Ilustração: Lincoln (DN)
A festa do cordel
Expoentes da literatura popular
participam de feira na Caixa Cultural Fortaleza, com programação gratuita que
vai de hoje a domingo (20)
por Roberta
Souza - Repórter
A literatura de cordel
e outras manifestações artísticas tipicamente nordestinas ganham, a partir de
hoje (17), quatro dias para intensa expressão na Caixa Cultural Fortaleza. O
cenário contempla logo mais, a partir das 14h, a II Feira do Cordel Brasileiro,
com uma programação de shows, oficinas, palestras, lançamentos literários,
exibição de documentário, além de exposição e venda de folhetos e outros
artigos que dão conta dessa linguagem.
Entre as atrações
convidadas estão os músicos-cordelistas Jorge Mello, parceiro musical de
Belchior; o cordelista, repentista e sambador Mestre Bule-Bule; o Mestre
Valdeck de Garanhuns, bonequeiro, cordelista, repentista e xilogravador; a
médica, cantora e cordelista Paola Torres; os grupos Tempo de Brincar; o jovem
Rafael Brito e a Rabecaria; dos forrós Kutuca a Burra e Cacimba de Aluá.
O show de repente pela
dupla Geraldo Amâncio e Guilherme Nobre, além de muitas declamações pelos
cordelistas Chico Pedrosa, Antônio Francisco, Evaristo Geraldo, Lucarocas,
Paulo de Tarso, Raul Poeta, Arievaldo Vianna e Tiago Monteiro são outros
destaques da programação, cuja curadoria foi realizada por Klévisson Viana.
Também curador na Praça do Cordel presente na Bienal do Livro do Ceará, ele
reconhece a importância desta para a realização da feira.
"Foi o 'know-how'
ao longo de uma década trabalhando com a Bienal que nos deu condições de
realizar a Feira do Cordel, inicialmente pensada pequena, mas que já começou
grande", observa Klévisson. A primeira edição na Caixa Cultural aconteceu em
abril passado, mas antes tinha sido organizada uma também no Dragão do Mar. A
contagem de edições pela organização, no entanto, começa a levar em
consideração o evento de 2016, e pretende-se dar continuidade pelos próximos
anos. "A parceria tem dado super certo", salienta o curador da Feira.
Realizada a partir de
uma iniciativa da Associação de Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado
do Ceará (Aestrofe), com patrocínio da Caixa Econômica Federal e Governo
Federal, e apoio cultural da Tupynanquim Editora, Cariri Filmes, Editora Imeph,
Programa A Hora do Rei do Baião e Premius Editora, a Feira do Cordel é também
uma ação de resistência em tempos de crise. "Seria impossível fazer esse
evento somente com dinheiro. Contamos com know-how, amizades e credibilidade
para ela acontecer, mas o orçamento deveria ser três vezes maior do que os 120
mil que usamos", explica Klévisson Viana.
Homenageados
Bule-Bule (BA) e Cego Aderaldo (CE)
Como de costume,
alguns nomes serão homenageados pela Feira. Nessa edição, os escolhidos foram o
repentista Cego Aderaldo (50 anos de morte), os cordelistas Gonçalo Ferreira
(80 anos), Arievaldo Vianna (50 anos), o Mestre Bule-Bule (70 anos), Zé Maria
de Fortaleza (60 anos de viola) e o cordelista e xilogravador Mestre José Costa
Leite (90 anos de vida e 72 anos de arte).
Da Bahia, o Mestre
Bule-Bule demonstra satisfação em vir pela segunda vez ao Ceará este ano,
afinal ele também estava na programação da Bienal. A homenagem, um diferencial,
foi recebida com entusiasmo e humildade. "É uma satisfação ser de um lugar
tão distante - da Bahia ao Ceará são várias divisões de estado, núcleos de
grandes poetas e cantadores e escritores - , e meu nome ser bem visto no meio
de tantos valores de nobreza poética que tem aí. É uma honra, não tenho
palavras no meu fraco vocabulário para descrever tamanha vantagem. Só agradecer
a Deus, aos homens e mulheres de boas vontade que me deixam na frente de
determinada função", valoriza o mestre.
LEIA A MATÉRIA
COMPLETA NO CADERNO 3 DO DIÁRIO DO NORDESTE
Link: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/a-festa-do-cordel-1.1805485