sexta-feira, 10 de maio de 2013

LIVROS À VENDA

 
 
DOIS LIVROS IMPERDÍVEIS que você dificilmente irá encontrar nas livrarias. Portanto garanta já o seu. Enviaremos pelo correio, para qualquer parte do Brasil, mediante depósito em conta corrente do Banco do Brasil.
O BEABÁ DO SERTÃO = R$ 50,00 
O BAÚ DA GAIATICE = R$ 25,00
Informações: acordacordel@ig.com.br


Nos 100 anos de nascimento de LUIZ GONZAGA, o ARMAZÉM DA CULTURA lança uma expedição exploradora ao universo do sertão gonzagueano, capitaneada por Arlene Holanda e Arievaldo Viana e enriquecida pelas cores e formas de Suzana Paz.
Embora escrita a quatro mãos, O “beabá” do sertão na voz de Gonzagão é obra singular. Arievaldo e Arlene captam nas rimas e ritmos do cordel todo o múltiplo universo cultural nordestino presente na obra magistral de Luiz Gonzaga, o rei do baião. O límpido texto em prosa, contextualizado à obra de Gonzagão, descreve os costumes, a sabedoria, a cultura e a lida da gente nordestina. O livro é um verdadeiro be-a-bá do sertão em verso e prosa.
O resultado são 100 páginas em cordel, prosa, formas e cores, abordando os seguintes temas: forró, seca e inverno, feira, ofícios, folguedos, cangaço, fauna, flora, costumes, crenças.
O BEABÁ DO SERTÃO NA VOZ DE GONZAGÃO
Formato: 27 x 18cm - 100 páginas - ilustrações coloridas e papel de ótima qualidade. Edição para COLECIONADORES e FÃS DO REI DO BAIÃO.
R$ 50,00
O BAÚ DA GAIATICE - Clássico da molecagem cearense, terceira edição, 160 páginas - Editora Assaré, incluindo Antologia com os 10 folhetos de cordel mais engraçados de Arievaldo Viana e seus parceiros. R$ 25,00.
Enviamos para qualquer parte do Brasil - informações: www.acordacordel.ig.com.br

domingo, 5 de maio de 2013

CORDEL "REDESCOBRE" A AMAZONIA

 
 
No início do século XX o Pará teve intensa participação na publicação de folhetos de cordel através da GUAJARINA, editora de Francisco Lopes, na qual pontificou o poeta Firmino Teixeira do Amaral. Por sugestão do folclorista Vicente Salles, recém-falecido, a Feira Pan-Amazonica do Livro, realizada em Belém, abriu espaço para os cordelistas. Vejam a seguir, matéria publicada no jornal DIÁRIO DO PARÁ, cujo exemplar me chegou às mãos através do editor Gustavo Luz, de Mossoró, um dos entrevistados na matéria. Notem que alguns folhetos de minha autoria aparecem na foto que abre a matéria:

LINK: http://www.diariodopara.com.br/N-168307-TRADICAO+E+PALAVRA+AFIADA.htm




Você – DIÁRIO DO PARÁ, Sexta-feira, 3 de maio de 2013

Tradição e palavra afiada

Rima simples para ecoar tradições populares, estórias que permeiam o imaginário de um país. A literatura de cordel, conhecida expressão que surgiu no seio da região nordestina, começa na oralidade para desembocar em folhetos bem humorados e singelos – uma manifestação criativa e bem humorada do saber de um povo simples. O universo lúdico construído por meio destas publicações tem espaço cativo na Feira Pan-Amazônica do Livro. Amanhã, durante o dia, será realizado o III Encontro de Cordelistas da Amazônia, com uma programação que conta com palestra, oficina e uma feirinha de cordéis.

A literatura de cordel tem origem longínqua. Considerada uma das formas literárias mais populares do Brasil, sua ideia base vem da época do Renascimento, quando se popularizou o costume de produzir publicações escritas na tentativa de eternizar relatos orais. “O cordel como uma publicação é apenas o resultado físico de uma produção literária que é falada. É uma literatura que é recitada, cantada, para depois ganhar o papel”, explica Cláudio Cardoso, editor de cordéis e um dos organizadores do Encontro. E a inspiração já atravessou o oceano pacífico batizada. Em Portugal, os folhetos eram conhecidos como cordel, pois eram expostos para venda em cordas ou barbantes. No nordeste brasileiro, a tradição do varal foi mantida, mas também criou-se uma nova forma de escoamento: os populares livretos começaram ser vendidos expostos em bancas, vendidos no famoso modo “corpo a corpo”.

