segunda-feira, 11 de junho de 2018

RESENHA

O POETA E EDITOR POTIGUAR GUSTAVO LUZ AVALIA O LIVRO 

NO TEMPO DA LAMPARINA

Quem nasceu, ou por alguns momentos de sua infância, passou férias no sertão, encontrará no mais novo livro do poeta e escritor Arievaldo Vianna, as chaves para muitas dúvidas de seus costumes e gostos que por algum momento você não sabe de onde veio.
Em No tempo da lamparina, Ari, para os mais próximos, esmiúça sua infância de menino da roça, para chegar a uma conclusão cabível pelo seu amor à cultura e a literatura popular. As estórias de trancoso que escutava da velha Bastiana e sua neta Rita Maria, fez com que os impressos em folhetos parecessem verdadeiros ou, pelo menos, plausíveis, como escreveu no inicio de conversa.
Escutar estórias de almas penadas, botijas, encantamentos em pleno sertão sem eletricidade, alumiado nas noites pelas lamparinas, com sua luz bruxuleante, criando imagens imaginarias de bichos nas paredes de taipa, e acompanhado das leituras dos folhetos de sua avó Alzira, guardados na mala em cima do caixão de farinha, fez com que o poeta, caminhando em cima dos lajedos, em baixo das velhas oiticicas, já criasse seu mundo de estórias e imaginações. De onde, num futuro próximo, extraiu bagagem suficiente para escrever seus romances e seus versos rimados cheios de fantasias e humor.
Arievaldo nasceu poeta e contador de histórias, sempre bem humorado, foi na casa de sua infância onde encontrou a munição que precisava para o enriquecimento de sua memória. A prova disso está no seu O TEMPO DA LAMPARINA, livro, para a nova geração ficar informada que nem sempre o sertão foi um local de pessoas alienadas e sem matrizes culturais.
Permeado com as músicas que lhe acompanhou durante sua vida, Arievaldo consegue fazer um pequeno relado do papel que teve a música nordestina, na formação do individuo que procura a sabedoria, como um remédio para momentos difíceis de nossa existência.
No sertão do tempo da lamparina, sabia-se a hora de plantar, de colher e de armazenar. Sabia-se o que era educativo, e mesmo sem estudos, os mais velhos tinham visão de vida e de futuro. E foi assim com Arievaldo Vianna, onde seus pais, logo procuraram escola para os filhos, porque sabiam que a educação andava de mãos dadas com o bem-estar. E foi na cidade onde ele tornou-se escritor e poeta.
Essa parte não contarei, lendo as 270 paginas do volume, você saberá como o poeta conseguiu ser um dos melhores cordelistas do Brasil. Boa leitura!
Gustavo Luz - Poeta e Editor

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