim, segundo Viana, nasce o interesse no aluno. Artista pernambucano, Cacá Lopes também vê a importância do Cordel na sala de aula.
Só assim, segundo Viana, nasce o interesse no aluno. Artista pernambucano, Cacá Lopes também vê a importância do Cordel na sala de aula.
Ele trabalha há 16 anos com o projeto cultural Cordel nas Escolas, levando informações sobre o assunto para instituições de ensino públicas de São Paulo. Também cordelista, Lopes explica que o o objetivo é aproximar a produção da literatura de Cordel aos projetos de Educação e curriculares.
A iniciativa tem o poder de incentivar a leitura e resgatar uma das mais autênticas expressões culturais do povo brasileiro. “O Cordel, durante muito tempo, foi o principal veículo de comunicação e de aprendizagem da nossa gente sertaneja”, lembra.
A iniciativa tem o poder de incentivar a leitura e resgatar uma das mais autênticas expressões culturais do povo brasileiro. “O Cordel, durante muito tempo, foi o principal veículo de comunicação e de aprendizagem da nossa gente sertaneja”, lembra.
Espaço privilegiado
Lopes explica que trabalhar os folhetos como ferramenta pedagógica não é obrigatório para as escolas, mas tem sido prática comum em instituições de ensino de todo o país.
Inclusive nas instituições de Ensino Superior, por causa da importância e do grande valor que o Cordel tem na Educação. “Escolas e universidades ressaltam o valor cultural de rica variedade temática desse recurso literário”.
Viana comenta que há várias maneiras para se trabalhar o Cordel em sala de aula. Ele propõe que, inicialmente, a melhor proposta é ler um folheto em voz alta. Primeiro o professor, depois os alunos. “A partir daí, as crianças vão adquirindo intimidade com o texto”.
Com mais conhecimento sobre o assunto, os estudantes usarão o Cordel como qualquer outro material paradidático: apresentações teatrais, ilustrações baseadas no texto, questionários, debates sobre os temas apresentados, etc.
Com mais conhecimento sobre o assunto, os estudantes usarão o Cordel como qualquer outro material paradidático: apresentações teatrais, ilustrações baseadas no texto, questionários, debates sobre os temas apresentados, etc.
Outra boa iniciativa é formar uma Cordelteca (biblioteca de Cordel) na escola. Nesse espaço, os alunos terão à disposição clássicos do gênero, folhetos que atravessaram gerações e também o melhor da nova produção poética do país. Para ele, tudo o que é necessário para que aluno e professor se aproximem mais do Cordel e passem a buscar os textos espontaneamente. Outra sugestão de Viana é levar os poetas à escola, para que eles realizem palestras e apresentações.
As releituras de grandes obras da literatura brasileira e universal, adaptadas para o Cordel em novo formato, também são boa opção pedagógica.
As releituras de grandes obras da literatura brasileira e universal, adaptadas para o Cordel em novo formato, também são boa opção pedagógica.
“É o caso de Corcunda de Notre-Dame em Cordel, de João Gomes de Sá, em que os famosos personagens da obra de Victor Hugo são transportados da França para uma pequena cidade do interior do Nordeste”, cita ele.
Literatura menor?
O Cordel demorou tanto a chegar à sala de aula por causa do preconceito. Por quê? “Alguns desavisados ainda relacionam Cordel com poesia matuta e essa confusão contribui para deturpar a nossa arte e para que alguns acadêmicos ainda torçam o nariz e o vejam como uma arte menor”, aponta Viana.
E complementa: “Isso não é verdade!” Inclusive para ter mais aceitação, muitos novos autores já procuram se adequar às normas gramaticais, o que não é uma exigência. “O Cordel é uma escola literária. Muitos representantes da nova geração são conscientes da importância do folheto como ferramenta auxiliar na Educação e procuram colocar as coisas em seu devido lugar”, completa.
Brasileiro importado
É brasileiro sim, pois surge hoje do cotidiano dos nordestinos, mas a origem do Cordel é europeia. Segundo o cordelista Arievaldo Viana, o estilo literário tem origem ibérica e veio na bagagem do colonizador europeu. Mas chegou ao Brasil meio pobre, sem assunto.