Autores travam luta contra o esquecimento

E no nordeste também se construiu uma estética própria da manifestação, com temas e visual mais próximos da realidade brasileira.Com a vinda dos nordestinos para a região amazônica no final do século XIX - movimento ocasionado por causa dos ciclos da Borracha, do Peonato (construção da Rodovia Transamazônica) e do Minério – o cordel veio na mala. Em 1914, um pernambucano monta a primeira editora de cordel da região, a Guajarina, que ajuda na propulsão do trabalho dos cordelistas que já começaram a despontar por essas bandas. De lá para cá, surgiram diversos cordelistas na capital e nos municípios paraenses. Uma produção que resiste às dificuldades de se fazer poesia popular, cheia de requintes artesanais.

Salve os cordelistas da Amazônia

Este é o terceiro ano consecutivo que o Encontro de Cordelistas da Amazônia é realizado, sempre dentro da Feira do Livro. A ideia de promover um evento para saudar a classe artística local partiu do pesquisador Vicente Salles. “Vicente era um dos maiores pesquisadores e colecionadores de cordéis da região. Em uma conversa, ele nos deu essa ideia, de criarmos uma ocasião para discutir e promover essa arte. Tinha que vir dele, não é mesmo?”, conta Juraci Siqueira, cordelista que junto de João de Castro e Cláudio Cardoso organiza o encontro.

Com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado, o grupo conseguiu fazer a primeira edição em 2011, que contou com a modesta participação de 15 pessoas na plateia. No ano seguinte, o número de público aumentou consideravelmente, para 150 participantes. “Com essa visibilidade ficou provado que as pessoas têm interesse pelo assunto e assim a Secult nos disponibilizou um espaço maior. Neste ano, a palestra do Encontro será na sala Marajó, às 10h, e terá participação do professor e poeta Jesus Paes Loureiro e do doutorando Hiran Possas, que pesquisa os cordéis amazônicos. Os organizadores do encontro também participam do debate.

Esse crescente interesse do público e do próprio Estado anima os cordelistas. Organizados em uma associação, o interesse deles é que o cordel seja finalmente reconhecido como um instrumento didático de ensino. “Há tempos a gente busca a inserção do cordel tanto como conteúdo literário nas escolas, como ferramenta para o aprendizado. Nossa intenção não é comercial, é mais de promover esse conhecimento popular, às vezes esquecido”, argumenta Cláudio.

Um bom exemplo dessa luta está na participação do potiguar Gustavo Luz. Ele é fundador da editora “Queima Bucho”, que publica cordéis do Rio Grande do Norte, do Ceará e de outros estados do Nordeste. “Montei a editora para publicações diversas, mas há cinco anos montei a coleção só para cordéis. A gente sente que está acontecendo uma ‘revitalização’ dessa expressão. Temos muitos cordelistas e as pessoas consomem os folhetos. A grande dificuldade é mesmo a distribuição, daí a importância de feiras e encontros”, esclarece Gustavo. A “Queima Bucho” participa do encontro com a exposição de pelo menos 200 títulos diferentes.

João de Castro nasceu em Palmares, no Pernambuco, mas já mora no Pará desde 1972. Conhecido por ser um cordelistas crítico – sua última publicação foi “Belo Monte, o belo de destruir”, com escritos contrários à construção da Hidrelétrica em Altamira -, João acredita que o ponto alto do encontro são os contatos e ideias que surgem a partir dos papos. “Os cordelistas trabalham vendendo de forma independente, se esforçam para produzir e normalmente contam apenas com pequenas editoras. Então, numa situação como a do encontro, podemos tanto conversar com outros como nós, como com o público também. E isso só fortalece nossa rede”, diz.

