domingo, 26 de junho de 2011

CORDÉIS ATEMPORAIS


Quando menino, por volta de 1979, eu estudava no Instituto São José, em Maracanaú. Acabara de chegar dos sertões... Era meu primeiro contato com uma cidade. A distância da família, a mudança brusca de costumes, a presença da TV e das revistas em quadrinhos, que para mim constituíam uma novidade, só fizeram foi aumentar a saudade que eu sentia do meu torrão natal. O que mais me apertava o peito de menino era a lembrança de minha avó Alzira lendo folhetos na sala de jantar. Foi aí que apareceu um colega, residente em Pajuçara, no mesmo município, que também gostava de "romances". Foi um verdadeiro achado. Emprestei alguns folhetos ao colega e ele me trouxe um exemplar de "Vicente, o rei dos Ladrões", de Manoel D'Almeida Filho, garantindo-me que era melhor do que Cancão de Fogo! Confesso que fiquei meio frustrado após a leitura... Apesar de ser um texto bem escrito, verdadeiro clássico do gênero, Vicente, na minha opinião de menino, estava muito longe da irreverência de um Cancão, personagem picaresco que vencia mais pela astúcia e bom humor, do que propriamente pelo roubo. Ao deparar-me com esse texto do poeta Marco Haurélio, relembrei toda a cena passada em Maracanaú há exatos 32 anos:


VICENTE, O REI DOS LADRÕES

Por: Marco Haurélio

Manoel D’Almeida Filho esperava criar um personagem que se imortalizasse, a exemplo do Cancão de Fogo, de Leandro Gomes de Barros. Trata-se de Vicente, o rei dos ladrões, protagonista de um dos campeões de vendagem do autor e um clássico definitivo do gênero picaresco. Em comum com Cancão e com outros amarelinhos, Vicente se vale da esperteza e de certa crueldade no trato com os inimigos. O seu porte físico, conforme a leitura mais atenta indica, todavia, está mais para Cary Grant no filme O ladrão de casaca (de Alfred Hitchcock).

A história, em sua última parte, que envolve o saque ao tesouro do rei, consta de um conto popular egípcio de cerca de 3.000 anos, O tesouro de Ramsés, o qual chegou ao poeta, por meio de uma versão oral que ele habilmente costurou na bem urdida trama do romance. Encontramos episódios como o do sacrifício do parceiro preso numa armadilha e o do ferimento acidental para disfarçar o choro pelo morto, que denunciaria o ladrão. Como boa parte dos espertalhões, Vicente é apresentado, nas primeiras edições impressas como “professor de Cancão de Fogo”, conforme salientado no subtítulo, que foi sensatamente suprimido nas sucessivas edições publicadas pela editora Prelúdio desde 1955. Minelvino Francisco Silva, no mesmo período, deu vida a outro espertalhão, Nicolau Marreteiro, o ladrão misterioso, que se baseia na mesma mesma história egípcia.

Nos estandes que montei já ouvi mais de uma vez, ao reencontrar o lendário Vicente, um leitor declamar, emocionado, as estrofes de abertura.

Todo o mundo traz o dom,
Conforme diz o rifão:
Existe quem traga até
O dom para ser ladrão –
Sendo pra roubar cavalo,
Traz um cabresto na mão

Neste drama, eu apresento
Vicente, o Rei dos Ladrões,
Que, em todos caloteiros,
Ele passava lições –
Até em Cancão de Fogo,
Segundo as opiniões.

Vicente, o rei dos ladrões é um dos clássicos da Coleção Luzeiro de Literatura de Cordel.

Postado originalmente em: http://marcohaurelio.blogspot.com/2011/06/cordeis-atemporais-vicente-o-rei-dos.html



BIOGRAFIA DO POETA

Vilma Mota Quintela
Manuel d´Almeida Filho nasceu em 1914, no município de Alagoa Grande, próximo a Campina Grande. Era filho de agricultores, tendo vivido exclusivamente no campo até por volta dos oito anos, quando foi levado pela primeira vez à cidade, onde se deu seu encontro decisivo com a literatura de cordel.
Quis aprender o ABC para decifrar as palavras nos folhetos, tornando-se, com isso, leitor habitual do gênero. Já por volta de 1936, vivendo como operário na capital paraibana, publicou seu primeiro folheto: A moça que nasceu pintada, com unhas de ponta e sobrancelhas raspadas, que versava sobre um caso polêmico ocorrido no interior do estado.
Logo depois, tornou-se autor-proprietário e mercador ambulante nas feiras entre Pernambuco e o Estado da Paraíba. Foi admirador declarado de João Martins de Ataíde e da roda de cantadores que se reuniam no Recife, em torno do poeta-editor pernambucano.

VER ESSE TEXTO COMPLETO EM:



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2 comentários:

  1. Eu queria saber aonde na internet eu consigo achar mais poemas do Manoel D'Almeida Filho pra mim fazer um trabalho, alguém pode me dar um help?

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  2. PARA SABER MAIS SOBRE O POETA MANOEL D'ALMEIDA FILHO, acesse o site da Casa de Rui Barbosa. Link: http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/ManuelDalmeida/manuelDalmeida.html

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