“O romanceiro popular nordestino é seguramente o mais rico do mundo, tanto em quantidade de obras e autores, quanto na qualidade dos textos apresentados até aqui”, conta Viana.
Contudo, a origem ibérica é questionável. Também cordelista, Cacá Lopes afirma que não há consenso sobre como o Cordel chegou ao Brasil.
“O romanceiro popular nordestino é seguramente o mais rico do mundo, tanto em quantidade de obras e autores, quanto na qualidade dos textos apresentados até aqui”, conta Viana.
Contudo, a origem ibérica é questionável. Também cordelista, Cacá Lopes afirma que não há consenso sobre como o Cordel chegou ao Brasil.
De acordo com Lopes, durante muitos anos, pesquisadores buscaram o caminho mais fácil para explicar a gênese do Cordel no país.
“A maioria, até final da década de 80, atribuía ao Cordel uma herança ibérica, por achar que no Cordel brasileiro residiam elementos iguais e semelhantes ao produto português ou espanhol”.
O problema é que o Cordel português é bem diferente do brasileiro. Aquele se pautava em reproduzir obras clássicas, mas não apresentava produção escrita própria e autônoma como a do Brasil.
“Eles [os pesquisadores] teimavam em ignorar a originalidade do nosso produto e necessitavam de um cordão umbilical transatlântico para corroborar a importância do Cordel”, critica Lopes.
Foi no Nordeste brasileiro mesmo que o Cordel ganhou vida. “A sua relevância histórica vem do Nordeste, que o transformou em uma das mais ricas manifestações culturais a partir das últimas décadas do século 19”.
O problema é que o Cordel português é bem diferente do brasileiro. Aquele se pautava em reproduzir obras clássicas, mas não apresentava produção escrita própria e autônoma como a do Brasil.
“Eles [os pesquisadores] teimavam em ignorar a originalidade do nosso produto e necessitavam de um cordão umbilical transatlântico para corroborar a importância do Cordel”, critica Lopes.
Foi no Nordeste brasileiro mesmo que o Cordel ganhou vida. “A sua relevância histórica vem do Nordeste, que o transformou em uma das mais ricas manifestações culturais a partir das últimas décadas do século 19”.
O que possibilitou isso, diz o cordelista, foi a chegada de quatro poetas paraibanos à Recife. Foram eles os responsáveis pela geração princesa do Cordel: Silvino de Pirauá de Lima, Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athaíde e Francisco das Chagas Batista.
Quer saber mais?
Para quem deseja entrar no mundo encantado dos Cordéis há várias opções:
* Breve História da Literatura de Cordel
A dica é do cordelista Cacá Lopes. O livro foi escrito por Marco Haurélio e conta com o aval do doutor em Cordel (Ciência da Literatura), Aderaldo Luciano. A obra narra as origens do Cordel
e apresenta suas influências na cena cultural brasileira.
* Cordelivros
Essa é a dica do cordelista Arievaldo Viana. Ele indica a leitura de qualquer cordelivro, mas há três específicos de sua autoria: A Raposa e o Canção, Padre Cícero, o Santo do Povo e A Ambição de Macbeth e a Maldade Feminina.
* Série Literatura de Cordel na Escola – TV Escola
O caderno Escola também tem uma dica. A TV Escola fez uma série de cinco programas sobre a Literatura de Cordel na Escola, com o objetivo de discutir as origens desse gênero literário e sua presença nas escolas de Ensino Fundamental. Dá para conferir no site http://tvescola.mec.gov.br.
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QUER ADQUIRIR FOLHETOS DE CORDEL?
ResponderExcluirÉ MUITO FÁCIL - MONTE JÁ A SUA CORDELTECA
Adquira folhetos e livros de vários autores e monte a sua CORDELTECA. A literatura de cordel está sendo cada vez mais procurada por educadores, estudantes e leitores em geral. Para montar sua biblioteca de cordel, consulte quem entende do assunto. Dispomos de um grande estoque e podemos fornecer os maiores clássicos do gênero, além de livros que tratam do assunto.