Além da palestra, haverá também uma oficina de cordel, com duas turmas, entre as 16h e 18h. Durante todo o dia, no estande do Escritor Paraense, haverá a feira de cordéis. “Teremos aí pelo menos 300 títulos diferentes e estarão presentes em torno de 20 cordelistas – alguns de Belém e outros de demais municípios. Vamos aproveitar a oportunidade para discutir a realização da 1ª Feira de Cordel da Amazônia no segundo semestre deste ano”, antecipa Cláudio.
 LINK: http://www.diariodopara.com.br/N-168307-TRADICAO+E+PALAVRA+AFIADA.html

 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

CORDEL NA SALA DE AULA

 Presença maciça dos coordenadores pedagógicos do município
 
O evento contou com as presenças do Secretário de Educação
Marcelo Bezerra e do prefeito Celso Crisóstomo
 
Clique na imagem para ampliar

CORDEL EM CANINDÉ


No próximo dia 23/04 Canindé irá sediar um show de cultura popular. Pela manhã, aula-espetáculo CORDEL NA ESCOLA com os poetas Arievaldo Viana e Zé Maria de Fortaleza no auditório da Secretaria de Educação do Município, no horário de 8h30 às 11h30. A noite, show com o magnífico sexteto BATUTA NORDESTINA, xote, baião, forró e repente com Tião Simpatia - Rozamato - Zé Maria de Fortaleza - Jonathan Rogério - Tony Abreu e Marcelo 21. Local e horário a definir.
 
Roteiro da AULA-ESPETÁCULO:
 
1 - Origens da Literatura de Cordel, das folhas volantes ao 'cordelivro' ilustrado
2 - O cordel nordestino e sua evolução
3 - Principais expoentes
4 - A xilogravura e demais formas de ilustração do cordel
5 - Técnicas do cordel (rima, métrica, oração e temas mais frequentes)
6 - Principais modalidades
7 - O cordel como ferramenta auxiliar na educação.

domingo, 21 de abril de 2013

LANÇAMENTO

do Sertão à Sala de Aula


Já está disponível para leitores, curiosos e estudiosos o meu novo livro Literatura de cordel: do sertão à sala de aula (Paulus), que reúne artigos, ensaios, biografias de autores e, também, o testemunho do autor que, antes de tudo, é um expoente e divulgador do gênero.

Abaixo a sinopse publicada no sítio da Paulus:

A literatura de cordel brasileira teve o Nordeste como berço e o poeta paraibano Leandro Gomes de Barros como grande divulgador. A vasta literatura oral da região forneceu os temas principais, especialmente os contos tradicionais, mas isso ainda diz pouco desse gênero literário que, durante muito tempo, foi o principal, quando não era o único, divertimento do homem do campo. Era também o jornal e a cartilha do sertanejo. Declamados ou cantados, os cordéis levaram a um público ávido por novidades as façanhas dos cangaceiros Lampião e Antônio Silvino, os milagres do Padre Cícero e os livros do povo, que desembocaram aqui trazidos pelo colono português. Levado pelo migrante a outras paragens, ganhou o Brasil e, superando as crises, como literatura de resistência, soube dialogar com as mudanças econômicas e sociais, num processo de adaptação fundamental à sua sobrevivência: do sertão à sala de aula, do Nordeste para o Brasil.

DETALHES:

Autor(a): Marco Haurélio
Catálogo: Educação
Assunto: Literatura
Coleção: Ler Mais
Acabamento: Costurado
Idioma: Português
Edição:
Número de Páginas: 168
Editora: Editora Paulus
Peso (em gramas): 203g
Ano Lançamento: 2013
Dimensões (cm): 13.5 (larg) x 20.5 (alt)
Código de Barras: 9788534935999
ISBN: 9788534935999

sexta-feira, 19 de abril de 2013

NOBREZA DO CORDEL


 
ENTREVISTA – Diário de Pernambuco / 30-04-2008 
Caderno Especial ‘Nobreza do Cordel’ (8 páginas)

Arievaldo Viana é um ardoroso militante da causa do cordel. Nascido em 1967 numa fazenda nas proximidades de Quixeramobim (CE), ele exercita a arte da poesia popular desde a infância. Hoje, com cerca de 50 folhetos e três livros publicados, ocupa a  cadeira de número 40 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Seu currículo, traz, ainda, prêmios na categoria e um projeto, Acorda Cordel na Sala de Aula, utilizado para alfabetizar jovens e adultos. Há mais de 10 anos, ele reúne material sobre a vida e a obra de Leandro Gomes de Barros. O esforço gerou uma biografia do poeta paraibano que será lançada ainda este semestre pela Editora Global*. A seguir, entrevista realizada por e-mail:
 

 

ENTREVISTA (ARIEVALDO VIANA)

“Leandro foi gênio em todos os estilos”


1) O que faz de Leandro um artista autêntico, original, no vasto universo do cordel?

