Biografia do mestre da
literatura de cordel
é lançada no Espaço Cultural
Uma noite dedicada à autêntica
poesia sertaneja e à cultura popular. Foi assim o lançamento da biografia
“Leandro Gomes de Barros – O Mestre da Literatura de Cordel: Vida e Obra”, do
escritor cearense Arievaldo Vianna. O evento aconteceu no último sábado (25),
no mezanino 2 do Espaço Cultural José Lins do Rego, com a participação do
declamador Iponax Vila Nova e da dupla de repentistas Rogério Meneses e Raolino
Silva.
Como não poderia faltar, o autor
da biografia declamou trechos de folhetos famosos do cordelista paraibano
homenageado, que é autor de textos que influenciaram Ariano Suassuna na criação
de sua obra mais famosa, o ‘Auto da Compadecida’, como ‘O Dinheiro’ (ou O
testamento do Cachorro), de 1909, e ‘O cavalo que defecava dinheiro’.
Poeta atemporal, Leandro se valeu
da sátira para criticar os desmandos de seu tempo: a influência estrangeira em
Pernambuco, Estado onde se estabeleceu. Essa característica foi lembrada por
Iponax Vila Nova, que além de mestre de cerimônia da noite, declamou e
interagiu com o público que desafiou sua memória imbatível pedindo versos e
homenagens a cordelistas.
Mestres na arte do improviso, os
repentistas Raolino e Rogério conquistaram o público com seus versos e violas.
A experiência de um desafiando a juventude do outro em clima de descontração
conseguiram levar o público às gargalhadas ao abordar temas da atualidade.
O evento realizado pelo Governo
do Estado, por meio da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) antecipou as comemorações pelo
sesquicentenário de nascimento do poeta paraibano natural da cidade de Pombal,
que acontece em 19 de novembro. O autor da biografia apresenta um trabalho
amparado em fotos, documentos e informações inéditas sobre a vida e obra de
Leandro. Para a presidente da Funesc, Marcia Lucena, a cultura popular merece
ser tratada com essa atenção.
No texto de apresentação do
livro, o poeta e pesquisador baiano Marco Haurélio, afirma: “Trata-se da
biografia do nosso mais importante poeta popular, Leandro Gomes de Barros,
patriarca da literatura de cordel e autor de, pelo menos, 20 clássicos
incontestáveis do gênero. Ari salda o débito que contraiu com o mestre
paraibano desde que foi apresentado, na infância, pela avó Alzira de Souza Lima
(1912-1994) ao grande pícaro Cancão de Fogo, espécie de Lazarillo de Tormes
sertanejo, e maior criação de Leandro.”
No prefácio da obra, o professor
e estudioso da cultura popular Gilmar de Carvalho escreve: “Leandro é daquelas
unanimidades a favor. Inegável que foi o grande nome do folheto e um dos
sistematizadores da edição de cordéis no Brasil, com rima, métrica e folheto
múltiplo de quatro páginas, com capa gráfica, no início, e com xilogravura,
tempos depois. Curiosa essa passagem do violeiro para o poeta de bancada.
Importante compreender como a maquinaria obsoleta para os grandes centros se
interiorizava e dava lugar a jornais políticos e depois a uma atividade que
movimentou a economia, que revolveu nossas camadas de memória e se fixou no
imaginário social.”
Em 176 páginas, o livro reúne,
além dos fatos relacionados à vida do poeta, raridades como fotos de
familiares, documentos que esclarecem aspectos antes obscuros da biografia de
Leandro. A pesquisa tem colaboração de Cristina Nóbrega, bisneta de Daniel,
irmão de Leandro. Merecem destaque
também as entrevistas com o escritor Pedro Nunes Filho e o consagrado
cordelista Paulo Nunes Batista. O primeiro é bisneto de Josefa Xavier de
Farias, irmã de Adelaide (mãe de Leandro). O segundo é filho do pioneiro do
cordelismo, Francisco das Chagas Batista, amigo do criador de Cancão de Fogo, e
guarda na memória episódios interessantes que ouvia de seu irmão Pedro Werta, afilhado
do biografado.
José Paulo Ribeiro, Arievaldo, Maria do Socorro, Jocélio e José de Sousa Dantas
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