Veja alguns títulos do nosso estoque:
- Romance do Pavão Misterioso
- As proezas de João Grilo
- O Soldado Jogador
- Chegada de Lampião no Inferno
- O Batizado do Gato
- A gramática em cordel
- A noiva do gato
- A vida de Pedro Cem
- Iracema, a virgem dos lábios de mel
- A donzela Teodora
- A didática do cordel
- João Bocó e o ganso de ouro
- O rico ganancioso e pobre abestalhado
- O justiceiro do Norte
- O castigo da inveja ou o filho do pescador
- Jerônimo e Paulino ou o prêmio da bravura
- A sorte do preguiçoso e o peixinho encantado
- Quirino, o vaqueiro que não mentia
- Peleja de Zé Ramalho com Zé Limeira, o poeta do Absurdo
- Peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum
- Juvenal e o Dragão
- Pedrinho e Julinha
- Viagem a Baixa da Égua
LIVROS:
- Pavão Misterioso em quadrinhos
- Batalha de Oliveiros com Ferrabras em Quadrinhos
- 2ª Edição do livro ACORDA CORDEL NA SALA DE AULA
- 12 Contos de Câmara Cascudo em CORDEL - Caixa temática
- Antologia de cordéis do poeta Bule-Bule
- Vertentes e evolução da Literatura de Cordel
MAIORES INFORMAÇÕES: acordacordel@ig.com.br
Arievaldo,
ResponderExcluirPARABÉNS pela postagem de divulgação no blog. Precismos, sempre, repassar estes informes sobre as atividades, produções e repercussões dos nossos poetas, especilmente o de levar a literatura de cordel como ferramenta de apoio a todas as disciplinas da grades escolar, além dos conteúdos literários próprios. É importante, como elucidado nos textos acima, que nossa literatura popular, quando aqui chegou ganhou identidade própria e profundamente enriquecedora. Em vista a escolas tenho observado o quanto desperta o interesse dos alunos e auxilia na disciplina, no comportamento social entre alunos e professores. Recambio sempre estes informes para professores aqui no Rio e, a receptividade é muito gratificante.
Vale referir que a Cordelteca - Memória da literatura de cordel, da Biblioteca Amadeu Amaral, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/Iphan/MinC possui, hoje, 8. 933 títulos em sua Base de Dados, além de edições distintas, dos quais 5.533 encontram-se digitalizados e disponíveis para leitura on-line, vetado todo e qualquer tipo de copiagem. O obejetivo é apoio às pesquisas de estudantes e pesquisadores da área. A BAA oferece ainda : mais de 80 mil recortes de jornais, desde meados dos século passado, em sua Hemeroteca, divididos em dois arquivos (CDU e TEMÁTICO), com pastas e subpastas por grandes assuntos, que abrangem a cultura popular em todas as suas vertentes; a Revista Brasileira de Folclore, com 42 fascículos, também está disponível para leitura on-line e, esta pode, incluisive ser baixada para pcs.; todos os Catálogos da Sala do Artista Popular - exposições temporárias e mensais também podem ser lidos e baixados.
O objetivo deste meu informe é divulgar todas as vertentes da cultura popular que este Centro congrega e com isto, ampliar o leque de acervos que auxiliam estudos e pesquisas. O CNFCP (www.cnfcp.gov.br) desenvolve estreita parceira com a Academia Brasileira de Literatura de Cordel e outras instituições congeneres. Entendemos que a soma é benéfica para todos.
Mais uma vez PARABÉNS e um forte abraço,
Maria Rosário Pinto
Poeta Arievaldo, tem alguma visita sua programada para Tocantins ou Goiás este ano?
ResponderExcluirBeatriz Almeida - Palmas-TO
Olá Beatriz Almeida. Se Deus quiser, em julho estarei na FLIT Tocantins lançando novos livros e fazendo palestra e oficina, ao lado do ilustrador Jô Oliveira. Nos veremos em Palmas, com certeza.
ResponderExcluirNOVO E-MAIL PARA SOLICITAR O CATÁLOGO DE LIVROS E FOLHETOS DO PROJETO ACORDA CORDEL:
ResponderExcluirarievaldoviana@gmail.com