ARIEVALDO – O pioneirismo de Leandro Gomes de Barros e os mecanismos que ele desenvolveu para que houvesse a transição da poesia popular oral para o folheto impresso é uma coisa de gênio. A arte do trovadorismo veio da Península Ibérica e floresceu tanto na América Espanhola quanto na América Portuguesa. Houve um tipo de literatura popular em verso no México, Chile, Nicarágua e Argentina, muito parecido com o folheto nordestino... Até a gravura popular usada para ilustrar os corridos é muito parecida com a nossa, sem falar que muitos dos temas aproveitados pelos autores da Literatura de Cordel nordestina também floresceram nesses países. De certo modo, a Literatura de Cordel brasileira surgiu de maneira tardia, porque antes da vinda da Corte Portuguesa em 1808, era proibida a existência de prelos aqui no Brasil. Então, a poesia popular oral, que já existia desde os tempos de Agostinho Nunes da Costa, Hugolino do Sabugi, Inácio da Catingueira e Romano da Mãe D’água ganhou um novo alento quando Leandro mudou-se da Vila do Teixeira, na Paraíba, para Vitória de Santo Antão e passou a editar os primeiros folhetos nas tipografias de Recife. Leandro não se limitou a reaproveitar os temas correntes, como a gesta do boi (Boi Misterioso), o cangaço (já existiam cópias manuscritas dos ABCs de Jesuíno Brilhante e Lucas da Feira) ou temas europeus como o Ciclo de Carlos Magno e os Doze Pares de França, Imperatriz Porcina e Roberto do Diabo. Ele foi mais longe. Criou um tipo de poesia cem por cento brasileiro, destacou-se sobretudo pela sua sátira mordaz e instigante. O estilo de Leandro é inconfundível. Ele teve fôlego para transitar em todos os gêneros e modalidades correntes: Peleja, Romance, Gracejo, Crítica Social e o fez com maestria. Poucos conseguiram igualar-se. No geral, ninguém o superou até hoje. José Camelo de Melo, autor do Romance do Pavão Misterioso, foi um gênio na modalidade Romance, assim como José Pacheco, autor de A Chegada de Lampião no Inferno foi um gênio em matéria de gracejo. Mas ninguém teve a grandeza de Leandro, que foi gênio em todos os estilos.


2) Como se deu a formação intelectual e poética de Leandro Gomes de Barros? O que podemos ver repercutido na sua obra?

ARIEVALDO – Leandro descendia de uma família de pessoas inteligentes. Era parente do padre Vicente Xavier de Farias, que foi vigário e mestre-escola na Vila do Teixeira. Acho provável que ele tenha estudado com o padre entre os 9 e os 15 anos de idade, período em que permaneceu na companhia deste religioso. Ele fez romances de cavalaria baseados no livro de Carlos Magno e os 12 Pares de França com tal fidelidade, que se pegarmos uma versão em prosa da história, ficamos encantados com a maneira como ele aproximava a sua poesia do texto original. Foi um pesquisador incansável dos contos tradicionais, onde buscava argamassa para suas criações e, sobretudo, um bom conhecedor da Bíblia Sagrada. É provável que tenha lido poetas eruditos como Castro Alves, Gonçalves Dias, Camões ou Álvares de Azevedo, mas o que ele gostava mesmo era da poesia dos cantadores, principalmente aqueles que cantavam “Ciência”, que bebiam em fontes como o Lunário Perpétuo. Seu amigo e compadre Francisco das Chagas Batista era editor e livreiro na capital da Paraíba. Seu genro Pedro Batista, irmão de Chagas e esposo de Rachel Aleixo (sua filha mais velha) era membro do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba e também possuía uma livraria em Guarabira. Leandro conviveu com homens cultos e era uma pessoa antenada com as coisas de seu tempo. Era também muito curioso em relação às coisas do passado. Talvez não tenha aprimorado mais o seu estro para não se distanciar de seu público, pessoas simples, que moravam nos engenhos, nas fazendas ou nos arrabaldes das capitais nordestinas.


3) Como o cordel era visto pelas elites culturais do início do século XX? E a produção do próprio Leandro?

ARIEVALDO – Se pegarmos como parâmetro a obra de Leandro veremos que ele freqüentava livrarias, redações de jornais, cafés, hotéis e, principalmente mercados e estações de trem, principal meio de transporte de sua época. Pegava os temas mais em voga e diluía a seu modo, colocando sua visão crítica e despertando uma consciência crítica nos seus leitores. O preconceito contra a poesia popular sempre existiu e sempre existirá. Talvez fosse mais forte no tempo de Leandro, mas isso não impedia que homens de letras como Sílvio Romero, Leonardo Mota, Gustavo Barroso, Câmara Cascudo, Rui Barbosa e Mário de Andrade se dedicassem à leitura e até mesmo à pesquisa das produções poéticas dos cantadores e poetas de bancada. Aliás, é importante lembrar que Leandro bebeu na fonte da cantoria, mas os cantadores beberam muito mais na obra de Leandro. Você pega livros de Leonardo Mota e encontra vários poetas declamando ou cantando criações de Leandro como O Soldado Jogador, O Boi Misterioso, Padre Nosso do Imposto etc., muitas vezes sem dar o devido crédito ao autor.

O que ocorre com grande parte dos intelectuais brasileiros é a falta de interesse por uma cultura genuinamente nossa. É por isso que surgiram escolas literárias imitando os franceses e os ingleses e devotando um verdadeiro desprezo às coisas de nosso país. Foi preciso que intelectuais vindos da Europa ou da América do Norte viessem aqui pesquisar o nosso folheto de feira e a nossa gravura, que organizassem exposições nas maiores universidades do mundo, para que boa parte dessa gente passasse a ver o cordel com bons olhos. Um aspecto muito positivo nessa virada do milênio foi a adaptação que a Rede Globo fez para O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Hoje você vai numa escola qualquer, nos cafundós do sertão, e toda criança sabe quem é o João Grilo. Sabem que ele é um personagem oriundo da tradição popular cuja popularidade consolidou-se através da Literatura de Cordel.



4) Mesmo reconhecida por escritores e pesquisadores do porte de Ariano Suassuna, Drummond e Câmara Cascudo, a obra de Leandro ainda permanece desconhecida do grande público. A que você atribui esse fato?

ARIEVALDO – Ainda em vida Leandro enfrentou muitos problemas com a pirataria. Havia editores em Belém-PA e Fortaleza-CE que não davam trégua e reproduziam seus maiores clássicos em edições clandestinas. Depois de sua morte, em 1918, sua filha Rachel e seu genro Pedro Batista continuaram editando seus folhetos e colocando avisos veementes contra esse abuso. Rachel morreu prematuramente, aos 27 anos, em 1921. Um desentendimento entre a viúva do poeta, dona Venustiniana e o marido de Rachel acabou provocando a venda de todo o seu espólio ao poeta-editor João Martins de Athayde. João Martins era bom poeta, mas queria superar o mestre e acima de tudo preservar a sua propriedade e começou a eliminar o nome de Leandro da capa dos folhetos, colocando apenas o seu como “Editor Proprietário”. Depois foi mais longe... Adulterou os acrósticos de Leandro e chegou mesmo a lançar uma antologia “O Trovador do Nordeste”, organizada por Valdemar Valente, onde se faz passar por autor de vários poemas de Leandro. A situação foi se agravando com o passar dos anos e piorou ainda mais quando Athayde encerrou suas atividades, em 1949, passando todo o acervo de Leandro e outros poetas para o editor José Bernardo da Silva, de Juazeiro. Muitos pesquisadores desinformados, ainda hoje citam obras de Leandro como se fossem de Athayde e até mesmo de José Bernardo. Foi necessário que surgissem pesquisas sérias, como a de Sebastião Nunes Batista e da socióloga Ruth Brito Lemos Terra para que Leandro voltasse à tona e fosse conhecido pelas gerações atuais. Hoje em dia a Casa de Rui Barbosa mantém, preservado, um precioso acervo de folhetos de Leandro em edições que vão de 1904 a 1920. Muitas delas feitas pelo próprio autor. É isso que possibilita o resgate, mas ainda não colocou Leandro no seu devido lugar. Poetas de menor expressão gozam de muito mais prestígio junto ao público nos dias atuais.


(...) Continua.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

DIA NACIONAL DO LIVRO INFANTIL

Ilustração: JÔ OLIVEIRA
O dia 18 de abril foi instituído como o dia nacional da literatura infantil, em homenagem à Monteiro Lobato. “Um país se faz com homens e com livros”. Essa frase criada por ele demonstra a valorização que o mesmo dava à leitura e sua forte influência no mundo literário.


Boneco de cerâmica do artista ZÉ ANDRADE,
fotografado por Arievaldo, na residência do artista,
em Santa Tereza-RJ. (Abaixo, caricatura de William Jeovah)
 
Monteiro Lobato foi um dos maiores autores da literatura infanto-juvenil, brasileira. Nascido em Taubaté, interior de São Paulo, em 18 de abril de 1882, iniciou sua carreira escrevendo contos para jornais estudantis. Em 1904 venceu o concurso literário do Centro Acadêmico XI de Agosto, época em que cursava a faculdade de direito. Como viveu um período de sua vida em fazendas, seus maiores sucessos fizeram referências à vida num sítio, assim criou o Jeca Tatu, um caipira muito preguiçoso.
Depois criou a história “A Menina do Nariz Arrebitado”, que fez grande sucesso. Dando sequência a esses sucessos, montou a maior obra da literatura infanto-juvenil: O Sítio do Picapau Amarelo, que foi transformado em obra televisiva nos anos oitenta, sendo regravado no final dos anos noventa.
Dentre seus principais personagens estão D. Benta, a avó; Emília, a boneca falante; Tia Nastácia, cozinheira e seus famosos bolinhos de chuva, Pedrinho e Narizinho, netos de D. Benta; Visconde de Sabugosa, o boneco feito de sabugo de milho, Tio Barnabé, o caseiro do sítio que contava vários “causos” às crianças; Rabicó, o porquinho cor de rosa; dentre vários outros que foram surgindo através das diferentes histórias. Quem não se lembra do Anjinho da asa quebrada que caiu do céu e viveu grandes aventuras no sítio?
 
Dentre suas obras, Monteiro Lobato resgatou a imagem do homem da roça, apresentando personagens do folclore brasileiro, como o Saci Pererê, negrinho de uma perna só; a Cuca, uma jacaré muito malvada; e outros. Também enriqueceu suas obras com obras literárias da mitologia grega, bem como personagens do cinema (Walt Disney) e das histórias em quadrinhos.
 
Na verdade, através de sua inteligência, mostrou para as crianças como é possível aprender através da brincadeira. Com o lançamento do livro “Emília no País da Gramática”, em 1934, mostrou assuntos como adjetivos, substantivos, sílabas, pronomes, verbos e vários outros. Além desse, criou ainda Aritmética da Emília, em 1935, com as mesmas intenções, porém com as brincadeiras se passando num pomar. Monteiro Lobato morreu em 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade, no ano de 2002 foi criada uma Lei (10.402/02) que registrou o seu nascimento como data oficial da literatura infanto-juvenil.

Dia Internacional do Livro Infantil


 A literatura infantil surgiu no século XVII, no intuito de educar as crianças moralmente. Em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, foi criado o dia internacional do livro infantil, que é comemorado na data de seu nascimento; em virtude das inúmeras histórias criadas por ele. Dentre as mais conhecidas mundialmente estão “O Patinho Feio”, “O Soldadinho de Chumbo”, “A Pequena Sereia” e “As Roupas Novas do Imperador”.
A data é conhecida e comemorada mundialmente, em mais de sessenta países, como forma de incentivar e despertar nas crianças o gosto pela leitura. Tanto os clássicos da literatura infantil quanto os livros somente ilustrados, proporcionaram o desenvolvimento do imaginário das crianças, bem como o aspecto cognitivo, desenvolvendo seu aprendizado em várias áreas da vida.
As histórias reportam valores morais e éticos, que levam o sujeito a repensar suas atitudes do cotidiano, numa reflexão que pode modificar sua ação, tornando-a melhor enquanto pessoa. Segundo Humberto Eco – escritor, filósofo e linguista italiano – a literatura infantil traz sentido aos fatos que acontecem na vida, envolvendo as crianças. Dessa forma, “qualquer passeio pelos mundos ficcionais tem a mesma função de um brinquedo infantil.
As crianças brincam com a boneca, cavalinho de madeira ou pipa a fim de se familiarizar com as leis físicas do universo e com os atos que realizarão um dia”. Todos os anos a Internacional Board on Books for Young People, oferece o troféu “Hans Christian”, como sendo o prêmio Nobel desse gênero, algumas escritoras brasileiras já foram homenageadas, como Lygia Bojunga, no ano de 1982, e Ana Maria Machado, em 2000.
Fonte: Jussara de Barros – Equipe Brasil Escola

O LIVRO INFANTIL EM CORDEL

Desde o final do Século XIX, começaram a surgir adaptações de contos infantis para o cordel. Leandro Gomes de Barros (1865 - 1918) foi um dos primeiros a trabalhar essas adaptações com Branca de Neve e o soldado guerreiro, A bela adormecida do bosque e Juvenal e o dragão, este último uma adaptação do conto Os três cães, do livro CONTOS DA CAROCHINHA, de J. Figueiredo Pimentel, pioneiro no Brasil na publicação de livros infantis. 

João Martins de Athayde, aparece com A Garça Encantada, O ladrão de Bagdá e outros títulos na mesma linha, bebendo na fonte dos livros infanto-juvenis. A tradição teve sequencia com outros autores, como é o caso de Patativa do Assaré, que adaptou o conto das mil e uma noites, Aladim e a lâmpada maravilhosa.  

Atualmente, poetas como Arievaldo Viana, Marco Haurélio, Fábio Sombra, Rouxinol do Rinaré, Paiva Neves, Julie Anne, Arlene Holanda, Klévisson Viana, Varneci Nascimento, José Walter Pires, Cícero Pedro de Assis, Evaristo Geraldo, dentre outros, dão sequencia a tais adaptações, publicando-as no formato tradicional e também no formato de livro infantil ilustrado. A escolha de um novo suporte em nada descaracteriza o cordel em sua essência, já que trata-se de um gênero poético com regras bem definidas e rigorosamente obedecidas pelos novos autores.

terça-feira, 16 de abril de 2013

DIA 02/05, NO IDEAL CLUBE



FESTA DE LANÇAMENTO DO LIVRO
'DE REPENTE CANTORIA'
Quando: Dia 02 de maio de 2013, às 8h 
Local: Ideal Clube. Compareça!
 
O ano era 1992. Eu estava chegando em definitivo à Fortaleza, para trabalhar. Escrevi shows para o humorista Paulo Diógenes, fiz textos em parceria com o jornalista Tarcísio Matos e acabamos contratados para fazer uma campanha eleitoral (vitoriosa, diga-se de passagem). Criamos um quadro humoristico do qual participavam os humoristas Hiran Delmar, João Neto, Aristides Neto e Djacir Oliveira. Era uma bodega de subúrbio, onde eu fazia o papel de garçon, o Hiran era o bodegueiro, João Neto um engraxate e Aristides um velho à moda 'Seu' Lunga, chamado Sete Lapadas! O Sete Lapadas era 'doente' pelo Juraci Magalhães. - Juraci Magalhães, ô véi macho! Taí o que eu chamo de um véi!!! Era o seu bordão... Na bodega também aparecia uma dupla de repentistas e um deles era o meu amigo Geraldo Amâncio, uma das primeiras boas amizades que conquistei aqui na capital. Tive o prazer de trabalhar também com o saudoso Carlos Paiva, um mestre da propaganda 'cabeça-chata', irmão do ator B. de Paiva.
Mas voltemos ao Geraldo Amâncio. Na época ele apresentava um programa na TV Jangadeiro e escreveu um livro em parceria com o jornalista Wanderley Pereira que é, seguramente, uma obra prima no estudo da poesia popular nordestina, o DE REPENTE CANTORIA. O livro chega, merecida (e tardiamente) a segunda edição, uma vez que a primeira há muito está esgotada.
 
Pelo 'facebook', Geraldo vem divulgando o seguinte anúncio:
"Relançamento da obra de Geraldo Amancio e Vanderley Pereira. "De repente cantoria - Uma coletânea de versos e repentes dos maiores cantadores do Brasil" custando R$ 50,00. Contate-nos! 3283 4422 ou 3214 5223."
É leitura prazeirosa... Eu garanto!
 
LANÇAMENTO: "DE REPENTE CANTORIA" a partir das 8 da noite do dia 2 de maio no Ideal Clube - Compareça.
 
Zé Maria de Fortaleza, Mestre Azulão, Arievaldo Viana e Geraldo Amâncio


LIVROS E CORDÉIS À VENDA
Informações: acordacordel@ig.com.br

Solicite o nosso CATÁLOGO